Retirado do
livro Doctrinal Conversations on Predestination, Free Will [and
other questions] ... Designed to illustrate the universal love of God, and the
responsibility [sic] of man de Jabez Burns, de 1849.
INTERLOCUTOR. "O que devemos entender pela doutrina da
predestinação?"
MINISTRO. "É a determinação da mente de Deus em
referência ao que está por vir."
INTERLOCUTOR. "Deus conhece infalivelmente todos os
eventos futuros?"
MINISTRO. “Inquestionavelmente; ou ele não seria um ser
infinitamente perfeito - ou capaz de governar o mundo.”
INTERLOCUTOR. "Mas nada pode neutralizar ou impedir o
que Deus já conheceu e predeterminou?"
MINISTRO. "Não; pelo fato de o conhecimento de Deus
ser infalível, ele não pode estar errado."
INTERLOCUTOR. "Mas Deus predestinou tudo o que
acontece?"
MINISTRO. "Não; pois então Deus teria sido o autor
do pecado, ou do mal moral. Como Pai das luzes, não pode haver trevas nele, nem
o mal moral pode proceder dele.”
“E mais; se Deus tivesse predestinado o que
chamamos de pecado, não seria mais pecado - visto que seria o resultado dos
propósitos de Deus e, portanto, agradável à sua mente e vontade. Embora
invariavelmente entendamos que o pecado é totalmente contrário à mente de Deus
e uma rebelião contra a vontade dele."
INTERLOCUTOR. "Como então o pecado poderia existir, se
Deus não o predestinou?"
MINISTRO. “Deus resolveu permitir sua entrada no
universo. E assim ele agiu em harmonia com outro departamento de seu trabalho,
criando anjos e homens, criaturas responsáveis - capazes de permanecer em pé ou
capazes de cair.”
INTERLOCUTOR. "Então existe uma distinção real entre a
presciência de Deus e a predestinação?"
MINISTRO. “Certamente: pois o conhecimento não envolve a
ideia de influência sendo exercida; mas simplesmente eventos sendo percebidos e
apreendidos."
INTERLOCUTOR. "Deus predestinou ou predeterminou em
referência ao destino final do homem, de modo a incluir necessariamente a
condição final de todos os que serão perdidos e de todos os que serão
salvos?"
MINISTRO. "Sim; mas a predestinação de Deus invariavelmente
se refere ao caráter moral e ao estado dos homens. Ele predestinou que todos os
pecadores obstinados e impenitentes perecerão. Que todos os pecadores
arrependidos e crentes serão salvos.”
INTERLOCUTOR. "Mas a predestinação com Deus não é absoluta?"
MINISTRO. “É tão absoluta e irrevogável quanto seu trono
é imutável e suas leis sagradas. Tanto é assim que nenhum pecador incorrigível
será salvo, e nenhum crente contrito será perdido.”
INTERLOCUTOR. "Mas essa visão de predestinação parece
misturada com condições e contingências."
MINISTRO. "Isso mesmo; e assim difere da
presciência. Pois assim - quando Deus colocou nossos primeiros pais no Éden, o
estado de Adão e Eva era de condições e contingências. O mesmo aconteceu depois
da queda. Assim também Deus declara em referência a Caim e Abel [Gênesis 4: 7].
Bem como em toda a Escritura, em referência a cada dispensação e povo. Quanto à
contingência, não há nenhuma referência ao próprio Deus, assim como ele conhece
todas as coisas, e infalivelmente discerne o curso que todos os homens seguirão.”
INTERLOCUTOR. "Então, não temos exemplos nas Escrituras
em que Deus predestinou os homens à vida eterna, independentemente do
caráter?"
MINISTRO. "Nenhum. Tal exemplo seria contrário à
natureza santa de Deus. Uma violação do seu santo governo. E abalaria a
confiança de todos os seres santos quanto à retidão moral do caráter divino.
Deus odeia essencialmente a iniquidade, bem como ama essencialmente a justiça.
Ele deve, portanto, punir um e recompensar o outro.”
INTERLOCUTOR. "Mas o Apóstolo não fala de algumas
pessoas sendo predestinadas?"
MINISTRO. "Sim. Na carta aos Romanos [8:29]. E você
observará que ele afirma que eles foram predestinados 'para serem conformes à
imagem de seu filho'. Ou seja, para serem pessoas santas. E ele afirma ainda
que essas pessoas predestinadas foram conhecidas de antemão. ‘Pois quem ele
conheceu, ele também predestinou.’ Assim, ele colocou o conhecimento prévio
antes da predestinação. Deus, conhecendo seu arrependimento e fé, determinou ou
os designou para uma semelhança santa com seu Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Essa é a predestinação da palavra de Deus - que é semelhança em harmonia com a
equidade e bondade de Deus, e a livre agência e responsabilidade do homem.”
INTERLOCUTOR. "Você tem outras razões a favor dessa
visão da predestinação?"
MINISTRO. “Sim: pois está de acordo com a declaração
solene de Deus de que, assim como ele vive, ele não tem prazer na morte do
pecador [Ezequiel 33:11]. Mas se ele predestinou todos os eventos e não agiu
com base na presciência do caráter, deve ser manifesto que Deus mudou ou que a
declaração a que me referi nas Escrituras não era verdade. Se os pecadores
perecem - e Deus não tem prazer nisso -, simplesmente ele não os predeterminou
antecipadamente a perecer. Mas se Deus decidiu que o impenitente deveria
perecer e predestinou o santo - então a ruína do pecador é culpa de seu próprio
ato, e continua sendo uma verdade, honrada da mesma forma que a equidade e a
verdade de Deus, que ele não se deleita com a morte do ímpio.”
“Além disso, a predestinação, como geralmente é
ensinada [pelos Calvinistas], é apenas outro nome para a necessidade; e não
pode ser efetivamente separada da doutrina do fatalismo, na qual toda
responsabilidade e ações humanas são inteiramente destruídas.”
INTERLOCUTOR. “Mas você não está assim raciocinando porque é
incapaz de entendê-la ou reconciliá-la com a razão humana; ao mesmo tempo que
você admite a maioria das verdades com base em que Deus as declarou, e não
porque a razão humana possa perceber sua adequação ou propriedade?”
MINISTRO. “A predestinação, como explicamos, é
facilmente entendida, está em perfeita harmonia com a justiça de Deus,
obviamente se recomenda a nossa mente como seres razoáveis e responsáveis, e é
apoiada por todo o peso da autoridade das Escrituras. A outra visão, de que Deus
absolutamente predeterminou o destino dos homens, e ainda a afirmação de que
ele não tem prazer na morte dos ímpios, na verdade não é tanto um mistério
profundo, mas uma contradição mais palpável; e, portanto, a própria natureza
das coisas deve ser falsa. Mas perceberemos a verdade dessa doutrina cada vez
mais, ao contemplarmos os outros assuntos diante de nós.”
INTERLOCUTOR. “Confesso que o que você declarou sobre a
presciência divina sendo diferente da predestinação, e também que nas
escrituras a presciência precede a predestinação, abriu uma nova cena moral
diante de mim. Começo a pensar que uma das dificuldades, que antes considerava
insuperáveis, é quase, se não totalmente, removida.”
MINISTRO. “Regozijo-me em ouvir isso e, sem dúvida, se
você ouvir humildemente os oráculos divinos, perceberá com alegria que a
palavra divina nunca é inconsistente com a boa razão e muito menos pode se opor
à responsabilidade do homem."
Fonte:
Tradução Walson Sales.
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