Em seu livro mais emblemático, A Abolição do Homem, o apologista cristão CS Lewis (1898-1963) reuniu uma série de exemplos do que ele denominou o Tao, ou Lei Natural: são princípios vigentes em grande parte das culturas e civilizações, que inclui os “deveres para com os pais, os mais velhos e aos antepassados”, “deveres para com crianças e a posteridade”, “a lei da boa-fé e veracidade”, “a lei da magnanimidade”, entre outras. Lewis ilustrou a universalidade destes princípios com citações de fontes tão diversas como o Antigo Testamento, o Novo Testamento, a Eneida de Virgílio, o Bhagavad Gita, os Analectos de Confúcio ou os textos dos aborígines australianos.
Nenhuma citação do Alcorão e outras fontes muçulmanas aparecem. Esta omissão poderia ser devida a certa ignorância sobre o islã por parte de Lewis, o que seria muito improvável, tendo em conta a época em que Lewis viveu e o papel desempenhado por seu país, o Reino Unido, no Oriente Médio e na Ásia.
Poderia se pensar que, certamente, poderia ter encontrados exemplos de alguns destes princípios no Alcorão. Talvez para Lewis o problema residisse no fato de que o islã não garantia o que ele chamava de “lei da caridade geral”, apenas sendo benevolente com os fiéis. O inconveniente é que o islã diretamente não inclui o ensinamento da Regra de Ouro 159 . A frase de Jesus de que “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” (São Mateus 7: 12) aparece em praticamente todas as tradições religiosas do planeta, com exceção do islã. O Alcorão e os hádices estabelecem uma distinção tão nítida entre fiéis e infiéis que não dão lugar a nenhum mandamento referente a caridade generalizada. Os infiéis vão ser suspeitos, questionados e combatidos, e isso é tudo. Não serão tolerados. E nunca serão amados.
By Rafael Félix.
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