Parte 1
A arqueologia à serviço da Bíblia
Não é de hoje que algumas passagens Bíblicas são postas sob questionamentos, principalmente ao mencionar cidades, povos ou até mesmo certos personagens que não constam em outros documentos de suas respectivas épocas, nem tampouco sejam mencionados por historiadores posteriores. Embora isto não seja razão para se duvidar da veracidade escriturística da Bíblia, tais passagens tornam-se um prato cheio para os céticos e críticos que buscam lacunas para por incertezas na mente dos leitores, quanto a confiabilidade que se deve atribuir à Palavra de Deus. Mas felizmente existe uma ciência, que embora não seja Cristã, corrobora com as narrativas mencionadas nas Escrituras, a saber, a arqueologia, que graças aos esforços em busca da verdade, por parte de seus arqueólogos, trazem a tona evidencias que até então eram desconhecidas aos homens, registradas apenas na Bíblia, mas que agora ganham um novo aliado, que através de seus achados arqueológicos, calam as bocas daqueles que duvidavam do relato Bíblico. Sobre a utilidade da arqueologia, assim falou o escritor inglês John Elder: “Não é exagero dizer que foi o surgimento da ciência da arqueologia que rompeu o entrave entre os historiadores e cristãos ortodoxos., pouco a pouco uma cidade após a outra, uma civilização após a outra, uma cultura após a outra, cujas memórias eram apenas guardadas na Bíblia, foram restauradas a seu lugar apropriado na historia antiga pelos estudos de arqueólogos, [...] Os registros contemporâneos de eventos Bíblicos são descobertos e a singularidade da revelação Bíblica é enfatizada pelo contraste e pela comparação com religiões recém-descobertas de povos antigos. Em momento algum, as descobertas arqueológicas refutam a Bíblia como história.
Durante os séculos XVIII e XIX, sobretudo durante o período do iluminismo, nunca a Bíblia foi tão afrontada quanto a Sua autenticidade, principalmente nos textos que não tinham apoio de documentos históricos, onde os cristãos ortodoxos eram continuamente postos à prova, a fim de contestarem aos argumentos críticos que lhes eram lançados, embora os cristãos não possuíam o conhecimento que hoje desfrutamos graças as descobertas arqueológicas que se seguiram nos séculos posteriores. Graças a arqueologia, muitos pontos que outrora foram motivos de questionamentos, hoje são motivos de argumentos. Na obra A Bíblia e a arqueologia, assim escreveu J. A. Thompson: “Finalmente, é perfeitamente verdade dizer que a arqueologia Bíblica tem feito muito em corrigir a impressão em voga no final do século passado e a primeira parte deste século de que a história Bíblica foi objeto de duvidas em muitos lugares. Se hoje, uma impressão destaca-se mais claramente que outra é que se admite em todos lugares a completa historicidade da tradição do Antigo Testamento."
Neste artigo nos limitaremos a falar sobre o Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) livros cuja autoria nos conduz à Moisés (Cf. Ex 17.14; Nm 33.1,2; Dt 31.9; 2 Rs 21.8; Mt 19.7), mas que são alvos de muitas criticas textuais e históricas por parte dos incrédulos teólogos, adversários da fé Cristã. O propósito neste registro é de expor as evidências documentais, encontradas através do esmero da arqueologia, dessa forma o leitor poderá fazer uso das comprovações e argumentos aqui mencionados, com isso terá em mãos sólidas ferramentas com as quais poderá destruir as alegações descabidas por parte dos críticos.
Evidencias arqueológicas – Havia escrita no período de Moisés?
Um dos argumentos comumente utilizados, que põem em dúvida a autoria de Moisés quanto ao Pentateuco era de que a escrita era desconhecida em Israel antes do período da monarquia, regida pelo rei Davi. Dessa forma não seria possível atribuir ao profeta Moisés o titulo de autor, já que em sua época, não havia escrita.
Este argumento que parece ser coerente demonstra-se fraco, sendo confrontado pela arqueologia. Há pelo menos três artefatos arqueológicos, que destroem a falácia acima mencionada, veremos um a um.
1º O documento hebraico mais antigo descoberto até agora é o calendário de Gezer, escrito em cerca de 925 a.C. (descoberto por Macalister no séc.XX). Mas, visto ser obviamente um mero exercício escolar, ele demonstra que a arte de escrever era tão bem conhecida e amplamente praticada em Israel durante o século X que essa habilidade era ensinada até mesmo às crianças nas províncias.
2º As tábuas ugarísticas ou de Ras Xamra (descobertas por Schaeffer em 1929) datam cerca de 1400 a.C. Elas foram escritas em um alfabeto de trinta letras e expressas em uma linguagem relacionada mais perto com o hebraico que qualquer outro dialeto semítico conhecido. Elas consistem principalmente de poesia épica religiosa referente a deidades, com El, Baal, Anate, Astarote e Mot, e revelam o politeísmo depravado que caracterizava os Cananeus da época da conquista israelita [...] Eles também fornecem muitos paralelos aos clichês poéticos e expressões características encontradas nas porções poéticas do Pentateuco e de Salmos. Eles referem-se ao fato de a casa de Baal estar situada “sobre o monte de sua herança”, o que se aproxima muito de Êxodo 15.17 com sua expressão: “No monte da tua herança”.
