O Alcorão é divido basicamente em duas partes, uma parte do é chamada de Meccia, que foram os primeiros versos do Alcorão revelados à Maomé e foi justamente na época que ele estava em Meca, por isso o nome Meccia, é nesta parte que se encontram a maior parte dos versos chamados “pacíficos”, pois foi nesta época em que Maomé conviveu com cristãos e judeus e na tentativa de conquista-los Maomé decidiu ser mais flexível. A segunda parte do Alcorão é chamada de Medinia, esta parte do Alcorão foi revelada a Maomé em Medina, depois que a mensagem de Maomé foi rejeitada pelos cristãos e judeus.
Há com certeza alguns versos no Corão que poderiam ser chamados de pacíficos e tolerantes, como a ordem contra a obrigatoriedade de seguir a religião, esses versos datam praticamente para o inicio da carreira profética de Maomé em sua cidade natal de Meca, onde ele não tinha poder, onde estava apenas começando a atrair seguidores. Apenas poucos parentes e amigos aceitavam a religião naquela época e ele tinha muitos inimigos, então as revelações naquela época eram bastante pacíficas. Bem, tudo muda quando Maomé estabelece um estado teocrático na cidade de Medina, ele se torna o senhor da guerra, ele se torna o chefe de um estado totalitário, ele se torna muito rico, muito importantes e muito intolerante, e então, muitos daqueles versos, de fato, são ab-rogados. (ISLAM, 2017).
A compreensão do Alcorão depende da compreensão da ab-rogação, na sura 2.106, é dito, ou melhor, Allah diz, que “nós ab-rogamos (nós sendo Allah) se ab-rogamos um verso, então lhe damos outro melhor”. E como podemos observar, segundo a tradição, Maomé passou pouco tempo em Meca por isso, os versos pacíficos são minoria e como boa parte do Alcorão foi produzida em Medina e nesta parte Maomé revela a verdadeira face do Islã, alguns versos pacíficos foram ab-rogados, ou seja, foram cancelados ou substituídos por outros melhores. Esta é a doutrina corânica do “naskh”, é a ideia de que quando há versos que parecem contraditórios no Corão, aqueles que foram revelados mais tarde cronologicamente, como os que foram revelados em Medina são melhores, por isso, os anteriores são cancelados. Esta doutrina é o elo de ligação entre o Islã e o terrorismo praticado pelos chamados “radicais”, esta é a explicação de o porque o muçulmano que é tido como pacífico não está sendo sincero diante de sua fé e diante do que o Alcorão revela ser o Islã.
Quando os muçulmanos praticam a violência, em forma de crimes e outros atos de terrorismo, eles podem legitimamente reinvindicar que estão seguindo os mandamentos de Alá, conforme ensina o Alcorão e o profeta Maomé. Essa é a grande diferença entre o cristianismo e o islamismo. (SPROUL; SALEEB, 2016, p.72)
Não somente o Alcorão, mas toda a tradição muçulmana expõe toda a violência praticada pelo profeta Maomé, por isso é tão importante o entendimento dos hadiths.
Muita gente ao observar uma crítica ao Islã, também acusam que a Bíblia Sagrada, usada por cristãos e os livros usados pelos judeus traz versos de guerra e até de certa forma incitando o extermínio de algum povo sobre a terra, porém podemos analisar que essas opiniões são infundadas e desconhecem o verdadeiro conteúdo do Alcorão, sem seque ter lido um verso, geralmente os que gostam de fazer o jogo do politicamente correto não conhecem a doutrina da ab-rogação e nem conseguem observar o são versos da Bíblia narrando alguns fatos, e o que realmente significa o Alcorão para os muçulmanos.
O Alcorão e a tradição islâmica contem não apenas mandamentos religiosos, mas também inúmeras regulamentações que dizem respeito à vida em família e na sociedade – por exemplo, leis que regulamentam a herança e o matrimonio -, bem como a relação de umma (Nação, comunidade) como as minorias religiosas, com aqueles sob sujeição. (SCHIRRMACHER, 2017, p. 79).
Portanto o Alcorão não é somente um livro religioso, mas um manual de como um muçulmano deve proceder em todas as situações que podem ser vividas, isto prova que o Islã não é só uma religião para um povo, mas um projeto de poder principalmente quando é observado as atitudes do profeta Maomé e de seus primeiros seguidores e posteriormente dos califas. Assim, o Alcorão, em suas orientações sobre casamento, divórcio, criação de filhos, a convivência com não muçulmanos em um país não islâmico, muçulmanos sinceros tem a certeza de que não conseguiriam viver sua fé integral sem que pudesse cumprir exatamente tudo o que diz o Alcorão e toda a tradição islâmica afirma ser o verdadeiro Islã.
Como o Alcorão se torna um instrumento para definir o que o muçulmano deve fazer e viver, não é de se estranhar de quando um muçulmano é pego praticando violência ou terrorismo não só contra os infiéis, mas contra todos aqueles que discordarem da mensagem, ao muçulmano afirmar que apenas está cumprindo os mandamentos do Alcorão, seguindo os exemplos de Maomé e fazendo aquilo que é permitido pela Iei.
A Jihad, guerra contra os que ameaçavam a comunidade, fossem infiéis hostis de fora ou não muçulmanos de dentro que rompessem seu acordo de proteção, era em geral encarada como uma obrigação praticamente equivalente a um dos pilares. O dever da jihad, como os outros, baseava-se nas palavras do Corão: “Ó tu que crês, combate o infiel que tens perto de ti”. A natureza e a extensão da obrigação eram cuidadosamente definidas pelos autores legais. Não era apenas uma obrigação individual de todos os muçulmanos, mas da comunidade, de fornecer o número suficiente de combatentes. (HOURANI, 2006, p. 207)
Portanto, o entendimento sobre a Jihad segundo a sua própria definição não se trata de um simples esforço, é uma obrigação de todos os muçulmanos de acordo com o Alcorão, até o termo Jihad é um termo especifico para um empreendimento muçulmanos contra infiéis. “Jihad é um termo puramente islâmico. Não é um sinônimo de luta, combate, esforço ou qualquer outra palavra. O pré-requisito básico da Jihad é que o inimigo seja não muçulmano. Se nós somos vencedores, é natural para nós a imposição das regras do Islã sobre o país conquistado” (HEWENY, 2018). Essas são ordens direta de Allah através do Alcorão, não são interpretações ou algo parecido.
ISLAM – O Que o Ocidente Precisa Saber. Recuperado de: <www.youtube.com/watch?v=E5Q5j4ZQ9Go>, acessado em 10/12/2017.
SPROUL, R.C, SALEEB, Abdul. O Outro Lado do Islã. 2ª Imp. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, 94p.
SCHIRRMACHER, Christine, MENDES, A. G. (Trad.). Entenda o Islã: História Crenças, Política, Charia e Visão Sobre o Cristianismo. São Paulo: Vida Nova, 2017, 464p.
HOURANI, Albert, SANTARRITA, Marcos (trad.). Uma História dos Povos Árabes. 1ª Ed. 4ª reimpressão. São Paulo. Companhia de Bolso, 2006, 703p.
Por Rafael Félix.
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