segunda-feira, 18 de maio de 2020

O ARGUMENTO CONTEMPORÂNEO A FAVOR DO DESIGN INTELIGENTE: UMA VISÃO GERAL

Capítulo cinco do livro: Passionate Conviction: Contemporary Discourses on Christian Apologetics, editado por Paul Copan e William Lane Craig

Obs.: “Traduzindo trechos e buscando editoras interessadas na publicação”

Jay W. Richards

Por mais de cinquenta anos, o filósofo britânico Antony Flew foi o ateu público mais sério intelectualmente do mundo de língua inglesa. Sua primeira polêmica foi contra o apologista Cristão C. S. Lewis em Oxford em 1950 e depois ele continuou a buscar defesas acadêmicas do ateísmo por mais de cinco décadas. Seu argumento básico era sempre o mesmo: simplesmente não havia evidência suficiente para acreditar em Deus. Então, aos oitenta e um anos, ele mudou de ideia.

Então, o que fez com que o Antony Flew mudasse de ideia? Não foi uma conversão religiosa. Em uma entrevista em 2004 ao filósofo Gary Habermas, Flew atribui sua nova visão não a nenhum texto religioso, mas a evidências científicas, em particular, evidências de design inteligente: “Eu acho que o argumento a favor do Design Inteligente é muito mais forte do que era quando o conheci pela primeira vez.”[1] Em uma entrevista à Associated Press (9 de dezembro de 2004), Flew disse que suas ideias "têm alguma semelhança com os teóricos americanos do "design inteligente".*

A mudança de ideia de Flew pode ser o resultado mais visível até agora do trabalho do movimento do design inteligente (DI). É também um microcosmo do estado de mudança do debate sobre o argumento do design contemporâneo. Na balança está o status da cosmovisão materialista que domina os postos de comando da cultura há mais de um século. Esta é uma boa notícia para qualquer pessoa interessada em apologética Cristã.

O Legado Materialista

A ciência deixou o século XIX com uma visão simples do universo. Muito simples, como se vê. A interpretação materialista oficial das ciências naturais era mais ou menos assim: (1) O universo sempre existiu e, portanto, não precisamos abordar a questão de sua origem. (2) Tudo no universo, seja grande ou pequeno, submete-se a algumas bem entendidas, leis determinísticas. (3) A vida apareceu inicialmente como resultado da sorte e da química. (4) As células, por sua vez, são basicamente pequenas gotas de gelatina. (5) Praticamente todas essas adaptações complicadas de organismos resultam de um processo extremamente simples chamado seleção natural: esse processo quase milagrosamente criativo apenas apreende e repassa essas pequenas variações aleatórias dentro de uma população que fornecem uma vantagem de sobrevivência.

A interpretação positivista da ciência (e do conhecimento em geral) forneceu suporte indispensável a essa imagem do mundo. O positivismo, um programa projetado para eliminar a metafísica da ciência, proibiu os cientistas de apelar para uma agência inteligente ao tentar explicar as características do mundo natural ou o próprio mundo natural. Essa restrição obviamente se aplicava a um agente divino, mas acabou ficando claro que se aplicava a agentes em geral. Tudo, no fundo, era pensado estar redutível às interações impessoais da matéria, seguindo padrões previsíveis, e nada mais importava. De fato, muitos físicos de escalões mais elevados haviam concluído que a física era basicamente uma ciência completa. Havia pouco a fazer, exceto dar uma arrumada aqui e ali.

Mas quase tão logo a cama Procrusteana** ter sido feita, o mundo real começou a reagir. As revelações surpreendentes da esfera quântica sugeriram que o mundo não era tão submisso quanto os materialistas esperavam. O astrônomo Edwin Hubble descobriu que a luz de galáxias distantes era deslocada para vermelho, indicando que o universo está se expandindo. Este e outros detalhes sugeriram que o universo havia passado a existir no passado finito - que ele tem uma idade. Isso contradiz categoricamente a imagem anterior de um cosmos eterno e auto-existente.

Então, nas décadas de 1960 e 1970, os físicos começaram a notar que as constantes universais da física, como as forças da gravidade e o eletromagnetismo, pareciam ser "ajustadas" para a existência de vida complexa. De modo que o astrofísico ateu Fred Hoyle sugeriu que essa era a atividade de um “superinteleto”.[2]

Depois, há o problema persistente da origem da informação biológica, que transcende teimosamente seu meio químico da mesma maneira que as letras e frases de um livro transcendem a química da tinta e do papel. Vemos isso claramente na biologia molecular, onde a presença de informações codificadas ao longo da molécula de DNA parece, de forma suspeita, um código de computador extraordinariamente sofisticado para a produção de proteínas, os blocos tridimensionais de toda a vida. Suba de nível e encontramos máquinas complexas e funcionalmente integradas que parecem inacessíveis ao mecanismo Darwiniano. Além disso, essas estruturas se parecem muito com os sistemas produzidos por agentes inteligentes, que podem prever uma função futura e concretizá-la.

