Existe alguma diferença entre “adorar” e “prestar culto”? Quando um ser se prostra diante de outro ser ou de algo e lhe dirigi orações, ações de graça, fazendo petições e cantando hinos em louvores, a definição lógica seria simplesmente de estar prestando adoração. Logo, dizer que isso não constitui uma veneração ou culto de adoração, então não sabemos o que se define por adoração no catolicismo. Ao analisar essas práticas que estão em confronto com a luz das Escrituras Sagradas, fica claro que praticamente tudo que encontramos nos ensinos atuais dentro do catolicismo romano não passam de práticas pagãs principalmente as imagens que encontramos hoje dentro dos templos. As Escrituras Sagradas proíbem a produção imagens de escultura:
Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem de alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás, porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam (Êx 20.3-5).
Em 610, o papa Bonifácio IV, pela primeira vez, fez uma celebração com festas para todos os santos. Ele colocou em lugar do panteão romano (templo pagão dedicado a todos os deuses), em um templo “cristão”, objetos e relíquias atribuídos aos cristãos considerados santos pela Igreja Católica Apostólica Romana. Entre esses objetos estavam algumas imagens de Maria. Dessa maneira, o culto aos santos e também a Maria substituiriam cultos aos deuses e deusas do paganismo romano. A Bíblia nos ensina: “Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). O que contraria este ensinamento do catolicismo romano.
A Igreja Católica relata que Deus não proíbe fazer imagem de escultura, porque verifica no Decálogo que a proibição fala a respeito de imagens de animais cultuadas no paganismo egípcio da época em que o decálogo foi produzido. Para consolidar sua justificativa, apontam para os querubins que Deus mandou Moisés fazer para o propiciatório da Arca da Aliança (Êx 25.18-20), essa dedução do catolicismo não tem nenhum fundamento bíblico. Não há na Bíblia nenhuma passagem sequer de um judeu dirigindo adoração a querubins ou firmando fé neles, ou pagando promessa a algum querubim. O propiciatório representava a figura da redenção trazida por Cristo. Querubim é um tipo de anjo que representa a glória de Deus. Não consta aqui idolatria. Além disso, ninguém podia entrar no Santo dos Santos onde os querubins estavam guardados, a não ser o Sumo sacerdote, que entrava uma só vez por ano para oferecer o sacrifício à Deus e não para orar aos querubins. Se as pessoas comuns não podiam entrar onde estava a Arca, logo não podiam prestar adoração as figuras dos anjos. “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êx 20.4).
Os livros não reconhecidos como inspirados pelo povo judeu são chamados “não genuínos” ou “espúrios”. No sentido religioso, são os livros apócrifos que foram inseridos posteriormente na Bíblia de Jerusalém adotada pela Igreja Católica Apostólica Romana. A palavra “apócrifo” tem origem no grego apokryphos e significa “escondido” ou “oculto”. São livros produzidos no período de conflitos religiosos e políticos entre o povo judeu. Aproximadamente em 300 a.C e 100 d.C, os rabinos chamaram de “os de fora”, que simbolizava, entre eles, fora do Cânon Sagrado. São livros que nunca fizeram parte do Cânon Sagrado dos judeus, eles reconhecem seu valor histórico, mas nunca foram aceitos como inspirados. Foi Cirilo de Jerusalém quem teve o pensamento de chamar “os de fora” (termo usado pelos rabinos), substituindo o termo por “apócrifos”. O Antigo Testamento que possui em nossa Bíblia está constituído com os mesmos livros que são aceitos pelos judeus, confirmados por Jesus e também preservados pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos:
O Sínodo de Jâmnia, concílio dos rabinos, realizado por volta do ano 100 d.C., portanto, depois do encerramento do Cânon dos judeus, debateu sobre a permanência de Provérbios, Eclesiastes, Cantares e Ester no Cânon Hebraico. “Nada foi modificado, o Cânon Judaico permaneceu inalterado”. (SOARES, 2011, p. 187).
