Paul Copan
Matthew Flannagan
O nome “Marcião” não é
muito bem amado pelos Cristãos ortodoxos. Enquanto Cristãos primitivos tal como
Orígenes (185-253/4) alegorizada as passagens perturbadoras do Antigo
Testamento, Marcião (nascido em cerca de 100 d.C.) entendia tais passagens ao
pé da letra. E rejeitava essas passagens também como o Deus criador “inferior”
dos Judeus – o Deus de ira e justiça – representado nessas passagens. A luz de
sua crença de que Jesus revelou o Deus bom e supremo, Marcião formou seu
próprio Cânon anti Judaico de um Lucas revisado (o Evangelho) e dez das cartas
de Paulo (o Apóstolo). Segundo Marcião, o Deus do Antigo Testamento é muito
diferente do Deus do Novo Testamento.
Esta é uma crítica comum
hoje também. A matança dos Cananeus, as pragas e outros julgamentos divinos,
Salmos imprecatórios (orações de maldição) e leis severas do Antigo Testamento
parecem ser de um espírito diferente do “Jesus não violente e amoroso” do Novo
Testamento. Para muitos, as opções estão entre escolher o Deus vingativo e
violento do Antigo Testamento ou o Deus amoroso e Pai de Jesus Cristo no Novo
Testamento. Então, se estas são as únicas opções, quem vai querer ficar do lado
do Deus do Antigo Testamento? O Deus do Antigo Testamento é, de alguma forma,
diferente do Deus do Novo? Jesus tenta se distanciar – junto com os escritores
do Novo Testamento – do Deus retratado no Antigo Testamento?
Certos eruditos Cristãos
hoje parecem fazer esta forte distinção. Por exemplo, o erudito Francês René
Girard assevera: “No Antigo Testamento nós nunca chegamos numa concepção de
deidade que é inteiramente estranha à violência...apenas os textos dos
Evangelhos conseguem alcançar o que o Antigo Testamento deixa incompleto”.[1]
Culturas humanas caídas podem podem glorificar a guerra e dar a ela um selo divino
– mesmo no Antigo Testamento – mas o Novo Testamento deixa claro que o Deus
verdadeiro é removido de toda violência.
O falecido erudito
bíblico Peter Craigie (um Menonita) considerava a guerra “uma forma de
atividade humana maligna” – embora Deus ter participado em guerras com o Antigo
Israel como “o Guerreiro” tanto para julgar e redimir.[2] Independentemente
[para ele], a guerra é “nunca menos do que um mal absoluto e suas menções
frequentes no Antigo Testamento não o eleva em caráter. É ... uma forma de
atividade humana maligna, pela qual Deus, em sua Soberania, possa trabalhar
seus propósitos de julgamento e redenção.”[3]
Os Cristãos que adotam
esta linha de raciocínio assumem que existe uma grande lacuna entre a
cosmovisão dos antigos israelitas e os ensinos de Jesus (e nossa própria forma
moderna de pensar). Por exemplo, o comentário bíblico
sobre Deuteronômio de Thomas Mann afirma que Israel sustentou uma
cosmovisão primitiva em que eles acreditavam que Deus era o responsável por
enviar a chuva como benção ou a retenção da chuva como punição pela
desobediência de Israel (Dt 11: 10-17; 28: 12, 23-24); tais maldições divinas
também incluíam doenças humanas, pragas nas colheitas, ou infestações
de insetos (Amós 7: 1-3). Nós, modernos iluminados, reconhecemos não é
responsável pelos padrões do tempo ou quaisquer doenças físicas que recaiam
sobre os seres humanos.[4]
Sombras de Marcião?
Alguns Cristãos
especialistas sobre o Antigo Testamento são chamados de Marcionitas por outros
dentro da comunidade Cristã – mais notavelmente Peter Enns e Eric Seibert. Esta
é uma acusação justa? Ambos a repudiam. Por exemplo, Peter Enns escreveu um
artigo em seu Blog sobre esta acusação, cujo título é “Peter Enns é um
Marcionita?”, e escreveu:
O Novo Testamento deixa
para trás a retórica violenta, tribal, da supremacia dos Israelitas sobre
outros povos, de uma porção significativa do Antigo Testamento. Antes, o
caráter do povo de Deus – feito agora de Judeus e Gentios – é dominado por tais
comportamentos como fé em Cristo labutando em amor, auto sacrifício, orações
pelos inimigos e perseguidores. Você sabe, Jesus 101.[5]
Ele adiciona depois: “Eu
não acho que o Evangelho permite, tolera ou apoia a retórica tribal do Antigo
Testamento. Mas isso não significa que eu creio que o Antigo e o Novo
Testamentos nos dá deuses diferentes. Antes, eles nos dão diferentes
representações de Deus”. Sendo assim, Enns afirma que a acusação de que ele é
um Marcionita é equivalente a dizer que ele nasceu em Marte.
Eric Seibert, que ensina
Antigo Testamento no Messiah College, escreveu The Violence of Scripture: Overcoming the Old Testament’s Troubling
Legacy (2012), o qual constrói um argumento sobre sua obra escrita
anteriormente, Disturbing Divine
Behavior (2009).[6] Ele resume sua pesquisa às Escrituras sobre o Blog
de Peter Enns na postagem “When the Good Book Is Bad”:
Para colocar sem
rodeios: nem tudo no “bom livro” é
bom ou bom pra nós. Sei que isso pode soar blasfemo para algumas
pessoas e flutua sobre tudo o que eles foram ensinados a crer sobre a Bíblia.
