O nascimento de uma criança entre os judeus sempre foi motivo de grande alegria, uma vez que valores familiares sempre estiveram enraizados na formação judia. Grandes expectativas cercavam os pais diante do nascimento de um filho, pois eles eram conscientes de que eram bençãos ( Sl 127.3-5). Coleman nos fornece ricos detalhes do que permeava a mente das pessoas sobre este assunto, especialmente no que diz respeito as mulheres e o desejo de terem filhos:
" As mulheres tinham fortes razões para desejar filhos. Essas razões eram tão intensas que a maioria delas demonstravam grande ansiedade para tornar-se mãe, e assim que atingia esse objetivo, sentia grande alívio. Algumas das razões são as seguintes:
1. Um amor natural por bebês e filhos. Embora houvesse exceções, as mulheres possuíam esse desejo natural.
2. O desejo de realização pessoal. Nas culturas bíblicas as mulheres que não tinham filhos sofriam severas restrições ( 1 Sm 1.11).
3. O desejo de agradar seu marido. O homem que não tivesse filhos, era olhado com piedade pelos outros e até mesmo zombaria. Muitos supunham que ele sofresse de alguma doença, outros o desprezavam por ter uma esposa " incapaz". Nesses casos, o casamento acabava sendo cercado por sentimentos de culpa e desilusão, o que muitas vezes ocasionava divórcio.
4. O anseio em escapar a maldição divina. A esterilidade era considerada um castigo dos céus, uma vez que o nascimento de filhos era visto como um fato normal da vida, a ausência deles era encarada como anormal. Isso ainda era agravado, pelo fato de que a falta de filhos era um dos castigos prescritos na lei para casos de adultério ( Lv 20.20,21), logo, o casal que não os tivesse era olhado com suspeita.
5. O desejo de ter o sinal da benção de Deus. A presença de filhos era uma evidência clara de que o casal recebera o favor de Deus ( Sl 127.3,5). Eles eram um símbolo de uma vida plena, justa e feliz.
6. A necessidade de perpetuar a família. Morrer sem deixar filhos implicava na perda de propriedades. Além disso, o nome da família deixava de existir. Esse fato teve um papel muito significativo no casamento de Ruth e Boaz, pois o primeiro marido dela havia morrido antes que tivesse filho." ( COLEMAN, 1991, p.85).
Quando buscamos nos contextualizar na cultura que permeava a mente das pessoas dos tempos bíblicos, compreendemos melhor as tristezas e angústias daquelas que não podiam conceber, bem como nos maravilhamos, ainda mais, com as intervenções de Deus abrindo a madre de muitas mulheres, a exemplo de Sara, Rebeca, Raquel, Ana e Isabel. E além disso, o fato de que o testemunho e significado da vida dos filhos dessas mesmas mulheres, falam fortemente para nós, mediante o legado que Deus outorgou a humanidade por intermédio deles.
Por Fabiana Ribeiro.
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