Desde muito cedo na história da Igreja, existiam discussões sobre esses livros. A Igreja Católica, nos primeiros séculos da Igreja, usava os livros do Cânon Sagrado, mudando somente após o início século XVI na Reforma Protestante, no Concílio de Trento. Os apócrifos são livros que já estavam presentes na Septuaginta, mas que nunca foram colocados ou fizeram parte da Escritura Hebraica. Então fica a questão: por que a Igreja Católica teve a necessidade de acrescentar algo em uma lista de livros que se mostrou satisfatória por tantos séculos? Simplesmente para fundamentar e acrescentar crenças e tradições como a idolatria e outros desvios doutrinários do catolicismo romano.
Em 1827, a Sociedade Bíblica estrangeira Britânica excluiu os livros apócrifos de suas Bíblias, e em pouco tempo os americanos fizeram o mesmo. A falta caráter divino e autoridade profética, além de possuírem erros históricos, geográficos, desacordos, incentivam práticas estranhas ao contexto bíblico e ainda ensinam doutrinas diferentes das Escrituras consideradas inspiradas. Fílon, Josefo, o Sínodo de Jâmnia, Orígenes, Cirilo de Jerusalém, Atanásio e muitos outros homens considerados “Pais da Igreja” jamais reconheceram a autoridade divina nesses livros que ficaram inicialmente fora do Cânon.
O Cânon hebraico está constituído com os livros do Antigo Testamento. A diferença do nosso Antigo Testamento traduzido para o português está apenas nos arranjos dos livros. Desde o período do ministério de Jesus Cristo, estava dividido em três partes: Lei, Hagiógrafos e Profetas. Segundo o historiador Josefo, essa é a mesma divisão bíblica do Antigo Testamento do primeiro século. Duas notificações se destacam nas informações do historiador Josefo: os livros apócrifos não são considerados como tendo créditos como os livros do canôn; essas informações são de documentação do final do século primeiro e não de cristãos. A segunda notificação que o historiador apresenta, refere-se à menção feita por Jesus somente da tríplice divisão que está em Lucas 24.44b: “Que convinha que se cumprissem tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”. Os Salmos representam os Hagiógrafos. No Cânon hebraico não consta os livros apócrifos.
Em 1222, no Concílio de Tolosa, foi proibida a leitura da Bíblia aos leigos. Com isso a Igreja Católica Apostólica Romana jubilou a Bíblia, e a Tradição passou a suplantar ou levar vantagem sobre a Palavra de Deus, semelhante às autoridades religiosas da época de Jesus. As Escrituras Sagradas ensinam que é o dever de todo homem que deseja fazer a vontade de Deus ler a Bíblia: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa e andando pelo caminho e deitando-te e levantando-te” (Dt 6. 6,7), e ainda:
Quando todo Israel vier a comparecer perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lerás esta lei diante de todo o Israel aos seus ouvidos. A junta o povo, os homens e as mulheres, os meninos e os estrangeiros que estão dentro das tuas portas, para que ouçam e aprendam e temam ao Senhor vosso Deus, e tenham cuidado de fazer todas as palavras desta lei (Dt 31.11, 12).
Outras referências sobre a leitura e meditação das Sagradas Escrituras: Js 1.8; Is 34.16; At 17.11; 1 Ts 5.27; 2 Tm 3.15-17; Ap 1.3. Se existe hoje incentivo na Igreja Católica Apostólica Romana para a leitura da Bíblia é por motivo da pressão dos evangélicos protestantes, porque a Igreja Romana está perdendo seus adeptos para igrejas protestantes. O incentivo à leitura da Bíblia por parte dessa instituição é estratégico: seu objetivo é conter o crescimento dos evangélicos, no entanto, ainda mantem a tradição sobre a Bíblia, o que se mostra mais uma vez incoerente com os ensinos da Bíblia Sagrada.
Mariologia social é um título de uma das obras incentivadas pelo catolicismo romano e publicada pela editora Paulus, sob autoria de Clovis M. Boff. Esse trabalho literário faz uma exaustiva defesa ao culto à Maria. O livro atribui que Maria é a inspiração da sociedade. Chama-a de poderosa, dizendo que, depois da cruz de Cristo, ela é o símbolo cultural mais poderoso e popular do Ocidente, faz apologia à adoração a Maria, colocando-a como rainha, chamando-a de “a mulher do palácio de muitas catedrais”. O livro distorce a verdade sobre o papel de Maria, atribuindo-lhe poder. Diz ainda que toda a sociedade lhe tem devoção, chamando-a de libertadora da sociedade. Coloca Maria como figura central na Igreja Cristã, igualando-a a Jesus Cristo e em alguns momentos até superando-O. Eles praticam fé no seu cântico como o centro da libertação, sustentando, com firmeza, que o cântico é como carga profética da libertação. A Palavra de Deus ensina que devemos aprender a não ir além do que está escrito: “para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito,” (1 Co 4.6 b). A visão que esse livro traz a respeito de Maria é o motivo pelo qual o catolicismo romano não se deixa guiar só pela a Bíblia Sagrada conhecida desde a antiguidade, mas, sim, por todo conjunto de tradições estabelecidas durante a história do catolicismo.
Os cristãos que examina as Sagradas Escrituras não devem se deixar levar por ensinamentos que não têm fundamentos bíblicos. Tradições são crenças e costumes transmitidos pelas gerações de épocas anteriores para posteriores. O ‘magnificat’ não liberta nenhum indivíduo de opressão maligna nem de problema social como ensina o catolicismo romano e obras apoiadas por eles. A Bíblia nos ensina que a Palavra de Deus é que tem poder, porque é viva e produz um grande efeito no ser do homem. Ela oferece libertação e suprimento para qualquer necessidade da vida humana; vai à divisão da alma e revela a intenções do coração: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, das juntas medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4.12).
Jesus alerta a multidão que os fariseus estavam invalidando a Palavra de Deus, substituindo-a por tradições e suas ordenanças humanas: “Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, vós ordenastes” (Mc 7.13 b). O canto de Maria não liberta o homem de qualquer culpa; quem liberta é a nossa fé em Jesus: “E tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.30,31). A passagem do cântico mostra que Maria estava feliz e adorou a Deus com alegria mostrando toda a sua humanidade e exaltando a Grandeza de Deus, assim como fez Ana, Moisés, Paulo e Silas e tantos outros servos de Deus que cantaram louvores em adoração a Deus. Este cântico mostra o quanto Maria estava agradecida.
Não devemos divinizá-la ou superestimá-la por ser escolhida por Deus. Ela foi agraciada por Deus, por isso O louvou em adoração: “E, entrando o anjo onde ela estava, disse: salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita és tu entre as mulheres!” (Lc 1.28). Deus procura pessoas simples como Maria e isso também aconteceu com outras pessoas humildes e despretensiosas para servirem de instrumentos de Deus para a humanidade como José, Josué, Gideão, Ester, Davi, e outros servos de Deus.
A jovem Maria jamais imaginava que estaria sendo observada dos céus pelo Senhor Criador do Universo. Em Nazaré, na basílica que tem seu nome, há uma inscrição numa gruta, sugerindo que o anúncio angelical havia sido ali. Não há, porém, base bíblica para isso. É pura tradição. Maria pode ter recebido a visita do anjo quando estava cuidando dos seus afazeres domésticos, ajudando seus pais” (LIMA, 2017, p. 118).
As Glórias de Maria é o título de outro livro que foi publicado em mais de 80 línguas. A Editora Santuário publicou-o em português. Seu autor chama-se Afonso Maria de Ligório. O perigo é que o livro foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Romana, é a maior apologia a adoração a Maria. Mas, canonizar livros? O que dizer disso? Os livros Sagrados são dados pelo sopro de Deus. Segundo Norman Geisler. “Canonicidade é o estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração de Deus” (GEISLER; NIX, 2006, p. 61), no entanto o catolicismo romano se apoderou da possibilidade de canonizar algo, e de acordo com seus interesses, canonizam aquilo que lhes convém.