Quando a Igreja proclama grandiosamente que a Bíblia é a Palavra de Deus, isso
dá a impressão que as palavras da Escritura estão acima de crítica e
reprovação. Somos ensinados e ler, reverenciar, e abraçar a Bíblia. Não somos ensinados a desafiar seus
valores, ética ou suas representações de Deus.[7]
Novamente, ambos os
escritores repudiam o Marcionismo. Eles rejeitam a noção de que existem dois
Deuses distintos em vista; eles afirmam que os testamentos representam Deus
diferente um do outro. Eles não abandonam todo o Antigo Testamento como
Escritura, mas eles nos conclamam a lermos estes textos violentos de forma
cuidadosa e crítica. Eles apreciam o texto do Antigo Testamento e procuram
entender suas tensões e os textos “subversivos” que minam ou desafiam o que
parece ser violência aprovada divinamente. Diferente de Marcião, eles não
rejeitam as coisas Judaicas como as leis dietéticas ou as cerimônias do templo.
Dito isto, algumas das coisas que lemos deles não se enquadram com
pronunciamentos e enfases da própria Escritura. Então talvez possamos explorar
algumas dessas preocupações neste capítulo.
Como Enns, que afirma
que os dois testamentos nos dá “diferentes representações de Deus”, Seibert
rejeita a ideia de que o Deus verdadeiro esteja por trás dos comandos de
violência. Além disso, o Deus verdadeiro não está por trás do ato de trazer
julgamentos temporais sobre os seres humanos. Não, este não é o verdadeiro Deus
(o “Deus real”), mas antes uma representação literária (o “Deus textual”).[8] E
embora estes textos violentos sejam tecnicamente a “Palavra de Deus”, eles não
tem nenhuma relação com o Caráter de Deus, que é pacífico e amoroso. Apesar dos
leitores da Bíblia tomarem esses textos severos como uma revelação clara da
representação de Deus como o “Deus real”, estes textos tem enganado repetidamente
os seguidores de Jesus a cometerem todos os tipos de atos horrendos em seu
nome.
Seibert e Enns afirmam
que suas estruturas interpretativas de referência é Jesus de Nazaré – e como um
crente que raciocina corretamente poderia discordar? Enquanto apelar para Jesus
é digno de louvor, somos apresentados a uma representação limitada de Jesus – e
daqueles que ignoram as afirmações autoritativas dos escritores pregadores do
Novo Testamento sobre Yahweh e suas ações no Antigo Testamento. Seibert nota
que a “violência virtuosa” nos textos do Antigo Testamento tem sido utilizados
para justificar o colonialismo, violência étnica, e o abuso das mulheres:
“O próprio Antigo
Testamento é parte do problema”.[9] Isto é devido largamente ao fato de que os
textos do Antigo Testamento absorvem muitos dos valores e crenças dos próprios
escritores bíblicos do Antigo Oriente Próximo. Isto
inclui etnocentrismo e patriarcado – isto para não mencionar os
julgamentos temporais ameaçados pelos profetas ou alegadamente os atos de destruição
divina tais como o Dilúvio do período de Noé e a chuva de enxofre sobre Sodoma.
Estes atos não refletem o caráter de um Deus compassivo e misericordioso,
[afirmam eles].[10]
O que é violência?
Seibert a define como “Dano físico,
emocional ou psicológico, feito a uma pessoa por um indivíduo (ou indivíduos),
instituição ou estrutura, que resulte em injúria, opressão ou morte”.[11] E
mais, violência não tem nenhuma relação com o caráter de Deus. A solução de
Seibert, como notamos acima, é distinguir entre o Deus textual (a representação literária dos autores do AT) e
o Deus real (a realidade
vívida) – especialmente no Antigo Testamento, onde a lacuna entre eles é
frequentemente muito ampla. Na estimativa de Seibert, o Antigo Testamento faz
suposições sobre Deus que “o povo de fé hoje não deveria mais aceitar”.[12] Por
exemplo, Deus não faz com que nações vençam (ou percam) batalhas; antes, isto
depende do tamanho das tropas, da sofisticação das armas e assim por diante.
