por Ryan Leasure
A maior parte do que aconteceu no mundo antigo não foi registrado. Pense nisso. Povos de épocas passadas não tinham tecnologia como YouTube, TV ou internet - muito menos imprensa. É uma pena. Nunca saberemos 99,99% do que aconteceu naquela época. O menos de 1% que sabemos é porque alguns historiadores letrados fizeram alguns registros importantes.
Temos conhecimento sobre os famosos comandantes militares e batalhas épicas. Imperadores e políticos de reinos poderosos também aparecem nos registros. Mas a maioria dos eventos e pessoas desapareceram do cenário da história.
Com Jesus de Nazaré, no entanto, temos quatro biografias sobre sua vida, todas datadas durante a vida das testemunhas oculares. Temos também uma série de cartas de alguns de seus outros seguidores, fazendo dele um dos indivíduos mais bem atestados da história do mundo antigo. É bastante notável, considerando que ele veio de uma parte da Galiléia que é distante de locais Romanos proeminentes.
Os historiadores normalmente transitam sobre essa quantidade de material. A quantidade e a qualidade das fontes são quase idênticas para todos os personagens. No entanto, alguns céticos reclamam. Eles não aceitam os Evangelhos ou as cartas do Novo Testamento porque são documentos Cristãos.
Bem, como se vê, temos outras fontes não-Cristãs que também testificam sobre Jesus. Uma dessas fontes vem da pena de um historiador Romano chamado Tácito. Como você verá, Tácito corrobora eventos significativos do Novo Testamento.
TÁCITO, O MAIOR HISTORIADOR ROMANO
Cornelius Tacitus (55-120 d.C.) é frequentemente chamado de o "maior historiador" da Roma antiga. Ele escreveu duas grandes obras - os Anais e as Histórias.
Muito do que ele escreveu está agora perdido. Felizmente, há uma parte restante que é interessante para essa discussão. A porção descreve Nero culpando os Cristãos pelo grande incêndio de Roma (64 d.C). Ele Relata:
“Portanto, para acabar com o boato, Nero substituiu como culpado e puniu com o máximo de refinamento de crueldade, uma classe de homens, abominados por seus vícios, a quem a multidão chamava de Cristãos. Christus, o fundador do nome, tinha sofrido a pena de morte no reinado de Tibério, por sentença do procurador Pôncio Pilatus, e a superstição perniciosa foi vetada por um tempo, apenas para romper uma vez mais, não apenas na Judéia, o lugar da praga, mas na própria capital, onde todas as coisas horríveis ou vergonhosas do mundo se acumulam e encontram uma moda.”
O que aprendemos com a obra de Tácito?
1. O termo Cristãos é uma referência ao seu fundador, Christus.
2. Christus foi condenado a morte durante o reinado do imperador Tibério (14-37 d.C).
3. Pôncio Pilatos, procurador (26-36 d.C), condenou Christus à morte.
4. A morte de Christus acabou com a "superstição perniciosa" por um curto período de tempo.
5. A "superstição perniciosa" irrompeu mais uma vez na Judéia, a "casa da doença".
6. A "doença" se espalhou por todos os lugares até Roma e teve um número suficiente de seguidores para receber a culpa pelo grande incêndio.
Duvidar de TÁCITO?
Como é amplamente óbvio, a citação de Tácito fornece uma quantidade significativa de corroboração para o Novo Testamento. Jesus morreu por crucificação durante o reinado de Tibério enquanto Pilatos era procurador da Judéia. Além disso, o movimento foi apenas "vetado por um momento, apenas para irromper mais uma vez".
As implicações para esta última citação são enormes. Como J.N.D. Anderson observa:
Não é fantasioso sugerir que quando ele acrescenta que “uma superstição muito perniciosa, assim vetada por um tempo, estourou novamente”, ele está dando testemunho indireto e inconsciente da convicção da igreja primitiva de que o Cristo que havia sido crucificado havia ressuscitado da sepultura.
Em face disso, Tácito faz reivindicações massivas em apoio ao Novo Testamento, e é por isso que os céticos tentam rejeitá-lo. E eles geralmente dão quatro razões para isso.
Primeira: "É UMA INTERPOLAÇÃO CRISTÃ"
Os céticos argumentam que os Cristãos inseriram essa parte do texto em uma data posterior, mas não há nenhuma razão convincente para acreditar nisso. Em primeiro lugar, é difícil imaginar um Cristão descrevendo seu movimento como uma "superstição perniciosa" e uma "doença". Como regra geral, as pessoas geralmente não se rotulam dessa maneira.
