domingo, 5 de janeiro de 2020

O conceito de Deus numa perspectiva Mórmon

Introdução

Muitos grupos heterodoxos existem em nossos dias, quase todos ensinando aparentemente temáticas autênticas das Escrituras, tais como Deus, Jesus, Espirito Santo, salvação, entre outras. Mas após nos aprofundarmos em seu credo, logo veremos que muitas não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e embora suas aparências sejam de piedade, seu conteúdo não passa de heresias e blasfêmias, inclusive. Um destes grupos, são os membros da Igreja de Jesus Cristo dos santos dos últimos dias, conhecidos como Mórmons, logo sua seita chama-se Mormonismo. 

Este grupo pseudocristão, criado por Joseph Smith, cuja natureza de sua fundação, iniciou-se após ter recebido a visita de dois seres divinos, O Deus Pai e Seu Filho Jesus, conforme o próprio Smith relata (embora aja cerca de três versões para tal revelação, numa delas quem o visitou foi o apóstolo Pedro), nesta visita ele foi orientado a não se associar a nenhuma igreja da terra, pois todas estavam corrompidas, palavras ditas por “Jesus”, desta maneira lhe foi outorgado a incumbência de constituir uma nova igreja, que de fato fosse diferente de todas as que existiam, pois as tais estavam erradas, assim surgiu a Igreja de Jesus Cristo dos santos dos últimos dias, nome atual, apesar de que tenha recebido o nome de  Igreja de Jesus  Cristo na fundação e depois Igreja dos santos dos últimos dias, mas por fim recebeu o nome atual. 

O conceito adotado pelo mormonismo quanto a pessoa de Deus, é extremamente distinto das páginas das Escrituras, nada de anormal, pois os Mórmons, defendem que a Bíblia foi adulterada e que os livros adotados por eles são um complemento da revelação de Deus, logo estão em pé de igualdade, no que diz respeito a inspiração, por este motivo tratam a Bíblia apenas como um livro incompleto. 
Veremos abaixo algumas das doutrinas ensinadas no mormonismo acerca de Deus, algumas soam como algo inaceitável, contrariando totalmente tudo aquilo que dantes foi escrito, que segundo Paulo, para nosso ensino foi escrito (Rm 15.4).

O politeísmo – vários deuses

Embora acreditem na existência de Deus, Jesus e o Espirito Santo, no mormonismo isto representa a realidade de três deuses, desta forma os mórmons são politeístas, pois defendem a adoração a várias divindades. Isto não é uma doutrina criada por algum Élder (presbítero ou ancião), mas sim algo ensinada pelo próprio Joseph Smith:  

Pregarei sobre a pluralidade dos deuses...Eu sempre declarei que Deus é um personagem distinto, Jesus Cristo é um personagem separado e distinto de Deus, o Pai, e que o Espírito Santo é outro personagem distinto, e é Espírito;São três personagens distintas e três deuses.[...] Temos três deuses e são uma pluralidade;e quem pode contradizer isso? (APOLOGÉTICA, 2015, p. 130).

Esta visão descabida fere os princípios Bíblicos, que mostram que a doutrina da Trindade é verdadeira, pois vemos nas Escrituras O Pai sendo chamado de Deus (Ef 1.2), O Filho sendo chamado de Deus (Tt 2.13) e da mesma forma o Espirito Santo sendo chamado de Deus (At 5.3,4).

A doutrina da Trindade é uma verdade tão irrefutável que está evidenciada pelo Antigo Testamento no Pentateuco (Gn 1.26; 3.22; 11.6,7), nos profetas (Is 11.6,7) e ainda no Novo Testamento por Jesus (Mt 28.19) e pela igreja primitiva (2Co 13.13). Temos ainda o apoio dos pais da Igreja, como Tertuliano, que viveu entre os anos 155 a 225 da nossa era, assim ele falou: “Eu testifico que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são inseparáveis uns dos outros. [...] A minha afirmação é que o Pai é um, o Filho é um e o Espírito é um – e que eles são todos distintos uns dos outros” (GEISLER, 2010, p. 785). Há ainda o relato de outro pai da Igreja, Agostinho, que viveu entre os anos 354 a 430 da era Cristã, mais de 100 após a morte de Tertuliano, disse ele: “Não se suponha que nesta trindade haja separação em relação a tempo u lugar, mas que estes três são iguais, co-eternos e absolutamente de uma natureza” (GEISLER, 2010, p. 786). Tomás de Aquino, que viveu entre os anos 1225 a 1274 era outro que se posicionava favorável a doutrina da Trindade, disse ele: “Se houvesse alguma desigualdade nas pessoas divinas, elas não teriam a mesma essência; e assim as três pessoas não seriam um Deus; o que é impossível. Temos de admitir igualdade entre as pessoas divinas” (GEISLER, 2010, p. 786). As datas foram mencionadas com o propósito de atestar que esta doutrina já era pregada pelos pais da igreja, na idade medieval, muito antes da existência de Joseph Smith, diante disto, como um homem surge no cenário alegando receber uma nova ordenança e com isto desfazer 1800 anos de história? Diante do exposto, se faz necessário um questionamento, quem está correto, Joseph Smith ou a Bíblia? Eu prefiro ficar com Bíblia!

