"Todo aquele que nega o Filho não tem o Pai; Aquele que reconhece o filho Ele também tem o Pai (1 João 2:23). "Todo mundo que se perde e não permanece no ensino de Cristo, não tem Deus, aquele que permanece no ensino tem Pai e filho (2 João 9). A encarnação: Deidade e humanidade na pessoa de Cristo o ensinamento bíblico sobre a plena divindade e a plena humanidade de Cristo é tão amplo que ambos foram acreditados desde os primeiros tempos na história da Igreja. O apostolo João já combatia heresias que negavam a deidade e humanidade de Cristo, ao longo da história da Igreja várias perspectivas se levantaram a respeito desse assunto negando tais afirmativas, mas as escrituras nos traz toda a veracidade de que a divindade e humanidade de Jesus estão unidas na pessoa de Cristo e isso é o que chamamos de natureza teantrópica de Cristo. Mostraremos algumas perspectivas heréticas e abordaremos provas bíblicas da afirmativa a respeito deste assunto.
1.ENSINAMENTOS FALSOS SOBRE A DUPLA NATUREZA DE CRISTO
O mistério das duas naturezas de Cristo tornou-se motivo de controvérsia entre certos grupos cristãos a partir do primeiro século. Apareceram no seio do cristianismo certos ensinamentos que foram posteriormente condenados e rejeitados tanto pelos apóstolos como pelos pais da igreja.
Gnósticos. É provável que o gnosticismo tenha surgido como um segmento cristão, no Egito, entre o fim do século I e o início do século II. Muitos escritos do gnosticismo do segundo século foram encontrados, incluindo o chamado Evangelho Segundo Tomé.
Os gnósticos formularam três conceitos diferentes:
1) Negavam a realidade do “corpo humano” de Cristo. Ensinavam que Cristo apareceu na pessoa de Jesus, mas que este nunca foi realmente um ser humano. Tal “Cristologia” é conhecida por docetismo (gr. dokeo, “aparecer” ou “parecer”). Para eles, Jesus apenas se parecia com o homem. Toda a sua existência na terra teria sido uma farsa; Ele teria fingido ser carne e sangue, visando ao bem dos discípulos.
2) Afirmavam que Cristo tinha um “corpo real”, mas negavam que fosse material.
3) Ensinavam uma “Criptologia” dualista, pela qual “Cristo” teria entrado em “Jesus” no batismo e o abandonado pouco antes de sua morte. “Cristo” teria, por exemplo, usado as cordas vocais de “Jesus” para ensinar os discípulos porém nunca foi realmente um ser humano. Afirmava, portanto, que “Jesus” e “Cristo” eram duas pessoas distintas
Há menções indiretas ao gnosticismo nas epístolas de João: “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne [como homem]. Este tal é o enganador e o anticristo” (2 Jo v.7). Como e por que essa falácia surgiu entre os cristãos são perguntas sem respostas concretas.
Alguns estudiosos acreditam que Pedro também teria feito menção dos gnósticos ao falar dos falsos mestres, que introduziriam, de modo sutil, heresias de perdição no meio do povo de Deus. Tais enganadores (gnósticos?), naqueles dias, após convence- rem cristãos a seguirem às suas dissoluções, exigiam deles que fizessem uma confissão pública, a fim de negarem “o Senhor que os resgatou” (2 Pe 2.1,2).
Os gnósticos acreditavam na existência de Deus, mas, ao mesmo tempo, afirmavam não ser possível conhecer a existência e a natureza divinas. Aceitavam a idéia da emanação — ou platonismo —, doutrina pela qual diziam que tudo quanto existe derivou-se do “Ser Supremo”, representado pelo Sol, cuja emanação mais forte é o Filho. Um pouco mais distantes estão os seres angelicais; depois, os homens... Enfim, Deus é mabordável. Por isso, não existia um mediador que pudesse conduzir o homem a Ele.
Eles eram também liberais; não aceitavam a autoridade de Cristo. Estudavam a Bíblia como um livro qualquer. Até certo ponto aceitavam o sobrenatural, mas de acordo com a sua maneira de pensar. Eram, ainda, triteístas: viam Jesus como “Deus”, porém, de modo paradoxal, rejeitavam a sua deidade.
