Blandina: dedicada escrava que foi uma fiel serva de Deus
Se um cristão moderno desejasse realmente saber o que os seus antepassados sofreram pela fé durante os três séculos de perseguição, não o poderiam satisfazer com uma visita às catacumbas, como temos nos empenhado em fazer, a fim de conhecer a espécie de vida que eles foram compelidos a viver. Aconselhá- lo-íamos, contudo, a ler aqueles registros imperecíveis, Acts of The martyrs ( Ata dos mártires), que lhe mostrariam como eles foram mortos. Não conhecemos, depois da inspirada palavra de Deus, um escrito tão comovente, tão terno, tão consolador, e que ministre tanta força à fé e à esperança.
Wiseman, citado por O' Reilly, A.J. Os mártires do Coliseu, p.9.
A atitude dos nossos irmãos antepassados diante dos suplícios era serena, e suas respostas no tribunal era a mesma:"Eu sou cristão". Para eles, ser cristão dizia tudo: seu nome , sua cidadania, seu parentesco, sua vocação. O cristão é cidadão dos céus, filho de Deus, sua família é a família da fé e tem como principal vocação servir ao Reino.
Os mártires consideravam o dia da sua passagem à mansão eterna como o dia do seu nascimento: " só à luz da esperança se compreende de maneira completa a alegria com que os mártires se dirigem aos tormentos que lhe dariam a morte"
Durante muitos anos, o Império Romano moveu perseguição contra os cristãos. Os diversos tipos de castigos e crueldade dos algozes causaram a morte de muitos inocentes.
Contudo, Tertuliano afirmou que o sangue dos mártires era a semente dos cristãos e realmente quanto maior era a perseguição, mais crescia o Cristianismo.
• A perseguição sob o governo de Marco Aurélio
Marco Aurélio era estoico e foi um espírito culto que se diferenciou dos seus antecessores. Casou com a filha de Antônio Pio e o sucedeu como Imperador. Gostava do estudo e da escrita, sua obra Meditações tornou-se importante em sua época.
Mesmo sendo um imperador diferente dos outros, foi igual ou pior em relação a perseguição. Ele louvava o uso da razão, mas era superticioso, cada passo era direcionado por seus advinhos, e os sacerdotes ofereciam sacrifícios por seus bons êxitos. Seu governo foi repleto de calamidades: inundações, epidemias, invasões - e tudo isso foi considerado culpa dos cristãos.
Seguem-se alguns relatos de mártires contemporâneos ao governo de Marco Aurélio, que deram belos testemunhos de sua fé, quando foram presos e executados. As mulheres arrumavam-se para enfrentar a morte e criam que aquele dia seria o mais feliz de suas vidas, pois não seria o final, mas sim o início da vida eterna. Essas cristãs foram portadoras de uma grande fé em um Salvador que ressuscitou e está à direita de Deus nos céus, recepcionando os seus e dando paz e alegria na hora da morte.
Blandina - cheia da força de Deus, respondeu : - Sou cristã, e entre nós não se prática mal algum. Os verdugos chegaram a revezar-se para arrancar-lhe qualquer confissão, mas foi tudo em vão. E os cristãos admirados com tão grande força da alma de uma menina e com tanta grandeza moral numa simples serva, reconheceram nela a porta- voz do próprio mestre Jesus" para quem é de grande honra aquilo que os homens tem como desprezível e que leva mais em conta o poder do amor do que as vãs aparências"
Por ocasião de uma festa que coincidiu com uma feira popular, quando se formou um grande ajuntamento, a população excitada pela expectativa dos jogos deteve alguns cristãos, maltratou -os e denunciou- os as autoridades que, cedendo a pressão da multidão, iniciaram o processo. Então foram presos alguns notáveis cristãos, acusados de crimes imaginários, e seus servos foram presos e torturados para que confirmassem a acusação de canibalismo. Mesmo parecendo algo ridículo, não é difícil entender a razão dos boatos. Os cristãos não revelavam os detalhes da celebração da Santa Ceia do Senhor aos não batizados. Mas seus servos ou vizinhos podiam ouvir algo sobre comer a carne de Cristo e beber seu sangue. E o fato de ter que dar informações sob tortura, não seria difícil transmitir informações equivocadas.
Houve uma época de violenta perseguição, segundo Irineu, quando seus criados foram presos e torturados para que revelassem algum segredo se suas práticas.
Esses escravos não tinham nada a dizer que agradasse os seus algozes, exceto o que tinham ouvido dos seus mestres que a comunhão divina era o corpo e sangue de Cristo, e imaginando que eram, ao pé da letra, o corpo e sangue, deram essa informação aos seus inquisidores.
Diante disso, a fúria do governador e da multidão, recaíram sobre o diácono Santos de Viena; Maturo, recém- batizado,; sobre Atalo de Pérgamo e sobre Blandina, uma jovem escrava, os quais forçaram a confessar os supostos crimes cristãos. a senhora de Blandina, também aprisionada, temia por ela, considerando -a fraca de corpo e de espírito. Mas, pelo contrário, ela se mostrou muito forte e quando foi interrogada, confirmou que era cristã e que não sabia de nenhum ato errado praticados por seus irmãos na fé.
Sem obter nenhuma informação da própria Blandina, conduziram às feras.
Blandina foi pendurada num madeiro e ficou exposta às feras, que se lançavam sobre ela. A visão dela animava os outros mártires que enxergavam, por seu intermédio, aquele que por eles havia sido crucificado. Como as feras não a tocaram, ela foi retirada e levada ao cárcere, sendo guardada para um outro combate.
Marco Aurélio dispora em seu edito que os que renegassem a fé cristã seria absorvido. Aos cidadãos romanos que não renegavam a fé mandavam decapitar, os demais foram mandados as feras.
No último dia de luta dos gladiadores, levaram novamente Blandina juntamente com Pôntico, um rapaz de 15 anos. Obrigados a jurar pelos ídolos, permaneceram firmes na fé e até menosprezaram. Foram então entregues a todo tipo de torturas, para renegarem a fé , mas não o fizeram. A jovem confortava o rapaz que, depois de sofrer muitos tormentos, foi o primeiro a morrer.
Como se fosse convidada a um banquete de bodas e não lançada as feras, Blandina resistia mesmo depois de açoites,feras e chamas; por último, foi atacada por um touro que a lançou para o alto e assim ela morreu.
Livro: Vozes Femininas no Início do Cristianismo / Rute Salviano Almeida.
Via Fabiana Ribeiro.
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