O relato de Juízes 14:4 descreve a escolha de Sansão em tomar uma mulher estrangeira para ser sua esposa e aparentemente, Deus consentia com aquele escolha, só parecia.
A situação passada por Sansão, em escolher uma filisteia para ser sua esposa, está totalmente em desacordo com a vontade de Deus, pois antes mesmo de o povo possuir a terra prometida, um dos pré-requisitos que o senhor falara ao seu povo era de que não deveriam se misturar com os habitantes que residiam na terra que a nação estava tomando posse. Dessa forma, sendo esse o primeiro preceito da parte de Deus, não é cabível a interpretação de que Deus estava de acordo com tal união, embora o texto cite que era da parte de Deus essa união, devemos entender este versículo a luz de todo um contexto, que seria a intenção de Deus em punir os filisteus, por todas as atrocidades cometidas contra o povo do Senhor. De maneira alguma deve-se isolar o texto e tirar conclusões errôneas, pois jamais Deus irá contradizer sua palavra, uma vez que a ideia de Deus apoiar esse matrimônio, estaria divergindo do que o Senhor falara a Moisés: "E o Senhor, teu Deus, as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás, não farás com ela concerto, nem terás piedade delas; nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos e não tomarás suas filhas para teu filhos" (Dt 7:2,3). Se fosse da aprovação de Deus este matrimônio, seria uma contradição da parte de Deus.
Há quem defenda o uso da Soberania de Deus neste episódio e que o Senhor estava abrindo uma exceção para aplicar seu juízo sobre os inimigos de Israel. Assim Deus estaria, se utilizando de Sansão nesta escolha, logo o juiz não tinha nenhuma culpa nas consequências que viriam pela frente, sendo Deus o autor direto dos episódios que se seguem.
Esta linha de pensamento, é no mínimo incoerente e contraditória, pelo fato de ferir um dos atributos divinos, a saber, sua imutabilidade, conforme Ele próprio fala por meio do profeta Malaquias: " Porque Eu o Senhor não nudo"(Ml 3:6)".
Jamais a soberania de Deus confrontará sua imutabilidade, de forma que Deus não pode numa hora falar algo e depois abrir uma brecha neste edito para seu proveito, os fins não justificam os meios e desta forma essa interpretação deve ser rejeitada.
Sabemos que após a morte de Josué, Deus sempre levantou juízes para libertar o seu povo do jugo do inimigo, nesta feita, o juiz agora escolhido por Deus, antes mesmo do seu nascimento era Sansão conforme o relato de juízes(Jz 13:5).
Assim sendo, este era o homem escolhido por Deus para livrar o seu povo. Mas a vitoria sobre os inimigos já estava decretada para o povo de Israel pela mão de Sansão e não seria necessário nenhum tipo de ajuntamento por parte do juiz. Porém Sansão agiu desde muito cedo de forma carnal, fazendo escolhas erradas, desobedecendo a Deus e seus pais, devido ao defeito de caráter que possuía.
Os relato de Juízes mostram a fragilidade de Sansão no tocante a sua inclinação para a prostituição (Jz 16:1). Este defeito lhe atormentou durante sua vida, trazendo muitos prejuízos, culminando na forma que foi sua morte.
Temos que levar em conta que a misericórdia de Deus é infinita, porém as nossas ações, sempre trazem consequências, que não podemos escolher, e não seria diferente na vida de Sansão. O fato de Deus buscar um ocasião contra o inimigo de Israel, a saber, os filisteus não nos dá nenhum respaldo bíblico para apoiar o matrimônio entre um judeu e uma mulher pagã, Deus já havia preparado o juízo para os filisteus e estava esperando apenas a ocasião oportuna para livrar o seu povo, porém Sansão precipitou-se e fugiu da vontade de Deus. Mas como o Senhor tinha preparado este julgamento, ele viria sobre a nação filisteia, mesmo com as atitudes do juiz. Já que o matrimônio ocorreu, permitido por Deus porém não aprovado por Ele, Sansão estava mais próximo os filisteus, por causa de sua mulher, todavia Jamais essa união estava no propósito de Deus, de qualquer forma este erro de percurso não estragaria o plano de Deus. Quando a Bíblia menciona que vinha de Deus esse negócio, na verdade Deus se utilizou de uma circunstância adversa, para cumprir o seu plano, jamais Deus queria que Sansão morresse no ato de sacrifício, estando cego servindo de escarnio para seus inimigos.
Certamente o propósito de Deus para sua vida, era que ele julgasse por muito tempo o seu povo, assim como outros juízes como Jefté, Gideão, Jair e muitos outros, porém seu fim embora heroico, foi de forma brusca e precoce. Deus cumpriu o seu plano de juízo contra os filisteus, porém o plano que Deus tinha para cumprir na vida de Sansão foi atrapalhada por ele mesmo.
Portanto não podemos de forma alguma nos apoiar nesta passagem, para tomarmos como base apoiar uma relação entre luz e trevas, o que ocorreu na vida de Sansão nos serve como exemplo, os planos de Deus jamais serão frustrados, entretanto podemos atrapalhar o seu agir em nossas vidas. Assim ocorreu na vida de Sansão, grande Juiz, marcado para sempre na história como um dos libertadores de Israel, porém teve sua carreira manchada por causa de suas escolhas.
Por: Edson Moraes
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