O Apóstolo Paulo foi enfático: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensino, para a repreensão, para a educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3.16,17). A Igreja Católica Apostólica Romana tem autoridade divina para canonizar livros? Jesus nunca escreveu um livro, mas destacava os escritos do Antigo Testamento. Os profetas tinham um chamado para serem os porta-vozes de Deus. Vejamos o que disse o profeta Amós: “Rugiu o Leão, quem não temerá? Falou o Senhor JEOVÁ, quem não profetizará” (Am 3.8). Assim como Arão havia sido profeta ou porta-voz de Moisés, porque devia falar todas as palavras que Deus havia dito a Moisés, assim também o profeta de Deus devia falar somente aquilo que o Senhor ordenasse que falasse (Ex 7.1,2): “Eis lhe suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu e porei na sua boca e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt 18.18).
Jesus ordenou aos discípulos que ensinassem a guardar as coisas que Ele tinha mandado (Mt 28. 20). Paulo segue o padrão de Jesus e mostra que o ensino deve ser conforme o modelo ensinado por Jesus. “Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei [...]” (1Co 11.23a). Pedro admoesta escrevendo que os escritos vieram mediante inspiração: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.21).
A tradição não tem poder nem autoridade divina para alterar nada, porque não é algo inspirado nem revelado por Deus; logo, não podem ser canonizadas. O livro canonizado pelo romanismo possui falso ensino, atribui toda honra e toda glória que pertencem ao Senhor Jesus à Maria. Dá-lhe poder, chamando-a de onipotente e mãe de Deus: “Sois onipotente, ó Mãe de Deus, para salvar os pecadores; não precisais de recomendação alguma junto de Deus, pois que sois a Mãe da verdadeira vida [...] ‘ao império de Maria todos estão sujeitos, até o próprio Deus’. Isto é, Deus lhe atende os rogos como se fosse ordens” (LIGÓRIO, 1989, p. 118). Isso é um perigo: só em colocar Deus sujeito a Maria já está comprovada sua perdição. Eles forçam Maria como mãe de Deus, colocando uma regra de fé e prática que deve ser o lugar das Escrituras Sagradas. Chamam-na de advogada do céu, com a dedução de que ela é a salvação.
A Escritura ensina que o poder no céu e na terra foi dado ao Senhor Jesus: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Jesus é Deus, e Maria é uma mulher, e diferente de Jesus é humana e nada pode fazer em favor dos homens, portanto os joelhos dos homens se prostrarão diante de Jesus e não de Maria: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,” (Fp 2.10). Jesus é o nosso único advogado, Ele é o caminho para Deus pois, sem Ele ninguém vai ao Pai Celestial: “Disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6). Só Jesus é mediador entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1Tm 2.5).
Maria não é mãe de Deus; ela foi escolhida por Deus para ser a mãe do homem Jesus. A Bíblia ensina que Maria se apresentou como serva do Senhor, e não como rainha, dando ordem ao Deus Criador do Universo. Eles distorcem a verdade, colocando a criatura acima do Criador. A expressão que Maria usa foi a de serva para que se cumprisse nela a vontade de Deus o seu Senhor (Lc 1.38). Ela era uma mulher submissa, humilde e agradeceu a Deus por escolhe-la como instrumento para se cumprir a maior promessa feita ao seu povo e a toda humanidade. Ela não tem poder algum e do contrário do que é ensinado pelo catolicismo romano não foi concebida sem pecado pois, ela mesma reconhece que Jesus seria seu salvador (Lc 1.47). Concebeu Jesus sem pecado gerado pelo Espírito Santo, cumprindo-se nela a vontade de Deus pelo poder sobrenatural, conforme profecia: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
Por Rafael Félix.
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