POR LEONARDO MELO.
INTRODUÇÃO
Jesus Cristo ao iniciar seu ministério na Galiléia, teve de enfrentar uma forte corrente oposicionista, sejam por parte dos judeus e suas seitas, seja pela pressão exercida por Roma, que tentava de toda maneira ampliar sua “PAX”; É por isso que, com propriedade Paulo declara á Igreja na Galácia: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a Lei”, Gl. 4.4. e, conforme (GUTHRIE. 1992. Pg. 143-144) “A frase grega ‘[...] πληρωμα του χρονου [...]’, significa literalmente: ‘a plenitude do tempo’. Chamando atenção para a importância crítica deste evento. Ele marcava a conclusão da Antiga era e a aurora da nova. O mundo judaico achava-se na expectativa da vinda do Messias. o mundo romano, na sua rápida propagação, contribuíra em certa medida para que houvesse paz e segurança, situação essa, até então sem paralelos. No contexto fica claro que seu pensamento ainda está centralizado na servidão á Lei e a pressuposição mais razoável, portanto, é considerar a plenitude como sendo o limite do tempo da provação sob a Lei, imposta por Deus, período durante o qual a condição desesperadora da servidão do homem foi plenamente demonstrada”
Naquela ocasião, e dentro do contexto político-religioso, é que Jesus Cristo vai anunciar seu reino, vai se dar a conhecer á Israel, como seu Messias e vai confrontar a verdade do seu reino vindouro a ser implantado com “o legalismo das seitas judaicas”: Saduceus, Herodianos, Samaritanos e Fariseus, porém, segundo Flávio Josefo, citado por (SAULNIER & ROLLAND. 2010. Pg. 74) “Josefo nos fala de três seitas (ou correntes de idéias) para depois apresentar efetivamente quatro: fariseus, saduceus, essênios e zelotes”. De fato, é muito difícil definir esses grupos. Por um lado, realmente o judaísmo admitia com bastante facilidade divergências consideráveis entre seus membros, contanto que mantivessem algumas verdades essenciais e aceitassem certas práticas. É neste pano de fundo político-religioso que Jesus vai travar os maiores embates acerca da sua Pessoa e Reino.
JESUS E O SISTEMA POLÍTICO-RELIGIOSO INSTITUCIONAL ISRAELITA
É neste contexto político-religioso que vai se desenvolver o Messianismo de Cristo e sua avocação como Messias e redentor da humanidade. Nesta época os primeiros contatos entre Roma e os judeus ocorrem não antes da metade do séc. II a.C. e são consequências de um jogo político no qual a República romana se imiscuiu progressivamente(a partir de 200 a.C. aproximadamente). Tal qual a idéia de (MORIN. 2012. Pg. 14) sobre a época de Jesus: ” Eis que universo de esperança e projeções se revela o acontecimento Jesus. Todo um mundo de representações e aspirações o precedia. Jesus não podia falar, nem seus discípulos compreendê-los, fora desta espécie de gramática antecedente..., com Ele a realidade final(escatológica) irrompeu no tempo. Efetivamente, com Jesus, nenhum dos sonhos apocalípticos se realiza como os judeus esperavam”. É razoável compreendermos, conforme (MATEOS & CAMACHO. 2003. Pg. 15) “Apesar da autonomia de que os judeus gozavam sob este regime, a existência lado-a-lado de dupla autoridade, uma romana e outra judaica, cada uma com seu próprio sistema legal, e suas instituições judiciais, foi causa contínua de conflito”.
O Templo, reconstruído por Herodes a partir do ano 19 a.C. , reformado completamente no ano 9 a.C., e só terminado, definitivamente no ano 64 a. C., constituía a pedra angular da sociedade judaica. É no Templo e ao seu redor que a vida acontece na Palestina. É contra toda essa estrutura constituída que Jesus vai se defrontar em seu ministério e vai ser confrontado com as Leis do Templo e as Leis Mosaicas. Segundo, Morin, pg. 84 “Anunciar o fim desta ordem não deixaria de criar aborrecimentos para Jesus de Nazaré”, como criou! Pois, para os judeus, não importando a seita que se pertencia, para todos, o Templo era sagrado. Porém, essa predição escatológica de Jesus é prenúncio de um novo tempo, não só para as instituições religiosas judaicas, mas para toda a humanidade.