Depois, há a complexidade tridimensional do planejamento do corpo animal, que supera nossa compreensão dos sistemas informacionais presentes nos níveis inferiores. Finalmente, existem os próprios agentes humanos, que são tão inesperados em termos materialistas, que muitos realmente tentam negar sua existência - outro veredito do raciocínio materialista que tem problemas lógicos óbvios.

Adicione a essa evidência os problemas filosóficos do próprio positivismo. Talvez a mais grave tenha sido essa: os positivistas afirmaram que apenas as afirmações que podem ser verificadas pelos sentidos são significativas ou pelo menos científicas. Essa afirmação, no entanto, não pode ser verificada pelos sentidos. Isso significa que, em si e por si mesmo, o positivismo é sem sentido ou pelo menos não científico. Ao mesmo tempo, qualquer critério liberal o suficiente para evitar contradições e acomodar a prática científica real também permitiu a metafísica. Tais problemas acabaram levando ao fim de toda a empreitada positivista. Os próprios positivistas admitiram isso abertamente. Por exemplo, em uma entrevista de rádio da BBC, Brian McGee perguntou a A. J. Ayer, o pai do positivismo lógico, qual era o principal defeito do positivismo. Ayer respondeu que o principal problema era que "quase tudo era falso".[3]

No início do século XXI, observamos um mundo totalmente diferente daquele que a ciência materialista do final do século XIX imaginava. Este é um mundo carregado de design, um cosmos que aponta para além de si mesmo em direção a uma causa transcendente e inteligente. Mas isso não foi divulgado! Pelo contrário, a definição materialista de ciência herdada do século XIX ainda nos impede de considerar essa nova evidência. O problema é tão grave que alguns cientistas estão dispostos a postular uma infinita panóplia de universos não observáveis, apenas para explicar a sintonia fina em nosso universo.

Essa situação estranha levou Phillip Johnson, nos anos 90, a fazer uma pergunta singularmente rica e subversiva: se a definição materialista de ciência e a evidência científica estão em conflito, devemos concordar com a definição ou com a evidência? Fazer essa pergunta, como eles dizem, é respondê-la. Scientia significa "conhecimento". A essência da ciência natural é a busca pelo conhecimento do mundo natural. O conhecimento é um bem intrínseco. Se formos adequadamente científicos, procuraremos estar abertos ao mundo natural e não decidir de antemão o que é permitido revelar.

A definição materialista de ciência não é uma mera brincadeira filosófica. Ela determina o que pode ser discutido, financiado e publicado, pelo menos dentro dos círculos oficiais. Esse poder cultural e institucional faz a ciência materialista parecer uma estrutura inflexível, que se estende invencivelmente às nuvens como o pé de feijão de Jack. Mas se a evidência é como a descrevi, esse monólito certamente deve ter seus pontos fracos. Pois o materialismo tem seus pontos fracos, exatamente onde não se encaixa no mundo natural. Isso sugere que o argumento do design, no início do século XXI, tem um novo conjunto de evidências sobre o qual repousa.

Ampliação do Argumento do Design Inteligente

Alguns dos "sinais de design" mais conhecidos são as moléculas ricas em informação, como o DNA, e as minúsculas máquinas moleculares, como o flagelo bacteriano, que o bioquímico Michael Behe imortalizou em seu livro mais vendido de 1996, o Darwin's Black Box.[4] Behe*** argumentou que o flagelo e muitas outras máquinas moleculares são "irredutivelmente complexas". Elas são como uma ratoeira. Sem todas as partes fundamentais, elas não funcionam. A seleção natural pode construir sistemas apenas em um pequeno passo de cada vez, percorrendo um caminho no qual cada passo fornece uma vantagem de sobrevivência presente. A Seleção Natural não pode selecionar para uma função futura. Somente agentes inteligentes possuem essa previsão.

Mas nem todo o trabalho importante está em ciências naturais em si. Parte do trabalho é conceitual. O materialismo, afinal, é uma filosofia, mesmo que seus promotores contemporâneos tentem confundi-lo com a ciência. Assim, o argumento do design moderno tem partes científicas e filosóficas. Grande parte do trabalho envolve desmantelar a filosofia falida do materialismo.