Para sermos guiados na interpretação dos textos do Antigo Testamento, devemos
olhar para o Jesus não violento e que ama os inimigos, cujo exemplo e ensino
refletem perfeitamente o Caráter de Deus. Devemos pensar sobre os julgamentos
de Deus como escatológicos (no
fim de todas as coisas) e não temporais (dentro
da história como a conhecemos). E este julgamento do fim dos tempos (talvez uma
“destruição final e irreversível”) não precisa ser construída como
inerentemente violenta, [afirma Seibert].[13]
Assim, Seibert nos
conclama a lermos a Bíblia de forma cuidadosa, inversa e crítica – e não
complacente.[14] Ele nos dá um guia específico para a leitura não violenta do
Antigo Testamento: ler ativamente (não passivamente); questionar (não apenas
ouvir) os textos; criticar eticamente (não aprovar sem críticas) os textos
violentos; nos engajamos em uma crítica ética seguindo cuidadosamente a crítica
do amor (lendo sob o amor de Deus pelos outros); se comprometendo com a justiça
(tornando as coisas certas); e tendo uma ética consistente pela vida
(valorizando todas as pessoas). Ao criticar, devemos considerar todas as
“vozes” do Antigo Testamento, algumas das quais desafiam a “violência
virtuosa”. Por exemplo, considere como a Cananeia Raabe se parece
mais com uma Israelita do que o Israelita Acã, que se parece mais com um
Cananeu. Reconhecer isso nos impedirá de opor “Maus” Cananeus contra “Bons”
Israelitas. Outra estratégia [segundo Seibert] é ler o AT com as vítimas e suas
famílias (Golias não tinha uma família por quem ele se preocupava?). E devemos
ler as Escrituras pelas margens dos pontos de vistas dos de fora (“Como
os Cananeus teriam visto a
entrada de Israel em suas terras?”).
Em tudo isso, [continua Seibert] devemos transcender a violência do AT ao
olharmos para o caráter de Deus em Cristo.
A medida que Seibert
desenvolve sua tese no seu livro Violence
of Scripture, ele aplica essas diretrizes e oferece estratégias
específicas para lidar com textos violentos, particularmente quando se referem
as guerras e ao tratamento dado as mulheres. Por exemplo, não devemos nomear a violência – chamando a
matança dos Cananeus de “Genocídio”. Devemos também reconhecer o viés das
histórias de guerra de Israel contadas apenas pela versão dos Israelitas e
desenvolver compaixão pelos inimigos de Israel.[15] A guerra machuca a todos:
deixa em seu rastro viúvas e órfãos e encoraja a vingança [finaliza
Seibert].[16]
O Deus de Jesus É o Deus de Moisés
O Deus representado no
Antigo Testamento e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é "severo",
"duro" e "violento"? Eruditos como Seibert, Enns, Girard e
outros representam com precisão a representação do Deus de Moisés e Josué no
Antigo Testamento? Será que talvez eles não minimizam a representação de Deus
do Novo Testamento que resume o Antigo Testamento? Seguem algumas respostas em
ordem.
Primeiro, é verdade que devemos pensar com mais
profundidade sobre as dificuldades bíblicas e problemas éticos de passagens do
AT ao invés de encobrí-los ou reinterpretá-los. Eruditos como
Christopher Wright, Gordon Wenham, David Lamb, e John Goldingay tem feito um
trabalho admirável de lidar honestamente com estes textos. E todos nós, autores
no tema, temos trabalhado estes tópicos como parte de um projeto contínuo.
Enquanto podemos discordar com as conclusões e metodologias de certos
estudiosos, nós apreciamos verdadeiramente seus desejos de abordarem estes
textos que deixam muitos perplexos e com problemas. E devemos mesmo ficar
angustiados com o abuso que Cristãos professos fazem na interpretação da Escritura,
que usam tais textos para justificar a subjugação das mulheres, os horrores do
tráfico de escravos, e a opressão à grupos de pessoas. Ainda, apesar da
distorção "Cristã" das Escrituras através dos séculos, não podemos
esquecer dos ganhos morais trazidos pelos, sim, Cristãos leitores da Bíblia, na
civilização Ocidental e (especialmente) missionários protestantes que trouxeram
muitos benefícios democráticos, reformas morais, e proteção aos povos indígenas
dos poderes coloniais. Outros ganhos incluem a democracia, literatura, direitos
humanos, direitos das mulheres, direitos civis, abolição da escravatura e assim
por diante.[17]
Segundo, o comentário negativo de Seibert de que a
Igreja "proclama grandiosamente" que a Bíblia é a Palavra de Deus é,
antes de mais nada, injusta. Afinal, o próprio Jesus "proclama
grandiosamente" isso também - até mesmo com respeito a "um jota ou um
til" (Mt 5:18; cf. Jo 10:35). Da mesma forma, Paulo insiste que toda a
Escritura é inspirada por Deus e proveitosa (2 Tm 3:16). Ironicamente, ao mesmo
tempo em que Seibert afirma que Jesus é a chave hermenêutica para sua ética,
ele, na verdade, não adota a própria atitude de Jesus com respeito à Escritura.
Este ponto se torna completamente aparente no apêndice de seu livro Disturbing Divine Behavior, onde ele vê
a inspiração divina do Antigo Testamento como "geral", ao invés de
ver como "completa" - certamente sem nenhuma variação de "nem um
jota ou um til".
Terceiro, devemos ser cuidadosos para não apelarmos à
autoridade de Jesus de forma seletiva. No padrão profético do AT,
Jesus se engaja regularmente em denúncias e ameaças de julgamentos - tanto de
forma temporal, quanto final [escatológica]. Ele pronuncia julgamento temporal
sobre Jerusalém com certa rotina; este julgamento viria por Roma no ano 70 d.C.
Ele também assume que Sodoma, Tiro e Sidom foram divinamente julgadas
com violência, que serve como um link para condenar a descrença de seus
contemporâneos em Betsaida, Corazim e Cafarnaum (Mt 11:21-24; cf.
