sábado, 8 de fevereiro de 2020

SÍNTESE - COMO A TRADIÇÃO CATÓLICA TENTA ANULAR A BÍBLIA SAGRADA.

POR LEONARDO MELO

INTRODUÇÃO

A era pós-apostólica produziu uma gama de gigantes na fé conhecidos como os pais da Igreja, é óbvio que nem todos tinham a mesma estatura espiritual. Inicia-se a era da Patrística, e esses servos de Deus é que terão a  partir daquele momento a incumbência e responsabilidade de conduzir a Igreja de Cristo com a missão precípua de manter a pureza doutrinal e dar continuidade ao legado deixado  por Jesus e pelos apóstolos em termos escriturísticos.  Porém, sempre o nosso adversário procurou deturpar as verdades contidas nas Sagradas Escrituras, e isso desde o princípio, não só usando a serpente, mas influenciando os homens através dos séculos, principalmente aqueles que se fazem ministros do Evangelho, cf. Gn. 3.1,4-5; Mt. 7.15; I Tm. 4.1-2; II Pe. 2.1-3, ss. É justamente esse caminho do engano doutrinário que tomou o catolicismo romano. É fato que a  Igreja Católica Apostólica Romana converge com a Igreja Protestante em alguns entendimentos com relação  a Palavra de Deus, por exemplo, que ela é e foi inspirada por Deus, e que homens santos inspirados por Deus a escreveram. Também é notório que  muitos pontos da Teologia Protestante, da sua ortodoxia, os Católicos romanos concordam, todavia, há pontos na ortodoxia protestante que são irreconciliáveis com o romanismo, e há um abismo colossal entre o protestantismo e o Catolicismo romano quando se trata da liturgia dos cultos e o uso da Bíblia Sagrada como única regra de fé

É razoável compreendermos que a tradição católica coloca no mesmo nível da Bíblia Sagrada alguns decretos papais, pronunciamentos dos papas em vários concílios eclesiásticos, e livros que tem importância para eles como igual a Palavra e que foram inseridos pelos bispos católicos no cânon Bíblico, conhecidos como apócrifos(coisas ocultas, espúrio, não-canônicos, forjados). É justamente nesses pontos que não há como concordar com os romanistas, não tem como ter harmonia e trilhar a mesma direção aos céus com eles, quando as autoridades eclesiásticas se apegam a essas tradições e avocam a legitimidade do uso desses livros em seus cultos e os tem como inspirados por Deus. Certamente a direção que a Igreja do Senhor Jesus Cristo está trilhando rumo aos céus é diferente do caminho optado pelos católicos romanos, pois, só quem está na verdade é que poderá ver o Filho de Deus, cf. II Co. 13.8 “Nada se pode contra a verdade, somente a verdade”.

COMO A TRADIÇÃO CATÓLICA TENTA ANULAR A PALAVRA DE DEUS.

Segundo, (BOETTNER.1985. pg. 67)”cada movimento religioso que desenvolve alguma unidade e continua sobrevivendo tem suas tradições. Estas tradições reúnem as crenças, os pensamentos, a prática e as regras do grupo, particularmente as que são expressas em seus padrões doutrinários e formas de governo. Desta maneira, o movimento tem estabilidade e regula a sua própria maneira de viver e maneja essa estabilidade e modo de vida até a próxima geração”. É exatamente o que ocorre com a Igreja Católica  Romana. Ao longo dos séculos de existência podemos perceber claramente como essa assertiva acima é uma realidade latente.

Eles construíram um  sistema religioso onde não há espaço para questionamentos nem para mudanças radicais quanto ao que o  clero romano defende e aceitam  como dogmas e tradição da Igreja. Mesmo em seus 21 concílios ao longo dos séculos, percebe-se que sempre houveram acréscimos dogmáticos, discursões sobre variados temas, inclusive na esfera não-religiosa, assim como houveram inserções na liturgia cúltica de práticas que passaram a ser defendida pelas autoridades eclesiásticas. Os problemas de ordem teológica surgidos durante os concílios sempre foram tratados de forma que prevalecesse a posição doutrinal dos Papas, em consonância com o colégio episcopal, principalmente nos últimos dois Concílios Eclesiástico da Igreja Católica romana, Vaticano I e II. Na realidade, os últimos concílios foram para afirmar muito mais o que já existia como dogma, do que mudar alguma questão doutrinária e a grande preocupação da Igreja Católica, principalmente no último concílio era com a modernidade e a influência do liberalismo no mundo, observa-se aí um distanciamento da Igreja Católica quanto a só tratar das questões doutrinárias e teológicas. Obviamente que nem todo concilio trouxeram malefícios para a Igreja, claro que não, por exemplo, o Concílio Cristológico de Nicéia (325 d.C.) foi importantíssimo para a definição e aceitação na Igreja da divindade de Cristo, defendida por Atanázio (295-373 d.C) considerado “o pai da ortodoxia”, condenou-se neste Concílio o Arianismo; Éfeso (431 d.C.) condenou-se o Pelagianismo. Cristo, Deus-homem, é um só sujeito(união hipostática), dentre outros Concílios Eclesiástico.

