Por
Emir Fethi Caner
[Capítulo
treze do livro:Passionate Conviction: Contemporary Discourses on Christian Apologetics,
editado por Paul Copan e William Lane Craig]
Obs.: “Traduzindo
trechos e buscando editoras interessadas na publicação”.
Durante
a estréia da décima temporada do famoso reality show Amazing Race, um programa que coloca casais de origens muito
diferentes um contra o outro em uma corrida que literalmente abrange o globo,
os espectadores assistiram a uma interação entre dois muçulmanos devotos, Bilal
e Sa'eed, e duas líderes de torcida, Kellie e Jamie. Essa interação,
infelizmente, mas com precisão,demonstra a falta de conhecimento que a maioria
dos americanos tem sobre o Islã. Quando Kellie tenta se apresentar a Bilal
oferecendo-lhe um aperto de mão, Bilal recusa cordialmente o gesto,
reconhecendo que ele é muçulmano e que não é apropriado para ele tocá-la.
Alguns momentos depois, Kellie pergunta calmamente a Jamie, sua parceira:
"Os muçulmanos acreditam em Buda?" Jamie responde curiosamente:
"Eu não sei".
A
falta de conhecimento religioso geral por esta geração é indiscutivelmente
incomparável na história Americana. As coisas estão muito diferentes hoje, diferente
de quando Alexis de Tocqueville (1805-1859), cientista social e pensador
político francês do século XIX, documentou suas viagens pela América em seu
clássico Democracy in America. De
fato, pode-se dizer com certeza que, se ele viesse visitar a América hoje, ele
não chegaria a mesma conclusão sobre a religiosidade americana como fez 175
anos atrás: “Os homens têm um enorme interesse em formar para si ideias bem
estabelecidas sobre Deus, suas almas, seus deveres gerais para com o Criador e
seus semelhantes”. De fato, essa geração também deve prestar atenção ao aviso
severo e profético que Tocqueville afirmou alguns parágrafos depois sobre uma
sociedade religiosamente analfabeta:
Quando
a religião é destruída entre um povo, a dúvida toma conta das regiões mais
altas do intelecto e paralisa pela metade todas as outras. Todo mundo se
acostuma a ter apenas noções confusas e instáveis sobre os assuntos que mais
interessam a seus semelhantes e a si mesmos; os homens defendem mal suas
opiniões ou as abandonam, e, como se desesperam ao ter que resolver sozinhos os
maiores problemas que o destino humano apresenta, são reduzidos de maneira
covarde para não pensar neles.[2]
As
últimas duas gerações cresceram analfabetas funcionais na esfera da religião e
refletem em grande parte da conclusão de Tocqueville acima. Com a religião
removida com sucesso da esfera pública, a maioria dos Americanos são ou confusos
sobre a religião ou se escondem de qualquer discussão sobre religião. Hoje, a
maioria está teologicamente confusa e sofre de amnésia histórica.
Os
evangélicos não parecem ter se saído muito melhor em relação ao conhecimento
geral das principais religiões do mundo. Desde o ataque da modernidade nos
Estados Unidos, os evangélicos, em sua maioria, optaram por se envolver em sua
própria subcultura, recusando-se a se envolver na cultura em geral de qualquer
maneira intelectual ou apologética. Temendo que a mente de nossos filhos seja
corrompida por textos e ideias pervertidas, a grande maioria dos evangélicos
criou nada menos que nossos próprios mosteiros virtuais e o índice de livros
proibidos. Não são apenas Darwin, Freud e Marx os excluídos de nossas estantes
de livros; outros textos religiosos, como o Alcorão, o Talmude e os Analectosde
Confúcio são proibidos também.[3] No final, confundimos o engajamento na cultura
por meio do diálogo com o convergir com a cultura por meio de compromissos. Em
uma tentativa de garantir a pureza teológica, em vez disso, isolamos a
persuasão teológica.
Mas
o 11 de setembro mudou o nosso mundo, forçando os Americanos e os Cristãos Americanos
a se envolver e entender o Islã, uma religião que vai do berço ao túmulo e que
não separa nenhum aspecto da vida de suas raízes fundamentais da fé islâmica. Após
os ataques, personalidades da televisão como Dan Rather se tornaram pseudoespecialistas
teológicos sobre o Islã. Instantaneamente, os Americanos procuraram vozes
conhecidas como Oprah Winfrey, sem dúvida a voz mais poderosa da religião pop
nos Estados Unidos. A conversa cultural tornou-se quase ensurdecedora por
alguns meses, mas depois muitos Americanos voltaram à hibernação religiosa, mergulhando
novamente na religião de auto-ajuda que se tornou o Cristianismo americano.[4]
Felizmente,
um segmento do Cristianismo, embora pequeno pela maioria dos padrões, está emergindo
e deseja conhecer o Islã, sua teologia e história. Foi publicada uma infinidade
de livros que ilustram uma paisagem variada de como ver a segunda maior fé do
mundo. Entre os evangélicos tradicionais, ilustrados por livros como o livroAnswering Islamescrito por Norman
Geisler e Abdul Saleeb, a apologética bíblica e a argumentação ocupam o centro
das atenções na discussão. As distinções teológicas são enfatizadas e o Islã é
reconhecido como uma negação ao Cristianismo.[5] No entanto, os
neo-evangélicos, representados pelo menos em parte por J. Dudley Woodberry,
destacam as semelhanças entre as duas religiões, como uma suposta adoração ao
mesmo deus.[6]
Chegamos
assim a uma encruzilhada teológica. Seguiremos a rota do Cristianismo
tradicional, que rejeitou o Islã como uma religião falsa e que enfatiza o papel
da apologética na defesa de nossa fé? Ou devemos seguir o caminho do Cristianismo
progressivo, que tenta afirmar certas verdades dentro do Islã, encontrar um
terreno comum entre as duas religiões e rejeitar todo o resto, e manter uma
apologética suave?[7] A premissa central do autor é clara: não podemos ter um
testemunho autêntico do mundo sem ter uma apologética autêntica do Cristianismo.
Portanto, o uso de uma apologética razoável e das doutrinas bíblicas autênticas
não podem ser sacrificadas no altar do politicamente correto e da
contextualização cultural.
Dois Equívocos Preliminares Sobre o
Cristianismo
Imagine
se sua visão sobre o Cristianismo dependesse dos meios de comunicação
tradicionais, da mídia islâmica ou dos televangelistas. Para muitos muçulmanos,
o retrato do Cristianismo vem de redes de televisão islâmicas como a
Al-Jazeera, programas de televisão americanas como The Gilmore Girls ou Os
Simpsons, e dos pregadores da prosperidade de nossos dias.[8] Além disso, o
Alcorão, o livro mais sagrado do Islã, compreende mal os princípios
fundamentais da fé Cristã, como a Trindade. Assim, os Cristãos devem reconhecer
como são vistos pelos muçulmanos em todo o mundo.
Primeiro,
a maioria dos muçulmanos acredita que todos os americanos são Cristãos. De
fato, a América é vista como uma nação Cristã; e, conseqüentemente, os
problemas da América são atribuídos como culpa dos Cristãos. A liberdade, para
um muçulmano tradicional, resulta em perversão e licenciosidade e, portanto, é
inferior à lei da Sharia, o código de lei islâmica que se baseia no Alcorão e
no Hadith. A base da liberdade é o Cristianismo, que os muçulmanos entendem que
significa que as pessoas podem fazer o que quiserem, desde que recitem as
palavras de salvação.
Segundo,
[para os muçulmanos] todos os Cristãos são católicos. Embora alguns muçulmanos
possam perceber a divisão entre católicos, ortodoxos, protestantes e
evangélicos, muitos meramente vêem todos os Cristãos como seguidores do Papa.
Além disso, acredita-se que os Cristãos adoram Maria, uma percepção que
encontra credibilidade no Alcorão. Na surata 5: 116, Allah supostamente faz a
Jesus esta pergunta: “Ó Jesus, filho de Maria! Disseste tu aos homens:
‘Tomai-me e a minha mãe por dois deuses, além de Allah'?”[9] Esse equívoco é
ainda mais enfatizado através da reverência católica a Maria, bem como a crença
Ortodoxa Oriental em Maria como a “Mãe de Deus” (gr. Theotokos).[10]
Um Quadrivium Cristão:
Compreendendo Quatro Doutrinas Fundamentais
da Apologética Islâmica
Durante
o surgimento da universidade na Europa, os educadores enfatizaram a importância
de desenvolver os fundamentos das sete artes liberais popularizadas pelos Romanos.
Primeiro, o aluno era obrigado a estudar o Trivium,
um currículo nas artes que consistia em gramática, retórica e lógica. Ele era
obrigado a dominar esses estudos elementares antes de passar para o próximo
curso de estudo conhecido como Quadrivium,
que incluía aritmética, música, geometria e astronomia. Este último,
equivalente ao mestrado de hoje, preparava o aluno para estudar filosofia e
teologia.[11]
Ao
entrar na arena da apologética islâmica, o Cristão também deve dominar quatro
doutrinas cruciais - um Quadrivium
Cristão - fortalecer a natureza distintiva da doutrina Cristã em comparação ao
Islã. O curso de estudo que o autor propõe inclui uma teologia própria
(doutrina de Deus), Cristologia (doutrina de Cristo), soteriologia (doutrina da
salvação) e epistemologia (o estudo do conhecimento com referência particular à
doutrina da revelação). Se essas doutrinas não forem astutamente discernidas, o
Cristão trilhará o caminho do compromisso teológico ou o caminho da confusão
teológica.
Teologia Própria: Discernindo a Doutrina
de Deus
Então Elias se chegou a todo o povo, e
disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus,
segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.
Simplificando,
o Deus de Muhammad não é o Pai de Jesus. O assunto em sua essência não é uma
questão linguística, mas uma questão teológica com ramificações eternas. Dizer
que, como Allah é a palavra árabe para Deus e YHWH é a palavra hebraica para
Deus, Cristãos e muçulmanos adoram o mesmo Deus, isso não é apenas ingênuo; é
uma blasfêmia. Quando Elias desafiou seus contemporâneos Judeus a seguir o único
Deus verdadeiro, ele o fez sem considerar a lingüística. No verso citado acima,
Elias repreende seus compatriotas por cometer idolatria. No entanto, a
etimologia da palavra Baal é derivada da raiz da palavra senhor ou mestre. Se o
assunto em questão fosse apenas sobre palavras, a afirmação de Elias não faria
absolutamente nenhum sentido.[12] Os Israelitas não estariam adorando o mesmo
deus que seus antepassados, pois têm um título semelhante ao de seus
antepassados? Elias não deveria pedir desculpas aos profetas de Baal por supor
que a adoração deles era inadequada e seu deus inexistente?
Este
não é um argumento que negue que Deus é soberano sobre Muhammad e todos os
seguidores do Islã. Mas como Timothy George observou em um artigo do Christianity Today:
A
teologia muçulmana rejeita a divindade de Cristo e a personalidade do Espírito
Santo - componentes essenciais do entendimento Cristão de Deus. Nenhum
muçulmano devoto pode chamar o Deus de Muhammad de "Pai", pois isso,
em sua opinião, comprometeria a transcendência divina. Mas nenhum Cristão fiel
pode se recusar a confessar, com alegria e confiança: "Creio em Deus Pai
... Todo-Poderoso!" Separado da Encarnação e da Trindade, é possível saber
que Deus existe, mas não quem Deus é.[14]
A
apologética popular muçulmana reconhece as dificuldades em dizer que Cristãos e
muçulmanos adoram o mesmo Deus. Em um editorial áspero recente no PakTribune,
Ahmer Muzammil, depois de tentar provar seu respeito por Jesus, afirmou:
Os
odiadores podem vomitar veneno, mas, no que me diz respeito, acredito que quem
acredita em um Allah (DEUS) sem parceiros, filhos, filhas ou encarnações, sejam
Cristãos, Judeus, muçulmanos ou quem quer que seja, todos eles acreditam no
mesmo Allah (DEUS) que cremos e que Jesus, Moisés, Adão, Noé e Muhammad
chamaram as massas ao mesmo DEUS.[15]
Como
o Cristão tradicional que considera a doutrina da divindade de Cristo como
inegociável, o muçulmano tradicional admite que a ninguém é permitido atribuir parceria
a Deus com quem quer que seja (ou com qualquer coisa) e ainda ser considerado como
adorador do Deus do Islã. Além disso, Muzammil, seguindo a história revisionista
do Alcorão, afirma que Jesus, Noé e outros eram adoradores de Allah, não do
Deus Cristão.
O
Alcorão confirma ainda a afirmação de que os Cristãos não adoram o mesmo Deus
que os muçulmanos. A Surata 5:72 denuncia a associação de "outras divindades a
Allah" e adverte aqueles que o fazem: "Allah proíbe-lhe o Paraíso, e
sua morada é o Fogo". A Surata 112 divorcia Alá do Deus Cristão, ao explicar:
Dize:
“Ele é Allah, Único.
Allah
é O Solicitado. [Allah, o Eterno, Absoluto]
Não
gerou e não foi gerado.
E
não há ninguém igual a Ele.”
Por
fim, a Surata 4: 116 conclui incisivamente: "Allah não perdoa [o pecado]que
lhe associem outra divindade". Comentando esse versículo, observou o
comentarista islâmico Yusuf Ali:
Assim
como em um reino terrestre, o pior crime é o da traição, como a traição corta a
própria existência do Estado, assim no reino espiritual, o pecado imperdoável é
o da traição contumaz contra Allah, ao se colocar as criaturas de Alá em
rivalidade contra Ele. Isso é rebelião contra a essência e a fonte da vida
espiritual. É o que Platão chamaria a "mentira da alma". Mas mesmo
aqui, se a rebelião é por ignorância e é seguida por arrependimento sincero e mudança,
a Misericórdia de Allah está sempre aberta.[16]
A
implicação de Ali é que Pedro, por exemplo, cometeu esse pecado hediondo quando
proclamou publicamente: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo"
(Mateus 16:16). A própria igreja é construída sobre essa confissão de fé no
Senhor Jesus Cristo, de fato, no próprio caráter de Jesus Cristo como o Filho
de Deus. Removê-lo da divindade seria o sinal da morte da igreja, o fim do Cristianismo.
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento senão o que foi posto, o qual é
Jesus Cristo” (1 Cor 3:11). Por fim, os muçulmanos rejeitam a paternidade de
Deus, a divindade de Cristo e a pessoa do Espírito Santo. O Deus trino é
substituído por uma invenção da imaginação de Muhammad, um deus que está além
das características do monoteísmo e da transcendência, que se assemelha apenas
remotamente ao Deus das Escrituras.
Cristologia: Discernindo a Pessoa e a
Obra de Cristo
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também
em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual
a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um
nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho
dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
Os
muçulmanos são rápidos em apontar que têm um grande respeito por Jesus e que
ninguém pode ser chamado corretamente de muçulmano se não honra a Cristo. No entanto,
os muçulmanos, como todas as outras pessoas, devem perceber que não se pode
meramente respeitar Jesus; ele dever ser adorado ou rejeitado. Jesus, afirmou
Sua eternidade ao dizer: “Antes que Abraão existisse” (João 8: 58a),
identifica-se como o “EU SOU”, o termo para o nome sagrado do próprio Deus,
YHWH (Êx 3.14).[18] Jesus não apenas pronunciou a palavra indescritível YHWH,
mas Ele a atribuiu a Si mesmo nos terrenos do templo. Os Judeus então pegaram
pedras, uma resposta lógica para alguém acusado de blasfêmia. Ao comentar esta
passagem com relação aos muçulmanos, Erwin Lutzer, no livroCristo entre outros deuses, afirmou:
A
divindade de Cristo divide nitidamente o Cristianismo de todas as outras
religiões do mundo. Esta é a grande divisão, o abismo intransponível, um abismo
que se estende daqui até a eternidade. Se é falso, é digno de grande tribulação
e maldição; se é verdade, são as melhores notícias - talvez realmente as únicas
boas novas - disponíveis no planeta Terra.[19]
O
Alcorão identifica Jesus com muitos dos mesmos termos que os Cristãos usam, mas
essas palavras recebem definições muito diferentes das encontradas na Bíblia.
Diz-se que Jesus é a "Palavra" (Surata 3:45), significando que Ele
simplesmente comunicou a obra de Allah. Jesus é visto como "Messias"
(Surata 9: 30-31), referindo-se a Ele como um profeta ungido, com poderes para
proclamar a verdade de Allah. Além disso, os muçulmanos acreditam que Jesus
nasceu de uma virgem (Surata 3:47)[20] e realizou muitos milagres, incluindo
ressuscitar pessoas dentre os mortos (Surata 3:49).[21]
Contudo,
Jesus é declarado totalmente homem, um “mensageiro” (surata 5:75) que recusa
veementemente qualquer forma de adoração (surata 5:77). Além disso, Ele foi
criado do pó (Surata 3:59) e não foi ordenado a morrer pela morte cruel da cruz
(Surata 4: 157).[22] É primordial esse desvio do Cristianismo, como o Alcorão
articula:
E
por seu dito: “Por certo, matamos o Messias, Jesus, Filho de Maria, Mensageiro
de Allah.” Ora, eles não o mataram nem o crucificaram, mas isso lhes foi
simulado. E, por certo, os que discrepam a seu respeito estão em dúvida acerca
disso. Eles não têm ciência alguma disso, senão conjecturas, que seguem. E não
o mataram, seguramente; Mas, Allah ascendeu-o até Ele. E Allah é Todo-Poderoso,
Sábio (Surata 4: 157-158).[23]
Embora
os muçulmanos acreditem que o fim da vida de Jesus permaneça um mistério, é
certamente legítimo perguntar o que aconteceu naquela sexta-feira da
crucificação. Quem substituiu a Cristo? Quando Ele foi substituído?[24] Os
discípulos foram enganados por Allah de propósito? A mãe de Cristo não
reconheceu que seu Filho não foi removido do castigo da cruz? Allah a deixou
chorar por seu Filho mesmo que ele não tivesse morrido de maneira tão
criminosa?[25] Quem clamou no alto da cruz: “Está consumado!” e por que Ele foi
autorizado a enganar as pessoas para que elas pensassem que estavam sendo
libertas de seus pecados?[26]
Por
fim, os muçulmanos acreditam que Jesus está voltando. A Surata 43:61 estipula:
“E, por certo, ele (Jesus) será indício [um sinal para a vinda] da Hora [do
Julgamento]; então, não a contesteis[não tenha dúvidas sobre a (Hora)], e
segui-me. Isto é uma senda reta.” O principal objetivo do retorno de Jesus é
preparar o caminho para a aceitação universal do Islã e, assim, trazer paz à
terra. Embora os teólogos muçulmanos discordem aqui, muitos acreditam no
versículo que afirma: "E não há
ninguém dos seguidores do Livro que, antes de morrer, deixe de nele crer.
E, no Dia da Ressurreição, ele será testemunha contra eles" (Surata 4:
159) elucida o fato de que os Cristãos voltarão ao único caminho verdadeiro do
Islã no retorno de Cristo. Outras tradições observam que Jesus descerá à terra,
instruirá outras pessoas sobre o Alcorão e o Hadith, liderará as pessoas em
oração, trará paz e prosperidade, terminará o uso de animais impuros e removerá
imagens idólatras, incluindo as cruzes.[27]
Assim,
os Cristãos devem estar preparados para dialogar sobre a pessoa e obra de Cristo
na cruz, bem como o retorno iminente de Cristo. Cristo é o rei que em breve
realmente trará paz e prosperidade ao mesmo tempo em que estabelecerá Seu reino
na Terra. Ele traz recompensas para os justos e julgamento para os iníquos. O
poder dessa promessa certa é bem descrita por Charles Haddon Spurgeon
(1834-1892), que escreveu:
Amados,
devemos pregar a vinda do Senhor, e pregá-la mais do que pregamos; porque este
tema é a força motriz do Evangelho. Muitos mantiveram essas verdades ocultas, e
assim a própria estrutura foi retirada do cerne do Evangelho. Seu principal ponto
foi partido; seus enfeites foram encardidos. A doutrina do julgamento por vir é
o poder pelo qual os homens devem ser despertados. Existe outra vida, o Senhor
voltará pela segunda vez, o julgamento chegará e a ira de Deus será revelada.
Onde isso não é pregado, tenho coragem de dizer, o Evangelho não é pregado.[28]
Soteriologia: Discernindo a Doutrina da
Salvação
Estes, porém, foram escritos para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida
em seu nome.
A
centralidade da salvação no Islã é encontrada em seu primeiro pilar, o credo
(shahada), que declara: "Não existe deus senão Allah, e Muhammad é o
mensageiro de Alá" (Surata 47:19; 48:29). De fato, é a recitação fiel
desta declaração por um não muçulmano que o converte ao islamismo.[29]
Pode-se
argumentar de forma persuasiva que o Islã exige mais obras para se conquistar o
céu do que todas as outras principais religiões do mundo. Considere a
extenuante obediência que é exigida a um muçulmano até para ter a esperança de obter
o Paraíso. Ele deve recitar o credo do Islã milhares de vezes ao longo de sua
vida. Ele deve orar (salat) cinco
vezes por dia, esperando que Allah veja sua fidelidade e lhe dê misericórdia
(Surata 2: 3-4; 20: 14-15). Essas orações devem ser precedidas pela ablução, um
ritual de limpeza da cabeça, mãos, boca, narinas, ouvidos, rosto, antebraços e
pés. Sem essa limpeza, Allah não ouvirá as orações proferidas pelos fiéis
muçulmanos (Bukari Hadith 3.57).
Além
disso, os muçulmanos devem dar 2,5% de sua renda aos pobres e necessitados (zakat), uma demonstração de cuidado com
a comunidade e uma renúncia à ganância (Surata 2: 277).[30] As consequências de
reter a ação de esmola serão inevitavelmente infernais (Bukhari 2.498). O jejum
(sawm), o quarto pilar do Islã, é
obrigatório durante toda a vida de um muçulmano (surata 2: 183). Para honrar o
mês em que Muhammad recebeu suas primeiras revelações de Allah, os muçulmanos
devem substituir as atividades diárias, como comer e beber, pela leitura do
Alcorão e pela adoração, do nascer ao pôr do sol. Finalmente, a peregrinação a
Meca (hajj), o quinto pilar, é de
várias maneiras o clímax da fé muçulmana. A cada ano, três milhões de
muçulmanos convergem para os locais mais sagrados do Islã em Meca para celebrar
a unidade de Allah. O ritual é meticulosamente planejado, uma vez que os
peregrinos seguem etapas específicas, começando por circundar a Caaba, que os
muçulmanos acreditam ter sido construída por Abraão e Ismael, um edifício que
contém a pedra negra. Outras partes da peregrinação incluem correr sete vezes
entre duas colinas de Meca, reencenando a frenética busca de água por Hagar
para seu filho Ismael, viajar 13 milhas até as planícies de Arafat para
homenagear o local do último sermão de Muhammad, jogar pedras no diabo e
sacrificar um animal em memória de um cordeiro oferecido no lugar de Ismael.
No
entanto, todo o exercício laborioso não pode dar nenhuma garantia do céu. O
muçulmano acredita que ele estará diante de Allah um dia e que suas obras serão
avaliadas de acordo. “E, quando se soprar na Trombeta, não haverá parentesco
entre eles, nesse dia, nem se interrogarão. Então, aqueles cujospesos em boas
obras forem pesados, esses serão os bem-aventurados. E aqueles, cujos pesos
forem leves, esses se perderão a si mesmos; serão eternos na Geena”(Surata 23:
101-103). Como a salvação é baseada em suas obras, um muçulmano não pode
conhecer seu destino até que ele termine de trabalhar, ou seja, quando estiver
morto. Além disso, o elemento subjacente do fatalismo aumenta a dúvida, já que
“...Então Allah descaminha a quem quer e guia a quem quer.” (Surata 14: 4).[31]
Por fim, quanto mais obras são necessárias para um muçulmano obter o céu, mais sem
esperança o céu se torna.[32]
Portanto,
é imperativo que um Cristão explique claramente a obra consumada de Cristo na
cruz e se mantenha firme na exclusividade do evangelho de Cristo (João 14: 6;
Atos 4:12). Para alguém envolvido na futilidade de uma salvação baseada nas
obras, as palavras de Cristo na cruz: "Está consumado!" (João 19:30),
pode ser um oásis de esperança e um bálsamo de cura.
Mas
os muçulmanos têm perguntas legítimas que devem ser respondidas, incluindo:
Como outro homem pode morrer por mim? E a salvação não é tão fácil no Cristianismo?
Essas perguntas estão intimamente relacionadas à expiação de Jesus Cristo. Por
um lado, os Cristãos devem apontar a necessidade da expiação de Cristo para o
perdão dos pecados (Hb 9:22). A cruz de Cristo nos lembra um Deus que é amoroso
e justo. Esses dois atributos são vistos no fato de que Deus enviou Seu Filho
para pagar a penalidade do pecado em nosso favor (João 3:16). No Islã, a
justiça de Allah é, na melhor das hipóteses, questionável, uma vez que ele
permite que aqueles que estão no céu ainda permaneçam com os pecados impunes. A
justiça islâmica é semelhante a um juiz que permite que um assassino seja
libertado, ao permitir que outras obras justifiquem o crime. Embora talvez seja
um assassino, o castigo não parece necessário, pois ele pode ter sido um bom
pai, um bom marido ou apenas uma boa pessoa. Além disso, embora culpado de
vários atos hediondos, o criminoso não recebe apenas um passe de entrada, mas é
recompensado com os maiores benefícios que o juiz pode conceder a ele. O mesmo
ocorre no Islã quando o muçulmano recebe o Paraíso, mesmo que sua vida seja
carregada de pecado e culpa. Somente no Cristianismo todos os pecados são pagos
- por cada indivíduo no julgamento (Ap 20: 11-15) ou por Cristo na cruz (Mt
26:46).
A
última pergunta levantada pelos muçulmanos é respondida pelo reconhecimento da
morte cruel de Cristo e pela morte diária do crente para si mesmo. A salvação,
tão rica e livre, é, no entanto, onerosa para o nosso Salvador, que transformou
o Cristão para que sejamos conformes à Sua imagem (Rm 12: 1-2; Fp 2: 5).
Infelizmente, a ideia de se render a Cristo é estranha ao vocabulário de muitos
Cristãos professos e, portanto, ausente de seu testemunho diante de um mundo
incrédulo.
Devido
a uma salvação baseada em obras, dois conceitos escapam à mente muçulmana: amor
incondicional e segurança eterna. O muçulmano acredita que Allah o ama apenas
se for obediente (Surata 2: 190). Mais uma vez, nossa resposta está na
expiação: "Mas Deus
prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores." (Rm 5: 8). Esse amor incondicional é baseado na
paternidade de Deus, o retrato relacional de um pai carinhoso que deseja apenas
o melhor para Seus filhos. Como o filho rebelde do Evangelho de Lucas (15:
11-32), nosso Pai promete que “todas as minhas coisas são tuas” (Lucas 15:31)
por causa de nosso relacionamento com Ele, não por nossas ações contra Ele. De
fato, Ele, nosso Pai, promete: “Nunca te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:
5). Deus, o Pai, e Deus, o Filho prometem que ninguém pode separar os crentes
do seu Deus (João 10: 28-29). Os crentes em Jesus Cristo, o Filho de Deus,
nunca ficarão órfãos, mas, pela graça de Deus, serão glorificados por Deus no
devido tempo (Rm 8: 28-30).
Epistemologia: Alicerçando Nossas
Crenças na Revelação de Deus
E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de
coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que
o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por
Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas
as Escrituras.
Em
última análise, a questão da epistemologia - como você sabe o que sabe? - se
resume a questão de qual fonte você confia. Para aqueles que consideram o Cristianismo
ou o Islamismo, existem apenas três opções: (1) a Bíblia é a Palavra de Deus;
(2) o Alcorão é a Palavra de Deus; ou (3) nenhum dos dois livros é a Palavra de
Deus.[33] Para o muçulmano, o Alcorão é a Palavra de Deus indestrutível. O
próprio Alcorão declara: “Por certo, nós fizemos descer o Alcorão e, por certo,
dele somos Custódios” [sem dúvida, enviamos a Mensagem; e seguramente a
protegeremos (da corrupção)] (Surata 15: 9). Embora nenhum milagre seja
atribuído a Muhammad no Alcorão (surata 3: 183) e o próprio Alcorão não tenha
profecia preditiva,[34]os muçulmanos rapidamente afirmam que o Alcorão em si é
um milagre devido à sua beleza e estilo único.[35] Para o muçulmano, o Alcorão
são as palavras ditadas por Allah dadas a Muhammad através do anjo Gabriel. Por
outro lado, os Cristãos ortodoxos apegam-se à inspiração verbal e plenária
(completa) da Bíblia; isto é, as próprias palavras, letras e sílabas são
inspiradas (Mt 5: 17-18), e é inteiramente sem erros em seu conteúdo (2 Tm 3:
15-17). A Bíblia não é opinião particular ou mera sugestão, "Porque a profecia nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo." (2 Pedro 1:21).
