quinta-feira, 23 de maio de 2019

As Doutrinas da Graça: um equívoco com tendências idolátricas e gnósticas

As “doutrinas da graça” tem se tornado um termo sinônimo com o calvinismo, ou o que muitos chamam “Teologia Reformada”, desde que o próprio Lutero não foi um calvinista (nem foram os Luteranos), em sentido estrito, e ainda os tais são Reformados. Ser “Reformado” não é ser um Calvinista. A Reforma não se baseava na eleição incondicional, expiação limitada ou graça irresistível, como é o núcleo do Calvinismo, mas sobre a primazia da Escritura e abolição dos abusos eclesiásticos.
A tão chamada “doutrinas da graça” é um termo impróprio de uma frase, em minha opinião, desde que a graça pelo que a graça se refere é uma graça particular, incondicional e restritiva, o que não é inerentemente especificado. A frase deve ser “as doutrinas da graça particular [calvinista]”, não meramente “as doutrinas da graça”. Mas estas “doutrinas da graça particular” tem historicamente e na presente era produzido entre seus adeptos, tendências idolátricas e gnósticas.
Em um artigo intitulado “Why Can’t They See This?” (Porque eles não podem ver isso?), Tom Nettles procura responder a questão, “Porque os meus amigos cristãos tem tamanha aversão as doutrinas da graça?”. Eu acho que a questão, enquanto sincera, é um pouco ingênua. Com frequência, alguns calvinistas tem a percepção de si mesmos como missionários de Deus aos não calvinistas. Mas Deus não te chamou meu irmão ou irmã calvinista para converter ninguém ao calvinismo. Sua chamada é trazer aqueles que ainda tem que receber a Cristo pela graça, por meio da fé a um entendimento do evangelho.
Mas até mesmo com esta admissão nós temos um problema: para muitos calvinistas o calvinismo é o evangelho. Mas o calvinismo não é o evangelho; nem o Arminianismo ou qualquer outra teologia não calvinista é o evangelho. Cristo é o evangelho e Cristo não é sinônimo com o Calvinismo, Arminianismo ou qualquer outro tipo de teologia.
Eu gosto da maneira como meu professor de História da Igreja, Calvinista, Dr. Nathan A. Finn fala desse assunto. Cristo, por meio do evangelho, é o presente de Deus. Calvinismo, Arminianismo e todos os outros sistemas não calvinistas são meramente o embrulho do presente. Quando alguém recebe um presente, o que ele ou ela está ansioso é pelo que está dentro da caixa, não o embrulho. Ambos, Calvinistas e não calvinistas apresentam Cristo por meio do evangelho para um mundo que precisa ser salvo.
A afeição que eu tenho testemunhado por muitos Calvinistas pelo Calvinismo como um sistema é quase igual a idolatria. Eu acho inacreditável irônico, então, alguns Calvinistas como Agustus Toplady, acusando os não calvinistas de idolatria: note o artigo ridículo e historicamente e teologicamente inexato “Arminianism: The Golden Idol of Free Will” (Arminianismo: O Ídolo de Ouro do Livre Arbítrio). De uma perspectiva histórica e dos dias atuais, Calvinistas de todos os tipos e crentes devem se envergonhar de tal acusação.
Muitos Calvinistas não entendem como os não Calvinistas não podem ver a “verdade” do Calvinismo. A confusão deve ser óbvia: o Deus dos Calvinistas não tem visto ser adequado iluminar soberanamente as mentes dos não Calvinistas para tais “verdades”. O que poderia ser mais óbvio? Como pode alguns Calvinistas ser tão cegos igualmente em fazer tais perguntas? Eles creem que Deus governa e controla meticulosamente todos os eventos na terra e no universo, mas então perguntam porque os não Calvinistas não podem ver a “verdade” do Calvinismo. A inconsistência é evidente e desconcertante.
Além disso, a pergunta por que os não Calvinistas não podem ver a “verdade” do Calvinismo é uma inclinação moderna a heresia gnóstica do segundo século – uma afirmação a um conhecimento religioso especial e espiritual para o que somente alguns foram privilegiados.
Em uma postagem feita pelo Calvinista Justin Taylor, nós testemunhamos tendências gnósticas entre os adeptos do Novo Calvinismo. Justin acredita que ele encontrou em uma passagem da Escritura o conceito de soberania divina e responsabilidade humana (Lucas 24.16, 25, 31). Da visão de Justin, Deus cegou os olhos dos dois no caminho de Emaús (conhecido como um passivo divino), Ele mantém neles a responsabilidade pela cegueira deles e abre os olhos em seu capricho soberano e incondicional.
Ao invés de abordar os versos que Justin faz referências, por causa da brevidade, eu preferiria voltar a nossa atenção para uma resposta dada pelo estudioso Calvinista Ardel Caneday para o “Arminiano” (não eu), que desafiou a interpretação (encontrada nos comentários do mesmo tópico).
Porque o “Arminiano” (e alguns outros) interpretaram os eventos de Lucas 24 de uma maneira diferente da posição Calvinista, Caneday responde, “Deus pode, assim como abriu os olhos daqueles dois discípulos de quem Lucas nos fala em Lucas 24, abrir os olhos [dos não calvinistas] para que eles possam ver e entender o que ele fez por aqueles dois discípulos naquele dia. Para ver tem que crer”. Não negligencie a implicação de Caneday. Porque os “Arminianos” e outros não concordam com a nuance da interpretação Calvinista de Lucas 24, oferecendo um desafio que Caneday obviamente achou problemático, ele viu que Deus não abriu os olhos deles ainda para ver tais “verdades” divinas.
Quando tudo mais falhar, alguns calvinistas recorrem para as brincadeiras amargas “Deus ainda não abriu os seus olhos para Sua verdade [o calvinismo]”. Enquanto essa visão está mais consistente com a teologia determinista geral deles, é trágico, desde que sugere que Deus está mantendo intencionalmente a grande parte dos cristãos – seus próprios filhos redimidos – cegos para a “verdade” do Calvinismo – uma “verdade” que traria, entre todas as confissões, muito mais glória para Ele.
Quando alguns Calvinistas convencem a si mesmos que não existe nenhuma forma possível deles estarem errados sobre o Calvinismo, este é um ponto em que a decepção tem permeado completamente o mais intimo do coração deles. Nesse ponto, o Calvinismo deixa de ser um sistema teológico viável entre outros para se assemelhar a adoração de ídolos, pelo qual Deus é mais ofendido.
Calvinistas tem o direito de discordar com os não Calvinistas sobre questões teológicas. Mas os Calvinistas não tem o direito de sugerir que qualquer um que contradita as suposições teológicas deles estão cegos para a “verdade”. Tal visão é a mais alta e absoluta arrogância teológica.
Deus não tem mais aberto os olhos dos Calvinistas para as alegadas verdades do Calvinismo do que Ele tem cegado os olhos dos não Calvinistas para as “doutrinas da graça particular”. Ler tais implicações de Justin Taylor, Ardel Caneday ou qualquer outro Calvinista é nada menos do que trágico.
Nós oramos pelos Calvinistas que empregam tal linguagem gnóstica – como linguagem para se arrependerem para o bem da verdade e da unidade do corpo de Cristo. Os Calvinistas devem meramente informar aos não Calvinistas porque eles acham que nós estamos errados teologicamente. Não há nenhuma chamada para implicar que Deus é o responsável pela nossa alegada cegueira para a suposta verdade das “doutrinas da graça particular”.
Tradução: Walson Sales
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