Por Mikel Del Rosario
Em 13 de novembro de 2015, ataques terroristas coordenados abalaram Paris, França: um tiroteio, explosões e uma tomada de reféns em massa que deixou mais de cem mortos e mais de 300 feridos; pessoas que saíram para ver uma banda, um jogo de futebol, comer alguma coisa ou simplesmente aproveitar a noite. O Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade e os meios de comunicação chamaram-no o ataque mais mortífero na França desde a Segunda Guerra Mundial.
Muitos ao redor do mundo lamentaram por aqueles que perderam suas vidas nesta tragédia. Muitos Cristãos pediram oração através da mídia social, pontuando suas postagens com #PrayforParis.
Ainda assim, alguns céticos dizem que a oração nada mais é do que um ato vazio de desespero ou sentimentalismo. Como fazer um pedido diante de uma estrela cadente. Na verdade, a Richard Dawkins Foundation for Reason and Science [Fundação Richard Dawkins para a Razão e a Ciência] publicou um gráfico “Orar por Paris” alterado no Facebook que lia, em parte, “Não ore por Paris…” Por quê? Porque na cosmovisão naturalista, não há divindade que ouça algo que as pessoas estejam orando. Afinal, como Deus poderia existir quando coisas assim acontecem?
Mas e aí? O mal refuta a Deus? Neste post, compartilharei três motivos pelos quais o mal e o sofrimento no mundo nos apontam para a existência de Deus. Primeiro, sabemos que o mal objetivo é real. Em segundo lugar, isso nos aponta para um padrão objetivo de bondade. E terceiro, as leis morais objetivas são comunicações reais de Deus.
*1. Algo está errado*
Primeiro, os céticos que desafiam a existência de Deus por causa do mal e do sofrimento no mundo têm que assumir que o mal é real; que algo está terrivelmente errado com o nosso mundo hoje. É óbvio que o assassinato e o terrorismo não são apenas exemplos de pessoas quebrando normas sociais. Não, essas coisas são realmente objetivamente erradas. O mal objetivo é real e todos sabem que não é assim que as coisas deveriam ser.
Entre no seu aplicativo de notícias ou site favorito e você encontrará milhares de exemplos do mal acontecendo agora: histórias de racismo, tráfico de pessoas, você descobrirá. Mas o que é o mal em si? O que todos esses exemplos de mal têm em comum é que eles representam um desvio do modo como as coisas deveriam ser. Santo Agostinho escreveu no The Enchiridion:
"O QUE É QUE CHAMAMOS DE MAL, SENÃO A AUSÊNCIA DO BEM?"
Pense nisso assim. O mal é como um buraco de rosquinha. Eu não quero dizer uma bola pequena de massa com açucar. Quero dizer, um buraco real que foi cortado no meio de um donut que se destinava a ser sólido. E assim você consegue um lugar onde não há nada, em vez de mais donuts.
Mais ou menos assim, o mal é a falta do bem - é quando o bem que deveria estar lá não está lá. Todos nós sabemos que as pessoas devem estar se amando, não se machucando. Mas a questão é: "De onde deve vir essa ideia?"
Não há como você, de alguma forma, traçar a ideia de que deveria voltar a se comportar de acordo com a lei. Mas isso é basicamente o que tudo se resume se o ateísmo é verdadeiro. Não, parece que o mal veio como resultado de criaturas livres usando mal o seu livre arbítrio; o oposto total do modo como os seres humanos foram projetados para funcionar em comunidade.
*2. "Deve" aponta para Deus*
Segundo, o fato de sabermos que existe um “deve” nos aponta para um padrão objetivo de bondade. Veja, a fim de abordar toda esta questão de Deus e do mal, o cético tem que tomar emprestada a ideia do mal objetivo do teísmo; a visão de mundo das pessoas que acreditam em Deus. Se realmente existe algo como o mal, é apenas mais uma evidência para Deus.