É oportuno salientar que os livros Apócrifos que a Igreja Católica Romana acrescentou á Bíblia e declara igualmente inspirados e com a mesma autoridade da Bíblia, é uma das posições da tradição Católica romana defendida pelo seu Clero. Eles(apócrifos) são impressos com a Bíblia e deve ser aceitos por todos  os católicos romanos  como genuínos sob pena de pecado mortal. São quinze em sua totalidade:  1º e 2º  Livros de Esdras, Tobias, Judite, Os acréscimos ao Livro de Ester, Eclesiástico, Baruque, Carta de Jeremias, Oração de Azarias ou o cântico dos três jovens, Susana, Bela e o dragâo, os 1º e 2º Livros dos Macabeus.  Em 1545 durante o Concílio de Trento estabeleceu-se a tradição como de igual autoridade  que a Bíblia, além de no próprio Concílio(1546) acrescentar os livros apócrifos á Bíblia. A questão de se colocar uma outra fonte de autoridade ao lado das Escrituras Sagradas como sendo de igual importância; as Escrituras acabam sendo relegadas e perde sua importância.

Apesar da Igreja Romana crer na Bíblia Sagrada, contudo, eles anulam ou destrói a Palavra. Ela defende que junto com a Palavra Escrita, há também uma palavra que não foi escrita, uma tradição oral que foi ensinada por Cristo e pelos Apóstolos, mas que não estão na Bíblia, que foi transferida de geração em geração e de boca em boca. Esta palavra de Deus que não foi escrita, dizem os clérigos católicos, encontra sua expressão nos pronunciamentos  dos concílios da Igreja e nos decretos papais. “Ela tem precedência sobre a Palavra escrita  e a  interpretação da mesma”.

O Papa, como representante pessoal de Deus na terra, conforme a tradição católica pode legislar as coisas adicionais á Bíblia, segundo situações novas que forem surgindo. É importante afirmar que a tradição católica não é de origem divina nem apostólica, e isso é comprovado através de documentos da própria Igreja, e, é  interessante dizer que algumas tradições contradizem outras, e até mesmo os pais da Igreja se contradisseram constantemente, ao afirmar o que antes negavam.

Além dos Apócrifos, e da infalibilidade papal como tradição aceita pela Igreja, os católicos romanos também colocam a tradução da Bíblia traduzida por eles como inerrante e infalível e que expressa a única verdade em termos de traduções Bíblicas. A Vulgata é a Bíblia oficial da Igreja Católica, tradução feita por Jerônimo (vulgata, significa comum) quando convocado pelo Bispo Damásio I, afim de preparar uma Bíblia em Latim e assim padronizar seu uso pela Igreja católica romana. O Concílio de Trento decretou: “Se alguém não aceitar como sagrados ou canônicos, os mencionados livros com todas as suas partes [...] como se encontram na edição da Antiga Vulgata Latina [...] que seja anátema”.  O Concílio do Vaticano realizado em 1870 (que estabelece a doutrina da infalibilidade do Papa) também corrobora com a decisão anterior do Concílio de Trento ao reafirmar que a antiga edição da Vulgata Latina edição publicada em 400 A.D.,  contém a Revelação, sem nenhum acréscimo de erro. Hoje, sabe-se que a tradução da Vulgata Latina, depois de submetida  a várias  análises textual crítica, descobriu-se diversos erros de tradução em seus textos, tanto no A.T. como no N.T. O grande problema dos Católicos romanos são as tradições cultivadas por eles, que os conduzem a erros crassos de interpretação das Escrituras Sagradas. Entendemos, segundo (JAROSLAV PELIKAN. 2015. Pg. 41) “Aqueles que não lêem as Palavras do Espírito com sabedoria e cuidado, podem incorrer em muitos tipos de erros”, e foi exatamente isso que ocorreu com os católicos.

“E, finalmente, “O atual Código de Direito Canônico de 1983, reconhece o colégio episcopal, juntamente com o Papa, como autoridade máxima da Igreja em suas vária deliberações, e o Pontífice é a autoridade máxima” (BELLITTO.2014 pg. 21), preservando-se assim um dos pilares basilares da tradição católica.

Contudo, a Palavra de Deus afirma que o Senhor da Igreja é Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que morreu e ressuscitou e que vive para todo o  sempre, Ele sim é infalível, imutável, Eterno. É Deus e não falha, o único que não teve mancha alguma, nem pecado,  nem se corrompeu enquanto durou seu ministério na terra, cf. Rm. 16.16;  I Co. 10.32, 15.9; Gl. 1.13; Cl. 1.18, 24;  Ef. 1.22, 5.23; I Tm. 3.5, 15; Ap. 1.12-18, 19.11-16, 21.6-7, 9-22.7, ss. É interessante que o próprio Jesus ao falar da tradição judaica aos anciãos em Israel,  reprova-os:  “E, assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus”, cf. Mt. 15.6, temos que entender que práticas, valores, mitos que se convertem em tradição religiosa tem a tendência natural de levar a prática de heresias e a apostasia do Evangelho. Amém. A nossa regra de fé é a infalível e inerrante Palavra de Deus, não há nada que possa substituí-la. “ Lâmpada para meus pés é a tua Palvra e Luz para o meu caminho”. Sl. 119.105. amém.

FONTE

1. BELLITTO, Cristopher M.. História dos 21 Concílios da Igreja. Trad. Cláudio Queiroz de Godoy. S. Paulo. Loyola. 201. 212 pg.

2. BOETTNER, Loraine. Catolicismo Romano. S. Paulo. Imprensa Batista Regular. 1985. 341 pg.

3. JAROSLAV PELIKAN. Tradição Cristã-O Espírito do Cristianismo Oriental (600-1700 d.C.). Trad. Lena Aranha & Regina Aranha. S. Paulo. Vol. 2. Edições Shedd. 336 pg.

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