Os
dois textos sagrados são antitéticos entre si nos pontos essenciais de cada fé.
É preciso chegar à conclusão de que Jesus morreu na cruz (Mt 26; Marcos 14) ou
não (sura 4: 157-58). Ou Jesus é Deus (João 1: 1-18) e recompensa aqueles que O
consideravam o Filho de Deus (Mateus 16:18), ou Ele foi criado do pó (Surata
3:47) e denunciou qualquer tentativa de deificá-Lo ( Surata 5: 116). Ou Jesus
declarou que completou a obra da salvação (João 19:30), ou devemos trabalhar
pela nossa salvação (Surata 23: 1–11). Desde a criação até a queda, do dilúvio
ao sacrifício do filho de Abraão, dos profetas aos apóstolos, a Bíblia e o
Alcorão diferem significativamente em seu conteúdo. Até a crença de como ver a
Bíblia é determinada por qual fonte é considerada confiável. Muhammad
argumentou que o Alcorão substituiu a Bíblia, afirmando: “Ó seguidores do
Livro! Com efeito, Nosso Mensageiro chegou-vos, para tornar evidente, para vós,
muito do que havíeis escondido do Livro, e para abrir mão de muito disso. Com
efeito, chegou-vos de Allah uma luz e evidente Livro” (Surata 5:15).
Segundo
o Islã, o Alcorão anula [abroga] as Escrituras e anula qualquer conteúdo e / ou
interpretação da Bíblia que discorde do Alcorão. Ironicamente, essa área de
revelação apresenta a maior dificuldade para o Islã. Tanto o Islã quanto o
Cristianismo pretendem não apenas a inspiração de seus livros sagrados, mas
também a preservação deles (Surata 85:22; Mt 5: 17-18). No entanto, o Islã nega
a inspiração atual da Bíblia, acreditando que a Bíblia foi distorcida (pelos Judeus
e Cristãos). Os estudiosos muçulmanos argumentam que a Torá (Taurat) e os Salmos de Davi (Zabur) foram inspirados por Deus e agora
estão alterados. Além disso, eles acreditam que o evangelho (Injil) foi inspirado por Deus e agora
está corrompido. Várias perguntas devem ser abordadas: Deus não foi poderoso o
suficiente para preservar Sua Palavra escrita? O homem foi poderoso o
suficiente para corromper o que Deus escreveu? Talvez, já que Deus é
todo-poderoso, Ele fez com que Sua Palavra fosse corrompida? Finalmente
porque os crentes devem confiar que o Alcorão será "protegido da
corrupção" quando a Torá, os Salmos de Davi e os Evangelhos foram vítimas
da distorção dos homens? [Nota do
tradutor: recomendo veementemente a leitura deste artigo sobre o assunto: https://www.bomdiacomteologia.com/2019/08/o-alcorao-biblia-e-o-dilema-islamico.html
]
Os
Cristãos devem lembrar que nossa fé permanece de pé ou desabano que diz
respeito ao fundamento de nossa fé: o Senhor Jesus Cristo, conforme revelado
nas Escrituras. Qualquer outro fundamento acabará desmoronando, seja o racionalismo,
experiencialismo ou outros. Sempre que baseamos nossa fé naquilo que é
subjetivo ou contingente, fracassamos totalmente e, pior, nos elevamos à
divindade. Devemos basear nossa fé não no conhecimento limitado dentro de nós
mesmos ou na fé subjetiva fora de nós mesmos, mas nas promessas eternas daquele
que está acima de nós e nos deu Sua Palavra Santa.
_________________________
Fonte:
CANER, Emir Fethi. ISLAM AND CHRISTIANITY. In COPAN, Paul; CRAIG, William Lane
(General Editors). Passionate Conviction: Contemporary Discourses on Christian Apologetics.
Nashville, Tennessee: B&H ACADEMIC, 2007.
Tradução Walson Sales.
_________________________
Notas:
[1] As referências do Alcorãosãoretiradas da versão
The Presidency of Islamic Researches, Ifta, Call, and Guidance, ed., The Holy
Qur'an (Medina: King Fahd Holy Qur'an Printing Complex, n.d.). [Nota do tradutor: embora mantive a
tradução do inglês da versão utilizada pelo autor do texto em alguns momentos,
preferi utilizar a tradução literal da versão oficial do Alcorão usada nas
Mesquitas no Brasil, a versão encomendada pelo rei Abdel Aziz e traduzida por
Helmi NASR.]
[2] Alexis de Tocqueville, Democracy in America, ed. Sanford Kessler (Indianapolis: Hackett,
2000), 179.
