quarta-feira, 17 de abril de 2019

Grupos Religiosos e Políticos - Entendendo o contexto que cercava Jesus ( parte final).

• O Sinédrio. Em alguns períodos da ocupação romana, o império permitiu certo alargamento no poder exercido pelos judeus.
Para o império, era vantajoso que a nação fosse governada por gente dela mesmo. Enquanto os atos desses governantes não conflitassem com as leis e os interesses dos romanos, havia uma espécie de trégua, embora não de todo pacífica.

O concílio supremo que regia as questões religiosas dos judeus era o sinédrio. A extensão do poder por ele exercido dependia em grande parte da coragem e personalidade do grupo ali reunido, bem como a atitude do governo de Roma na ocasião. Houve épocas em que suas decisões atingiam todo o espectro do judaísmo. Mas em outras, seus pronunciamentos só eram levados a sério por aqueles que residiam na Judéia. No que dizia respeito a Jesus, por exemplo, quando ele se encontrava nessa região, achava-se num contexto sob a autoridade deles; mas quando estava na Galiléia, as opiniões deles tinham pouco peso.
Esse concilio procurara assemelhar-se ao grupo de anciãos formado por Moisés, quando ele se achava na liderança do povo de Israel. Por razões práticas, ele resolveu designar alguns anciãos para ajudá-lo a julgar o povo ( Êx 18.25). É provável que o sinédrio tenha se reunido pela primeira vez durante a dominação grega, antes de Cristo, embora suas origens remotem a um período anterior.
Quando Herodes, o Grande, que foi indicado por Augusto, subiu ao trono, decidiu modificar o sinédrio, e, para tanto, mandou matar todos os seus membros. Sentia-se mais seguro se ele mesmo apontasse os componentes do concílio, os quais logicamente estariam sujeitos a ele.
Tanto o grupo dos saduceus quanto o dos fariseus tinham representantes no concílio, que era constituído do sumo sacerdote, e de antigos sumos sacerdotes, de membros de suas famílias, de chefes das tribos ou das famílias, que eram chamados anciãos, e dos escribas ( os doutores da lei).
O concílio era formado por 70 ou 71 homens, dependendo de como era feita a contagem. Seu presidente era o sumo sacerdote que estivesse exercendo o cargo no momento.

As reuniões. Os membros do concílio se sentavam em forma de semicírculo para que pudessem ver uns os outros bem, e para conversar. Sempre havia dois escriturários presentes para registrar os votos.
Para haver sessão, era preciso estarem presentes apenas vinte e três dos setenta membros. No caso de um julgamento de um criminoso, com doze votos ele poderia ser absolvido. Se fosse condenado, poderia apelar para que os outros membros julgasse seu caso.
Sempre que alguém era julgado, esperava-se que comparecesse ao concilio vestido de luto. Tinha que assumir uma atitude de contrição, por respeito à autoridade do tribunal.

O conflito deles com Jesus. Não há dúvidas de que o sinédrio, dentro daquele contexto criado, tinha a função de julgar Jesus. Como os " crimes" que os acusadores atribuíram a ele eram de natureza religiosa, o concílio tinha autoridade para interroga- lo e dar o veredicto.
Fato é, que eles violaram muitas das regras técnicas durante o julgamento de Jesus, e uma falha que certamente cometeram foi a de que não se empenharam de fato em averiguar se ele era inocente ou culpado. Já iniciaram o julgamento procurando um meio de condená-lo ( Jo 11.53).

O veredicto final foi unânime; não houve nenhum voto contrário ( Mc 14.64; Lc 23.1). Isso significa que Nicodemos, que também era membro do sinédrio, estava ausente no momento em que foi feita a votação, ou então votou pela execução de Jesus. Mas, a luz da defesa que ele fez de Jesus ( Jo 7.50-52), podemos concluir que talvez estivesse ausente. Outro também que não deve ter votado foi José de Arimatéia ( Lc 23.50,51). É bem possível que nem todos os membros tenham sido convocados para a reunião em que Jesus foi julgado.
Fonte: Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos ( William L. Coleman)
Via Fabiana Ribeiro.

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