Não queremos aqui difamar a pessoa de Maria, mas esclarecer algumas ideias errôneas a respeito da mãe do Senhor como, por exemplo, que ela é rainha dos céus, que teve uma imaculada conceição e que é corredentora, entre outros títulos. Mas a Bíblia Sagrada diz o contrário do que ensina a Igreja Católica Apostólica Romana. A Bíblia descarta totalmente as ideias dos romanistas. As Sagradas Escrituras conferem alguns títulos à pessoa de Jesus Cristo. Vejamos alguns deles: “Pois, não temos um sumo sacerdote que não possa compadece-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado” (Hb 4.15). Ainda podemos ver em 1 Tim 6.15: “ A qual a seu tempo mostrará o Bem-aventurado, e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores”. E ainda em Romanos 3.24: “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”, entre tantos outros textos. Esses textos afirmam que alguns títulos concedidos a Maria são, na verdade, de Cristo. Pela falta de espaço, trataremos neste ponto especificamente do ensino referente à “mediação” do ponto de vista católico romano, em detrimento do ponto de vista bíblico e teológico, trazendo o que alguns teólogos falam a respeito dessa questão.
Inicialmente precisamos entender por que a humanidade precisa de um mediador. Por causa do pecado, o homem afastou-se de Deus. Isso lhe causou a morte, tanto física como espiritual. O homem perdeu a comunhão com Deus e fez com que todos herdassem o pecado. Mas o Senhor já estava com planos traçados para levantar um Libertador e Restaurador da humanidade conforme a Sua presciência. Podemos conferir essa promessa logo após o homem pecar (Gn 3.15). Este texto aponta literalmente para a pessoa de Jesus Cristo, que viria para resgatar o homem do pecado: “e porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. No entanto, os líderes da Igreja Católica Apostólica Romana atribuem este texto à Maria, colocando-a como a pessoa que esmagaria a cabeça da serpente e seria ferida no calcanhar, atribuindo-lhe o papel de medianeira de todas as graças divinas e corredentora, conforme a principal obra de apologia à adoração a Maria:
Já que Maria é a Mãe e a dispensadora de todos os bens, diz ele, bem pode afirmar que todos os homens, especialmente os que vivem no mundo como devotos da Soberana, juntamente com a devoção de Maria adquiram todos os bens [...]. Quem ama Maria acha todo o bem, acha as graças e todas as virtudes porque ela por sua intercessão lhe alcança tudo quanto lhe é necessário para enriquecê-lo com a divina graça. (LIGÓRIO, 2016, 98).
Em 1 Timóteo 2.5 está escrito: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem”. Podemos ver que a Bíblia é clara quando diz que somente Jesus Cristo é o único mediador, a única pessoa que pode fazer este papel. Porém Ligório diz que Maria é “nossa única advogada no céu, a única no sentido da palavra é amante e solícita de nossa salvação (2016, p.162). Para desqualificar alguns textos sagrados, os líderes da Igreja Católica colocam-na acima das Escrituras, definindo-a como a única debaixo de uma autoridade dada por Deus com capacidade de interpretar a Bíblia Sagrada. Os que se opõem a isso são excluídos do meio da comunidade católica. Mas sabemos que agem desta forma para intimidar e convencer as pessoas a continuarem em suas práticas idólatras e enganosas, colocando uma criatura acima do Criador e manchando toda a história do cristianismo. Ainda de acordo com a Bíblia Sagrada, vemos:
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por maior e mais perfeito tabernáculo, não sendo feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E, por isso, é MEDIADOR de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. (Hb 9.11-15 ARC, 2005. Grifo nosso).
Na Antiga Aliança, um animal se tornava mediador e aplacador da ira divina (Hb 9.12-13), mas na Nova Aliança, Jesus se tornou o Mediador entre Deus e os homens através de Seu sacrifício na cruz. Para Jesus Cristo se tornar Mediador entre Deus e os homens, foi necessário seu sacrifício na cruz, como está escrito na carta aos Hebreus 9.16-17: “Porque, onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador”.
Um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador ainda vive? Portanto, de acordo com o texto acima, Cristo está capacitado para ser mediador dos homens para com Deus, pois para isso morreu e ressuscitou. Enquanto Maria nada fez em relação a isso. Não existe nenhuma passagem sequer nas Escrituras que fale sobre algum sacrifício de Maria em prol da humanidade para se tornar mediadora dos homens. É certo que Maria foi uma mulher temente a Deus e obediente a Sua vontade, como podemos ver nas palavras do evangelista Lucas 1.38: “Disse, então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; compra-se em mim segundo a tua palavra [..]”. Devemos tomar o exemplo de Maria como uma serva humilde e obediente, mas adorá-la e lhe atribuir tantos títulos só atribuídos às pessoas da Trindade, isso um verdadeiro cristão jamais deve fazer, pois deve ter a Bíblia como sua maior autoridade. Entretanto, veja o que diz Santo Afonso, um dos principais escritores apologistas de Maria: “Sou a defesa dos que a mim recorrem, diz Maria; e a minha misericórdia lhes é um benefício, como uma torre de refúgio. E por isso o meu Salvador me fez medianeira da paz entre os pecadores e Deus” (LIGÓRIO, 2016, p.168).
Como já vimos, a Bíblia não relata nenhum sacrifício que Maria tenha sofrido para merecer ser chamada de mediadora dos homens, nem mesmo na história da Igreja Primitiva. Entretanto os líderes da Igreja Católica Romana interpretam equivocadamente o texto registrado no evangelho segundo Lucas 2.35, que diz: “(e uma espada traspassará também a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações” (ARC, 2005), Eles citam esse texto como defesa do suposto sofrimento que Maria passou em relação ao sacrifício de Cristo, culminando na obra redentora e colocando-a como corredentora da humanidade. Tal teoria recebe apoio dos teólogos da Igreja Católica Apostólica Romana. Dizem eles: “E então ela com suas dores nos proporcionou a vida eterna. Por isso todos podemos chamar-nos filhos das dores de Maria” (LIGÓRIO, 2016, p.47). Para os católicos, não somente o sacrifício de Cristo O coloca como mediador, mas também o sacrifício de Maria em ter aceitado ser mãe Dele a coloca como medianeira, não podendo o Filho ou Deus recusar algum pedido dos seus fiéis.
A Igreja Católica Apostólica Romana ainda se propõe a afirmar e ensinar aos seus fiéis que Maria e Jesus tinham a mesma natureza. Isto é: uma natureza divina e humana. Por isso não há diferença entre a grandeza de Jesus e a de Maria, cada um com sua individualidade, mas ambos possuindo a mesma glória.
Essa teoria mistura-se com outra que abordaremos no próximo ponto, a qual diz respeito ao título de “Mãe de Deus” concedido a Maria, colocando-a como participante de atributos incomunicáveis e exclusivos da Trindade.
Por Rafael Félix.
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