É oportuno entender que, invariavelmente, os judeus em seu formalismo não aceitavam a intromissão de uma outra forma de culto a não ser o estabelecido pelos sacerdotes e os principais do Sinédrio. Qualquer culto a Deus que não fosse celebrado no Templo e nas sinagogas judaicas era paganismo e quebravam as Leis estabelecidas por Moisés, cf. Jo. 4.20 “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém, o lugar onde se deve adorar”, também, II Cr. 7.11-16, 11.13-17, 24. 2,4-14, ss.
Todavia, Jesus veio para quebrar este paradigma e para dar um novo sentido a adoração e reverência que Deus merece. Veio para inaugurar uma nova aliança, um novo Concerto, pautado na maior Lei, a Lei do amor, oferecer seu próprio corpo em sacrifico em cheiro suave e agradável á Deus, mostrar a todos quantos o aceitassem pela fé que a verdadeira adoração viria de uma vida transformada pelo poder do seu Evangelho, e o verdadeiro sentido da adoração transcende as estruturas do Templo! Mt. 22. 34-40, 26. 26-30; Jo. 3.16; I Co. 13; Hb. 8. 20-26, 9. 1-14, ss. Os cerimoniais observados na Lei agora não teriam mais valor algum para YAVÉ; os cultos á Deus não eram mais exterior. Da Lei só restou a Lei Moral, esta sim, acompanharia todos os discípulos de Yeshua até a consumação dos séculos e seria(á) a marca do seu povo diante de uma sociedade alienada de Deus e caída espiritual e moralmente, quando nosso Messias implantar o seu Reino, Consoante, (TENNEY. 1998. Pg. 229) “Para Jesus, o reino era a esfera plena do governo de Deus. Inquestionavelmente, o reino é de natureza espiritual e não primariamente política, mas a sua manifestação plena ainda não chegou, e não virá, senão quando o Rei voltar pessoalmente para reinar, cf. Mt. 25.1,31”.
O CRISTIANISMO E OS RELIGIOSOS DA NOSSA ÉPOCA
Além de Jesus que nos sinóticos alertou sobre os falsos doutores e mestres, além dos falsos profetas que surgiriam próxima a sua volta, os apóstolos também lembraram as comunidades dos crentes quanto a um período de apostasia, surgimentos de heresias e um esfriamento na fé no cerne da verdadeira Igreja de Cristo, cf. Mt. 24.4-5, 10-11, 24-25; I T. 4.1-3; II Tm. 3.1-9; II Pe. 2. 1-3; I Jo. 4.1; Jd. 4, 10-13,16. É notória a veracidade da Palavra de Deus, como o que Deus estabeleceu como oráculos proféticos e escatológicos tem se cumprido literalmente!
Há inúmeros textos de predições proféticas na Bíblia que se cumpriram e que vão se cumprir, isto é, as literaturas apocalípticas exaradas principalmente nos Livros de Daniel e do Apocalipse. Então, para nós cristãos não é novidade a onda crescente das falsas religiões e do proselitismo de muitos que se dizem religiosos e pregadores da Palavra, porém são verdadeiros hereges. Há um juízo já determinado sobre a vida deles e para também quem segue suas doutrinas. Há atualmente vários tipos de evangelho, contudo diferente do verdadeiro. Hoje o evangelho é pregado como conveniência. O Evangelho de Cristo tem que se adaptar ao jeito e a conduta daqueles que “professam a fé em Jesus”, sem se importarem, se sua postura como pessoa regenerada tem alguma relevância ou não diante de uma sociedade caída e moralmente abominável. Um exemplo claro de hipocrisia religiosa farisaica ocorreu durante o ministério de Jesus, isto é, em certa ocasião por duas atitudes de Jesus, conf. Mt. 9.10-13 (sobre sentar com publicanos e pecadores) e Mt. 9.14-17 (em relação ao jejum) o Senhor Jesus ouviu críticas contundentes através dos legalistas da Lei, os fariseus.