Por quê? Porque se você tem um mal objetivo, então você precisa ter um bem objetivo. Não apenas algo que nossa cultura inventou, mas algo além de nós que realmente estabelece o que é bom - a natureza de Deus.
C.S. Lewis, um ex-cético, disse:
*“MEU ARGUMENTO CONTRA DEUS ERA QUE O UNIVERSO PARECIA TÃO CRUEL E INJUSTO. MAS COMO EU TINHA ESTA IDEIA DE JUSTO E INJUSTO? UM HOMEM NÃO CHAMA UMA LINHA de CURVA A MENOS QUE ELE TENHA ALGUMA IDÉIA DE UMA LINHA RETA.”*
Uma objeção ao argumento moral
Mas espere. O que dizemos aos céticos que desafiam essa idéia dizendo: "Como você pode dizer que existem valores morais objetivos quando os terroristas muçulmanos acreditam sinceramente que é certo matar pessoas inocentes?"
William Lane Craig deu uma boa resposta a isso: só porque os terroristas pensam que o terrorismo é uma coisa boa, isso não significa que as leis morais objetivas não são reais. Significa apenas que o terrorista entendeu tudo errado. Veja o que Craig diz sobre os terroristas:
*Se eles acreditam sinceramente que é certo, então eles também acreditam em valores morais objetivos. Não há contradição nenhuma aqui. Apenas que temos um desacordo sobre quais são as verdades morais objetivas. Dizer que existem valores morais objetivos não significa que não haverá divergências morais. Ou que não haverá crescimento moral quando você perceber que talvez estivesse errado no passado e agora você tem uma perspectiva mais clara sobre as coisas.*
Não confunda a realidade dos valores morais com o conhecimento deles.
Dizer que existem valores morais objetivos não significa que somos infalíveis em nossas apreensões morais. Acho que apreendemos valores morais objetivos, mas muitas vezes podemos cometer erros.
Eu acho que os terroristas muçulmanos cometeram um erro terrível. E a razão é: acho que eles têm o deus errado. O deus que eles pensam que os ordenou a fazer isso não existe. Portanto, eles estão terrivelmente e tragicamente equivocados. Mas não há contradição alguma entre alguém que acredita que algo é objetivamente correto e que existem valores e deveres morais objetivos.
As leis morais objetivas são reais e esse fato não muda, mesmo que as pessoas não concordem sobre o bem ou o mal de determinada ação.
*3. O mal requer um Deus bom*
Terceiro, as leis morais objetivas não surgem do nada. Elas são uma comunicação de uma mente para outra. Isto é totalmente diferente de algumas letras de algum jogo que caem no chão e por acaso soletram uma palavra.
Leis morais objetivas têm uma força inegável que você se sente obrigado a obedecer. Isso é porque elas vêm de um legislador moral que tem autoridade sobre você e eu; um ser cuja jurisdição é o universo que ele criou.
Para que o mal exista, deve haver um padrão objetivo de bondade. Você sabia que poderia ter o bem sem o mal? Mas você não pode ter o mal sem o bem; sem um padrão de bondade.
Pense nisso da seguinte forma: você pode ter um padrão com nada saindo desse padrão, mas não você pode ter algo que não atende a um padrão sem um padrão! Percebe? Lembra-me de uma velha canção de Switchfoot, "A sombra prova a luz do sol." Leis morais objetivas são comunicações reais de um Deus bom.
*Conclusão*
Nós choramos com aqueles que choram. O Cristianismo é muito real sobre o problema do mal. Não é assim que as coisas *deveriam* ser. Mas o próprio conceito de "deveria" nos aponta para um padrão objetivo de bondade: a própria natureza de Deus. Acontece que o mal e o sofrimento são evidências para a existência de Deus e não contra - um Deus que ouve nossas orações e a quem todas as pessoas são responsáveis por suas ações.
Tradução Walson Sales.
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