quarta-feira, 17 de julho de 2019

Samuel Morris - Simples e iletrado ele foi o instrumento usado por Deus para despertar cristãos adormecidos e fazer prestigiosa Universidade evangélica um celeiro de missionários (05)


Por Lindley Baldwin

Após cinco meses, o navio chegou ao Porto de New York. Quando Samuel embarcara, estava descalço e vestia apenas um macacão. Não recebera nada pelo serviço prestado, pois trabalhara para pagar a passagem. Então, a tripulação fez uma coleta de roupas e conseguiu arranjar um terno completo para ele, bem como calçados e até um chapéu, para que pudesse estar decentemente vestido, ao desembarcar. 
Assim que avistara a terra, Samuel ficou dominado por intensa emoção.
Agora, todos os homens do navio eram seus amigos, inclusive o malásio, antes tão sanguinário. Todos se despediram dele com aperto de mão, e alguns deles, homens endurecidos pelas asperezas da vida, choraram como criança.

O navio atracou em sua doca, no rio East, na rua Pike. Era sexta-feira, o "dia da libertação" para Samuel. E assim que abaixaram a prancha de desembarque ele foi um dos primeiros a descer. Logo que pisou em terra viu um homem que passava por ali. Imediatamente aproximou-se dele e indagou:
- Onde posso encontrar Stephen Merritt?
O Homem que já estivera no trabalho de Merrit, e recebera ajuda dele foi logo respondendo:
- Eu o conheço; mora longe daqui, do outro lado da cidade, na Oitava Avenida, posso levá-lo até lá, por um dólar.

O lugar que o navio atracara distava mais de quatro quilômetros da missão Bethel e ali o Pr Merrit era praticamente desconhecido. Se não tivesse sido pela orientação do Espírito Santo, e pela fé que Samuel tinha em relação a sua missão, ele teria grande dificuldade para encontrar o pastor.
Quando afinal chegaram ao destino já anoitecia. Stephen Merritt estava fechando a porta do prédio onde ficava o seu gabinete, quando eles se aproximaram. 
Samuel correu para ele.

- Meu nome é Samuel Morris, disse. Vim da África até aqui para conversar com o senhor sobre o Espírito Santo.
Merritt ficou surpreso e ao mesmo tempo achou engraçado o jeito do rapaz.

Então Sthepen disse-lhe que tinha um compromisso naquele momento e não poderia atendê-lo. Mas que ele poderia dirigir-se à missão, que ficava na casa ao lado, e ali cuidariam dele.
Ao retornar, Sthepen Merritt encontrou Samuel cercado por pessoas, todas prostradas, pois acabara de falar de Jesus e eles estavam regozijados pela salvação alcançada.
Depois que o grupo se dispersou, Sthepen Merritt, profundamente comovido com a cena, chamou Samuel e levou-o à sua carruagem para conduzi-lo à sua casa.
O Sr. Merritt acomodou o jovem em um dos aposentos de sua casa. Naquela mesma noite, Samuel estendeu a mão ao seu anfitrião e pediu-lhe que se ajoelhasse com ele para orar. A alma de Samuel Morris ardia em fervor, e ele queria falar sobre aquela maravilhosa luz que o guiara até ali, tão longe de sua pátria. E naquele curto momento de oração, Shepen Merritt, que já pregava o evangelho durante anos, recebeu uma nova visitação do Espírito Santo. O homem que o Bispo Taylor escolhera para ser seu secretário, recebeu uma revelação sobre a realidade do poder do Consolador, como nunca recebera em toda a sua vida.

Stephen Merritt era um homem muito atarefado. Todo seu tempo era dedicado ao serviço de sua igreja. Neste sábado pela manhã, deveria dirigir um culto fúnebre, pelo falecimento de um homem importante de Harlem. Então Resolveu levar Samuel consigo. No caminho teria de parar para apanhar dois eminentes Pastores que iriam auxiliá-lo na celebração do culto. Assim que a carruagem parou, o primeiro pastor ao se aproximar avistou o rapaz e deu um passo atrás. Esperou uns instantes achando que o jovem iria descer, afinal entrariam no veículo profundamente incomodados de terem que viajar ao lado de um humilde e sem aparência rapaz africano. Não disseram nada, mas ficaram a olhá-lo com a expressão de desagrado.
O Rev. Stephen Merritt estava um pouco constrangido. Para desanuviar o ambiente pois- se a mostrar ao rapaz os lugares interessantes por onde passavam: o Central Park o grande Teatro da Ópera e outros Pontos importantes da cidade. Mas Samuel estava interessado em algo mais maravilhoso do que as maravilhas da grande cidade. Colocou a mão sobre o joelho de Merritt e indagou:

- O senhor ora quando está na carruagem?
Ele respondeu que muitas vezes tinha momentos abençoados quando se achava lá, mas nunca orara formalmente.
- Então vamos orar, disse Samuel.
E oraram. Era a primeira vez que Sthepen Merritt se ajoelhava no interior de uma carruagem para orar. Foi Samuel quem começou:

*"Pai viajei vários meses para vir falar com Stephen Merritt porque desejava que me dissesse alguma coisa sobre o Espírito Santo. Agora que estou aqui ele me mostra o porto, as igrejas, os bancos e os prédios mas não fala uma só palavra sobre o Espírito Santo que tenho tanta vontade de conhecer. Enche-o de ti mesmo, de tal modo que ele não pense em outra coisa, não fale outra coisa, nem escreva, nem pregue sobre mais nada, a não ser sobre ti Espírito Santo."*
A experiência que Merritt teve naquele momento não foi uma manifestação comum do poder de Deus. Ele já havia participado de cultos para consagração de missionários, para ordenação de pastores, nomeação de Bispos, imposição de mãos em obreiros. Mas em nenhum deles experimentara a presença do Espírito de forma tão sensível e ardente como naquela ocasião ao lado de Samuel Morris, um rapaz paupérrimo, vestido com roupas humildes. Naquele maravilhoso instante, toda a sua vida foi transformada.
No momento em que aqueles homens ilustres tinham entrado na carruagem haviam ficado ligeiramente constrangidos com receio de que alguém os vice na companhia de um rapaz africano tão simples e mal vestido. *Mas, após a oração do rapaz passaram a ter vergonha de seus próprios farrapos espirituais*. Ocorreu a eles também, que Samuel deveria ter vestimentas exteriores mais condizentes com a sua graça interior. Então, por sugestão de Merritt, pararam em uma loja para comprar um terno novo para seu hóspede.
Merritt disse ao balconista que aquele rapaz merecia o que houvesse de melhor, e saiu por uns instantes para cuidar de outras coisas. O homem tomou suas instruções ao pé da letra e foi providenciar tudo, auxiliado pelos dois outros pastores metodistas. Em tom de brincadeira Merritt observou: "Onde estiverem reunidos dois ou mais pastores metodistas , eles superam a todo mundo em generosidade, desde que seja outro o que pague a conta”. 
No caso desses dois eles pareciam está querendo superar um ao outro para ajudar a vestir a Samuel com os melhores artigos da loja.

Quando Stephen voltou, encontrou o rapaz diante do espelho tentando reconhecer a imagem nele refletida: o coração da África, no melhor estilo da Quinta Avenida.
Merritt sorriu e pagou a compra, aliás uma quantia bem elevada. Contudo, não se desfez das velhas e estranhas roupas de Samuel, que eram preciosas para ele, pois as pegou e guardou em seu gabinete, onde ficaram vários anos.

Resumo extraído do livro Samuel Morris.
Via Fabiana Ribeiro.

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