É fato ver colocações de que o cristianismo e a ciência vivem em guerra, porém fazendo um exame imparcial na história da ciência, percebe-se que sua origem é uma invenção do cristianismo medieval.
Em seu livro a “Verdade sobre o Cristianismo” Dinesh D’Souza aborda que a ciência como iniciativa organizada surgiu na Europa com o cristianismo, ele faz um breve panorama das religiões fazendo entendível de como o cristianismo é a única religião baseada na razão, a começar pelo animismo, primeiro estágio da evolução religiosa da humanidade, que possuía uma cosmovisão de universo encantado baseada nos mitos, no qual o homem primitivo crê que todas as formas identificáveis da natureza tem uma alma e agem intencionalmente. E, em seguida vieram religiões politeístas como as dos babilônios, egípcios e gregos, cada uma dessas regiões postulava seres divinos. Então aparecem as grandes religiões no Oriente, o hinduísmo e o budismo seguidas pelas três maiores religiões monoteístas do mundo, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, todas monoteístas. Porém dentre elas só o Cristianismo é baseado na razão. Diferentemente das outras religiões a cosmovisão no cristianismo se interessa em oferecer uma explicação precisa do mundo em redor.
O cristianismo é uma cosmovisão, uma forma de ver o mundo em que vivemos. Isto inclui crenças metafisicas tais como a origem do universo, o significado e proposito da vida e o que ocorre conosco quando morremos. Isto também inclui coisas, como vivemos em família, casamento e carreira. A primeira questão de qualquer visão de mundo é se ela oferece uma explicação do mundo ao nosso redor e quão preciosa ela é. Nem toda cosmovisão está interessada em descrever com precisão o mundo ao nosso redor. (SALES, 2016, p.158).
Com o objetivo de descobrir os propósitos de Deus muitos teólogos cristãos foram chamados à investigação a respeito desses propósitos. Agostinho, o pai da Igreja deparou-se com um grande problema teológico, como cita Dinesh D’Souza.
Vejamos:
Antes do dia de hoje, houve o ontem e, antes do dia de ontem, houve o dia de anteontem, e assim por diante. Mas como isso é possível? A série, dos ontens estende-se infinitamente até o passado? Nesse caso, então como Deus poderia ter criado um Universo que sempre existiu? Do contrário, deve ter havido um começo, mas o que vinha acontecendo antes disso? Se o Universo foi criado por Deus, então o que Deus estava fazendo antes de criar o universo? Para essas perguntas Agostinho deu uma resposta surpreendente que, ao que parece, não ocorreu a ninguém antes dele: Deus criou o tempo junto com o Universo. Em outras palavras, “antes” do Universo, não havia tempo. O Universo é como uma série, que pode ou não se estender infinitamente para trás e para frente no tempo. Mas Deus é “eterno”. Eterno não significa “continuar para sempre”; significa “estar fora do tempo”. (2008, p.107).
Segundo Dinesh D’Souza: “Agostinho não estava se dedicando a uma vaga especulação teológica. Ele estava fazendo uma afirmação totalmente contrária á logica sobre a natureza da realidade física”.
Hoje com a astronomia e física é comprovado que Agostinho estava certo, o tempo é uma particularidade do universo e começou a existir com o próprio universo. É notável perceber o quanto o argumento teológico deu início a investigação cientifica.
O historiador da ciência Stanley Jack em seu livro “Science and Creation” (Ciência e Criação) diz o seguinte:
A investigação científica só encontrou solo fértil depois que a fé num criador pessoal, racional, realmente impregnou toda uma cultura, a partir dos séculos da Idade Média Alta. Essa foi à fé que forneceu uma dose suficiente de crédito na racionalidade do universo, confiança no progresso e valorização do método qualitativo – todos eles, ingredientes indispensáveis da investigação científica. (1990, p. 8).
O pensamento cientifico deve-se em grande parte a obra de cristãos, porém, a reação de revolta do dogma religioso diz que, a ciência foi fundada no século XVII.
