quarta-feira, 17 de julho de 2019

Samuel Morris - Simples e iletrado ele foi o instrumento usado por Deus para despertar cristãos adormecidos e fazer prestigiosa Universidade evangélica um celeiro de missionários (04)


Por Lindley Baldwin

Assim, Samuel seguiu para Nova York, dirigindo-se direto para a costa. Não estava mais preocupado em obter os cem dólares. O conhecimento a respeito do Espírito Santo era mais importante, Ele providenciaria os recursos.
Assim que chegou ao Porto viu um navio ancorado ali, e ficou muito alegre. Seu Pai havia atendido sua oração.
Naquele momento, o capitão e outros membros da tripulação tomaram uma pequena embarcação e vieram a terra para supervisionar o carregamento do navio. Logo foi abordado por Samuel, que disse:

- Meu Pai me disse que o senhor me levaria a Nova York para conversar com Stephen Merritt.
- Onde está seu pai? Indagou o capitão.
- No céu. Replicou Samuel.
O capitão, um homem mal-humorado, grosseiramente disse:
- Não levo passageiros em meu navio; e você deve ser louco!

Samuel permaneceu o dia todo perto do barquinho. E a noite, quando o capitão voltou a embarcar, ele lhe pediu novamente que o levasse a Nova York. O capitão fez um gesto ameaçando dar-lhe um chute, mas em seguida entrou no barco e voltou ao navio, sem levar o rapaz.
Samuel, porém continuou a crer na promessa de seu Pai, passou a noite ali, deitado na areia, orando a maior parte do tempo. No dia seguinte, voltou a abordar o capitão, e foi rejeitado outra vez. Sua fé era tão firme que não arrastou o pé do lugar, embora já fosse o segundo dia que não comia nada. No dia seguinte, um domingo, o capitão viera mais uma vez à terra. Assim que Ele pisou em terra firme , o rapaz se aproximou dele e foi logo dizendo:
- Essa noite, meu Pai me disse que agora o senhor vai me levar.
O homem olhou para ele muito admirado. Na noite anterior, dois tripulantes haviam desertado, e ele estava precisando de mais pessoal. Percebeu que Samuel era da tribo kru e supôs que fosse um marinheiro experiente, como muitos de sua gente. Perguntou quanto ele queria ganhar, ao que Samuel respondeu que apenas queria ir para Nova York e conversar com Stephen Merritt. 
Ele estava radiante, pois suas orações tinham sido respondidas. Agora, estava indo a bordo de um navio, a caminho dos EUA.

Sua viagem durou cerca de 6 meses, e o jovem enfrentou não poucos perigos antes de chegar ao seu destino.
Logo que chegou ao navio, Samuel viu um jovem deitado no tombadilho, adoentado. Ele trabalhara como cabineiro do capitão, mas havia se machucado e não conseguia andar. Samuel prontamente se ajoelhou e orou por ele. Na mesma hora, o jovem se levantou e andou. Deus o curou completamente.
Pouco depois, Samuel deixou escapar que não comia desde a quinta anterior , e já era domingo, por volta de meio dia. Alguém o levou a cozinha, mas o cozinheiro recusou-se a servir-lhe alimento, pois era negro. Porém, o novo amigo de Samuel arranjou comida para si mesmo e repartiu liberalmente com o rapaz.
A noite, quando o capitão voltou ao navio, entrevistou Samuel e foi aí que ficou sabendo que era totalmente inexperiente. Então decidiu que lhe mandaria de volta, uma vez que era provável que o jovem enjoasse durante toda a viajem. O navio era um barco de difícil navegação, pois tinha três mastros e 350 pés de comprimento.
Samuel garantiu ao capitão que não enjoaria e trabalharia para ele, todos os dias, até chegar a Nova York.

A vida naquele navio era caracterizada pela crueldade. Quase toda ordem dada era acompanhada de um palavrão, um chute ou bofetada. Como negociador, o capitão era um homem inflexível; como comandante, impiedoso. No navio, a vida e a morte estavam sob o seu comando.
A tripulação era um grupo bastante heterogêneo, constituído de pessoas de todas as partes do mundo. Samuel era o único representante de sua raça, e os outros não aceitavam a presença dele ali, logo planejaram dar cabo da vida dele. A todo instante davam-lhe tapas e gritavam palavrões. 
No terceiro dia da viajem o rapaz foi amarrado a um mastro junto a um cordame para que ficasse encarregado de encurtar as velas e puxar as cordas. Samuel orou:" Pai, não estou com medo, pois sei que cuidarás de mim. Mas não me agrada estar aqui neste mastro. Não queres dar um jeito para que eu não tenha mais que vir para este lugar? E ele tinha certeza que sua fé seria atendida, mas antes, a sua fé foi duramente provada.