Conforme (TASKER. 1991. pg. 78)“as duas ilustrações com que esta passagem termina (cap.9/Mateus) indicam a percepção de Jesus, cada vez mais definida, de que havia incompatibilidade entre o velho Israel, paralisado pela justiça própria e sobrecarregados de vãs regulamentações, e o novo Israel humilhado pela consciência do pecado e voltado com fé para Jesus, o Messias, para obter o perdão. A velha vestimenta não aguentaria a veste nova. O vinho novo do perdão messiânico não seria conservado nos recomendado odres do legalismo judaico”.
Outrossim, há nos dias atuais denominações e outras que estão surgindo que afirmam serem evangélicas(protestantes), porém, suas liturgias cúlticas são totalmente contrárias aos ensinamentos estabelecidos nos dois Testamentos. Verdadeiros sistemas religiosos legalistas e dissimulados onde o objetivo fim é o enriquecimento de seus líderes, onde não existe o zelo pela doutrina, onde quase tudo é permitido, inclusive a ordenação de homossexuais, lésbicas e mulheres para o santo ministério. Em muitas delas não se sabe o que é temor e tremer diante da Palavra de Deus, há entre a membresia e as lideranças uma permissividade terrível, onde a “vida cristã” não se mede mais pelo cordel da Palavra e da Santidade de Deus, o pecado nessas denominações, chamadas Igrejas do Senhor está fora de moda, tudo é permitido em nome da inclusão, do amor e da misericórdia. Segundo (SHEDD. 2013. Pg. 100) “Homens, como Lutero e Wesley separaram-se das Igrejas católica e anglicana em que haviam sido criados, não porque acharam que lhes cabia o direito de julgar e dividir suas ‘comunidades’ de longa história, mas porque estas tinham negado oficialmente a doutrina essencial da Palavra de Deus. Mesmo com debates e discussões não se produziu nenhuma intenção por parte das autoridades competentes de voltar ao ensino claro das Escrituras. Pelo contrário, criou-se forte antipatia e impulso para expulsar os ‘espinhos na carne’. Assim foram as origens das denominações luterana e metodista. Outras denominações tiveram inícios semelhantes”.
Quando a Palavra de Deus não é ensinada como ordena Jesus, e perde-se o temor á Deus, quando não se treme diante da Santidade de Deus em obediência, é sinal que aquela denominação está morta..., ouvimos o ressoar, o eco da voz do Espírito que diz: “[...] Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás mortos”, cf. Ap. 3.1b.
FONTE.
1. GUTHRIE, Donald. Gálatas. Introdução e Comentário. S. Paulo. Ed. Vida Nova. 1992.208 Pg.
2. MATEOS, J. & CAMACHO, F. Jesus e a Sociedade de seu tempo. S. Paulo. Ed. Paulus. 3ª edição. 2003. 176 pg.
3. MORIN, E. Jesus e as estruturas de seu tempo. S. Paulo. Ed. Paulus. 2ª reimpressão. 2012. 159 pg.
4. SAULNIER, Christiane & ROLLAND, Bernard. A Palestina nos tempos de Jesus. S. Paulo. Ed. Paulus. 8ª edição. 2010. 96 pg.
5. SHEDD, Russel P. Disciplina na Igreja. S. Paulo. Vida Nova. 2ª Edição. 2013. 111 pg.
6. TASKER, R. V. Mateus. Introdução e Comentário. S. Paulo. Ed. Vida Nova. Reimpressão. Agosto. 1991. 229 Pg.
7. TENNEY, Merril C.. O Novo Testamento – Sua Origem e Análise. S. Paulo. Vida Nova. Reimpressão 1998. 490 pg.
Nenhum comentário:
Postar um comentário