10:15). Perceba que estas advertências de julgamento precedem a própria auto
descrição de Jesus como manso e humilde de coração (Mt 11:28-30)! Da mesma
forma, Jesus tomou como certo o julgamento divino de forma violenta nos dias de
Noé (Mt 24: 37-39). E em um ato simbólico, um Jesus enfurecido, fez um chicote
para expulsar os cambistas do templo que impediam as pessoas de até mesmo
entrarem no templo (Jo 2:15; cf. Mc 11: 15-17). Será que não houve um toque de
nenhum tipo de "violência" que Seibert e Enns considerariam como não
Cristã? E sobre a condenação que Jesus faz dos que seriam as pedras de tropeço,
que segundo ele, deveriam ter uma pedra de moinho amarrada ao pescoço e jogados
no mar (Mt 18:6)? Ele ameaça os malignos guardadores da vinha (líderes de
Israel) com julgamento temporal (Mt 21:41; Mc 12:9). Jesus declara, da mesma
forma, que "lutará" contra os Nicolaítas "com a espada
da minha boca", e que jogará a falsa profetiza "Jezabel" de cama
doente e que trará "morte" sobre seus seguidores (Ap 2: 16, 20-23).
Jesus crê claramente na adequação da punição temporal divina e a pena de morte
da lei Mosaica (Mt 15:4).
Além disso, Jesus toma
como certo o panorama teológico geral do Antigo Testamento. Por exemplo, assim
como o “Deus do Antigo Testamento” era soberano sobre o tempo, o próprio Jesus
(e contra Mann) afirmou que seu Pai celestial “faz com que o sol se levante” e
“desça a chuva” sobre maus e bons, justos e injustos (Mt 5:45). Ele também
relembra a Pilatos que nenhuma autoridade Roma teria se não fosse dada do céu
por Deus e assim, isso não é questão de ter um exército maior e melhor
estratégias militares (Jo 19: 10-11). Enquanto vemos Jesus reconhecendo que a
dureza do coração humano significa que certas condições que ainda não são
ideais foram permitidas por Deus (e.g., Mt 19:8), ele se viu alinhado aos
profetas aos profetas, cuja perspectiva teológica ele compartilhava, incluindo
a crença em um Deus santo que trás julgamentos temporais sobre sobre as nações
– incluindo Israel por Roma em 70 AD – e que envia os malfeitores ao “Gehenna”.
Quarto, não devemos
colocar os ensinos de Jesus (ou um certo entendimento desse ensino) contra as
afirmações encontradas em todos os lugares no Novo Testamento, apelando para um
Jesus “não violento”, mas ignorando não apenas suas premissas sobre julgamentos
violentos, mas também outras vozes fortes e autoritativas no Novo Testamento.
Paulo faz referência a punições temporais severas sobre Israel como um exemplo
para nós – alguns Israelitas ficaram prostrados; outros foram destruídos por
serpentes, outros pelo “destruidor” (I Co 10). Ele faz referência ao julgamento
dos ímpios e até mesmo a morte por causa do abuso à Santa Ceia (I Co 11:30).
Estevão menciona como um fato consumado que nações foram expulsas por Josué
(Atos 7:45: “as nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais”).
Da mesma forma, Paulo afirma que “Ele [Deus] destruiu sete nações na terra de
Canaã” (Atos 13:19). O autor de Hebreus fala daqueles que “conquistaram
reinos”, “se tornaram poderosos na guerra”, e “colocaram em fuga exércitos de
inimigos” (11: 33-34). Ele também enaltece a fé de de Noé e Abraão (11: 7, 17)
– que inclui atividade violenta. E sobre os julgamentos temporais e finais
[escatológicos] sobre os descrentes, mencionados em todo o livro de Apocalipse?
O Jesus “não violento” é retratado montado num “cavalo branco”, “e o que estava assentado sobre ele
chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja [luta na guerra] com justiça.”