As Escrituras mostram que eles estavam enganados (Jo I. I; Fp 2.6; Ap 1.8; Hb 1.8). E o Credo Atanasiano deixa claro que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus: “Nesta Trindade nada é antes ou depois, nenhum é maior ou menor: mas as três pessoas são co-eternas, unidas e iguais. As pessoas não são separadas, mas distintas. A Trindade é composta de três Pessoas unidas sem existência separada, tão completamente unidas, que formam um só Deus”.
Agnósticos. O termo “agnóstico” provém de duas palavras gregas: a, “não”, egnosis, “conhecimento”. Empregado pela primeira vez porT. H. Huxley (1825-1895), indicava literalmente “não-conhecimento”, numa oposição ao gnosticismo.
Os agnósticos procuravam negar a Deus e a sua existência, dizendo que não se pode conhecê-lo. Ensinavam que a mente humana não podia conhecer a realidade; negavam, pois, a Deus e o sacrifício redentor de Jesus Cristo pela humanidade perdida.
Muitos cristãos dos primeiros séculos deram ouvidos às doutrinas agnósticas — e também às gnósticas —, apesar de o Espírito Santo tê-los advertido por meio dos escritores do Novo Testamento. Alguns estudiosos sugerem que as religiões da Índia conseguiram iludir alguns cristãos egípcios, ou que estes teriam sido influenciados pelas ideias sincréticas vigentes à época.
Nitidamente, o objetivo do agnosticismo e do gnosticismo era diminuir o Filho de Deus, negando, aberta ou encobertamente, a sua deidade. Gnósticos e agnósticos, certamente, faziam parte dos “muitos anticristos” (I Jo 2.18), uma vez que a sua filosofia e os seus ensinamentos continham algo daquilo que os falsos cristos procuravam ensinar.
Ebionitas. Os ebionitas — “pobres” ou “indigentes” — surgiram no começo do século II. Eram judeus-cristãos que não abriram mão das cerimônias mosaicas. Segundo Justino e Orígenes, havia dos tipos de ebionitas, os brandos e rígidos.
Os brandos, chamados de nazarenos, não denunciavam os crentes gentios que rejeitavam a circuncisão e os sábados judaicos. Já os rígidos (sucessores dos judaizantes dos tempos de Paulo) afirmavam que Jesus havia promulgado a Lei de uma forma rígida; ensinavam que, quando ao ser batizado no Jordão, Ele foi agraciado com poderes sobrenaturais. Mas todos eles negavam a realidade da natureza divina de Cristo, considerando-o como mero homem sobrenaturalmente encarnado.
Para os ebionitas, a crença na deidade de Cristo lhes parecia incompatível com o monoteísmo. Um outro ponto discordante entre eles eram as epístolas de Paulo, porque, nelas, este apóstolo reconhecia os gentios convertidos como cristãos e, portanto, integrantes do corpo de Cristo.
Maniqueus. De origem persa, foram assim chamados em razão de seu fundador, Mani, morto no ano de 276 por ordem do governo da Pérsia. O ensino deles dava ênfase ao fato de o Universo compor-se dos reinos das trevas e da luz, bem como ambos lutarem pelo domínio da natureza e do próprio homem. Recusavam Jesus; criam num “Cristo Celestial”.
Severos quanto à obediência e ao ascetismo, renunciavam ao casamento. O apóstolo Paulo profetizou acerca do surgimento dos maniqueus em I Timóteo 4.3: “Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis...” Eles foram perseguidos tanto por imperadores pagãos, como pelos primitivos cristãos. Agostinho, em princípio, era maniqueu. Entretanto, depois de sua conversão, escreveu contra o maniqueísmo.
Arianos. Ario foi presbítero de Alexandria, nascido por volta de 280, na Africa do Norte, onde está atualmente a Líbia — não muitos detalhes de sua vida na História. Os seus seguidores diziam que Cristo é o primeiro dos seres criados, através de quem todas as outras coisas são feitas. Por antecipação, devido à glória que haveria de ter no final, Ele é chamado de Logos, o Filho, o Unigênito.
Segundo os arianos, Jesus pode ser chamado de Deus, apesar de não possuir a deidade no sentido pleno. Ele estaria limitado ao tempo da criação, ao contrário do que diz a Palavra de Deus: “... ele [Jesus] é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl I.I7).
