terça-feira, 19 de maio de 2020

A História do Avivamento Azusa (1 parte)

Por:  Frank Bartleman 
                                                                                                                                                                                                  O COMEÇO DO AVIVAMENTO A MINHA CHAMADA 
                                                                                                                                                                                              O autor das páginas que se seguem chegou à Los Angeles, na Califórnia, com sua esposa e duas filhas, a mais velha de três anos e meio, no dia 22 de dezembro de 1904. Nossa filha mais velha, Ester, começou a ter convulsões e foi ficar com o Senhor Jesus, às 4 horas da manhã, do dia 7 de janeiro. Nossa pequena "Rainha Ester" perecia ter nascido para "tal tempo como este" (Ester 4:14). Ao lado daquele pequeno caixão, com meu coração sangrando, dediquei minha vida novamente à obra de Deus. Na presença da morte, como se tornam reais os assuntos eternos! Eu prometi que o resto da minha vida seria dedicado exclusivamente à Ele. E Ele fez uma nova aliança comigo. Supliquei-lhe, então, que logo me abrisse uma nova porta de serviço, para que eu não tivesse tempo de sofrer com o que acontecera.
    Apenas uma semana depois da partida de Ester, comecei a pregar duas vezes por dia na pequena Missão Peniel, em Pasadena (Califórnia). Muitas pessoas foram salvas durante o encontro que durou um mês, mas a maior vitória foi a descoberta de um grupo de jovens que assistiam ao encontro. Alguns foram chamados pelo Senhor para futuros trabalhos. 
       No dia 8 de abril ouvi pregar F. B. Mayer, de Londres. Ele descreveu o grande avivamento que se desenrolava no País de Gales, onde acabara de estar e conhecera Evan Roberts. Minha alma se comoveu profundamente, pois pouco antes eu também havia lido a respeito desse avivamento. Prometi ali mesmo a Deus dar-lhe direito total sobre a minha vida, se fosse possível me usar. Distribuí folhetos no prédio do correio, em bancos e edifícios públicos em Los Angeles e visitei muitos bares. Depois visitei mais de trinta bares em Los Angeles. Os prostíbulos estavam abertos naquele tempo e distribuí muitos folhetos ali também. 
A morte da pequena Ester havia quebrado meu coração e eu sentia que só poderia viver enquanto servisse ao Senhor. Ansiava conhecê-lo de uma forma mais real e ver a obra de Deus avançar com poder. Um grande peso e desejo surgiram no meu coração para que houvesse grande avivamento. Ele estava me preparando para um novo serviço Seu. Este, porém, só poderia acontecer quando houvesse em meu coração um anseio mais profundo por Deus e uma verdadeira dor de parto na minha alma pela Sua obra. Isto Ele me deu. Muitos estavam sendo preparados de forma semelhante nesta época em diferentes lugares do mundo. Deus estava prestes a visitar e libertar seu povo mais uma vez. Eram precisos intercessores. 
         "Maravilhou-se de que não houvesse um intercessor" (Isaías 59:16). "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei." 
                                                                                                                                                                     (Ezequiel 22:30) 
                                                                                                                                                                                                 Por volta de primeiro de maio, um poderoso avivamento irrompeu no templo da igreja Metodista da Avenida Lake, em Pasadena. Quase todos os jovens que haviam sido tocados por Deus nas reuniões da Missão Peniel frequentavam esta igreja e estavam orando por um avivamento ali. Aliás estávamos orando por um avivamento que varresse toda a cidade de Pasadena. Deus estava respondendo nossas orações. 
Vi maravilhas feitas pelo Espírito Santo na Avenida Lake. O altar estava repleto de pessoas buscando a Deus, apesar de não haver ali nenhum grande pregador. Em uma única noite quase todos os presentes que não estavam salvos tiveram um encontro pessoal com Jesus Cristo. Foi uma vitória total para Deus. Havia uma poderosa convicção de pecados sobre todo o povo. Em duas semanas duzentas pessoas ajoelharam-se no altar, buscando ao Senhor. Os rapazes de Peniel estavam por trás de tudo, sendo grandemente usados por Deus.     Começamos então a orar por um derramamento do Espírito Santo em Los Angeles e todo o sul da Califórnia. Naquela época escrevi em meu diário: "Algumas igrejas vão se surpreender quando Deus as deixar para trás e usar outros canais que se renderam totalmente à Ele. 