(
Apocalipse 19:11). Ele “estava vestido de veste tingida em sangue”, para que pudesse julgar as nações, “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.” (v. 13, 15). Essa linguagem soa muito parecida com o Deus do Antigo Testamento (Is 63:2-6). Apesar do livro de Apocalipse ser altamente simbólico, vemos o próprio Jesus se engajando em atos do julgamento final aparentemente violentos lá; devemos ser cuidadosos ao tratarmos tais textos como totalmente simbólicos. Pois Jesus promete a a falsa profetiza Jezabel “Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins [as mentes] e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.” (
Apocalipse 2:22,23) – um ato de julgamento temporal. E o próprio Jesus (Mt 24: 37-51), como também Pedro (II Pe 3: 1-13), comparam o julgamento violento do fim dos tempos com o julgamento violento e temporal do Dilúvio dos dias de Noé. E Jesus usa linguagem violenta para retratar a severidade do julgamento do Juízo Final em uma parábola de um mestre que voltará ao seu servo mau e negligente e o condenará com os ímpios onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24: 51; Lc 12: 46; cf. Mc 12: 9; Lc 20: 16). Enns considera a ordem para “destruir totalmente” os Cananeus como sendo estranho à “Teologia Cristã”, bem como aos “ensinos de Jesus sobre como tratar os pecadores e inimigos, os quais não se encaixam bem com as ordens de Deus para matar homens, mulheres e crianças”.[18]
Apocalipse 19:11). Ele “estava vestido de veste tingida em sangue”, para que pudesse julgar as nações, “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.” (v. 13, 15). Essa linguagem soa muito parecida com o Deus do Antigo Testamento (Is 63:2-6). Apesar do livro de Apocalipse ser altamente simbólico, vemos o próprio Jesus se engajando em atos do julgamento final aparentemente violentos lá; devemos ser cuidadosos ao tratarmos tais textos como totalmente simbólicos. Pois Jesus promete a a falsa profetiza Jezabel “Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda os rins [as mentes] e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras.” (
Apocalipse 2:22,23) – um ato de julgamento temporal. E o próprio Jesus (Mt 24: 37-51), como também Pedro (II Pe 3: 1-13), comparam o julgamento violento do fim dos tempos com o julgamento violento e temporal do Dilúvio dos dias de Noé. E Jesus usa linguagem violenta para retratar a severidade do julgamento do Juízo Final em uma parábola de um mestre que voltará ao seu servo mau e negligente e o condenará com os ímpios onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 24: 51; Lc 12: 46; cf. Mc 12: 9; Lc 20: 16). Enns considera a ordem para “destruir totalmente” os Cananeus como sendo estranho à “Teologia Cristã”, bem como aos “ensinos de Jesus sobre como tratar os pecadores e inimigos, os quais não se encaixam bem com as ordens de Deus para matar homens, mulheres e crianças”.[18]
Enns considera a ordem
com respeito aos Cananeus como sendo literal ao invés de hipérbole (como
veremos depois), mas mesmo provando ser hipérbole, seria irrelevante para Enns
e Seibert.
O problema para ambos,
Enns e Seibert, é que Jesus e os
escritores do Novo Testamento não leem o Antigo Testamento de “uma forma não
violenta” como eles sugerem. Ao contrário, vemos pronunciamentos muito
claros (ou descrições) dos julgamentos e da ira divina feitas por Jesus e pelos
autores do Novo Testamento e nenhum deles amenizam as descrições de Deus no
Antigo Testamento. Além disso, para minimizar ou mesmo negar a historicidade de
inúmeros eventos do Antigo Testamento e afirmações claras feitas por Jesus por
causa de suas conexões com a ira divina é distorcer a representação clara de
Jesus, que afirma tais textos (o Dilúvio dos dias de Noé, a punição capital da
lei Mosaica, a destruição de Sodoma, Gomorra, Tiro e Sidom). Explicar algumas
claras conexões entre Deus e ações violentas no Antigo e no Novo Testamentos,
questionando a historicidade desses textos é problemático; uma vez que dizemos
que apenas em “alguns casos” são eventos históricos essenciais a nossa fé, isso
vai contra as suposições bíblicas gerais de historicidade, por assim dizer, dos
julgamentos temporais divinos e as suposições claras dos autores do Novo
Testamento e do próprio Jesus de que estes eventos foram históricos.[19]
Impor uma grade não
violenta ou pacifista sobre as palavras e ações de Deus/Jesus exige uma
ginástica hermenêutica significativa – uma abordagem que cria uma camisa de
força interpretativa. Proclamar um pacifismo absoluto e a rejeição de qualquer
associação entre Deus e ações violentas requer dispensar ou ignorar as próprias
afirmações autoritativas de Jesus, vastos tratados da Escritura que pertencem à
ordem dos julgamentos divinos – tais como os livros proféticos – e o livro de
Apocalipse, que cita constantemente esses livros proféticos. Ao fazer isso
também se ignora seções da Escritura onde a força – até mesmo a força letal – é
justificada. Entre elas, estão inclusas as ordens de Deus para que o ministro
do estado porte “a espada” (Rm 13: 4), ou Paulo se beneficiando da força
militar quando sua vida estava sob ameaça (Atos 23). E sobre Pedro, por meio de
quem o Espírito Santo de Deus feriu Ananias e Safira, porque eles haviam
mentido para Deus (Atos 5)? E sobre Paulo, por quem Deus cegou Elymas (Atos
13)? E quando os 11 buscaram substituir Judas Iscariotes, eles estavam
ignorando as palavras de Jesus sobre amar os inimigos quando citaram dois Salmos imprecatórios para
apoiar suas ações? Os textos que lhe deram suporte foram esses: “Porque no livro dos Salmos está
escrito: Fique deserta a sua habitação, E não haja quem nela habite, e: Tome
outro o seu bispado.” (
Atos 1:20; cf. Sl 69: 25; 109: 8). Não somente Paulo utilizou tal linguagem imprecatória quando ele chamou Elymas de “Filho do Diabo” (Atos 13: 10), como também o próprio Jesus declarou que o “Pai” de seus oponentes era “o Diabo” (Jo 8: 44). Estes textos devem ser inclusos nos “textos vilentos” da Escritura?
Atos 1:20; cf. Sl 69: 25; 109: 8). Não somente Paulo utilizou tal linguagem imprecatória quando ele chamou Elymas de “Filho do Diabo” (Atos 13: 10), como também o próprio Jesus declarou que o “Pai” de seus oponentes era “o Diabo” (Jo 8: 44). Estes textos devem ser inclusos nos “textos vilentos” da Escritura?
