terça-feira, 16 de julho de 2019

Samuel Morris - Simples e iletrado, ele foi o instrumento usado por Deus para despertar cristãos adormecidos e fazer de prestigiosa Universidade evangélica um celeiro de missionários

Por Lindley Baldwin
Parte 1
Da África Deus chamou um dos mais brilhantes líderes espirituais de nossos tempos. Do continente africano, Deus tem dado ao mundo muitas de suas gemas preciosas. Contudo, no momento em que esses diamantes são encontrados, não passam de pedras opacas, sem brilho. É preciso que sejam lapidadas, trabalhadas, para que se revelem todo o esplendor das cores que trazem dentro de si. Samuel Morris é um grande exemplo desta verdade.
Esse jovem africano não possuía desde o seu nascimento essa influência radiosa que iria transformá-lo num instrumento de tamanha influência espiritual. Foi preciso que as mãos divinas operassem nele uma meticulosa obra de lapidação, preparando-o para uma gloriosa função que exerceria na terra. Sobre o seu berço não havia o menor esplendor. Ele era apenas um entre milhares de garotos perdidos nas selvas da África Ocidental. Sua tribo pertencia ao tronco *kru*, que habitava as florestas da Costa do Marfim.
O nome dele era Kaboo. O pai era um dos chefes da tribo. Mas embora Kaboo fosse o filho mais velho e, portanto, um príncipe do seu povo, ele perdera a sua condição de homem livre, e caíra num estado de degradação pior que um cativeiro. Nessas regiões, era comum os chefes tribais derrotados em guerras, entregarem o filho mais velho ao inimigo vitorioso como uma espécie de penhor ou refém, uma garantia que o tributo seria pago. Na primeira vez que isso se dera, Kaboo era muito pequeno e não lembrava de nada. O pai conseguira pagar a indenização prontamente e o menino fora devolvido em pouco tempo. Mas na segunda vez, o pai não conseguiu ajuntar o valor do resgate rapidamente, e ele ficara cativo por vários anos. Foi uma experiência tão terrível que o rapaz não gostava de falar dela.

Pouco tempo depois de haver voltado a aldeia, sua tribo se viu novamente envolvida numa guerra calamitosa com um grupo de tribos adversárias, comandadas por um chefe cruel e perverso. 
Elas derrotaram o povo de Kaboo, destruíram plantações e incendiaram o povoado. Seu pai foi obrigado a se render e jurar que pagaria um elevadíssimo resgate, com a qual sua tribo dificilmente poderia arcar, uma vez que suas terras estavam devastadas. E, pela terceira vez Kaboo, que contava então 15 anos, foi entregue ao inimigo como penhor pelo pagamento do tributo, como quantia desse oneroso tratado de paz.

Na data marcada para o acerto de contas, o pai de Kaboo levou tudo o que conseguira reunir para compor o resgate: muito marfim, cola e outros artigos que o seu povo ofereceu. Mesmo assim, o chefe adversário declarou que não era suficiente para cobrir a finança combinada. Outras tentativas ocorreram.
Conhecendo bem a perversidade que caracterizava esse chefe tribal, na segunda entrevista o pai de Kaboo levara consigo uma de suas filhas mais belas, pois temia que o seu filho primogênito não resistisse por muito tempo às atrocidades que o submetiam. Mas Kaboo não aceitou- " Vou conseguir suportar o sofrimento melhor do que a minha irmã" . Kaboo objetivou a 
troca.
O pai compreendera que não poderia pagar mais tributos, e não havia mais nada a fazer senão voltar com a filha, deixando o rapaz naquela terrível situação.

Quando o chefe inimigo se deu conta de que o pai de Kaboo não viria mais pagar o resgate, ficou furioso e mandou que chicoteassem o jovem diariamente. Cada vez que ele era castigado a tortura era mais longa e severa que a anterior. O chicote utilizado era feito de um cipó de uma planta venenosa e espinhenta que além de retalhar o corpo inoculava nele uma terrível toxina. A vítima desse tipo de suplício tinha sempre a sensação de que todo o seu corpo ardia. 
Todas as vezes que Kaboo era torturado, o castigo era presenciado por um homem de sua tribo, também escravo do inimigo, e que depois era enviado ao pai do jovem com a dolorosa incumbência de descrever o sofrimento que o jovem estava passando, e comunicar que se os esforços para atender as exigências do chefe não redobrassem, o castigo seria ainda pior.

• A fuga milagrosa
Kaboo tinha esperança de morrer antes de ser submetido a tortura final.
Prevendo que o pai do jovem refém faltaria mais uma vez, e não levaria o pagamento, os algozes haviam cavado um buraco para executar a tortura de o enterrar até o pescoço e encheriam a sua boca com uma mistura adocicada para atrair formigas e o atormentar. Quando atiraram Kaboo sobre a forquilha para ser chicoteado em seu último castigo, ele já não tinha mais forças e esperanças. De tão fraco, ele já não conseguia ficar em pé ou sentado, desejando apenas a morte como alento. Mas, repentinamente uma luz fortíssima, como de um relâmpago brilhou sobre ele. Todos que estavam ali ficaram momentaneamente sem enxergar, devido a intensidade do clarão. E foi ordenado ao rapaz que se levantasse e fugisse. Todos escutaram a voz que parecia vir do alto e viram a luz, mas não enxergavam ninguém. 
Naquele instante ocorreu uma daquelas curas milagrosas, que a ciência não sabe explicar mas também não pode negar. Em questão de segundos, Kaboo recobrou as forças. Durante aquele dia não comera nem bebera nada, no entanto, já não estava mais fraco. Ergueu-se de um salto, e obedecendo a voz , disparou a correr escapando dos seus captadores, que ali quedaram atônitos. 
Kaboo não tinha a menor ideia de onde viera aquela luz misteriosa, nunca ouvira falar do Deus dos cristãos. Nunca tivera o conhecimento de um Salvador que um dia também foi entregue como penhor "em resgate de todos". Ele não conhecia a história do Príncipe do céu que também fora preso, sofrera zombaria, fora chicoteado e tivera uma morte agoniante na cruz.
Kaboo não se dera conta do que era aquela força estranha que viera ao seu socorro. Momentos antes ele estava tão mal que nem conseguia parar sentado. Agora corria a toda velocidade.
O dia em que fugira - uma sexta-feira - tornou-se inesquecível para ele. Era o dia da libertação. E até o fim de sua vida iria referenciar esse dia da semana com jejum, abstendo -se de alimento e água.

(continua....)
Resumo extraído do livro supracitado no título
Via Fabiana Ribeiro.

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