terça-feira, 16 de julho de 2019

Samuel Morris -Sinples e iletrado, ele foi o instrumento usado por Deus para despertar cristãos adormecidos e fazer prestigiosa Universidade evangélica um celeiro de missionários Por Lindley Baldwin (02)

*Parte 2*
Para se esconder de seus perseguidores, Kaboo escondeu-se no tronco de uma árvore oca, para passar a noite. Mas quando amanheceu, compreendeu que escapara de um tipo de morte apenas para cair em outro. Encontrava-se sozinho, sem armas e sem amigos, como também - o que era pior-, não tinha lar, nem destino. Enquanto pensativo em tantos dilemas, ocorreu outro milagre. Nessa região a floresta era muito densa e escura a noite e até mesmo durante o dia. Porém, a mesma luz que iluminara o local onde ele seria executado, brilhou novamente ao seu redor e o guiou, a semelhança do ocorrido com os hebreus no deserto. Fosse ela uma luz real ou iluminação da mente, o certo é que Kaboo distinguia claramente o caminho que tinha que seguir.
E ele precisava dessa claridade tanto quanto os filhos de Israel haviam precisado. O lugar era cheio de cobras venenosas, serpentes e víboras; das árvores pendiam enormes jiboias. Contudo, o que ele mais temia, mais do que a picada de um réptil ou ser achado por uma fera, era ser descoberto por uma raça que habitava naquela região, uma das mais selvagens, que tinha por prática comum o canibalismo.
Mas Kaboo foi passando incólume por todos esses perigos, guiado por aquela luz amiga que lhe permitia enxergar, mesmo à noite, frutas e raízes de que precisava se alimentar, e atravessar lagos e rios, onde pontos luminosos eram sinal da presença de crocodilos a espreita.

E assim foi, durante dias. De dia ele se escondia em troncos de árvores, para evitar ser visto pelos moradores da região; a noite, caminhava. Após vários dias de viagem, chegou a uma fazenda de café, as margens de um rio. Assim que avistou, percebeu que não se tratava de uma aldeia de nativos, mas de um povoado típico de homens brancos. Em dado momento avistou um homem de sua raça, *kru*, trabalhando no local e animou-se.
Kaboo se aproximou do seu irmão de raça e ficou sabendo, para sua imensa satisfação, que caíra não nas mãos de traficantes de escravos, mas de libertadores deles. A luz misteriosa o havia guiado a uma cidadezinha perto de Monróvia a capital da Libéria.

Para compreendermos bem a extensão dessa manifestação da providência divina em favor de Kaboo, precisamos lembrar que, nessa época, grande parte da Libéria era uma região agreste, onde ainda prevalecia a lei da selva. E até 1934, segundo o relato de um comitê da Liga das Nações, ainda havia o costume de se entregarem crianças a credores como pagamento de débitos que os pais não conseguiam pagar. Na ocasião em que Kaboo chegou a Monróvia, só essa cidade era de fato civilizada naquele país. Assim ele fora conduzido à única localidade, dentre milhares de outras, onde realmente estaria salvo.
O dia em Kaboo chegou a cidade, algumas semanas depois de haver escapado da morte, também era uma sexta-feira, o seu "dia de libertação".

Procurou e conseguiu trabalho na mesma plantação de café onde já se achava o outro jovem *kru*. Em paga pelo serviço recebia comida, cama - Um catre no alojamento dos trabalhadores- e roupas de confeção barata que os trabalhadores usavam. 
O seu amigo da tribo Kru já havia tido contato com missionários e aprendera orar. Certo dia Kaboo o viu ajoelhado com as mãos postas, o rosto voltado para cima, e lhe perguntou o que fazia.

- Estou conversando com Deus, replicou ele.
- Quem é seu Deus? Indagou Kaboo.
- É meu Pai, respondeu o outro. 
- Então está conversando com seu Pai, concluiu o jovem.

A partir desse dia, sempre se referia a oração como " Conversa com meu Pai ". Para uma pessoa de fé tão sinples, igual a de uma criancinha, a oração era uma prática muito singela e tão objetiva quanto a um diálogo com uma pai terreno. 
No domingo seguinte, Kaboo foi a igreja á convite do amigo. Ali chegando, viu uma mulher falando a um grupo de pessoas por meio de um intérprete, narrando a convenção de Paulo e contou como ele vira uma luz brilhante vinda do céu e ouvira uma voz misteriosa. Sem se conter , Kaboo logo exclamou:

*"Foi exatamente isso que aconteceu comigo! Eu vi essa luz! É a mesma que me salvou e me trouxe aqui!"*
Durante todos aqueles dias, ele estava se indagando por que fora salvo da morte de maneira tão miraculosa e guiado pela floresta até aquele lugar. Naquele dia houve como que um lampejo e ele principiou a entender. Contudo, Kaboo ainda desconhecia o significado da salvação, e foi preciso que um outro crente viesse orienta-lo a respeito das coisas de Deus. E assim como Ananias recebera a ordem de falar com Saulo de Tarso, assim também essa missionária que acabava de narrar a história da conversão do apóstolo Paulo, foi incubida de esclarecer para Kaboo a mensagem divina.
O jovem tornou-se um frequentador assíduo dos cultos, reuniões e estudos dirigidos pela missionária. Foi ela também que lhe deu as primeiras noções de alfabetização, de leitura e escrita da língua inglesa.
E assim, pouco a pouco ele foi conhecendo a história de Jesus, e de bom grado recebeu ele como Salvador de sua alma, reconhecendo nele o mesmo "Deus desconhecido " que o salvara da morte.

Continua...
Resumo extraído do livro "Samuel Morris"
Via Fabiana Ribeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário