domingo, 31 de maio de 2020

Conselhos aos jovens Cristãos

Por Ana Cláudia Alves, D.ra

Alguém me pediu para escrever sobre como manter a fé firme na universidade. Uma das coisas mais importantes que um jovem crente precisa conhecer ao ingressar na faculdade é a Bíblia. Não conhecer vídeos de treteiros e youtubers famosos. Conhecer o texto bíblico.

Algo espantoso que vivi ao longo da minha formação acadêmica foi a crítica ignorante à fé cristã. Sim! Até mesmo por parte de alguns professores, brilhantes em seu campo de atuação mas não em suas críticas ao Cristianismo. Em muitos momentos você vai se deparar com pessoas que nunca leram o Novo Testamento  ou que confundem a fruta do Éden com o conhecimento da sexualidade humana. Alguns deles afastaram-se de uma fé que professaram no início de suas vidas. Eles conheceram uma fé sem fundamento e superficial e você só vai identificar se for um bom leitor da palavra de Deus.

Professor fazendo citação fora de contexto interpretativo nunca faltou... pois mesmo quem vê tudo como sendo construído na linguagem ou vê o mundo baseado numa interpretação histórico- crítica ou que lê a realidade  da forma mais Bakhtiniana possível vai entender que há  um limite Interpretativo imposto pela materialidade do signo. Ninguém pode criar sua própria semântica... a não ser que queira dialogar consigo mesmo numa espécie de fala esquizofrênica.

Conhecer a Bíblia ajudará você a selecionar certas coisas e ao ouvir logo saber que residem em preconceito vestido de saber. Muitas vezes, a crítica  sequer encontra respaldo no texto, por mais generoso que você seja com sentidos e significados.

Um segundo conselho é que, ao defender sua fé, aprenda a usar uma linguagem rigorosa. Já vi jovem crente calar plateias com verdades simples do evangelho e já vi gente problematizadora que usa jargões da moda para parecer profundo perecer numa discussão por usar armas que não tem domínio.
Esses dias, estava a conversar com um jovenzinho que está ainda caminhando em direção à adolescência. Ele perguntou-me como evolucionistas afirmavam a grande explosão como origem de tudo. De cara, expliquei que nem toda teoria ateísta está dentro do evolucionismo. O modelo do Big Bang é sobre a origem do universo e a teoria da evolução é sobre a origem da vida. Então expliquei-lhe numa linguagem cuidadosamente infantil  que são teorias diferentes mas naturalistas. Como  é muito novo explique-lhe que o que muitos vão chamar de naturalistas é o que ele estava chamando evolucionismo. Expliquei que naturalistas são pessoas que partem da premissa que tudo tem origem natural e não há um design ou criação sobrenatural. Pessoas que creem que a origem de tudo está fora e é superior são sobrenaturalistas, poderíamos chamar assim, disse-lhe. Falei-lhe que há, por exemplo , quem acredite no sobrenaturalismo e creia que depois de um início sobrenatural houve macroevolução ( obviamente não falei nesse linguajar). Não posso ser leviana.

Pode parecer preciosismo, mas é importante que usemos uma linguagem correta ou pelo menos na direção do que queremos argumentar. Vejo muitos jovens que entram na  universidade e começam a usar jargões e termos que sequer conhecem. Acham bonito, reproduzem num discurso sem qualquer propriedade.  Eu tive uma orientadora que sublinhava toda palavra que representava um conceito complexo em nosso texto e pedia para explicarmos. Se desconfiasse que era apenas para dar ar de erudição, ela riscava e mandava reescrever com conceitos e palavras que dominávamos. Assim perdi ( ganhei) um capítulo inteiro sobre BÜler na minha tese de doutorado. Sim, 20 páginas foram ao lixo!

Eu creio mais num Cristão simples que divide seu testemunho e não entra em algumas discussões que ainda não domina, mas testemunha de Cristo dentro de um escopo de realidade (pode ser até mesmo dividindo seu testemunho de fé) , do que um Cristão raso que só repete jargão e palavras que achou bonitas.
Se eu puder lhe dar um conselho,  vá as fontes primarias dos seus professores e converse com Cristãos na sua área que possam lhe fornecer contra-argumentos. Isso pode ser feito em leituras. Fuja dos fariseus e mestres vaidosos que dão  carteirada com doutorados e mestrados. Eles não querem ensinar, apenas ter hordas de admiradores.
Além de ler a Bíblia não deixe de se manter em oração sempre e fazer sua profissão pública de fé sem medo e vergonha. Ore antes das aulas e o Espírito Santo trará a luz a palavra aprendida. Não seja pedante e aprenda também com gente simples. Não se afaste do mundo real, do cheiro de gente.
Terceiro, analise as evidências ou matrizes conceituais do que lhe é dito, em vez de dar credibilidade de primeira. Ao longo dos meus anos docentes, sempre me preocupei em dar  aos meus alunos material extra que lhes permitisse ir á mãe das ideias que apresentávamos nas disciplinas. Saíram excelentes discussões e ganhei colegas e amigos assim. Em que se baseiam as ideias a que estás sendo apresentado?
Esses dias tive uma conversa sobre a importância de compreender as evidências ou premissas de uma conclusão com o mesmo garoto que citei. Minutos depois ele estava perguntando o que fez os cientistas da teoria sobre a origem da lua chegarem a tal conclusão?
Então ele resolveu ir atrás de alguém que fornecesse mais elementos do que o livro... foi atrás de alguém do nosso convívio que estuda teorias sobre a origem do universo.
Infelizmente raros são os livros de instrução escolar que oferecem fontes primárias, então muitos jovens entram na universidade achando que o que um professor diz é lei. O que está no livro é lei, também. Não aprenderam a analisar argumentos com calma.
Um dia eu fui interpelada por uma aluna numa aula na universidade . Ela trouxe uma crítica sobre as bem-aventuranças. Não era conteúdo da aula, estávamos falando de Kurt Lewis. Pra ela, “aquele discurso” de Cristo era um convite à opressão do mais pobre. Ouvi com atenção e carinho no fim fiz algumas perguntas sobre o contexto do texto, li pra ela Tiago e disse-lhe que eu nem estava ali a evangeliza-la, apenas estava ajudando-a a não construir críticas rasas. Ela, ao fim, confessou-me que suas críticas ao Cristianismo vinham de um vídeo de YouTube de determinado grupo ideológico. Não conhecia o texto que criticava.
Lembre-se: conheça a Bíblia ( leia) , não use jargões e palavras da moda que não conhece e busque fazer perguntas que lhe ajudem a entender as bases de uma conclusão.
Seja fiel testemunha do Senhor! Não cole dos colegas, não pague pra fazerem seus trabalhos, não seja desleal. Não troque seu tesouro por projeção barata.

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