Muitas vezes o navio chegou a tombar e o mastro ao qual estava preso ficava submerso, e outras vezes era atingido por ondas altas. Samuel engoliu tanta água que começou a passar mal. E afinal, quando o desamarraram e o desceram, caiu ao chão tonto. O capitão foi até onde ele estava e deu-lhe um chute.
Samuel, mesmo se sentindo mal, ajoelhou-se e com as mãos postas orou: "Pai, tu sabes que prometi trabalhar para este homem todos os dias até chegar aos EUA. Mas sentindo -me tão mal assim, não posso. Por favor, cura-me Senhor. ". Em seguida pôs-se de pé, e não sentiu mais problema de enjoo naquela viagem.
No dia seguinte, quando estava para subir ao mastro, o cabineiro aproximou-se dele e disse: " Sam, ontem ouvi você orando durante a tempestade. Eu não gosto de trabalhar abaixo no tobadilho, e você não está muito acostumado a lidar com o cordame. Vamos trocar de lugar". Samuel aceitou o oferecimento do amigo, era mais uma oração atendida.
Quando o rapaz se apresentou ao capitão para o serviço, ele estava bêbado, e expressou o seu desagrado dando um murro em Samuel, que caiu ao chão inconsciente.

Quando voltou a si, o capitão já estava um pouco melhor. O jovem se levantou e começou a fazer o seu serviço alegremente, como se nada tivesse acontecido. Perguntou ao capitão se ele já conhecia Jesus. Vagas lembranças da infância e de sua mãe como que se agitaram na mente do velho marinheiro. Samuel se ajoelhou e orou por ele com tanta sinceridade e fevor, que ele se sentiu forçado a inclinar a cabeça, mermo contra a vontade. E a partir daquele momento viveu algum tempo sob forte convicção do pecado.
Contudo, ele julgou não ser aquela hora apropriada para refletir sobre sua condição espiritual. A forte tempestade que caíra tinha abalado a estrutura do navio.
Enquanto os soldadores e carpinteiros se ocupavam nos reparos, o restante da tripulação tinha que ficar operando manualmente as bombas de sucção para que a embarcação não afundasse.
Para retemperar as forças e readquirir coragem, os tripulantes tomavam rum, e a bebida foi também oferecida a Samuel, mas ele disse que seu Pai do céu lhe daria forças. E ele seguia bombeando e orando; orando e bombeando.

No dia em que finalmente levantaram âncora para voltar ao alto mar, houve um regozijo geral. O capitão mandou servir doses extras de rum a todos no navio. Já a tardinha teve um início de briga generalizada. Foi um conflito sem sentido, provocado por uma questão de preconceito racial. Um malásio, de grande estatura, por um motivo banal julgou-se ofendido por um dos colegas, e agarrando um facão partiu para o outro com a intenção de matá- lo. Mas Samuel interpôs -se entre ele e o colega, dizendo com seu modo calmo:
- Não mate! Não mate!

Este mesmo homem tinha andado contando vantagens no navio, dizendo que pretendia matar o rapaz, pois nutria um desprezo muito forte por todos os negros. Inclusive já havia utilizado aquele facão para matar muitos africanos. Era um assassino, um homem muito perigoso. Até o capitão evitava confronto com ele.
Então , quando o jovem foi em sua direção; o homem ergueu a arma com expressão de ódio como se desejasse corta-lo em pedaços. Mas, Samuel encarou, fitando-o firmemente nos olhos, e não fez nenhum movimento para defender-se. Lentamente o malásio abaixou o facão e voltou para o seu catre.

Percebendo que os tripulantes tinham parado de brigar por conta da interferência de Samuel, foi obrigado a reconhecer que o jovem africano possuía um poder misterioso mais forte do que as paixões animalescas dos homens mais ímpios. Então voltou para o porão, levando consigo Samuel, que ali chegando, caiu de joelhos a orar por toda tripulação. Pela primeira vez o capitão orou também, só que elevou a Deus uma oração de agradecimento por haver colocado no meio deles tão eficiente embaixador de sua paz. E naquele momento arrependeu-se dos seu pecados, e passou a andar em novidade de vida. Foi o primeiro dentre muitos que se converteram naquele navio, por influência direta de Samuel.
Segue...
Resumo extraído do livro Samuel Morris
Via Fabiana Ribeiro.

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