por Walson Sales
Deixados nas Cavernas de Qumran quando os Romanos estavam avançando para esmagar a revolta Judaica em 66-70 d.C., os Essênios abandonaram as cavernas (68 d.C.) e os Rolos ficaram intocados por 1900 anos. Os Rolos do Mar Morto foram descobertos em 1947 por um Beduíno chamado Muhammad ed Dhib, pastor de ovelhas, em uma caverna perto de Khirbet Qumran. Nos anos que se seguiram, outras 10 cavernas foram encontradas tanto por Beduínos (cavernas 4 e 11), quanto por arqueólogos (cavernas 2 a 10). As cavernas foram numeradas de acordo com a ordem em que foram encontradas, sendo a 1 a primeira e a 11 a última.
Os Rolos foram escritos em colunas em Hebraico em sua maioria, mas existem manuscritos em Aramaico e alguns em Grego. A maioria foi escrito em pergaminho de couro (feito de pele de cabra ou ovelha) e em Papiro (forma primitiva de papel). Foram descobertos mais de 100.000 fragmentos e mais de 1.100 Rolos. Os Rolos bíblicos de Qumran contém todos os livros do Antigo Testamento, com exceção de Ester e talvez nunca saberemos o motivo. Estatisticamente, baseado no número de manuscritos de vários livros bíblicos encontrados, os Sectários de Qumran favoreceram Genesis (18 rolos), Levítico (17), Deuteronômio (mais de 30 manuscritos), Isaías (22), Salmos (aproximadamente 40 rolos), e Daniel (9). Os Rolos contém também comentários dos livros da Bíblia, obras apócrifas e pseudepigráficas e documentos dos próprios sectários, além de Targuns (traduções da Bíblia Hebraica para o Aramaico), Tefilins (Filactérios, pequenos trechos bíblicos guardados em caixinhas que eram amarradas no braço esquerdo ou na cabeça), e os Mezuzot (trechos bíblicos que eram colocados em estojos ornamentais que eram presos nas ombreiras das portas das casas – Dt 6. 8, 9). Alguns dos Rolos estão virtualmente completos, enquanto outros são pequenos fragmentos menores do que um selo postal.
Aproximadamente 20% dos RMM são Manuscritos bíblicos que podem ser datados entre os anos 250 a.C., e 65 d.C. Isso significa que os manuscritos bíblicos encontrados em Qumran antecedem nossos manuscritos mais antigos do Antigo Testamento em mais de mil anos, pois a versão mais antiga do texto Hebraico até então era o Códice Alepo (de cerca de 935 d.C). A maioria dos manuscritos bíblicos encontrados em Qumran são muito parecidos com os manuscritos datados no século 10, fortalecendo a evidência em favor do Antigo Testamento Hebraico, pois este Rolos nos permitiram constatar até que ponto os escribas em Qumran foram fiéis no trabalho de preservar o texto copiado. Esta comparação revelou conteúdo quase idêntico, o que aproxima nossas traduções da Bíblia aos textos originais com maior confiança. Para se ter uma ideia, um manuscrito do livro do profeta Isaías, escrito em 150 a.C., e encontrado em condições quase perfeitas, foi comparado a um texto escrito em Hebraico Massorético datado de 916 d.C., e revelou estar preciso depois de mais de 1.000 anos. Na verdade, de 166 palavras do capítulo 53 do Rolo de Isaías, somente 17 letras mostravam algum possível sinal de mudança em questões ortográficas e de estilo, sem muita importância para prejudicar o significado do texto. Dez dessas letras são simples questão de ortografia. Quatro outras letras implicam pequenas alterações de estilo e as três letras restantes formam a palavra luz, acrescentada no verso 11 sem afetar o sentido. Além do mais, essa palavra tem apoio da Septuaginta e de outro fragmento de Qumran (1QIs), de modo que num capítulo de 166 palavras, há dúvida sobre uma única palavra (três letras), após mil anos de transmissão.
Sendo assim, como resultado desses estudos, ficou comprovado que os Rolos de Qumran confirmam de forma surpreendente a fidelidade com que o texto Hebraico foi copiado no deccorrer dos séculos. Gleason Archer observa que as duas cópias de Isaías descobertas na caverna 1 provaram ser palavra por palavra idênticas à nossa Bíblia Hebraica em mais de 95% do texto. Os 5% de variação consistiam principalmente em distrações óbvias do escriba e variações de ortografia. O erudito Frederic Kenyon afirmou que podemos confiar agora, mais do que nunca, que o texto Hebraico moderno representa fielmente o texto Hebraico escrito originalmente pelos autores do Antigo Testamento. William F. Albright afirmou que os Rolos do Mar Morto são a maior descoberta dos tempos modernos em termos de manuscrito. Antes da descoberta dos Rolos do Mar Morto o problema era: qual a fidelidade das cópias do AT em comparação com as cópias do primeiro século e as que temos hoje? Podemos confiar no texto? O que você diz?
“Eu velo sobre a minha palavra” Jr. 1.12.
Fontes:
ARCHER, Gleason L. Enciclopédia de Temas Bíblicos: respostas às principais dúvidas, dificuldades e “contradições” da Bíblia. 2. Ed. São Paulo: Editora Vida, 2001
GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética: respostas aos críticos da fé Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2002
LONGMAN, Tremper (Ed). The Baker Illustrated Bible Dictionary. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2013
MCDOWELL, Josh. Evidência que exige um veredicto: Evidências históricas da fé Cristã. 2. Ed. São Paulo: Editora Candeia, 1996.
METZGER, Bruce M; COOGAN, Michael D. (eds). The Oxford Companion to the Bible. New York: Oxford University Press, 1993
MUNCASTER, Ralph O. Examine as Evidências. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007
PRICE, Randall. Arqueologia Bíblica: o que as últimas descobertas da arqueologia revelam sobre as verdades bíblicas. 5. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006
THOMPSON, John A. A Bíblia e a Arqueologia: quando a ciência descobre a fé. São Paulo: Vida Cristã, 2007
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