Mark A. Gabriel
Ayman al-Zawahiri conduz uma organização terrorista bem ocupada, e ele pode resolver problemas práticos. Por exemplo, ele pode querer que alguns membros da Al-Qaeda se misturem à população e vivam nos Estados Unidos. Se esses homens usam barbas grandes e frequentem Mesquitas ultraconservadoras para orar, então eles levantariam suspeitas e seriam colocados na lista de vigilância. Ao invés disso, al-Zawahiri pode querer que esses operadores sigam disfarçados e se misturem na sociedade. No entanto, esses devotos não irão querer ir disfarçados, a menos que eles creiam que exista permissão para agir assim dentro dos ensinos do islamismo.
Como resultado, al-Zawahiri escreveu um livreto intitulado Covert Operations (Operações Secretas), onde ele mergulha fundo nos ensinos e na história do islamismo para descrever como o uso do engano pode ser uma ferramenta na vida do muçulmano.*
Mentindo na Guerra e na Paz
No começo do livro, Al-Zawahiri citou o Hadith que dá permissão aos muçulmanos para mentir em três circunstâncias, inclusive durante a guerra (como você viu no capítulo anterior). Mas al-Zawahiri entra em detalhes em como usar o engano em tempos de paz, se isso for “proteger os crentes das afrontas dos infiéis”. Ele disse que o grande exemplo disso era Abraão.
Primeiro, Abraão disse que sua esposa Sara, era, na verdade, sua irmã, porque ele ficou com medo que o matassem para ficar com ela. (Veja a Sura 37 e compare com Genesis 20). Segundo, Abraão mentiu ao dizer, “Eu estou doente” para que sua família o deixasse sozinho no templo dos ídolos para que ele pudesse destruir os ídolos (veja Sura 37:89 e compare com a história de Gideão em Juízes 6).[1] De acordo com os ensinamentos islâmicos, o uso da mentira por Abraão foi uma coisa boa.
Omitindo a fé
Ocultar a fé para viver em secreto é o maior empecilho para os muçulmanos porque eles cresceram ouvindo que o islamismo deve ser praticado e espalhado abertamente. O Alcorão diz:
“Ó Mensageiro, transmite o que te foi revelado por ordem de teu Senhor. Se não o fizeres, não terás transmitido sua mensagem. Allah te protegerá dos homens. Ele não guia os descrentes” Sura 5:67 (tradução de Challita).
“Proclama, pois, o que te for mandado [a mensagem de Allah – o monoteísmo islâmico] e afasta-te dos idólatras” Sura 15:94; veja também Sura 4:165
Al-Zawahiri reconheceu que “O islamismo é obviamente uma religião pública. Você faz as coisas publicamente, não em secreto”. Mas Al-Zawahiri destacou que os primeiros anos do islamismo foram completamente diferentes. Muhammad ocultou sua chamada e contou apenas às pessoas mais próximas a ele até que Allah o deu permissão pra falar.
Muhammad disse a um novo crente: “Ó Abiazar, mantenha segredo e volte ao seu lugar e quando você ouvir que nós pregamos o islamismo publicamente volte para nós”.
Nos primeiros anos, alguns muçulmanos oravam em secreto: “Hudhaifa relatou....nós, na verdade, fomos muito julgados, de modo alguns de nossos homens foram constrangidos a oferecer suas orações em oculto”.
O Alcorão também fala de um homem crente da família de Fir’aun’s (Faraó), que ocultou sua fé”. (Veja a sura 40:28; 18:19).[2]
Portanto, Al-Zawahiri concluiu que “ocultar a fé e ficar em secreto era permitido em tempos de medo de perseguição dos infiéis”.
Esta lógica dá permissão aos muçulmanos de se misturar em uma sociedade se isso o mantiverem seguros e os faça alcançar suas metas. Ao viverem como um americano típico, eles podem evitar a suspeita das autoridades, que são ensinadas que um muçulmano radical não vive dessa forma.
Al-Zawahiri deu especificamente permissão aos radicais para não orar em uma mesquita ou a frequentar os sermões da sexta-feira, se isso for comprometer sua posição. Ele citou de um famoso erudito e jurista chamado Ibn Hanbali:
“Os muçulmanos são permitidos a não orarem em uma mesquita ou atenderem a oração da sexta-feira, se eles temem o inimigo. E a justificativa vem por meio da palavra do profeta Muhammad, que disse que os muçulmanos são permitidos se eles sentirem medo ou estiverem doentes. E o medo é dividido em três categorias: medo por si mesmo, medo por causa do seu dinheiro, e medo por causa de sua família. A primeira categoria inclui medo do governo, de um inimigo, de ladrões ou de um animal perigoso.”
Al-Zawahiri selou seus argumentos com uma citação muito importante de Ibn Taymiyya (que também mencionei no capítulo 12). Leia estas palavras cuidadosamente e lembre-se que o radical as seguirá literalmente:
“Se alguém entre os crentes está numa terra ou em um tempo de perseguição, ele tem que usar o verso da paciência e do perdão sobre o Povo do Livro (Cristãos e Judeus) e os el Mushrikun (adoradores de ídolos), que estão causando danos a Allah e a seu apóstolo.”
