sábado, 27 de julho de 2019

Maomé, o profeta da guerra

Por que ainda hoje interessa a vida de Maomé, o profeta do islã? Tem-se passado catorze séculos desde seu nascimento. Em todo este tempo, tem vivido e morrido milhões de muçulmanos, e têm surgido muitos líderes dispostos a guia-los, incluindo aos próprios descendentes do profeta. E, com certeza, o islã, igualmente como as demais religiões têm experimentado mudanças em todos estes anos.
A vida de Maomé é importante pelo seguinte: ao contrário do que muitos leigos querem fazer-nos crer, as religiões não estão totalmente determinadas (ou deformadas) por seus fiéis. As vidas e palavras dos fundadores seguem sendo os elementos centrais das mesmas, independentemente do tempo transcorrido desde que eles viveram. A ideia de que os fiéis são quem moldam a religião deriva da filosofia da desconstrução, tão celebrada na década de sessenta, que sustenta que o texto escrito não tem outro significado que aquele aplicado pelo leitor. E se o leitor encontra por si mesmo o significado das palavras, então não pode existir a verdade (e desde já, a verdade religiosa); o significado não é igual de uma pessoa para outra. Finalmente, segundo o desconstrutivismo, todos nós criamos nossos conjuntos de “verdades” e nenhuma delas é melhor ou pior que a outra.
No entanto, para os homens e mulheres religiosos das ruas de Chicago, Roma, Jerusalém, Damasco, Calcutá e Bangkok, as palavras de Jesus, Moisés, Maomé, Krishina e Buda significam algo muito importante. Inclusive para o leitor não devoto, as palavras destes grandes mestres religiosos variam de significado segundo quem as interprete.
Por esse motivo, tenho colocado em cada capítulo um apartado intitulado “Maomé vs. Jesus” para destacar a falácia de quem proclama que o islã e o cristianismo – e, nesse sentido, todas as demais tradições religiosas – são basicamente similares em sua capacidade para inspirar o bem e o mal. Também se tem quisto subtrair o feito de que o Ocidente, baseado na Cristandade, é mais defensável, apesar de que vivamos na chamada era pós-cristã. Ademais, através das palavras de Maomé e Jesus podemos estabelecer uma distinção entre os princípios fundamentais que orientam os fiéis muçulmanos e cristãos. Não são necessários maiores esforços para ver que a vida em um país islâmico é diferente da que se vive nos Estados Unidos ou no Reino Unido. A diferença começa com Maomé. Em nossos dias, quando tanta gente invoca as palavras e os atos do profeta para justificar ações violentas e derramamento de sangue, é de suma importância familiarizar-se com essa figura central.
Para muitos ocidentais, Maomé continua sendo uma das figuras religiosas mais misteriosas. Por exemplo, a maioria das pessoas sabe que Moisés recebeu os Dez Mandamentos no Monte Sinai, que Jesus morreu no Calvário e que logo ressuscitou; talvez saibam até que Buda sentou-se debaixo de uma árvore e alcançou a iluminação. De Maomé pouco sabem e não obstante é uma figura muito discutida. Consequentemente, o que sabem é baseada unicamente em fontes islâmicas.
Primeiro fato básico: Mohammed ibn Abdalá ibn Abd al-Muttalib (570-632), o profeta do islã, era um homem da guerra, que ensinou a seus seguidores a lutarem por sua nova religião. Disse que seu deus, Alá, havia-lhes ordenado a tomarem em armas, e Maomé, que não era nenhum general de repartição, combateu em inúmeras batalhas. Estes feitos são cruciais para quem quer que realmente queira compreender as causas das Cruzadas, ocorridas há vários séculos, ou o surgimento atual do movimento jihadista global.
No curso dessas batalhas, Maomé articulou muitos princípios que têm sido assumidos pelos muçulmanos até nossos dias. Portanto, é importante registrar algumas características das batalhas de Maomé que podem esclarecer sobre as questões que atualmente aparecem estampadas nas manchetes dos jornais; lamentavelmente, muitos analistas e especialistas persistem em furtar-se a este esclarecimento.

(Guia Politicamente Incorreto do Islã. Robert Spencer)
Via Rafael Félix.

Nenhum comentário:

Postar um comentário