A idéia de adorar a vários deuses era algo comum primeiro para os povos pagãos. Os egípcios, por exemplo, de onde o povo foi retirado e também as inúmeras nações nas quais o povo precisaria passar para chegar a terra prometida, assim sendo,  Deus, em Sua Infinita sabedoria, sabia que o povo poderia se corromper durante o período de peregrinação,  por isso disse ao povo: “Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Dt 6.4), com o propósito de erradicar qualquer inclinação ao politeísmo de seu povo. Haveria Deus então mudado, conforme a visão de Smith? A resposta é não, pois está escrito que em Deus “não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1.17). 

Portanto o ensino mórmon sobre a possibilidade de adoração a vários deuses está em desacordo com as Escrituras e dessa forma deve ser rejeitada, pois é uma heresia que afasta homem do conhecimento do verdadeiro Deus, que não dá a sua glória a outrem (Is 42.8) e que afirmou que não há outro Deus senão ele, ao dizer: “Eu Sou Deus e não há outro” (Is 45.21,22). 

Deus num corpo de carne e osso
     
A princípio parece irracional que um grupo que se considera cristão instruir uma doutrina como esta para os seus fieis, mas isto é uma triste realidade registrada no credo mórmon. Em um de seus livros, considerados por eles como um “complemento” à Bíblia Sagrada está registrado: “O pai tem um corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem; o filho também; mas o Espírito Santo não tem um corpo de carne e ossos, mas é um personagem de Espírito” (Doutrinas e convênios, seção 130:22 – edição 1997 – p.306). 

O sucessor de Joseph Smith, que assumiu a direção da igreja após sua morte à bala, numa prisão por uma multidão revoltada com seus ensinos depravados, chama-se Brigham Young. Aparentemente este homem era tão presunçoso e ignorante  concernente as Escrituras quanto Smith. De acordo com este homem o nascimento de Jesus se deu por meio de uma junção carnal, da mesma forma que os recém nascidos em nossos dias, assim disse ele: “o nascimento do Salvador foi tão natural quanto  dos nossos filhos, foi o resultado de uma ação natural. Ele participou da carne e sangue – e foi gerado por seu Pai, assim como nós somos gerados por nossos pais” (“Journal of discourses”, Vol. 8, edição 1860 – p.115, Brigham Young – “Were does it sap that?, edição 1982, p.4-4 Witte). Dos muitos argumentos que poderíamos trazer para refutar este ensino inescrupuloso, falaremos apenas dois pontos, o primeiro que se o mormonismo estivesse correto, Deus o Pai, estaria cometendo incesto, pois eles ensinam que Maria é filha de Deus, logo estaria cometendo uma aberração que ele próprio proibiu (Lv 18.6). Em segundo lugar este ensino confronta vários textos das Escrituras, negando o nascimento virginal de Maria (Mt 1.20), profetizado no Antigo Testamento (Is 7.14). Só há duas opções para esta situação, ou a Bíblia está correta ou o ensino mórmon que está. Evidentemente que este ensino é herético, diabólico e deverá ser rejeitado. 

Ainda de acordo com Young, Deus é o próprio Adão, que  criou a terra para sua moradia, chamando-o de nosso Pai Celestial, inclusive menciona a primeira mulher, Eva, como uma das suas esposas, ou seja, “Deus” possuía outras esposas além de Eva, portanto, o conceito do deus mórmon é um ser polígamo, por possuir muitas esposas; assim falou Young: “Adão é o nosso Pai e Deus. [...] Nosso Pai Adão ajudou a fazer esta terra, a qual foi especificamente criada para ele, [...] Ele trouxe uma de suas esposas com ele, e ela chamava-se Eva” (APOLOGÉTICA, 2015, p. 160). Embora pareça algo insensato, mas esta é uma doutrina ainda hoje em vigência no meio do mormonismo, evidentemente sem qualquer respaldo Bíblico para isso, vejamos o que diz as Escituras: Lucas informa que de um só homem Deus fez todas as raças (At 17.26) e ainda o apóstolo Paulo escreve dizendo que Adão “foi feito” alma vivente (1Co 15.45), dessa forma, a Bíblia não deixa dúvida de que Adão foi criado e através dele a humanidade se multiplicou. Isto referindo-se a Adão, quanto à Deus , o Senhor utilizando-se do profeta Isaías disse: “eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou , e depois de mim nenhum haverá (Is 43.10).  O apóstolo Paulo já alertava que os perversos: “e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível (Rm 1.23).  Adão não pode ser Deus, pelo fato de haver morrido (Gn 5.5), enquanto Deus é de eternidade a eternidade (Sl 90.2)

Se não bastassem as inúmeras heresias já mencionadas, ainda não terminou, ensina-se no mormonismo que Deus não possui apenas Jesus como seu filho, mas possui outro chamado Lúcifer. Não se espante, é isso mesmo que você leu, os mórmons defendem a loucura de que Lúcifer, o qual as Escrituras apontam como o inimigo das nossas almas, seja irmão de Jesus, e que queria ser o redentor da humanidade, mas isto é assunto para ser tratado mais á frente.

