LEONARDO MELO.
INTRODUÇÃO.
Quando se disserta sobre o antissemitismo, não há como não relacioná-lo com os judeus, afinal de contas eles são a causa última deste sistema diabólico perverso. O principal propagador do ódio aos judeus e as comunidades messiânicas chama-se satanás. Na realidade, a manifestação do antissemitismo tem sua concepção quando Deus faz uma promessa a Abrão, cf. Gn. 12.1-3. É a partir dessa promessa que o nosso adversário percebe que Deus está levantando um homem e que a partir dele, o Todo-Poderoso irá resgatar a humanidade caída. É através da influência desse ser nefasto sobre o homem (Estados, Nações, Povos, Etnias) que através dos séculos o mundo tem se levantado contra os judeus com uma fúria descomunal. Obviamente que sabemos o porque de tamanha fúria. Nosso adversário conhece as promessas que Deus tem para com o seu povo e claro com a sua Igreja. Então, consciente dessas promessas do Eterno ao seu povo(Israel) ele, satanás, tenta desde então de todos os artifícios e meios destruir e aniquilar a nação israelense e consequentemente também a Igreja, porque essa também tem uma promessa do Dono dos Céus e elas são excludentes quanto a presença do inimigo.
Porém, é neste presente século que a ira do adversário tem se derramado contra os judeus e também a Igreja, porque ele sabe, que já foi vencido, lhe resta pouco tempo para agir e tenta de todas as formas frustrar os planos de Deus, cf. Is.14.8-11; Ez. 28.15-17; Lc. 10.18; Ap. 12. 4,7-12, ss. Ele sabe que nunca mais estará nas regiões celestiais desfrutando da presença do Deus Todo-Poderoso. Essa oposição satânica contra a os judeus conhecemos como antissemitismo. Ela tem se manifestado intensamente atualmente de forma alarmante e se espalhado pelo mundo velozmente influenciando dezenas de nações. Vale ressaltar que um dos organismo mundial responsável por essa ojeriza á Israel é a ONU. Todavia, essa influência diabólica chegou até a Igreja. Há várias denominações consideradas protestantes que pregam o antissemitismo, esquecendo eles que o Senhor da Igreja é um Judeu e que também seu povo, Israel será salvo por Ele, que é seu Messias. Esse antissemitismo crescente no meio cristão deve-se a uma Teologia conhecida como “Teologia da Substituição”, onde seus fundadores afirmam que a Igreja substituiu á Israel. E além do que, há também a influência de alguns dos pais da Igreja que em suas Teologias afirmaram que cessaram as promessas de Deus para eles(judeus) e as Igreja do Senhor Jesus é que veio a substituí-los como fiel depositários das promessas de Yeshua.
PRINCIPAIS TEÓLOGOS CRISTÃOS INFLUENCIADOS PELO ANTISSEMITISMO E A ONDA ANTISEMITA CRISTÃ
O antissemitismo fazia parte do cotidiano europeu antes do nazismo. Apesar de alguns historiadores identificar a raiz do problema no período anterior a ascensão do Cristianismo, a prática ganhou força pela idéia do ”deicídio” – responsabilidade dos judeus na morte de Jesus – e pela associação do judaísmo a traição de Judas e a prática de usura. Segundo, o historiador Jeffrey Herf, foi na idade média que o antissemitismo como conhecemos se formou. O antissemitismo remonta a tempos antigos, mas foi fortalecido pela Igreja católica e pelas lendas populares que continham rumores maliciosos e preconceituosos sobre os judeus. Por séculos o folclore europeu demonizou os judeus, retratando-os com chifres e caudas bifurcadas ou como répteis. No campo religioso quem deu sustentação ao antissemitismo foi a Igreja Católica Apostólica Romana, pois no século XIII (Idade Média) por ordem do Papa, foi criado uma espécie de gueto para separar os judeus dos cristãos e obrigados a usar roupas e distintivos que os identifica-se dos demais, apesar de que politicamente já havia uma rejeição aos judeus, segundo o historiador e professor americano Jefrey Herf.
