Todas as religiões têm sua concepção de paz, no entanto, do ponto de vista bíblico e consequentemente judaico-cristão, compreende-se paz como fruto de um relacionamento íntimo e sincero com Deus e com o próximo, obedecendo os preceitos divinos descritos na Bíblia Sagrada. A paz na cosmovisão judaico-cristã pode ser entendida primordialmente de duas formas. A primeira é aquela que podemos chamar de paz interior, no sentido individual, consigo mesmo. Esta paz consiste na satisfação e na aceitação pessoal, no florescimento do amor e de uma compreensão melhor do ser humano em sua individualidade e isso não depende de circunstâncias externas tudo isso é fruto do relacionamento pessoal com Deus. Outra forma que podemos entender de paz é a expressão da paz consiste na busca de um relacionamento amoroso com o próximo, esta é uma prerrogativa Bíblica pois, este é um dos principais mandamentos da Bíblia Sagrada “...amai o próximo como a ti mesmo.” Portanto a paz na cosmovisão judaico-cristã não depende do estabelecimento de uma religião dominante do mundo, mas sim de um relacionamento pessoal com Deus e de um relacionamento interpessoal.
A Bíblia ensina que a paz é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo gerado no cristão, aquele que se converte à Jesus Cristo, conforme escrito nas páginas das Escrituras, como lêr-se em Gl 5.22, ainda percebe-se que Jesus, orientando seus discípulos, afirma: “...pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7.20). Portanto a manutenção da paz é uma característica do cristão. A descrição que Norman Champlin dá sobre paz na cosmovisão bíblica, explica:
O termo hebraico envolvido na tradução paz é o bem conhecido shalom. Além de “paz”, esta palavra pode significar bem, feliz, tranquilo, saúde e prosperidade. O termo grego envolvido é eirene que tem as ideias de paz, harmonia, unidade, acordo, descanso e quierude. Esta palavra é usada por 92 vezes no N.T. [...] Todos os tipos de paz são descritos nessas referencias, o mundano, social, individual e espiritual. (CHAMPLIN, 1995, p.140)
Portanto, paz, na concepção bíblica, significa muito mais que ausência de guerras ou muito menos implica em efeitos de leis feitas por homens, mas da Lei de Deus. Na Bíblia o sentido de paz está relacionado ao indivíduo em sua espiritualidade como também no estado de mente em relação ao seu sentimento consigo mesmo e com seu próximo partindo do comportamento intimo de cada ser humano, sem levar em conta o comportamento deste próximo “... Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem, bendizei os que maldizem e orai pelos que vos caluniam.” (Lc 6.27, 28)
A compreensão de paz na Bíblia Sagrada também está ligada diretamente a Deus, ao Seu amor, ao relacionamento do homem com Ele e ao reflexo do amor de Deus plantado no coração do homem depois que o homem passa a ter um relacionamento com ele “Segui a paz com todos, e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor,” (Hb 12.14, grifo nosso), a Bíblia ainda ensina que “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante todos os homens. Se for possível, quando estiver em vós, tende paz com todos os homens.” (Rm 12.17,18, grifo nosso), portanto, faz-se necessário reiterar que a manutenção da paz é uma característica de quem acredita que a Bíblia é realmente a Palavra de Deus, onde ainda é observado que nem mesmo por um ato de vingança a bíblia se rompa a paz entre os homens, mas que “...Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (Rm 12.19b), e essa vingança não é algo sanguinário, mas trata-se de justiça divina. A paz deve ser resultado no meio em que vive um homem que está dedicado a estar servindo a Deus, independentemente esteja este homem cercado por pessoas que compartilhem do mesmo sentimento e fé ou não, esta paz não se dá por imposição, mas é fruto deste viver.
Segundo a Bíblia, essa paz só poderá ser alcançada através de Jesus Cristo, pois Ele é a razão do homem ter novamente a possibilidade de ter comunhão com Deus (Ef 2.13), essa comunhão é refletida nos relacionamentos interpessoais fazendo com que o homem que tenha comunhão com Deus seja representante desta paz entre os homens (2Co 5.20), portanto esta paz não é algo em benefício próprio, mas seu resultado está no bem-estar do próximo, seja cristão, ateu, muçulmano, budista, entre tantos outros, a busca e a manutenção da paz é uma obrigação daquele que crer que a Bíblia é a Palavra de Deus. Mas, isso não implica em uma imposição de que as pessoas que queiram viver em paz entre os cristãos se submetam ao cristianismo nem mesmo que os não cristãos sejam considerados inferiores os cristãos, nem no ponto de vista sócio-econômico-político.
Por Rafael Félix.
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