Dons e Ofícios Ministeriais: Uma análise bíblica, exegética, teológica, histórica e prática

Por: Altair Germano

Mestres e Doutores (pt. 2)

Os Escribas, Mestres ou Doutores da Lei

Nos dias de jesus a atividade, influência e respeitabilidade dos escribas é bastante evidente. Os escribas eram honrosamente chamados de rabbi, inicialmente um título honorífico, tal como recebido pelo próprio Jesus (Mt 23.7-8; Jo 1.38; 3.2), chamado também de raboni (Jo 20.16). Todo o poder de um escriba era proveniente do seu saber. Posteriormente, com a evolução da função, quem desejava desempenhar a atividade de escriba precisava submeter-se a um processo regular de formação. O aluno (ou discípulo) convivia pessoalmente com o seu mestre, ouvindo os seus ensinamentos. Após dominar toda a matéria tradicional e os métodos da época de resolução das questões religiosas e cerimoniais, tornava-se um “doutor não ordenado”. Somente quando atingia a idade d 40 anos, é que podia, mediante ordenação, ser recebido na corporação dos doutores, na condição de membro legítimo, “doutor ordenado” (hb. Hakan). Dessa forma, estava autorizado a desempenhar plenamente suas atividades docentes e jurídicas.

Jesus, o Mestre dos Mestres

Jesus, dentre todas as atividades que desempenhou, ganha destaque na de mestre, inclusive, exercendo a mesma nas sinagogas (Lc 4.15, 16, 31-33, 44). Ele é claramente reconhecido e chamado de mestre (gr. Didáskalos) conforme a narrativa dos quatro evangelhos (Mt 9.11; 12.38; 17.24; 19.16; 22.16, 24; Mc 4.38; 5.35; 9.5; 10.17; 11.21; 12.14; 13.1; Lc 5.5; 8.24; 9.33; 10.25; 12.13; 17.13; 20.28 22.11; Jo 1.38, 49; 3.2; 4.31; 8.4; 9.2; 13.13, 14; 20.16). Ele foi, e continua sendo, o Mestre dos mestres.

Todos os fundamentos para o progresso e excelência na tarefa de um mestre da Palavra encontramos na prática docente de Jesus. Sua dependência do Espírito, sua graça ao ensinar, seu tempo dedicado a oração, sua profundidade de conhecimento associada à sua simplicidade de linguagem, seu amor e compaixão por seus ouvintes, sua paciência, sua intimidade com o Pai, seus métodos, tudo isso ele nos deixou como exemplo a seguir.

Enquanto desempenhava sua atividade de mestre, Jesus preparava seus sucessores na arte de ensinar. Seria através do ensino que a Igreja avançaria em sua tarefa de fazer discípulos. É esta ênfase que encontramos em Mateus 28.19-20:

“Portanto, ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e dos Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém!”

continua...

Compilado por Rafael Félix.