É razoável afirmar que atualmente há diversas Igrejas Cristãs que negam as promessas feitas por Deus a Israel e as creditam a Igreja que é a Nova Aliança firmada por Deus. Eles citam o texto baseado em Gálatas 6. 15-16 “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas, sim o ser uma nova criatura”. “E, a todos quantos andarem, conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus”. Os teólogos da Substituição argumentam que essas passagens, além de algumas outras, esclarecem que a Igreja do Novo Testamento constitui o’ Israel de Deus’, e assim, o povo de Israel não tem mais a promessa de ser o povo eleito de Deus”. cf. (LIETH & PLAUM. 2014. Pg. 07). Também vários pastores que se deixaram levar pela Teologia da Substituição e alguns escritos de vários pais da Igreja que creem que Deus largou a Israel, e para corroborarem com suas falácias, citam os textos encontrados na carta do apóstolo Paulo aos romanos, cf. Rm. 2.28-29 e 9.6-11, a fim de validar seus argumentos, segundo eles essas referências Bíblicas citadas nos mostram que através da Nova Aliança, as promessas terrenas dadas á Israel, que ainda não foram cumpridas, perderam seu efeito para ele e serão cumpridas somente para os que creram (a Igreja) no sentido espiritual. Segundo, (HAGGE. 2009. Pg. 67)” O Antigo Testamento está repleto de muitos tipos de promessas que o apóstolo Paulo menciona em Romanos 9.4 e que se referem ás promessas messiânicas feitas ao Israel nacional(e não ao Israel espiritual) de que, “de Sião virá o libertador”, cf. Rm. 11.26. Por mais que as nações se alegrem nas riquezas que encontram em Jesus Cristo, jamais devem se esquecer de que elas foram prometidas em primeiro lugar á Israel e que foi por meio do Israel nacional que elas vieram e não por intermédio da Igreja”.
É oportuno observar que esse ponto de vista distorcido de uma parte da cristandade para com a Igreja surgiu séculos atrás. Por exemplo, o Teólogo e filósofo grego Orígenes(185-254), conhecido como o primeiro dogmático da história da Igreja no início do II Século, defendeu que que todas as promessas da antiga aliança feita á Israel foram transferidas para a Igreja, e ao contrário, todas as maldições contidas nos livros do A.T. seriam derramadas sobre Israel. Também, “João Crisóstomo(347-407) no século IV, definiu a sinagoga como o Templo dos demônios[...] a gruta do diabo[...] o abismo da perdição”, ele ainda afirmou em certa ocasião” ”É necessário fugir dos judeus como se fosse uma epidemia que ameaça o mundo todo”; outro que também tinha uma ojeriza pelos judeus e os rejeitava como povo participante da promessa foi o proeminente Agostinho de Hipona(354-430), ele afirmou acerca dos judeus: “aqueles que antes eram do povo eleito de Deus, agora eram considerados filhos de satanás”. O antissemitismo de Agostinho aparece claramente em sua obra:”Tractatus adversos iudaeos”(Tratado contra os judeus). Ele também defendia a tese de que só os judeus mataram a Cristo e que deveriam ser castigados por serem assassinos de Jesus”. Na teologia de Martinho Lutero, observa-se em alguns textos seu desprezo pelos judeus, seu antissemitismo, cf. (LIETH & PLAUM. 2014. Pg. 14) “Luther considerava que a promessa da terra de Israel e as promessas messiânicas do cetro de Davi estavam cumpridas com a primeira vinda de Jesus e com a dispersão dos judeus para fora de sua pátria. No seu entendimento, as promessas e o culto á Deus foram transferidas para os cristãos”.
A grande questão, conforme, a Revista Notícia de Israel, pg. 18-19, edição de DEZ2015, é que afora algumas Igrejas evangélicas que apoiam o antissemitismo, principalmente nos EUA, também surgiu em nível de cooperação entre várias ONG’s cristãs de ajuda humanitária americanas que também apoiam o antissemitismo, um financiamento afim de apoiar as ONG’s no Oriente Médio, especificamente no território da Autoridade Palestina, assim como, dentro do próprio território de Israel, que estão servindo de logística para essas organizações caritativas afim de disseminarem o antissemitismo e o desmantelamento do Estado judeu, provocando assim guerras e tensões nas áreas conflitantes. ONG’s palestinas que recebem ajuda de ONG’s e igrejas evangélicas: SABEEL, BADIL E CHRIST AT THE CHEKPOINT(Cristo no posto de controle), todas de origem palestinas. Igrejas e ONG’s americanas e de outros países que apoiam o antissemitismo palestino e o financiam: KERK IN ACTIE, DIAKONIA, WORLD VISION(Visão Mundial), MENONITTE CENTRAL COMMITEE(Comissão central Menonita), CHURCH OF SCOTLAND(Igreja da Escócia), PRESBYTERIAN CHURCH USA(Igreja Presbiteriana dos EUA), PRESBYTERIAN CHURCH OF CANADÁ(Igreja Presbiteriana do Canadá), UNITED CHURCH OF CHRIST(Igreja Unida de Cristo) E Canadian Catholic Organization for development and Peace, dentre outras, conforme o observatório NGO MONITOR/ISRAEL(ONG com sede em Jerusalém que analisa e relata os resultados da comunidade internacional sob uma perspectiva pró-Israel), que afirma que desde 2012, que essas ONG’s vem contribuindo com vultosas somas financeiras.