Durante a maior parte da história ocidental, detectar as atividades de agentes inteligentes tem sido um empreendimento bastante intuitivo. Livros como The Design Inference[5], do filósofo William Dembski, reforçaram drasticamente o argumento do design, trazendo-o para a esfera dos argumentos objetivos e evidências empíricas acessíveis ao público, e para fora da esfera mais sombria da intuição.

Um Novo Argumento do Design

Ainda mais recentemente, evidências crescentes em astronomia revelaram que, mesmo em um universo ajustado em sintonia fina, muitas coisas locais precisam dar certo para construir um único planeta habitável. (E mesmo depois de ter um ambiente adequado para a vida, você não tem vida automaticamente.) Guillermo Gonzalez e eu argumentamos no livro The Privileged Planet[6] que, de forma suspeita, esses requisitos encontrados em um mundo habitável também fornecem as melhores condições gerais para fazer descobertas científicas. Em outras palavras, os locais compatíveis com observadores complexos como nós são os mesmos que fornecem as melhores condições gerais para observação. Você pode esperar isso se o universo for projetado para descobertas, mas não se você for um materialista ativista do materialismo. Deixe-me explicar isso com mais detalhes.

Leia qualquer livro sobre a história das descobertas científicas e encontrará magníficas histórias da engenhosidade humana, persistência e sorte. O que você provavelmente não verá é qualquer discussão sobre as condições necessárias para tais feitos. Uma descoberta requer que uma pessoa faça a descoberta e um conjunto de circunstâncias que a tornam possível. Sem os dois nada é descoberto.

Embora os cientistas nem sempre discutam isso, o grau em que podemos "medir" o universo mais amplo a partir de nosso lar terrestre - e não apenas nosso entorno imediato - é surpreendente. Poucos consideraram como seria a ciência em, digamos, um ambiente planetário diferente. Menos ainda perceberam que a busca dessa pergunta leva sistematicamente a evidências imprevistas a favor do design inteligente.

Pense nas seguintes características de nossa casa terrestre: a transparência da atmosfera da Terra na região visual do espectro, placas crustais em movimento, uma lua grande e nossa localização específica no sistema solar, e a localização do sistema solar dentro da Via Láctea. Sem cada um desses ativos, teríamos dificuldade em aprender sobre o universo. Não é uma especulação inútil perguntar como nossa visão do universo seria prejudicada se, por exemplo, nosso mundo natal estivesse perpetuamente coberto por nuvens espessas. Afinal, nosso sistema solar contém vários exemplos desses mundos. Basta pensar em Vênus, Júpiter, Saturno e Titã, a lua de Saturno. Esses seriam péssimos lugares para se fazer astronomia.

Podemos fazer comparações semelhantes no nível galáctico. Se estivéssemos mais perto do centro de nossa galáxia ou de um de seus maiores braços espirais empoeirados, por exemplo - o pó extra impediria nossa visão do universo distante. De fato, provavelmente teríamos perdido uma das maiores descobertas da história da astronomia: a fraca radiação cósmica eletromagnética de fundo. Essa descoberta foi o ponto central na decisão entre as duas principais teorias cosmológicas do século XX. Subjacente a esse debate, estava uma das perguntas mais fundamentais que podemos fazer sobre o universo: é eterno ou teve um começo?

A teoria do estado estacionário postulava um universo eterno, enquanto a teoria do big bang implicava um começo. Por algumas décadas, não houve evidência direta para decidir entre as duas. Mas a teoria do big bang previa uma radiação remanescente deixada do período anterior da história cósmica, que era mais quente e mais densa. A teoria do estado estacionário não fez tal previsão. Como resultado, quando os cientistas descobriram a radiação cósmica de fundo em 1965, essa foi a derrocada da teoria do estado estacionário. Mas essa descoberta não poderia ter sido feita em outro lugar qualquer. Nosso ponto de vista especial na Via Láctea nos permitiu escolher entre essas duas visões profundamente diferentes das origens.

No livro Privileged Planet, discutimos estes e muitos exemplos comparáveis para mostrar que habitamos em um planeta privilegiado para a observação e descoberta científica. Mas há mais informações na história. A Terra não é apenas um lugar privilegiado para a descoberta; também é um lugar privilegiado para a vida. É a conexão entre vida e descoberta que pensamos que sugere propósito e não sorte.

