sábado, 6 de outubro de 2018

OS QUATRO CAVALEIROS DE MAOMÉ (632-661)

Abu Bakr (632-634): defendendo a religião
Quando Maomé morreu, em 632, o islã entrou em seu período mais vulnerável. Abu Bakr, um dos sogros de Maomé e um dos primeiros convertidos, foi nomeado califa (líder sucessor) de Maomé. Esse amigo pessoal de Maomé sabia como conduzir uma guerra agressiva (jihad), alcançando três alvos principais:
1. O islã defendeu a Península Arábica de uma revolta caótica e fixou firmemente sua herança permanente.
2. A mensagem de Maomé foi eternamente preservada por meio da primeira versão escrita do Alcorão.
3. A conquista cumpriu a ordem de Maomé: “Não devem existir duas religiões na Península Arábica” [1].
Umar (634-644): o apóstolo Paulo do islã
Com a base segura, os seguidores do islã expandiram o reino. O segundo califa, Umar, estendeu o império muçulmano com a conquista da Síria (634), Iraque (636), Egito (639) e Pérsia (642). Jerusalém também foi submetida ao controle muçulmano [2]. Umar era um gênio político e administrava habilmente esse território crescente. A maioria dos muçulmanos o venera como o mais justo dos califas. Ao dar exemplo de misericórdia em relação aos não-muçulmanos, Umar definiu a proteção dada aos cristãos:
“A proteção é para as vidas e propriedades, para as igrejas e suas cruzes, para os doentes e os sãos e para todos os que possuem a mesma religião deles. Suas igrejas não devem ser usadas como habitação, nem devem ser demolidas. Também não se deve causar prejuízo algum a eles ou às residências ou às cruzes deles; o mesmo vale para as propriedades. Não deve haver nenhuma coação a esse povo em questão de religião e nenhum deles deve sofrer qualquer tipo de dano em razão da sua religião. [...] Tudo que está escrito aqui está debaixo de pacto de Deus e a responsabilidade de seu Mensageiro, dos califas e dos crentes, e deverá valer desde que eles paguem o Jizya [o tributo pela sua defesa] imposto a eles” [3].
Esses direitos foram dados a não-muçulmanos depois de sua rendição. Somente depois que a paz (definida pelo governo islâmico) foi estabelecida, os descrentes puderam ser protegidos. John Kelsay, especialista em ética e perito em princípios morais de guerra, explica:
“O caminho da ignorância e o da submissão são vistos como formas institucionalizadas na existência das entidades políticas islâmicas e não-islâmicas. O caminho da submissão pode ser descrito como o domínio do islã (dar al-islam); o outro, o domínio da guerra (dar al-harb). O domínio do islã significa uma entidade política que reconhece a supremacia dos valores islâmicos. [...] O domínio do islã é teoricamente o domínio da paz e justiça. [...] Mais concretamente, os teóricos sunitas pensavam no jihad como a forma de ação islâmica no ponto de intercessão entre o domínio islâmico e o domínio da guerra” [4].
Portanto, o jihad (guerra santa) estará terminado somente quando o mundo inteiro estiver submisso a Alá e quando suas leis reinarem supremas. As leis de misericórdia escritas por Umar não foram tão compassivas quanto parecem. Um historiador contemporâneo de Umar, lbn Timmiya, percebeu as restrições decretadas dentro desses “atos de misericórdia”:
• Os cristãos não possuíam o direito de construir novos lugares de adoração.
• Os cristãos não possuíam o direito de reformar uma igreja em terras conquistadas.
• Os muçulmanos podiam confiscar templos em cidades ocupadas em um ataque.
• Os muçulmanos podiam destruir todas as igrejas na terra conquistada.
Quando o historiador perguntou ao misericordioso Umar o que aconteceria àqueles que violassem as regras, ele declarou: “Todos que violarem estes termos estarão desprotegidos. E será permitido aos muçulmanos tratá-los como rebeldes ou dissidentes, isto é, será permitido matá-los” [5].
Uthman (644-656) e Ali (656-661): guerra civil
Em 644, Uthman, escravo persa, matou Umar. Como o terceiro sucessor de Maomé, Uthman era visto como um governante egoísta que estava apenas interessado em sua própria família. No final de seu mandato, os muçulmanos estavam divididos. Os rebeldes mataram o califa Uthman em sua própria casa, enquanto ele lia o Alcorão. (Uthman codificou o Alcorão em sua forma final. As publicações modernas continuam mantendo seu nome). O ódio contra ele era tão intenso que seu corpo ficou insepulto durante vários dias, um grande pecado de acordo com o Alcorão. Ele foi finalmente enterrado com suas roupas ensanguentadas, um reconhecimento simbólico de seu martírio [6].
Ali bin Abu Taleb, genro de Uthman e primo de Maomé, assumiu o controle do reino. Aishah, a viúva de Maomé, lutou duramente contra Ali e os homens da tribo dele. Muçulmanos guerrearam contra muçulmanos em duas grandes batalhas que terminaram sem um vitorioso. Em 661, Ali foi assassinado, e desde aquele tempo o islã tem sido dividido entre os seguidores de Ali, os xiitas, e os muçulmanos tradicionais, os sunitas.
[1] Behind the veil cap. 2; www.answering-islam.org/BehindVeil/ btv2.html, Offensive war to spread Islam.
[2] Jacques JOMIER. How to understand Islam. New York: Crossroad, 1991, p. 20. Jomier faz um paralelo entre Umar e o apóstolo Paulo, assim como nós.
[3] The rightly-guide caliphs, www.usc.edu/dept/MAS/politics/firstfourcaliphs.html, acessado em 26 de dezembro de 2007. Esse artigo fala sobre esses califas considerados os mais corretos, por serem os mais próximos de Maomé.
[4] Islam and war, Louisville: John Knox, 1993, p. 33-34.
[5] Behind the veil cap. 4; www.answering-islam.org/BehindVeil/ btv4.html, Discrimination between a Muslim and a Non-Muslim.
[6] The rightly-guide caliphs, www.usc.edu/dept/MAS/po firstfourcaliphs.html, acessado em 26 de dezembro de 2007
Extraído do Livro: O ISLÃ sem véu (um olhar sobre a vida e a fé muçulmana).
Alterado e adaptado por (Nivaldo Gomes)

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