sábado, 6 de julho de 2019

O ATEÍSMO É FALTA DE CRENÇA?

by Rob Lundberg
Como você responde ao desafio do "ateu popular," que diz que "o ateísmo é uma falta de crença?" Ao analisarmos essa questão, eu gostaria de chegar à questão real do assunto. A primeira vez que realmente encontrei essa “definição” foi há alguns anos no Rally Reason no DC Mall em 2012. Não costumo pedir a um ateu para definir o que eles querem dizer com “ateísmo” ultimamente, porque faço perguntas diferentes a eles para descobrir de onde vêm seus pontos de partida sobre metafísica e epistemologia.
Mas um tempo atrás, tive uma conversa com dois jovens céticos que definiram o “tipo de ateísmo” deles como falta de crença. Uma falta de crença em quê, foi a minha pergunta a eles. Isto é o que eu gostaria de abordar nesta postagem.
Dois problemas com a Re-definição.
Em postagens anteriores, defini o ateísmo como a posição filosófica que nega a realidade do Deus do teísmo ou de outros seres divinos. Eu também expliquei que o ateísmo é uma cosmovisão. Para a maioria de nós, esses conceitos são bem claros, mas às vezes são debatidos por aqueles que defendem visões autodefinidas [particulares] de ateísmo.
No entanto, quando alguém diz que o ateísmo é "falta de crença," não devemos deixá-los parar por aí. Eu tento ser rápido com uma continuação dessa definição atrofiada com uma pergunta “falta de crença em quê?”. Alguns, como os dois jovens do ensino médio no Reason Rally, queriam sustentar apenas “uma falta de crença,” ao que respondi, "você realmente acredita nisso?" Eles disseram, "sim" e depois se contiveram. Mas vamos retomar um pouco mais essa redefinição.
O canal Ateísmo de Austin Cline no site About.com coloca o “objeto” na “falta de crença” afirmando que o ateísmo é simplesmente a ausência de crença em deuses. Um outro ateu disse que "o ateísmo é simplesmente a ausência de crença em Deus."
O primeiro problema é que, se o ateísmo é uma falta de crença em Deus, há uma contradição implícita. Essa contradição pode ser exposta pela pergunta: “A existência de Deus é logicamente compatível com a falta de crença em Deus?” Em outras palavras, é possível que Deus exista e ainda haja falta de crença em Deus?”
A resposta a esta pergunta é obviamente um "sim." Por que é "sim"? A resposta é afirmativa, porque “falta de crença” nada tem a ver com a possibilidade da existência de Deus. Portanto, segue-se que ateísmo e o teísmo são duas visões de mundo que são incompatíveis entre si. Mas há outro problema.
Essa definição de ateísmo sendo uma “falta de crença em Deus ou deuses” está em conflito com as visões padrões do ateísmo. Para dar alguns exemplos, no artigo sobre “ateísmo,” a Encyclopedia of Philosophy de Paul Edwards afirma:
“De acordo com a definição mais comum, um ateu é uma pessoa que sustenta que não existe Deus, isto é, que a frase 'Deus existe' expressa uma proposição falsa. . . Em nossa definição, um ateu, é uma pessoa que rejeita a crença em Deus, independentemente de a razão da rejeição ser ou não a alegação de que “Deus existe” expresse uma proposição falsa.”[1]
Então, há a declaração de Ernest Nagel em seus “Philosophical Concepts of Atheism” em Critiques of God, ele afirma o seguinte: "O ateísmo não deve ser identificado com pura incredulidade, ou descrença em algum credo particular de algum grupo religioso. Assim, aquele que não recebeu instrução religiosa e nunca ouviu falar de Deus não é ateu - pois ele não está negando nenhuma reivindicação teísta”.[2]
Olhando para esses dois problemas pelos quais temos um problema lógico e duas citações, de duas proeminentes fontes ateístas, está claro que a redefinição do ateísmo como sendo uma “falta de crença em Deus” não funciona para aqueles que são ateus sérios. Aqueles que defendem a redefinição não estão forçando o ateísmo no sentido formal da definição. Eles estão pressionando por uma posição anti-teísta, e não são verdadeiros ateus, segundo Nagel.
Conclusão.
Espero que depois de ler este post, você tenha uma compreensão mais clara de que a redefinição do ateísmo, que afirma ser apenas uma falta de crença em Deus, é problemática e tem uma resposta fácil de aplicar. Apesar dessa redefinição popular, podemos realmente entender que ela não nega a existência de Deus. De fato, nem sequer toca a possibilidade lógica da existência de Deus. O anti-teísta terá que fazer um trabalho melhor em atacar o teísmo Cristão com melhores argumentos. [3] No entanto, não acho que veremos isso tão cedo.[4]
Tradução Walson Sales.
Notas:
[1] Paul Edwards ed. in chief, The Encyclopedia of Philosophy (New York: Macmillan Publishing Company, 1967): s.v. “Atheism,” 175.
[2] Thomas Nagel, “Philosophical Concepts of Atheism” in Critiques of God: Making a Case Against Belief in God, Peter A. Angeles, ed., pp. 4-5.
[3] A visão ou crença nesse Deus é entendida de que Deus é infinito, todo poderoso, onisciente, completamente bom e é o criador do universo.
[4] Este não é um comentário para ridicularizar a visão ateísta. Se desejamos ouvir o que eles tem a dizer, isso será capaz de destacar os problemas com as investidas do ateísmo sobre a religião em geral e o Cristianismo em particular.

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