Paulo expressou uma
oração de justiça com respeito a Alexandre, o Latoeiro, que muito o prejudicou:
“Alexandre, o latoeiro,
causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras.” (
2 Timóteo 4:14). Paulo disse que aqueles que se recusam a “amar ao Senhor” seja “anátema” (I Co 16: 22) – bem como aqueles que ensinam um falso evangelho (Gl 1: 8-9). Ele mesmo desejou que aqueles judaizantes que estavam criando problemas fossem cortados [literalmente castrados ou mutilados] (Gl 5: 12). Ele os chamou de “cães” (Fl 3: 2) – que estão fora da aliança. O próprio Jesus usa linguagem similar sobre aqueles que desprezam as coisas sagradas de Deus, os chamando de “cães” e “porcos” (Mt 7: 6) – no próprio sermão da montando onde Jesus diz para amar os inimigos! Depois em Mateus, Jesus fala palavras duras para aqueles que se opõem a ele e atribui suas palavras a Satanás (Mt 23) – apesar dele orar por perdão pra eles na cruz (Lc 23: 32).
2 Timóteo 4:14). Paulo disse que aqueles que se recusam a “amar ao Senhor” seja “anátema” (I Co 16: 22) – bem como aqueles que ensinam um falso evangelho (Gl 1: 8-9). Ele mesmo desejou que aqueles judaizantes que estavam criando problemas fossem cortados [literalmente castrados ou mutilados] (Gl 5: 12). Ele os chamou de “cães” (Fl 3: 2) – que estão fora da aliança. O próprio Jesus usa linguagem similar sobre aqueles que desprezam as coisas sagradas de Deus, os chamando de “cães” e “porcos” (Mt 7: 6) – no próprio sermão da montando onde Jesus diz para amar os inimigos! Depois em Mateus, Jesus fala palavras duras para aqueles que se opõem a ele e atribui suas palavras a Satanás (Mt 23) – apesar dele orar por perdão pra eles na cruz (Lc 23: 32).
Quando os inimigos de
Deus são punidos justamente, os escritores do Novo Testamento ecoam a alegria
dos seus pares do Antigo Testamento: “Celebre o que se deu com ela, ó céus! Celebrem, ó santos, apóstolos e
profetas! Deus a julgou, retribuindo-lhe o que ela fez a vocês ’ ". (Apocalipse 18:20, NVI; cf. Sl 96: 10-13; 97: 7-9; 98: 7-9; 99: 4-5). Estas
expressões de satisfação – até mesmo de alegria – sobre a ira e o julgamento
divino são justificados: “são merecedores” (Ap 16: 6).[20] Isto não se opoem ao
chamado de Jesus para amar e orar pelos nossos inimigos – de fato, deseja a
salvação deles. Ainda, John Stott coloca nesse contexto: “Nós não podemos
desejar a salvação deles em desafio à própria falta de vontade deles para
receber a salvação”.[21] Stott continua: “devemos desejar sinceramente a
salvação dos pecadores se eles se arrependerem e igualmente, sinceramente
desejarem também, (e nossa) destruição se eles (ou nós) não quisermos”.[22]
Vemos aqui novamente uma forte continuação entre os dois Testamentos.
“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus”
(
Romanos 11:22). Sim, devemos ler as Escrituras com discernimento, mas devemos tomr cuidado para evitar uma seletividade indiscernível que ignora a própria postura do Novo Testamento e do próprio Jesus. Vemos na Escritura com bastante clareza a bondade de Deus, mas não devemos negar sua severidade; essencialmente rejeitar como deturpação muitos textos de julgamentos violentos atribuídos a Deus / Jesus é deixar um enorme buraco explicativo. Mesmo o principal texto do Antigo Testamento que descreve o Deus de Israel como “O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (
Êxodo 34:6) é seguido imediatamento por “que ao culpado não tem por inocente” (
Êxodo 34:7; cf. Ex 20: 6). O profeta Habacuque suplica a Deus sobre o juízo pendente sobre Judá: “na tua ira lembra-te da misericórdia.” (
Habacuque 3:2). A mensagem de Jesus enfatiza claramente a misericórdia divina, mas também reconhece a ira divina.
Romanos 11:22). Sim, devemos ler as Escrituras com discernimento, mas devemos tomr cuidado para evitar uma seletividade indiscernível que ignora a própria postura do Novo Testamento e do próprio Jesus. Vemos na Escritura com bastante clareza a bondade de Deus, mas não devemos negar sua severidade; essencialmente rejeitar como deturpação muitos textos de julgamentos violentos atribuídos a Deus / Jesus é deixar um enorme buraco explicativo. Mesmo o principal texto do Antigo Testamento que descreve o Deus de Israel como “O Senhor, o Senhor Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (
Êxodo 34:6) é seguido imediatamento por “que ao culpado não tem por inocente” (
Êxodo 34:7; cf. Ex 20: 6). O profeta Habacuque suplica a Deus sobre o juízo pendente sobre Judá: “na tua ira lembra-te da misericórdia.” (
Habacuque 3:2). A mensagem de Jesus enfatiza claramente a misericórdia divina, mas também reconhece a ira divina.