Uma das maneiras de se identificar uma seita é analisar como ela se posiciona em alguns pontos basilares da fé cristã, tal como Deus, Jesus, Espirito Santo, as Escrituras e assim por diante. Uma das características das seitas é humanizar a pessoa de Deus. Mas a Bíblia não dá margem alguma para embasar este pensamente diabólico ensinado no mormonismo, pois Jesus ao encontrar-se com a mulher samaritana revelou a mesma que Deus era Espírito (Jo 4.24), esta verdade é ensinada também pelo apóstolo Paulo ao escrever a segunda carta aos irmãos em Corinto (2 Co 3.17). Ora partindo deste pressuposto, é necessário lembrarmo-nos das palavras de Jesus, que diante da incredulidade dos discípulos ante sua ressurreição, pediu que tocassem em suas mãos para que confirmassem que era Ele, pois disse que um Espirito não possui carne e ossos. Portanto se Deus é espírito e um espírito não tem carne e ossos, logo é correto afirmar que Deus não possui carne e ossos, mais uma vez os ensinos praticados no mormonismo, mostram-se opostos a Palavra de Deus. Além disso, Paulo afirma que Deus é invisível (1 Tm 1.17), é impossível um ser de carne e ossos possuir a invisibilidade, só mesmo no mormonismo.

Deus como um ser progressivo, um homem exaltado

De acordo com Joseph Smith, Deus chegou ao status de divindade de maneira progressiva, pois um dia ele foi homem. Dessa forma nem sempre existiu na figura divina, mas pro meio de um processo gradual chegou ao patamar divino. Assim Smith explica esta doutrina: “Para mostrar que espécie de ser Deus é, voltarei ao principio antes que o mundo existisse. Que tipo de ser era Deus? [...] O próprio Deus foi como somos agora – Ele é um homem exaltado, entronizado em céus distantes” (APOLOGÉTICA, 2015, p. 137).   De acordo com Smith, se pudéssemos ter acesso ao trono de Deus, O veríamos na forma humana, pois assim ELE é. Para fundamentar tal pensamento irracional, ele utiliza a seguinte justificativa: “Pois Adão a própria imagem e semelhança de Deus, e dele recebia instruções e com ele andava,falava e conversava, exatamente como um homem fala e conversa com o outro” (APOLOGÉTICA, 2015, p.137). Este argumento é tão sem sentido, quanto aos demais utilizados por Smith para elaborar as doutrinas mórmons. Primeiramente o fato de Adão conversar com Deus, conforme o relato Bíblico (Gn 3.8,9), não significa que Deus estava na mesma forma que Adão, além disso, o Texto ao narrar imagem e semelhança de Deus, não está relacionado a aparência, pois Deus é Espirito, mas sim conceder ao homem os atributos pertences ao Senhor, que  os comunicou a homem, tais como amor, misericórdia, bondade, e assim por diante. Mas uma vez fica notório o quanto Smith era fraco ao interpretar as Escrituras.

O argumento do mormonismo de que Deus é um homem exaltado cai por terra, quando o confrontamos com as Escrituras, vejamos alguns Textos: 

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Nm 23.19); 

“Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens” (Is 45.12);

“Não executarei o furor da minha ira; não voltarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti; eu não entrarei na cidade.” (Os 11.9);

“Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3.6).

A audácia não pára por aí, Smith encerra seu pensamento dizendo: “O primeiro principio do evangelho é conhecermos com toda a certeza o caráter de Deus e saber que podemos falar com ele, assim como os homens falam uns com os outros, e que ele já foi um homem como nós [...] e vou prová-lo pela Bíblia” (“Ensinamentos do profeta Josehp Smith” Edição 1975 – pp. 336-337, Joseph Smith, editora A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias). Interessante que este homem morreu e nunca conseguiu provar á luz da Bíblia a veracidade de sua doutrina, obviamente que não, pois ela é herética e não passa de doutrina de homens. 

Referencias

APOLOGÉTICA,| Volume V, Cultos Afro-Brasileiros – Fé Bahá’i – Hinduísmo – A Igreja apostólica “vó Rosa” – Mormonismo. ICP,2015.
GEISLER, Norman. Teologia sistemática: introdução à teologia, A Bíblia, Deus, a Criação, Vol.1. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.   
Journal of discourses, Vol. 8, edição 1860-p.115, Brigham Young.
SMITH, Joseph. Ensinamentos do profeta Josehp Smith, Ed. 1975: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Por Edson Moraes

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