segunda-feira, 8 de julho de 2019

CALVINO, NASCIDO DE NOVO?

Os calvinistas de hoje evitam o fato incômodo de que em todos os seus volumosos escritos Calvino nunca fala sobre seu novo nascimento através da fé em Cristo. Ele considerava que sempre foi um cristão a partir do momento de seu batismo infantil católico romano:
“[...] em qualquer tempo em que fomos batizados, somos lavados e purificados de uma vez para toda vida [...] deve recorrer-nos a lembrança do batismo, e nossa mente deve armar-se, para que esteja sempre certa e segura da remissão dos pecados [...] ele nos leva e nos limpa de todas as impurezas” [21]. Ele confiou nesse batismo como prova de que era um dos eleitos [22] e denunciou todos os que, como os evangélicos ex-católicos de hoje, foram batizados após crer no evangelho.

Aqueles que foram salvos do catolicismo e batizados como crentes ficaram conhecidos como anabatistas e foram perseguidos por católicos, luteranos e calvinistas. Desses anabatistas, próximo ao tempo de sua conversão ao protestantismo de Lutero, Calvino escreveu: “não se deve estar contente em simplesmente matar essas pessoas, mas deve-se queimá-las cruelmente” [23]. Calvino os baniu de Genebra, em 1537 [24]. Como poderiam os ex-católicos de hoje, nascidos de novo e batizados, considerar Calvino como um deles? Eles não poderiam – e não deveriam.
(HUNT, 2015, p. 58)
[21] – Calvino, Institutes, vol. 4, xv.3.
[22] – Ibid., 1-6; xvi.24, etc.
[23] – Roland Baiton, Michel Servet, heretique et martyr (Genebra: Iroz 1953), pp. 152-153, citando carta de 26 fev. 1533, agora perdida.
[24] – Bernad Cottret, Calvin: A Biography (Grand Rapids, MI: William B. Eerd-mans, 2000), p. 129; Calvino, Institutes, vol. 4, xv.16; vol. 4, xvi.31.

By Nivaldo Gomes.

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