INTRODUÇÃO
Temos visto muitos pregadores citando o talmude em suas mensagens, alguns fazem isso pra enriquecer a mensagem e pra valorizar seus argumentos, porém poucos sabem o que é o Talmude, Quando foi escrito, Quantas páginas ele tem, Quem escreveu, O que ele diz a respeito de Jesus, sequer sabem se seus ensinamentos estão de acordo com a Bíblia.
O que é o Talmude?
O talmude começou a ser escrito depois da tomada de Jerusalém no ano 70 da era comum. Ele só terminou de ser escrito no século VI e teve a participação de centenas de rabinos chamados tanaítas. A princípio foram escritas as leis orais, chamadas de mishná, nos séculos seguintes diversos rabinos se dispuseram a fazer exaustivos comentários e discussões a respeito da mishná, esses comentários são chamados guemará. Sua coleção reúne 517 capítulos distribuídos em 63 tratados, sendo cada tradado um livro. Esses tratados abordam seis temas centrais, chamados de ordens, distribuídos de acordo com a mishná. Auro Del Gligio (2000, p.17) em seu livro “Iniciação ao Talmud” relata quais são essas seis ordens:
1) Zeraim (sementes): concentra-se nas leis relacionadas à agricultura;
2) Moed (festas): trata das festas do calendário judaico ao longo do ano;
3) Nashim (mulheres): lida com leis relacionadas ao casamento, divórcio e adultério.
4) Nezikin (danos): discute leis civis e penais, além de abordar a proibição à idolatria.
5) Kodashim (objetos santos): dedica-se às leis pertinentes ao Templo e aos sacrifícios; 6) Tahorot (pureza): lida com as leis de pureza e impureza rituais;
Nessa época a Babilônia era um centro acadêmico muito forte e muitos rabinos foram estudar lá, isso fez com que dois talmudes fossem desenvolvidos paralelamente, eles são chamados de Talmude babilônico e Talmude de Jerusalém. Atualmente apenas alguns tratados estão disponíveis em português, ele também já pode ser encontrado em diversas línguas, o que tem ajudado a alcançar judeus e simpatizantes de todo o mundo que não falam hebraico nem aramaico.
Teoricamente o judeu ortodoxo valoriza o Talmude como tendo o mesmo valor que a lei (Torá), quando vemos o vídeo de um judeu lendo um livro e se balançando pra frente e pra traz, é o talmude que ele está lendo, na sua crença esse movimento continuo ajuda na concentração e na assimilação do conteúdo. Os ensinamentos do Talmude são passados desde cedo, e muitos judeus tem grandes trechos do talmude decorado.
Na prática, o judeu não vê valor da leitura da Torá, sem que o Talmude esteja por perto. Como o Talmude possui discussões exaustivas para todos os textos da Torá, o judeu não se sente a vontade em ler a Torá sem saber o que o Talmude diz a respeito.
Temos aqui um grande problema, o Talmude foi escrito baseado nas leis orais de Israel. De acordo com a tradição Moisés recebeu no Sinai a lei escrita e a lei oral, o próprio Moisés teria transmitido essa lei oral para setenta sábios aos pés do monte Sinai, esses 70 foram encarregados de transmitir essas leis orais, que tratavam dos procedimentos de culto, da execução das leis etc. Imagina-se portanto um grande “telefone sem fio” que se estendeu desde Moisés até o ano 70 depois de Cristo. A lei oral passou a ser chamada de tradição dada por Moisés, na época de Jesus ela tinha mais valor do que a própria lei. Por isso jesus diz:
Em vão, porém, me honram, Ensinando doutrinas que são mandamentos de homens.
Marcos 7:7
Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele. Mas, se não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras?
João 5:46,47
Devido à lei oral, o judeu passou a considerar a torá como sendo mística e metafórica só podendo ser explicada pelos rabinos (fariseus e escribas na época de Jesus) através do conhecimento da lei oral. Jesus ressalta isso nos textos, deixando claro que o que os fariseus ensinavam não eram as palavras de Moisés, nem tão pouco foram dadas por Deus. Quando o talmude começou a ser escrito Jesus já havia subido para o Pai, no entanto se Jesus não considerou a lei oral como válida, o que ele diria do talmude?
Referências
GLIGIO, Auro D. Introdução ao Talmude. Editora Sêfer: São Paulo. 2000.
Documentário: Talmude. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=FYz4ZRIoszo (acesso em 06/03/2018).
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