No entanto Dinesh D’Souza vai dizer:
Na realidade, a ciência foi fundada entre os séculos XIII e XIV por causa de uma disputa entre dois tipos de dogma religioso. O primeiro tipo sustentava que o debate escolástico, que funcionava de acordo com os princípios rígidos da razão dedutiva, era a melhor maneira de descobrir a mão de Deus no Universo. O outro afirmava que a experiência indutiva, incluindo a experiências com a “natureza interrogativa”, era a abordagem preferida. A ciência beneficiou-se com os dois métodos, usando experimentos para testar proposições e depois críticas e argumentações rigorosas para estabelecer seu significado. (D’ SOUZA, 2008, p.118).
A reforma protestante em XVI abriu caminho ao pensamento independente sem o domínio da hierarquia os próprios indivíduos estavam livres para pensarem por si mesmo. Sem saber, mas, os cristãos da reforma estavam introduzindo novos conceitos teológicos que daria força a cultura cientifica. “O Sacerdócio de cada cristão era muito forte porque rejeitava a hierarquia papal e, por implicação, toda hierarquia institucional também”. (D’ SOUZA 2008, p.119). A contribuição que o cristianismo trouxe a ciência é inegável, muitos ateus a negam por sua ignorância no campo da teologia e história. Vale citar uma lista parcial de cientistas cristãos.
Vejamos:
Copérnico, Klepler,Galileu, Brahe, Descartes, Boyle, Newton, Leibniz, Gassendi, Pascal, Mersenne, Cuvier, Harvey, Dalton, Faraday, Herschel, Joule, Lyell, Lavoisier, Priestley, Kelvin, Ohm, Ampere, Steno, Pasteur, Maxwell, Planck e Mendel. Um bom número desses cientistas consistia de clérigos. Gassendi e Mersenne eram padres. O mesmo se diz de Georges Lemaitre, o astrônomo belga que foi o primeiro a propor a teoria do “big bang” para explicar a origem do Universo. Mendel cuja descoberta dos princípios da hereditariedade oferecia um respaldo vital para a teoria da evolução, dedicou toda a sua vida adulta como monge em um monastério agostiniano. (D’ SOUZA, 2008, p. 119).
A maneira com que os primeiros cientistas, exerciam seu trabalho é admirável, agiam de modo a cumprir uma missão “Onde estaria a ciência moderna sem esses homens? Alguns eram protestantes e alguns eram católicos, mas todos viam sua vocação cientifica sob um aspecto distintivamente cristão”. (D’ SOUZA 2008, p.120).
Vale citar também Kepler que através de astronomia via Deus sendo celebrado.
As leis de Kepler postulam relações estranhas. Por exemplo, a terceira lei de Kepler afirma que o quadrado do período da órbita de um planeta é proporcional ao cubo de sua distância média do sol. Como alguém conseguiu imaginar isso? Kepler conseguiu, em grande parte, porque estava convencido de que deveria haver uma bela relação matemática ali e à sua espera. Parte de sua vocação cristã consistiu em descobri-la e difundi-la para que a gloria de Deus fosse maior. O êxito de Kepler leva ao surpreendente reconhecimento de que a motivação religiosa pode, ás vezes, resultar em descobertas revolucionárias que mudam o curso da história científica. (D’ SOUZA, 2008, p.121).
Se não houvesse a busca pela pelos propósitos de Deus para vida humana não haveria ciência moderna, pois foi com esse propósito que ela surgiu os cientistas procuram sempre novos padrões e ordens na natureza para trazer explicações, porém a ciência até hoje baseia-se em fundamentos religiosos. “Einstein confessou que “em todo aquele que realmente examina a natureza existe um tipo de reverencia religiosa”. O biólogo Lederberg recentemente declarou à revista Science: “O que é indiscutível é que um impulso religioso guia o que nos motiva a sustentar a investigação cientifica.” (D’ SOUZA, 2008, p.122).
Esse impulso teve seu início no cristianismo, sua influência não pode ser negada.
Por Ruanna Pereira.
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