É preciso humilhar-nos para que Ele venha. Estamos rogando 'Pasadena para Deus!' 
Na sua grande maioria, os cristãos estão muito satisfeitos consigo mesmos, e têm pouca fé e pouco interesse pela salvação dos outros. Deus os humilhará deixando-os de lado. O Espírito está orando através de nós por um grande derramamento do Espírito em toda parte. Grandes coisas vão acontecer. Estamos pedindo coisas tremendas para que o nosso gozo seja completo. Deus está se movendo. Estamos orando pelas igrejas e seus pastores. O Senhor visitará aqueles que quiserem se render totalmente à Ele." 
O mesmo é verdade ainda hoje. É preciso que sejamos humildes aos nossos próprios olhos, pois, o fracasso ou o sucesso, em última análise, dependerá disto. Caso nos consideremos importantes, já estamos derrotados. A história sempre se repete neste particular. Deus sempre procurou um povo humilde. Ele não pode usar outro tipo de pessoa. Martinho Lutero, o grande reformador, escreveu: "Quando o Senhor Jesus diz 'ARREPENDA-SE', Ele quer dizer que toda a vida do crente na terra deve ser um constante e permanente arrependimento. Arrependimento e dor, isto é, verdadeiro arrependimento, são constantes enquanto o homem não está satisfeito consigo mesmo - ou seja, até que vá para a eternidade. O desejo de se auto justificar é a causa de todo o sofrimento do coração". Nosso coração sempre precisa de muita preparação, em humildade e separação, antes que Deus possa vir de forma persistente. "A profundidade de qualquer avivamento será determinada precisamente pela profundidade do espírito de arrependimento que o produziu." 
Aliás, esta é a chave de todo verdadeiro avivamento nascido de Deus. 
No dia 12 de maio, Deus me disse que de uma vez por todas eu deixasse meu emprego secular e me dedicasse exclusivamente à Ele. O Senhor queria que eu confiasse a mim e a minha família exclusivamente à Ele. Eu acabara de receber o pequeno livro intitulado: "O grande avivamento em Gales", escrito por S. B. Shaw e o estava lendo durante um pequeno passeio, antes do café da manhã. Há anos que o Senhor insistia comigo para tomar esta decisão. Agora fizemos um novo pacto, segundo o qual o resto de minha vida, em sua totalidade, lhe pertenceria. E, desde então, jamais ousei quebrar este pacto. Minha esposa me aguardava com meu café, mas eu perdera a vontade de alimentar-me. O Espírito Santo através daquele pequeno livro incendiara meu coração. Visitei e orei com três pregadores e outros numerosos obreiros antes de voltar para casa, ao meio-dia. Eu recebera um novo comissionamento e unção. E ansiava profundamente por um avivamento espiritual.
 Depois disto passei muitos dias visitando e orando com outros irmãos e distribuí o folheto da G. Campbell Morgan "O Avivamento em Gales", que tocava as pessoas profundamente. Cada vez sentia mais necessidade de orar e resolvi ser fiel à visão celestial que tivera. A "questão do pão de cada dia" há muitos anos me preocupava, mas agora orei a Deus para poder confiar nEle totalmente: "Nem só de pão viverá o homem!" (Mateus 4:4) 
Deus me abençoou além disso, com o poder de exortar as igrejas quanto ao avivamento e também com artigos que escrevi para a Editora Holiness sobre o mesmo tema. Uma noite acordei gritando louvores a Deus. O Senhor cada vez mais se apossava de mim. Agora de dia, e mesmo durante a noite, eu os exortava para terem fé em Deus por coisas grandiosas. O peso pelo avivamento me consumia. O dom de profecia também veio sobre mim com poder. Parecia haver recebido um especial "dom de fé" em favor do avivamento. Era óbvio que estávamos no início de dias maravilhosos e eu profetizava continuamente sobre o grande derramamento que haveria de acontecer.
