sexta-feira, 6 de março de 2020

OS PRIMEIROS ANOS DA REFORMA LUTERANA

A partir de 1520, os ensinos reformadores dominaram rapidamente a Alemanha. A maioria dos monges deixou os claustros para pregarem as boas novas do Novo Testamento. Muitos dos sacerdotes das paróquias tornaram-se luteranos, e em muitíssimos casos seus paroquianos os seguiram. Um bom número de bispos tomou-se favorá¬vel às novas doutrinas. Quando não se encontravam clérigos para pregar, os leigos o faziam. Os livros de Lutero tiveram enorme divulga¬ção e influência. Muitos humanistas empregaram sua cultura para defender esta nova e melhor forma de Cristianismo. Os ensinos reformados foram amplamente divulgados entre o povo por meio de um grande número de tratados. O povo das cidades livres, onde o trabalho tinha sido previamente preparado pelos “Irmãos” que haviam pregado a religião evangélica, disseminado a Bíblia e divulgado os ensinos de João Huss, deu especial e entusiástica recepção ao evangelho bíblico do reformador.

O movimento luterano espalhou-se como um forte reavivamento espiritual. De fato, esse movimento (como a Reforma Protestante em toda parte) foi, fundamentalmente, um reavivamento religioso. Lutero tinha em si próprio um tremendo poder de vida religiosa, e, por meio dos seus ensinamentos, que eram, contudo, tão antigos quanto o Cristianismo, produziu no seu povo uma nova vida religiosa.

Por sua grande doutrina bíblica do sacerdócio de todos os cristãos, Lutero libertou os homens do temor e, libertos do medo, foram igualmente libertos do poder da Igreja medieval e conduzidos a uma religião mais sincera e profunda. Cada indivíduo, ensinava ele, podia gozar de comunhão com Deus, pela fé, sem a intervenção do sacerdó¬cio da igreja. O homem podia confessar seus pecados a Deus e dele receber o perdão. Para sua salvação, o homem não necessitava dos ritos dos sacerdotes e, portanto, não lhes devia obediência nem temor. Cada um podia andar corretamente com o seu Deus, podia ser justificado por meio da fé sem se submeter às exigências da Igreja papal. Cada homem podia entender as Escrituras pela iluminação da fé, e por elas conhecer a vontade de Deus independentemente dos ensinos dessa Igreja. Os alemães se congregaram em tomo dessa religião cristã de portas abertas, de consciência aberta e de Escrituras abertas.

Enquanto assim avançava o luteranismo, o Papa não dormia. Os legados papais lutavam por organizar uma aliança dos príncipes que ainda estavam com a velha religião e isso no propósito de esmagar a Reforma. A guerra dos camponeses em 1525 auxiliou, inesperadamente, esses propósitos. Essa guerra foi o desfecho dos longos anos de descontentamento e revolta de que já falamos. Verificaram-se levantes em muitas localidades, e quase toda a Alemanha estava em confusão e desordem. Os pobres camponeses foram esmagados com mão de ferro, mas sua revolta surtiu bom efeito quanto à situação religiosa. O espírito da Reforma era bem forte entre os camponeses. Por isso alguns dos príncipes concluíram que as novas ideias religiosas traziam em seu bojo a revolução, e resolveram opor-se a essas ideias. Foi assim que aconteceu a divisão dos governantes da Alemanha em dois campos antagônicos.

O partido da Reforma incluía muita gente além dos luteranos. Um outro movimento de revolta contra a Igreja surgiu na Suíça alemã, sob a liderança de Zuínglio. Esse movimento espalhara-se pelo sul da Alemanha de modo que alguns príncipes das cidades livres estavam mais sob a influência de Zuínglio do que sob a de Lutero.

Na Dieta de 1526, dominaram os luteranos e os zuinglianos, e asseguraram uma decisão, pela qual cada governo podia decidir qual a religião dos seus domínios. Imediatamente alguns príncipes começaram a reorganizar as igrejas em seus territórios, com o culto e pregação segundo o ensino da Reforma. O imperador não se opôs a isso porque ele estava, então, em guerra contra o papa e contra Francisco I. De sorte que, enquanto os inimigos da Reforma brigavam, esta ganhava terreno.

Mas na Dieta de 1529, em Spira, os católicos romanos, como chamaremos daqui por diante, eram mais poderosos, em virtude das disputas políticas que enfraqueceram os luteranos. A decisão dessa Dieta impedia qualquer propaganda da Reforma nos seus dois ramos: o luterano e o zuingliano. Contra isso, os membros da Dieta, que eram do partido da Reforma, organizaram um protesto formal, razão porque, daí por diante, os seguidores do Cristianismo reformado são geralmente chamados de “Protestantes”.

Extraído do livro: “História da Igreja Cristã” do autor “Robert Hastings Nichols”.

Por Nivaldo Gomes.

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