3º Antes mesmo da literatura de Ras Xamra, aconteceu a classificação das inscrições alfabéticas encontradas nas minas de turquesa de Serabit-el-Hkadim (antiga Dofca), datando de 1.500 a.C. o mais recente. Essas inscrições em hieróglifo (descobertas por Petrie, em 1904) exibem um sistema alfabético fenício. A inferência natural é que, já naquela época, a escrita estava tão difundida entre os semitas da era pré-mosaica que até mesmo as classes mais inferiores da sociedade sabiam ler e escrever.
Evidencias arqueológicas – Abraão realmente existiu? Sua trajetória mito ou verdade?
Os relatos de Gênesis a respeito da trajetória seguida por Abraão e seus descendentes não são confiáveis e, com freqüência, não são históricos. Esses são os argumentos utilizados por estudiosos do Antigo Testamento, como Noldeke, que chega a negar a existência histórica de Abraão.
No entanto a partir do século XX muitos sítios arqueológicos foram desenterrados e colocaram à luz abundantes confirmações de registros Bíblicos, através das descobertas arqueológicas. No tocante a Abraão poderíamos citar ao menos 9 achados históricos que autenticam a existência de Abraão, comprovando assim a veracidade das Escrituras, mas mencionaremos apenas os quatro mais relevantes.
1º A cidade de Ur no sul da Suméria, foi totalmente escavada por Leonard Wooley (1922-1934), e essa civilização avançada provou ter sido uma grande e florescida cidade por volta de 2000 a.C. que seria precisamente o período de Abraão. Os cidadãos comuns de classe média viviam em casas bem equipadas contendo de dez a vinte cômodos. Eram mantidas escolas para a educação de jovens, pois foram descobertas tábuas de alunos de colégio, provando o treinamento deles em leitura, escrita, aritmética e religião.
2º Os estudiosos mais antigos criticavam Genesis 13 como anistórico com base no fato de que o vale do rio Jordão era relativamente desabitado na época de Abraão. Mas, em décadas recentes, Nelson Glueck descobriu mais de setenta sítios arqueológicos no vale do Jordão, alguns dos quais tão antigos quanto 3000 a.C.
3º O código legal heteu (descoberto por Winckler, em Hattusas ou Boghazkoy, em 1906-1912, datando cerca de 1.300 a.C.) esclarece a transação registrada em Gênesis 23, na qual Abraão comprou a cova em Macpela de Efrom. A lei heteia explica a relutância de Abraão em comprar o campo inteiro e sua preferência por adquirir só a própria cova e o território imediatamente adjacente. A lei exigia que o proprietário de uma extensão de terra inteira executasse as obrigações de Ilku ou serviço feudal, responsabilidade que, sem duvida, incluía a observância de religião pagã. Abraão, como adorador de Jeová, estava bem consciente para preferir evitar esse envolvimento comprando apenas uma fração da extensão de terra inteira, deixando assim, Efrom responsável por executar Ilku como proprietário original do campo.* O relato de Gênesis 23 revela conhecimento intimo do procedimento heteu para garantir que o episódio é anterior à destruição do poder dos heteus no século XIII.
4º As referencias a camelos como inclusos na rotina de Abraão com a criação (Gn 12.16) e a empregada por seu servo que conduziu a Rebeca (Gn 24.10, 14, 19, 20), foram debatidas por muitos arqueólogos, que os consideraram como floreios anacrônicos, feitos nos séculos posteriores. Semelhantemente, a menção a camelos empregada pelos mercadores de escravos que compraram José quando iam para o Egito (Gn 37.25). Essa dedução foi extraída da falta de clara referência extrabíblica a camelos antes do século XII nas descobertas arqueológicas feitas antes dos anos de 1950. Kenneth Kirchen observa que, até mesmo sem uma provável alusão do século XVIII a uma lista de alimentação de Tell Atshana, há indubitavelmente, referência a domesticação de camelos em algumas das listas lexicais do antigo período babilônico (2000-1700 a.C). No século XVIII foram encontrados ossos de camelos enterrados embaixo de uma casa de Mari. Descobertas semelhantes foram feitas em sítios arqueológicos palestinos em níveis datando de 2.000 a.C. em diante. De Biblos, na Fenícia, veio uma estatueta de camelo incompleta datando do século XIX ou XVIII. Forbes menciona um vaso dinástico de pedra calcária anterior, modelado como camelo; também foram descobertas cerâmicas com cabeças de camelo de hieraconpólis. Oppenhelm encontrou em Gozan (Tell Halaf) um ortóstato de um cavaleiro de camelo armado, datado de 3.000 a.C. ou pelo menos do inicio do terceiro milênio. Mais uma vez o registro do Antigo Testamento prova ser totalmente digno de crédito e um relato histórico, a despeito da falta temporária de confirmação arqueológica.
Portanto diante das provas arqueológicas aqui expostas, vimos que a arqueologia serviu de maneira categórica, no tocante a confirmação dos relatos Bíblicos, provando sua autenticidade, que embora não se faz necessário nenhuma prova cientifica para crermos em sua totalidade, as evidências servem como ferramentas para os teólogos ortodoxos silenciarem os céticos e opositores das Escrituras. Estas provas históricas mostram apenas uma verdade: Não há nenhum erro histórico ou geográfico na Bíblia, embora não seja um livro de história ou geografia, cada relato que nela consta é digna de total aceitação.
Fonte
Panorama do antigo testamento. Gleason L. Archer Jr.
Por
Edson Moraes
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