Al-Zawahiri mandou que os crentes praticassem a paciência e o perdão quando eles eram fracos. Mas quando eles estivessem poder, ele os ordenou a seguir a Sura 9:5, que diz:
“Mas quando os meses sagrados tiverem passado, matai os descrentes (veja o verso 2:105) onde quer que os encontreis, e capturai-os e cercai-os e usai de emboscadas contra eles”.
O uso da mentira na Batalha
Al-Zawahiri relembrou aos seus leitores de duas formas específicas que Muhammad usou o engano na batalha.
Mantendo os planos de batalha em secreto
“Onde quer que o apóstolo de Allah pretendesse executar uma Ghazwa (batalha), ele usava um equívoco para ocultar seu real destino, até chegar a Ghazwa de Tabuk, que o apóstolo de Allah executou em um tempo muito quente. Como ele estava indo encarar uma jornada muito longa por uma terra desolada para encontrar e atacar um número muito de grande de inimigos. Então ele deixou a situação muito clara aos muçulmanos para que eles pudessem se preparar para o que a situação exigia e estar prontos a conquistar seus inimigos.”
Este Hadith descreve muitas estratégias de batalhas. Ela primeiro diz que Muhammad normalmente não revelava onde ele estava levando suas tropas para lutar. Mas ele abriu uma exceção na Batalha de Tabuk, porque ela seria uma jornada longa, quente, e ele queria permitir que suas tropas se preparassem.
Espionando: Muhammad enviava espiões frequentemente para descobrir os preparativos e os planos dos inimigos. Por exemplo:
“o apóstolo de Allah enviou uma Sariya de dez homens como espias sob a liderança de ‘Assim bin Thabit Al-Ansari, o avô de ‘Assim bin Umar Al-Khattab.”
O Hadith também menciona que Muhammad ordenou a morte de várias pessoas que eram suspeitas de espiá-lo.
“Um espião infiel veio ao profeta enquanto ele estava em sua jornada. O espião sentou com os companheiros do profeta e então começou a falar, depois se foi. O profeta disse (aos seus companheiros), ‘o persiga e o mate’. Então eu o matei”. Então o profeta deu a ele os pertences do espião que foi assassinado (junto com o que foi compartilhado dos despojos de guerra).”
Conclusão
Se lembre, Al-Zawahiri não está morto ou na prisão. Ele está ativo e está ensinando os radicais a usarem estas estratégias. O livro está no site para todos no mundo inteiro, com um computador e a habilidade de entender o árabe, possam ler. Isso deve nos deixar desconfortáveis.
A próxima seção deste livro leva você ao lugar onde os terroristas encontram seus Cinco Pilares da Filosofia Radical – a vida de Muhammad e seus seguidores.
Fonte:
GABRIEL, Mark A. Jorney into the Mind of an Islamic Terrorist. Why they hate us and how we can change their minds. Lake Mary, Florida: Frontline, 2006, pp. 123-126.
Tradução Walson Sales.
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*Nota do autor: O livro completo escrito por al-Zawahiri foi postado no site árabe por al-Tawheed wal-Jihad (O púlpito do Monoteísmo e da Jihad), que é o grupo radical liderado por al-Zawahiri no Iraque e é filiado a Al-Qaeda: www.tawhed.ws/r?i=2638
[1] Nota do Tradutor: Ignore todos os relatos sobre Abraão e outros personagens bíblicos advindos do Alcorão, pois são relatos copiados da Bíblia com modificações, ou copiados de fontes extra-bíblicas tardias, geralmente de livros apócrifos judaicos ou outros relatos pagãos. O caso da “mentira” de Abraão é bem peculiar por dois motivos. Primeiro, Abraão não mentiu de todo, pois Sarah era sua meia irmã, como está claro no verso 12 (“E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher;”). Ainda, ele agiu assim por precipitação e medo de morrer, como está claro no verso 11, mas isso não dá margem ou status de mandamento para que as pessoas comecem a mentir em benefício próprio. Segundo, e isso inclui Gideão. Muitos dos grandes homens do Antigo Testamento cometeram pecados graves, mas isto não é indício de que Deus autoriza ou autorizou a prática da mentira ou desses pecados, como no caso da mentira, que Ele proibiu veementemente em Êxodo 20 e mantém este mandamento no Novo Testamento. O Fato é que Deus apenas tolerou os erros de homens falhos, mas nunca utilizou esses erros como modelos de comportamentos para pecados futuros. Esse é o grande erro de interpretação dos muçulmanos para tentar validar o uso da mentira para alcançar suas metas, contudo, “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte.” Apocalipse 21:8
Como está escrito: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mateus 5:37
É comum ver muçulmanos citarem as guerras de Davi para tentar validar a violência do islamismo, algo totalmente fora de contexto.
[2] Nota do tradutor: outro erro histórico grave. Não existem relatos de que os nomes “Allah, Islamismo, muçulmano” tenham sido conhecidos no Egito no tempo dos Faraós. O deus pagão Allah existia na Árabia pagã no século sexto d.C. e era circunscrito aquelas regiões.
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