As leis físicas da natureza, ao receber expressão matemática, contêm várias constantes ou quantidades – como a constante gravitacional ou a densidade do universo -,cujos valores não são determinados pela lei em si; o universo governado por tais leis deve ser caracterizado por qualquer valor de uma ampla variedade possível dessas variáveis. O que se quer dizer ao usar a expressão" ajuste fino" é que os valores reais presumidos pelas constantes e quantidades em questão são tais que pequenos desvios neles tornariam o universo inapto para a vida. Vários exemplos de ajuste fino podem ser citados. O mundo está condicionado principalmente pelos valores de constantes fundamentais – a (constante da boa estrutura ou interação eletromagnética), ag(gravitação), aw(força fraca), as (força forte) e mp/me (relação de massa entre o próton e o elétron). Quando se atribuem valores diferentes a essas constantes (ou forças), descobre-se que o número de universos capazes de suportar a vida inteligente, é muito pequeno. A simples variação em alguns desses valores tornaria a vida impossível. De acordo com o físico britânico Paul Davies, por exemplo, mudanças tanto em ag- ou no eletromagnetismo – de apenas uma parte em 10 elevado a 40 teria sido um desastre para estrelas como o sol, impedindo assim a existência dos planetas.
Ao investigar as condições iniciais do big bang, deve-se também confrontar dois parâmetros arbitrários que governam a expansão do universo: w0, relacionado a densidade do universo, e h0, relacionado à velocidade da expansão. As observações indicam que 10 elevado a -43 segundos depois do big bang, o universo se expandiria a uma taxa fantasticamente especial, com a densidade total próxima do valor crítico ou no limiar entre o recolapso e a expansão eterna. Stephen Hawking estima que até mesmo o decréscimo em uma parte em um milhão de milhões, quando a temperatura do universo era de 10 elevado a 10 graus, teria resultado no recolapso do universo muito tempo atrás; um aumento similar teria impedido as galáxias de se recondensar a partir da matéria em expansão. No tempo Plank, ou seja, 10 elevado a 43 segundos depois do big bang, a densidade do universo deve ter sido aparentemente por volta de uma parte em 10 elevado a 60 da densidade crítica na qual o espaço é plano. A cosmologia clássica serve para destacar outro parâmetro, S, a entropia por bárion no universo. A estrutura do big bang deve ter sido severamente forçada com o objetivo de que a termodinâmica, como a conhecemos, pudesse surgir. Não apenas isso, o próprio S é uma consequência da assimetria bárion no universo, que surge da inexplicável assimetria interna dos quarks sobre os antiquarks, anterior ao momento de 10-6 segundos após o big bang. Roger Penrose, físico de Oxford, calcula que as probabilidades de a condição de baixa entropia terem surgido abruptamente, por acaso, na ausência de quaisquer princípios restritivos é tão pequena quanto uma parte em 10 elevado a 10 elevado a (123) para que nosso universo existisse. Penrose comenta ―Não consigo sequer me lembrar de qualquer coisa na física cuja precisão se aproxime, até mesmo remotamente, do número como uma parte em 10 elevado a 10 elevado a (123) (CRAIG E MORELAND 2005, p.587-588).
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