Podemos perceber através dessa síntese destes dados históricos, o porque de tanto ódio contra os israelenses pelos ditos não-cristãos e os cristãos e a influência nefasta da Teologia da Substituição ou supersessionismo que culminou na perseguição aos Judeus pela Igreja, incluindo o Holocausto, e foi também o pensamento teológico que pairava por trás do pesadelo do apartheid. Entendemos pelos fatos expostos, quanto essa teologia tem suas raízes fincadas nas trevas, ela é caracteristicamente anticristã, assim como o Islamismo o é. O que nos deixa perplexos é que eruditos tais como Richard J. Foster e Eugene Peterson em sua edição da Bíblia de Formação Renovare(The Renovare Spiritual Formation Bible, edições Harper. S. Francisco. 2005). que nega a veracidade das Escrituras, principalmente quando se trata de Israel, tem como comentadores ainda os teólogos e professores eminentes como Walter Kaiser Júnior, Bruce Damarest, Trempter Longman III, e o herege Earl F. Palmer, pastor sênior da Igreja Presbiteriana em Seattle/EUA, que são radicalmente contra Israel, cf. (HUNT. 2007. Pg.64). No Brasil, no Governo de Vargas, foi notório seu ódio contra os judeus e seu antissemitismo. O voto dado pelo embaixador brasileiro na ONU, Graça Aranha durante a assembleia para definir o destino dos judeus quanto a posse da terra nasceu de uma atitude do presidente Getúlio Vargas muito mais para se livrar dos comboios de judeus que estavam fugindo da guerra do que por simpatizar com a causa judaica, cf. a historiadora e Dra. pela USP/FFCH, Maria Luzia M. Tucci Carneiro.
CONCLUSÃO
O Antissemitismo é anticristão e fere os princípios Bíblicos fundamentais. É inaceitável que um cristão autêntico levante a bandeira em apoio a esse movimento satânico. Há dezenas de versículos que comprovam que Israel não foi esquecido por Deus. Só uma mente eivada e influenciada pelas trevas se opõem ao povo de Deus chamado Israel e afirma que a Igreja o substituiu. Se Deus tivesse rejeitado á Israel realmente, então porque Ele permitira que a nação nascesse milagrosamente em 14 de maio de 1948? Porventura não se cumpriu nesse ressurgimento a profecia de Ezequiel, sobre o vale dos ossos secos? Nascimento nacional de Israel, Ez. 14.1-14, e onde há dois cumprimentos proféticos históricos? Creio que o renascimento de Israel como nação é a prova profética e viva de que Israel não foi substituído, Cf. atesta o Livro do profeta Isaías “Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”, Isaías 66.8. o versículo deste capítulo é bem claro quanto o ressurgimento de Israel como nação. Quanto as cartas que o apóstolo Paulo escreve as Igrejas tanto em Roma quanto na Galácia, ele não fala de uma substituição de Israel pela Igreja, é uma exegese equivocada, eivada, para quem interpreta desta maneira. É necessário considerar os contextos de ambos os textos tanto de romanos quanto de gálatas, Rm. 2.28-29 e 9.6-11 e Gálatas 6.15-1 e não forçar a interpretação.
FONTE.
1. HAGEE, John. Em defesa de Israel. Tad. Degmar Ribas. R.J.. 2005. CPAD. 1ª edição. 221 pg.
2. HUNT, Dave. O dia do juízo! O Islã, Israel e a Nações. Trad. Lucilia M. P. da Silva. R. G. do Sul. 2007. Edições Actual. 411 pg.
3. LIETH, Norbert & PFLAUM, Johannes. A Teologia da Substituição – O Futuro de Israel é coisa do passado? Trad. Artur Reinke. R. G. do Sul.2014. Edições Actual. 69 pg.
4. Periódico: Revista Chamada da Meia noite. Editora Chamada da Meia Noite. nº 03/Março2014. 22 pg.
5. Periódico: Notícias de Israel. Editora Chamada da Meia Noite. nº 37/Dezembro2015. 22 pg.
6. HERF, Jeffrey. Inimigo Judeu. Trad. Walter Solon. S. Paulo. Editora Edipro. 2014. 392 pg.
7. CARNEIRO, Maria L. Tucci. O Antisemitismo na Era Vargas. S. Paulo. 2001. 540 pg.
8. Site https://www.ngo-monitor.org/, acessado em 27/02/2020, as 12h35.
Nenhum comentário:
Postar um comentário