Mencionei acima que físicos e cosmólogos começaram a perceber décadas atrás que os valores das constantes da física - características do universo que são iguais em toda parte - devem estar próximos dos valores reais para que a vida seja possível. Como resultado, eles começaram a falar sobre o universo ser ajustado para a vida. E alguns começaram a sugerir que o ajuste fino implica em um projetista.

É apenas mais recentemente que os astrobiólogos começaram a aprender que, mesmo em nosso universo com ajuste fino, muitas outras coisas locais devem estar corretas para se obter um ambiente planetário habitável.

Se você fosse um chef cósmico, sua receita para cozinhar um planeta habitável teria muitos ingredientes. Você precisaria de um planeta rochoso grande o suficiente para manter uma atmosfera substancial e oceanos de água e reter o calor interno por bilhões de anos. Você precisaria do tipo certo de atmosfera. Você precisaria de uma lua grande para estabilizar a inclinação da rotação do planeta em seu eixo. Você precisaria que o planeta tivesse uma órbita quase circular em torno de uma estrela de seqüência principal semelhante ao nosso sol. Você precisaria dar a esse planeta o tipo certo de vizinhos planetários dentro de seu sistema estelar. E você precisaria colocar esse sistema longe do centro, arestas e braços espirais de uma galáxia como a via Láctea. Você precisaria cozinhá-lo durante uma janela estreita de tempo na história do universo ... e assim por diante. Esta é uma lista parcial, mas você entendeu a ideia.

Essa evidência está se tornando conhecida entre os cientistas interessados na questão da vida no universo. Pesquisadores envolvidos na busca por inteligência extraterrestre (SETI), por exemplo, estão especialmente interessados em saber o que a vida precisa. Esse conhecimento permitiria determinar suas chances de encontrar outra civilização que se comunicasse. Infelizmente para os pesquisadores do SETI, as chances não são promissoras. Evidências recentes favorecem a chamada hipótese da Terra Rara (nome dado após um livro escrito por Donald Brownlee e Peter Ward em 2000).[7] A teoria postula que planetas que hospedam vida simples podem ser comuns, mas planetas com vida complexa são raros.

Ainda não sabemos se estamos sozinhos no universo. O universo é grande com vastos recursos. A pesquisa em astrobiologia ainda não amadureceu a tal ponto de podermos atribuir probabilidades precisas a todos os fatores necessários para tornar um planeta habitável. Ainda não podemos afirmar com certeza se eles esgotam todos os recursos disponíveis. Talvez o universo seja grande o suficiente para que pelo menos um planeta habitável tenha surgido por acaso - ou talvez não. Enquanto isso, é difícil defender o design inteligente com base apenas na conclusão de que os planetas habitáveis são raros.

Dito isto, achamos que há evidências de design na vizinhança. Pois, como argumentamos em The Privileged Planet, há um padrão suspeito entre as necessidades da vida e as da ciência. As mesmas condições estreitas que tornam um planeta habitável para a vida complexa também o torna o melhor lugar para fazer uma grande variedade de descobertas científicas. Em outras palavras, se compararmos nosso ambiente local com outros ambientes menos hospitaleiros, encontraremos uma coincidência impressionante: os observadores se encontram nos melhores lugares para observar.

Por exemplo, a atmosfera de que a vida complexa precisa, também é uma atmosfera transparente para a "luz" cientificamente útil. A geologia e o sistema planetário de que a vida precisa também são os melhores em geral para permitir que a vida reconstrua eventos do passado. E a região mais habitável da galáxia e o tempo mais habitável da história cósmica também são o melhor lugar e tempo no geral para se fazer astronomia e cosmologia. Se o universo é apenas uma concatenação cega de átomos colidindo com átomos e nada mais, você não esperaria esse padrão. Você esperaria esse padrão, por outro lado, se o universo fosse projetado para descobertas. Por si só, esse argumento é bastante sugestivo. Mas adicione-o à evidência de design de outros campos da ciência e você terá os ingredientes para uma argumento poderoso e contemporâneo a favor do design.

O Argumento do Design e a Apologética

Alguns podem pensar que isso é apenas de interesse acadêmico, uma vez que, na melhor das hipóteses, esse é um argumento a favor do mero design, e não do Cristianismo em si. Alguns Cristãos afirmam que os argumentos do design inteligente "não são tão importantes". Para eles, o exemplo de Antony Flew pode parecer apenas uma exposição de quando Flew diz que acredita em “Deus”, ele não quer dizer que colocou sua confiança no Deus e Pai de Jesus Cristo. Ele está se referindo ao genérico "Deus dos Filósofos" - uma Primeira Causa, postulada com base em evidências e argumentos racionais. Embora ele diga que permanece aberto à possibilidade de uma revelação especial, ele certamente não passou por uma conversão completa ao Cristianismo. Então o crítico pode perguntar: de que serve o argumento do design para a apologética Cristã?