 Eu tinha um ministério muito real junto com a imprensa religiosa e comecei a freqüentar reuniões de oração em diversas igrejas a fim de exortá-las. O pequeno folheto de G. Campbell Morgan inflamava a todas as igrejas maravilhosamente.
  Também visitei muitos irmãos e comecei a vender nas igrejas o livro de S. B. Shaw: "O Grande Avivamento em Gales" Deus utilizou-o grandemente para incentivar a fé pelo avivamento. Meu trabalho de distribuir folhetos continuou em bares e em casas de negócios.
  Em maio de 1905, escrevi num artigo: "Minha alma fica incendiada quando leio sobre o trabalho glorioso da graça do Senhor no País de Gales. Os "sete mil" que juntamente com os "que foram poupados" (Ezequiel 9), e estão "suspirando e gemendo" por causa das abominações e desolações que há na terra, e pela decadência da verdadeira piedade no corpo de Cristo, podem se regozijar numa hora como esta, em que se vê a perspectiva de Deus mais uma vez se mover na terra. O nosso lema neste momento deve ser 'Califórnia para Cristo!' Deus está buscando obreiros, canais, vermes do pó. Lembre-se, Ele precisa desses simples vermes. Havia tanto peso na vida de Jesus que FLUIA ORAÇÃO de todos Seus poros. 
Isto é alto demais para a maioria das pessoas. Contudo, não seria esta a 'última chamada' do Senhor?" 

 NA IGREJA DO IRMÃO SMALE 

No dia 17 de junho, fui a Los Angeles para assistir a uma reunião da Primeira Igreja Batista. Eles, também, esperavam em Deus por um derramamento do Espírito ali. Seu pastor, Joseph Smale, acabara de voltar do País de Gales onde estivera em contato com o avivamento e com Evan Roberts, e estava na sua própria igreja em Los Angeles. Esse encontro parecia estar em perfeito acordo com a minha visão, tarefa e desejo, e passei duas horas na igreja orando, antes da reunião da noite. As reuniões estavam sendo realizadas ali dia e noite, diariamente, e Deus estava presente. 
Uma tarde comecei a reunião em Los Angeles, enquanto esperava que Smale aparecesse. Eu os exortei a não esperar pelos homens, mas a esperar em Deus. 
Eles estavam esperando em alguma grande figura humana; era o mesmo espírito de idolatria que havia sido uma praga para igreja e que impedira a ação de Deus através dos séculos. Como os filhos de Israel, o povo precisava ter "um outro Deus diante do Senhor." (Em algumas igrejas oficiais na Europa, o pastor é muitas vezes conhecido como "o pequeno deus!") Começamos o culto da noite nos degraus do templo, do lado de fora, enquanto esperávamos que o Zelador chagasse com a chave. Tivemos um período de oração em favor da comunidade vizinha. A reunião foi uma marcha progressiva de vitória.
  Depois fui para o Parque Lamanda, e após a pregação passei a noite na casa paroquial orando e dormindo alternadamente. Eu queria uma revelação maior de Jesus PARA MIM MESMO. Como a lua cheia que fica mais e mais nítida e mais próxima à medida que a contemplamos incessantemente, assim também Jesus fica mais real às nossas almas à medida que o contemplamos. Precisamos de um relacionamento mais íntimo, vivo, e pessoal com Deus, e de conhecimento e comunhão maior com Ele. Só o homem que vive em comunhão com a realidade divina está habilitado a levar as pessoas à Deus.
  Fui à igreja de Smale outra vez e novamente encontrei as pessoas sem ânimo, esperando o pregador aparecer. Muitas pareciam nem ter idéia definida a respeito do que esperavam que acontecesse! Comecei a orar em voz alta e a reunião se iniciou com poder. Estava já com força total quando o irmão Smale chegou. Deus queria que as pessoas olhassem apenas para Ele e não para algum homem. Aqueles que não colocavam a glória do Senhor em primeiro lugar, naturalmente se ressentiam disto. Contudo este é o plano de Deus. 