Além disso, se os Cristãos realmente inserissem esse texto na obra de Tácito, eles certamente poderiam ter sido mais claros sobre a ressurreição de Jesus. Enquanto a alegação de que a "superstição irrompeu novamente na Judéia" que implica uma ressurreição, não está totalmente claro.
Parece que se os Cristãos tivessem a oportunidade de inserir um parágrafo aqui, eles teriam dito algo mais explícito.
Segunda: "É UM ANACRONISMO"
Um segundo argumento que os céticos fazem contra esta citação é que ela se refere a Pilatos como “procurador” - título corrente durante os dias de Tácito - em vez de “prefeito” - o título corrente durante os dias de Jesus. Ou seja, é anacrônico e, portanto, não confiável.
Novamente, é bom lembrar, a reputação de Tácito como historiador acurado é inquestionável. Seja como for, o que devemos fazer da afirmação dos céticos?
Primeiro, devemos notar que Tácito pode ter intencionalmente usado o termo com o qual seus leitores teriam se familiarizado por uma questão de clareza. Por exemplo, eu poderia escrever sobre um "bispo" do segundo século, mas chamá-lo de "pastor" para um público contemporâneo, porque esse é um termo com o qual os leitores estão familiarizados. Não há razão para Tácito não ter empregado essa tática.
Em segundo lugar, devemos notar também que outros historiadores Judeus do primeiro século - Filo e Josefo - referem-se a Pilatos como “procurador”. Embora o termo “prefeito” seja legítimo, parece que tanto “procurador” quanto “prefeito” são usados de forma intercambiável.
Terceira: "SÃO RUMORES"
Terceiro, os céticos rejeitam essa citação de Tácito como uma fonte original e afirmam que Tácito estava simplesmente repetindo boatos dos Cristãos. Uma linha de evidência que eles sugerem é que Tácito usa o título de Jesus “Christus” em vez de seu nome legal “Jesus”.
Este argumento não se sustenta. Em resposta, precisamos lembrar que Tácito estava escrevendo sobre os Cristãos e a origem desse termo, então seu uso de “Christus” em vez de “Jesus” parece lógico.
Em segundo lugar, é difícil imaginar que um grande historiador como Tácito, que em outro lugar investigou cuidadosamente as fontes, simplesmente anotasse rumores de um grupo de Cristãos. Além disso, eu me pergunto por que Tácito confiaria cegamente nesse grupo a que ele se refere como uma “superstição perniciosa” e uma “doença” e incluiria suas fábulas sobre Jesus em sua história se ele não tivesse nenhuma outra fonte para fundamentar sua afirmação.
Apesar de fazer uma afirmação substancial sobre um funcionário Romano condenando alguém à morte, Tácito teria sido especialmente motivado para esclarecer seus fatos.
Quarta: "NÃO É OFICIAL"
Finalmente, os céticos argumentam que Tácito não teria tido acesso a nenhum registro oficial que registrasse a morte de Jesus. Mas acho isso terrivelmente pouco convincente.
Para começar, o próprio Tácito ocupou altos cargos no governo (fora procônsul da Ásia). Além disso, ele tinha ligações próximas com outros no poder, como Plínio, o Jovem, e sua esposa, que por acaso era filha de Julius Agrícola, o governador da Grã-Bretanha. Parece bobo sugerir que ele não teria acesso aos registros do governo.
Além disso, sabemos que ele teve acesso ao Acta Senatus (arquivos das atividades do Senado Romano), como ele cita várias vezes em suas obras. A crucificação de Jesus pode muito bem ter aparecido nesses arquivos ou em outros semelhantes a este.
Sabendo o tipo de historiador que Tácito era, se ele não tivesse provas robustas de que Pôncio Pilatos sancionou a crucificação de Jesus, ele teria expressado sua declaração assim: "os Cristãos relatam que ..." ao invés de fazer uma afirmação inequívoca.
BOAS EVIDÊNCIAS QUE CORROBORAM
Por fim, o texto de Tácito resiste ao escrutínio e fornece sólidas evidências corroborantes a favor do Novo Testamento. Apesar dele enxergar os Cristãos sob uma luz negativa, ele se mostra uma fonte não-Cristã confiável para eventos importantes na vida de Jesus.
Fonte:
Tradução Walson Sales.
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