John Goldingay oferece
sua avaliação:
Muitos no mundo moderno
não gostam da forma que o livro [de Josué] retrata Josué conduzindo Israel na
matança de muitos Cananeus, mas não existe nenhuma indicação de que o Novo
Testamento compartilhe dessa inquietação moderna. O Novo Testamento retrara Josué
como um grande herói (veja Hebreus 11) e retrata a desapropriação violenta que
Deus fez dos Cananeus como parte da obtenção do propósito de Deus na salvação
(veja Atos 7). Se existe uma contradição entre amar seus inimigos e ser
pacificador por um lado, e o empreendimento de Josué desta tarefa sob as ordens
de Deus, por outro lado, o Novo Testamento não vê isso.[23].
Sim, exstem diferenças
entre o tratamento que Deus dá ao seu povo sob o antigo e o novo pacto – por
exemplo, a punição capital foi ordenada ou permitida para certos tipos de ações
no Israel antigo, como oposto a excomunhão da pessoa imoral da Igreja do Novo
Testamento (I Co 5). Deus também permite condição moral inferior no Antigo
Testamento que o Novo Testamento observa (e.g. Mt 19: 8). No entanto, Jesus e
seus primeiros seguidores tomaram como certo o mesmo caráter imutável de Deus
das Escrituras Hebraicas. Assumir que Jesus rejeitou os julgamentos temporais
divinos nas Escrituras do Antigo Testamento é ir contra a própria aceitação de
Jesus da historicidade desses eventos, seus próprios pronunciamentos furiosos,
e sua forte identificação com a cosmovisão do Antigo Testamento. Então, devemos
estudar e qualificar cuidadosamente a natureza da violência na Escritura, mas
não devemos fazer violência à Escritura nesse processo.
Resumo:
●
O antigo escritor Marcião repudiou o Antigo Testamento como
oriundo de um Deus Criador “inferior” dos Judeus.
●
Nós não devemos criar um hiato entre o Deus do Antigo Testamento
que duro, que se ira e que ordenou a guerra do Deus apresentado por Jesus que é
amoroso, compassivo e não violento.
●
Aqueles que distinguem nitidamente aqui tendem a argumentar que
Deus não envia julgamentos como a fome ou como a falha na colheita sobre as
pessoas (isto reflete apenas a cosmovisão dos autores bíblicos do Antigo
Oriente Próximo), nem ele comandaria a guerra ou traria julgamentos violentos.
●
Devemos evitar uma forte distinção entre “o Deus textual” (a
representação literária dos autores) e “o Deus real” (a realidade divina viva)
em nome de uma suposição falha e restritiva de que o verdadeiro Deus nunca
tenha utilizado violência em julgamentos. Esta teoria não nasceu pela leitura
das palavras do próprio Jesus ou do resto das testemunhas do Novo Testamento.
●
Tais pensadores tomam o Jesus não violento e que ama os seus
inimigos como ponto de referência para nos apresentar o caráter de Deus. Eles
nos advertem a lermos o Antigo Testamento de forma não violenta e do ponto de
vista dos de fora (e.g., Por acaso Golias não tinha uma família que ele amava e
que era responsável?). nós também [não] devemos dar nome à violência – por exemplo, chamar a matança dos
Cananeus de “genocídio”.
●
Verdade, devemos pensar com maior profundidade sobre as
dificuldades e problemas éticos das passagens do AT ao invés de ignorá-los e
reinterpretá-los. Devemos denunciar o mau uso dos textos bíblicos.
●
Apesar do mau uso dos textos bíblicos através dos séculos,
lembremo-nos dos grandes ganhos morais trazidos pelos Cristãos, leitores da
Bíblia, na civilização Ocidental. Estes ganhos incluem a democracia,
literatura, direitos humanos, direitos das mulheres, direitos civis, abolição
da escravatura e muito mais.
●
Sim, a Igreja “proclama grandemente” que a Bíblia é a Palavra de
Deus, mas Jesus faz o mesmo ao dizer que não passará “nem um jota ou um til” da
Escritura (Mt 5: 18; cf. Jo 10: 35; bem como Paulo em 2 Tm 3: 16). Está claro
que simplesmente por fazer este pronunciamento não torna alguém automaticamente
suscetível a deturpar a Escritura!
●
Devemos evitar um apelo seletivo à autoridade de Jesus. Afinal,
Jesus denuncia Jerusalém, Betsaida, Corazim e Cafarnaum e reconhece a pena
capital Mosaica (Mt 15: 4), e ele assume que Sodoma, Tiro, e Sidom foram
divinamente julgadas na história (Mt 11: 21-24; cf. 10: 15).
●
Jesus faz um chicote para expulsar os cambistas do Templo (Jo 2:
15; cf. Mc 11: 15-17). Ele fala em termos violentos sobre aqueles que são
pedras de tropeço (Mt 18: 6), bem como dos “malignos” cuidadores da vinha – a
liderança de Israel (Mt 21: 41; Mc 12: 9). Em Apocalipse, Jesus faz ameaças de
julgamento temporal severo sobre “Jezabel” e seus seguidores (Ap 2: 16, 21-23 –
jogá-la de cama, grande tribulação, e a “morte de seus filhos com
pestilência”). Ele fala em uma parábola em um servo mau e negligente que quando
o mestre retornasse (representando Deus), iria jogá-lo onde há “pranto, choro e
ranger de dentes” (Mt 24: 51; Lc 12: 46).