Verifiquei que a maioria dos cristãos não queriam aumentar sua carga de oração. Era difícil demais para a carne! Eu carregava agora uma carga cada vez mais volumosa, noite e dia. O ministério era intenso. Era a "comunhão dos seus sofrimentos" (Filipenses 3:10), a angústia de alma "com gemidos inexprimíveis" (Romanos 8:26, 27). Muitos crentes acham mais fácil criticar do que orar... 
Um dia eu estava sobre uma carga tremenda de oração. Fui à casa de oração do irmão Manley, caí no altar e ali aliviei minha alma. Um obreiro entrou correndo e pediu que orasse por ele. Naquela noite fui a uma reunião e encontrei um outro jovem, Edward Boehmer, que havia sido tocado por Deus nas reuniões de Peniel, no outono, e que tinha o mesmo fardo de oração sobre si. Ele estava destinado a ser meu companheiro de oração no futuro. Fomos unidos no Espírito daquele dia em diante de forma maravilhosa. Oramos juntos na pequena Missão Peniel até às duas horas da manhã. Deus encontrou-Se conosco e nos fortaleceu maravilhosamente enquanto lutávamos com Ele por um derramamento do Espírito sobre o povo. Minha vida então estava totalmente consumida pela oração contínua. Estava orando dia e noite! Escrevi mais artigos para a imprensa religiosa, exortando os santos a orar. Novamente fui a igreja de Smale em Los Angeles. Encontrei as pessoas esperando o pregador outra vez. Esta situação me oprimia muito e tentei mostrar-lhes que só deviam esperar pelo Senhor. Algumas se ressentiram, pois eram muito tradicionais, mas outras aceitaram. Afinal, estávamos orando por um avivamento como houvera no País de Gales, onde um dos pontos principais era que somente esperavam em Deus. As reuniões continuavam lá com ou sem pregador. Eles vinham se encontrar com Deus. E o Senhor vinha para estar com eles. 
Eu havia escrito uma carta a Evan Roberts, pedindo que em Gales orassem por nós na Califórnia. Recebi resposta de que eles estavam orando, o que nos ligava, então, ao avivamento de lá. A carta dizia: "Meu querido irmão na fé, muito agradecido por sua carta gentil. Fiquei impressionado com sua sinceridade e honestidade de propósitos. Reúna o povo que está disposto a fazer uma entrega total. Ore e espere. Creia nas promessas de Deus. Faça reuniões diárias. Deus o abençoe, é a minha oração." Sentimo-nos muito encorajados ao saber que estavam orando por nós em Gales. 
Escrevi mais artigos e o que se segue são extratos deles: "Um trabalho maravilhoso do Espírito irrompeu em Los Angeles, Califórnia, precedido de um profundo trabalho preparatório de oração e expectativa. A convicção está se espalhando entre o povo, e as pessoas estão afluindo de todas as partes da cidade para as reuniões da igreja do Pr. Smale. Estas reuniões realizaram-se por si mesmas. Pessoas estão sendo salvas por todo o auditório, enquanto a reunião continua sem ser guiada por mãos humanas. A maré está subindo rapidamente e nós estamos antecipando coisas maravilhosas. A intercessão em angústia de alma está se tornando em importante aspecto do trabalho, e estamos sendo transportados para além das barreiras denominacionais. O temor do Senhor está vindo sobre o povo, um verdadeiro espírito de quebrantamento. A reunião que começou domingo à noite durou até a madrugada do dia seguinte. O pastor Smale profetizou coisas maravilhosas que irão acontecer. Ele profetizou que os dons apostólicos logo voltarão à igreja. Los Angeles é uma verdadeira Jerusalém. Justamente o lugar certo para uma grande obra de Deus começar. É exatamente este tipo de demonstração de poder divino que eu tenho esperado há algum tempo. Tenho sentido que a qualquer momento ela surgirá. Sinto, também, que virá onde menos se espera para que Deus receba toda a glória. Ore por um Pentecostes!"

Via Ruanna Pereira (continua)

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