Penso que esta preocupação, apesar de compreensível, está errada. Certamente, nenhum dos argumentos para o design inteligente pode estabelecer que Deus se encarnou em Jesus, morreu para nos salvar dos nossos pecados e ressuscitou dos mortos. Isso ocorre porque não aprendemos essas coisas estudando as ciências naturais. Essas são reivindicações históricas, portanto, as evidências para elas terão que ser extraídas da história. Mas não se segue que os argumentos do design sejam problemáticos. Os argumentos contemporâneos do design inteligente apelam não ao livro das Escrituras ou mesmo a evidências históricas, mas simplesmente ao livro da natureza. Eles apelam para as evidências publicamente disponíveis do mundo natural, especialmente das ciências naturais. A própria Bíblia nos diz que o mundo natural revela algumas coisas sobre Deus (Sl 19: 1-4, Rm 1:20). Isso não significa que a natureza revele tudo.

No entanto, o argumento do design moderno ainda tem um profundo valor apologético, mesmo que seja uma operação para preparar o caminho. O sucesso do argumento do design significaria a derrota para o que certamente é o principal obstáculo à crença Cristã no mundo moderno: o materialismo científico. Imagine como a apologética seria mais fácil se fosse amplamente aceito que a visão de mundo materialista está em descrédito.

Acho que se pode argumentar cumulativamente o teísmo com mais força com base nas evidências de design na biologia, astronomia, física e cosmologia. De fato, foi exatamente esse o caso que convenceu o principal ateu do mundo, Antony Flew, de que existe um Deus. E, para afirmar o óbvio, passar do ateísmo para o teísmo é avançar em direção ao Cristianismo. Para a apologética, isso é um movimento na direção certa. A partir daí, o apologista Cristão pode introduzir outras linhas de argumentação, como uma defesa histórica da ressurreição de Cristo. Certamente, é mais fácil fazer essa defesa se a existência de Deus for estabelecida.

O argumento para o design inteligente não pode estabelecer tudo em que os Cristãos acreditam. Mas é um primeiro passo valioso. Se você está interessado em apologética, deve reconhecer o progresso feito no argumento do design pelo que é: notícias muito boas.

*Nota do tradutor: Flew foi considerado o maior ateu dos últimos cem anos. Depois que abandonou o ateísmo, escreveu um livro cujo título é: Um Ateu Gararante: Deus Existe - As provas incontestáveis de um filósofo que não acreditava em nada, publicado no Brasil pela Editora Ediouro em 2008

**Nota do tradutor: Cama procrusteana - Uma situação ou lugar em que alguém é forçado a entrar, geralmente violentamente. Na mitologia grega, o gigante Procrustes capturava as pessoas e depois esticava ou cortava seus membros para fazê-las caber em sua cama.

***Nota do Tradutor: O Livro do Michael J. Behe foi publicado no Brasil com o título A Caixa Preta de Darwin: O Desafio Da Bioquímica À Teoria Da Evolução, em 1997 pela Editora Zahar e relançado em 2019 pela Editora Mackenzie.

____________________

Fonte:

RICARDS, Jay W. The Contemporary Argument For Design: An Overview in COPAN, Paul; CRAIG, William Lane (General Editors). Passionate Conviction: Contemporary Discourses on Christian Apologetics. Nashville, Tennessee: B&H ACADEMIC, 2007.

Tradução Walson Sales.

____________________

Notas:

[1] “My Pilgrimage from Atheism to Theism: A Discussion between Antony Flew and Gary Habermas,” Philosophia Christi 6/2 (2004): 197—211. Assista essa entrevista em “Atheist Becomes Theist: Exclusive Interview with Former Atheist Antony Flew,” http://www.biola.edu/antony-flew/.

[2] Fred Hoyle, “The Universe: Past and Present Reflections,” Engineering and Science (November 1981): 8-12.

[3] B. McGee, ed., Men of Ideas (London: BBC, 1978), 131.

[4] Michael Behe, Darwin's Black Box (New York: Free Press, 1996).

[5] William Dembski, The Design Inference (Cambridge: Cambridge University Press, 1998).

[6] Guillermo Gonzalez and Jay Richards, The Privileged Planet (Washington, D.C.: Regnery, 2004).

[7] Peter Ward and Donald Brownlee, Rare Earth: Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (New York: Springer, 2000).


Nenhum comentário:

Postar um comentário