●
Jesus também abraçou o panorama teológico geral do Antigo
Testamento – de que o Pai Celestial “faz o sol nascer” e “envia a chuva” sobre
os bons e os maus, justos e injustos (Mt 5: 45). Ele também afirma que a força
militar e a estratégia não garantem a vitória, desde que a autoridade é dada
por Deus (Jo 19: 10-11).
●
Não devemos negligenciar a mensagem do restante do Novo Testamento
– incluindo Paulo e outros que afirmam julgamentos temporais severos sobre
Israel (I Co 10) e até mesmo julgamentos divinos em seus dias (I Co 11:30).
Eles confirmaram as guerras contra os Cananeus e outras batalhas (At 7: 45; 13:
19; Hb 11: 33, 34), e Noé (que foi livrado no julgamento) e Abraão (que
ofereceu Isaac) são reverenciados pela que que professaram (Hb 11: 7, 17).
●
Parece que Jesus e os escritores do Novo Testamento não leram, na
verdade, o Antigo Testamento da maneira que Seibert e Enns acham que eles
deveriam ler.
●
A grade de pacifismo/não violência parece ir de encontro a outras
afirmações no Novo Testamento (Rm 13: 4; At 23: 12-35, onde Paulo apela pela
proteção militar para não ser morto). Além disso, o próprio Jesus usa uma
linguagem forte contra seus inimigos (Mt 7: 6; Jo 8: 44), da mesma forma os
Apóstolos (At 13: 10; Gl 1: 8-9; 5: 12; Fl 3: 2; I Jo 3: 10). Os Apóstolos
invocaram os Salmos imprecatórios (At 1: 20; cf. Sl 69: 25; 109: 8). Ananias e
Safira foram mortos (At 5: 1-5), e Elymas foi cegado (At 13) – ambos por Deus.
Paulo e os santos Mártires tem expectativas de justiça pela violência sofrida
(2 Tm 4: 14; Ap 6: 9-10). Estes temas refletem a bondade e a severidade de
Deus (Rm 11: 22).
Fonte:
COPAN, Paul; FLANNAGAN, Matthew. Did God Really Command Genocide? Coming to the Terms with the
Justice of God. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2014, pp. 37-47.
Tradução Walson Sales.
Notas de rodapé:
[1] René Girard, Things
Hidden Since the Foundation of the World, trans. Stephen Bann and
Michael Metteer (Stanford, CA: Stanford University Press, 1987), 157-58.
[2] Peter C. Craigie, The
Problem of War in the Old Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1978),
43.
[3]Ibid., 54.
[4] Thomas W. Mann, Deuteronomy (Louisville:
Westminster John Knox, 1995), 149.
[5] Peter Enns, “Is Peter Enns a Marcionite?,” Rethinking Biblical Christianity (blog),
January, 17, 2014, http://www.patheos.com./blogs/peterenns/2014/01/is-pete-enns-a-marcionite/. Agradecimentos a
Eric Seibert por seus úteis comentários sobre um antigo esboço deste capítulo
(email a Paul Copan datado de 26, 2014) e também pela indicação da postagem no
blog de Peter Enns.
[6] Eric Seibert, The
Violence of Scripture: Overcoming the Old Testament´s Troubling Legacy (Minneapolis:
Fortress Press, 2012); e Disturbing
Divine Behavior (Minneapolis: Fortress Press, 2009).
[7] Eric Seibert, “When the ‘Good Book’ Is Bad,” Rethinking Christianity (blog), 1
de Fevereiro de 2013, http://www.patheos.com./blogs/peterenns/2013/02/when-the-good-book-is-bad-challenging-the-bibles-violent-portrayals-of-god/.
[8] Seibert, The
Violence of Scripture, 9.
[9] Ibid., 26, enfase no original.
[10] Ibid., 8.
[11] Ibid., 9, enfase no original.
[12] Ibid., 117.
[13] Eric Seibert, Disturbing
Divine Behavior, 253; veja também o apendice A no livro de Seibert.
[14] Ibid., 57.
[15] Ibid., 119.
[16] Ibid., 127.
[17] veja Rodney Stark, The
Victory of Reason: How Christianity Led to Freedom, Capitalism, and Western
Success (New York: Random House, 2006); Alvin Schmidt, How Christianity Changed the World (Grand
Rapids: Zondervan, 2004); Robert D. Woodberry, “The Missionary Roots of Liberal
Democracy,” American Political
Science Review 106, número 2 (2012): 244-74; Andrea Palpant Dilley,
“The World the Missionaries Made”, Christianity
Today (Janeiro/Fevereiro de 2014): 34-41.
[18] Peter Enns, “Inerrancy, However Defined, Does Not Describe
What the Bible Does,” em Five Views
on Biblical Inerrancy, ed. J. Merrick and Stephen M. Garret (Grand Rapids:
Zondervan, 2013), 105.
[19] Seibert, Disturbing
Divine Behavior, 120.
[20] Sobre este tema veja Gordon Wenham, Psalms as Torah: Reading Biblical Song Ethically (Grand
Rapids: Baker Academic, 2012), 167-79, 197-201.
[21] John Stott, Favorite
Psalms (Chicago: Moody, 1988), 121.
[22] Ibid.
[23] John Goldingay, Joshua,
Judges & Ruth for Everyone (Louisville: Westminster John Knox,
2011), 3.
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