As heresias de Ario foram rejeitadas pelos cristãos de seu tempo. E um bispo de Alexandria chamado Alexandre convocou um sínodo, em 321, depondo-o do presbitério e o excluindo da comunhão da igreja. Em 325, no Concilio de Nicéia, o arianismo foi condenado, e o ex-presbítero Ario, juntamente com dois de seus amigos, banidos para a Ilíria.
Apolinarianos. Apolinário, bispo de Laodicéia a partir de 361, ensinou que a pessoa única de Cristo possuía um corpo humano, mas não uma mente ou espírito humanos. Além disso, para ele, a mente e o espírito de Cristo provinham da sua natureza divina.
As ideias de Apolinário foram rejeitadas pelos líderes da igreja. Eles perceberam que não somente o corpo humano necessitava de redenção; a mente e o espírito (espírito+alma) humanos também. Nesse caso, Cristo tinha de ser plena e verdadeiramente homem a fim de nos salvar de modo igualmente pleno (Hb 2.17). Por isso, o apolinarianismo foi rejeitado pelos concílios, desde o de Alexandria, em 362, ao de Constantinopla, em 381.
Nestorianos. Ê a doutrina que ensinava a existência de duas pessoas separadas no mesmo Cristo, uma humana e uma divina, em vez de duas naturezas em uma só Pessoa. Nestor ou Nestório, como aparece em outras versões — nasceu em Antioquia. Ali, tornou-se um pregador popular em sua cidade natal. Em 428, tornou-se bispo de Constantinopla.
Embora ele mesmo nunca tenha ensinado essa posição herética que leva o seu nome, em razão de uma combinação de diversos conflitos pessoais e de uma boa dose de política eclesiástica, Nestor foi deposto do seu ofício de bispo, e seus ensinos, condenados.
Não há nas Escrituras a indicação de que a natureza humana de Cristo seja outra pessoa, capaz de fazer algo contrário à sua natureza divina. Não existe uma indicação sequer de que as naturezas humana e divina conversavam uma com a outra, ou travavam uma luta dentro de Cristo.
Ao contrário, vemos uma única Pessoa agindo em sua totalidade e unidade, e em harmonia com o Pai (Jo 10.30; 14.23). A Bíblia não diz que Ele “por meio da natureza humana fez isto” ou “por meio de sua natureza divina fez aquilo”, mas sempre fala a respeito do que a Pessoa de Cristo realizou.
Eutiquístas. A ideia do eutiquismo acerca de Cristo é chamada de monofisismo — ideia de que Cristo possuía uma só natureza (gr. monos, “uma”, e physis, “natureza”). O primeiro defensor dessa ideia foi Êutico (378-454), líder de um mosteiro em Constantinopla. Ele opunha-se ao nestorianismo, negando que as naturezas humana e divina em Cristo tivessem permanecido plenamente humana e plenamente divina
Êutico asseverava que a natureza humana de Cristo foi tomada e absorvida pela divina, de modo que ambas foram mudadas em algum grau, resultando em uma “terceira natureza”. Uma analogia ao eutiquismo pode ser vista quando pingamos uma gota de tinta em um copo de água. A mistura resultante não é nem pura tinta nem pura água, mas uma terceira substância.
Para Êutico, Jesus era uma “mistura dos elementos divinos e humanos”, na qual ambas as naturezas teriam sido, em algum sentido, modificadas para formar uma nova natureza. Assim, Cristo não era nem verdadeiramente Deus nem verdadeiramente homem; não poderia, pois, representar-nos como Homem nem como Deus.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRUDEM, Wayne, Teologia Sistemática, Miami, Florida, editora vida 2007
ALENCAR .... GILBERTO, A. (Ed.), Teologia Sistemática Pentecostal, 2ª Ed., Rio de Janeiro, CPAD, 2008.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. São Paulo, SP: Vida Nova, 2ª edição, 2010.
CHAFER, Lewis Sperry Teologia Sistemática , (tradução Heber Carlos de Campos)Volume 5 e 6 . São Paulo: Hagnos, 2003.
Fonte do Artigo: http://iepaz.org.br/con21.html
BIBLIA DA MULHER. Leitura, devocional, estudo, SBB São Paulo, editora Mundo cristão 2003.
Por: Ruanna Pereira.
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