[3] Ibid., 180. Tocqueville também denunciou
o Islã como antitético à democracia. Ele declara: “Maomé trouxe do céu e
colocou no Corão não apenas doutrinas religiosas, mas máximas políticas, leis
civis e criminais e teorias científicas. O Evangelho, pelo contrário, fala
apenas das relações gerais dos homens com Deus e entre si. Além disso, não
ensina nada e não obriga a crer em nada. Só isso, entre mil outras razões,
basta mostrar que a primeira dessas duas religiões não pode governar por muito
tempo durante os tempos do iluminismo e democracia, enquanto a segunda está
destinada a reinar durante esses tempos, como em todas os outros”(181).
[4] Veja John W. Whitehead, “An Empty Shell of Faith,”
Fort Worth Star- Telegram , 13 November 2006,
www.dfw.com/mld/dfw/news/opinion/15988200.htm.
[5] Vejatambém Ergun and Emir Caner, Unveiling Islam (Grand Rapids: Kregel
Publications, 2002).[Livro publicado no Brasil com o título: O
Islã sem Véu].
[6] Thomas S. Kidd, “Islam in American Protestant
Thought,” Christianity Today (September/ October 2006), 39. Kidd tambémcita o
artigo de Woodberry, “Do Christians and Muslims Worship the Same God?” Christian
Century, 18 May 2004, 36—37.
[7] Essa
visão tradicional é apresentada através de notáveis como João Calvino, que
afirmou que Muhammad “permitiu aos homens a liberdade brutal de castigar suas
esposas e, assim, ele corrompeu o amor conjugal e a fidelidade que liga o
marido à esposa. (…) Mohamet permitiu o alcance total de várias concupiscências
- permitindo que um homem tivesse várias esposas. … Mohamet inventou uma nova
forma de religião.” (Comentários sobre o livro do profeta Daniel). Jonathan
Edwards afirmou que havia “duas grandes obras do diabo ... seus reinos
anticristãos (Romano ou Papal) e o Maometano (muçulmano ou islâmico)… que foram
e ainda são dois reinos de grande extensão e força. Os dois juntos engolem ...
o antigo Império Romano. ... No livro do Apocalipse ... é a destruição destes
que a gloriosa vitória de Cristo na introdução dos tempos gloriosos da Igreja
consistirá principalmente” (A History of the Redemption).
[8]
Em um artigo intitulado “Poll shows divide between Muslims, West,” Susan Page
da USA Today expôs o “abismo de suspeita” entre o Islã e o Ocidente. Por
exemplo, a maioria dos Muçulmanos da Indonésia, Jordânia, Egito, e Turquia não
acreditam que foram os Árabes que perpetraram os ataques do 11 de setembro. O
artigo pode ser encontrado aqui: www.usatoday.com/news/washington/2006-06-22-muslim-west-divide_x.htm?POE=clickrefer.
[9]
Os estudiosos muçulmanos, reconhecendo o erro de caso tal afirmação estiver se
referindo à Trindade, rejeitam a noção de que Muhammad está se referindo à
prática de adorar Maria como parte da Trindade. Em vez disso, eles observam que
era comum entre os Cristãos Orientais e Ocidentais, na época de Maomé,
ajoelhar-se diante das imagens de Maria e orar a ela como a "Mãe de
Deus". Além disso, alguns historiadores acreditam que Muhammad estava se
referindo a uma seita herética obscura que realmente implementou Maria como
parte da Trindade. Essa teoria tem alguma plausibilidade pois a obra rejeitada
do século IV, “Evangelho dos Hebreus”, identifica Maria com o Espírito Santo. O
contexto do capítulo, no entanto, parece indicar uma conexão implícita com a
Trindade. Surata 5:73 declara: "Com efeito, são renegadores da Fé os que
dizem: ‘Por certo, Allah é o terceiro de três.’ E não há deus senão um
Deus único. E, se não se abstiverem do que dizem, em verdade, doloroso castigo
tocará os que, entre eles, renegam a Fé". Além disso, a principal
denominação Cristã da época, os Nestorianos, negava que Maria fosse divina.
Também deve ser salientado que a palavra que os Cristãos Árabes usam para a
Trindade (talut) não é mencionada no
Alcorão. Por fim, esses argumentos acadêmicos permitem que grande número de
muçulmanos que meramente assumem que a Surata 5: 116, aponta uma falsa Trindade
no Cristianismo e iguala um relacionamento sexual entre o Pai e Maria ao dar à
luz a Jesus. O site Answerering Islam (www.answering-slam.org/Index/index.html)
fornece informações introdutórias valiosas sobre o tópico, além de links para
artigos que explicam e defendem a doutrina.
[10]
A Surata 19, “Maryam”, é dedicada a homenagear Maria como uma muçulmana devota
e casta a quem é dado “o presente de um filho puro” (v. 19). Durante as dores
do parto, diz-se que Maria gritou: “Quem dera houvesse morrido antes disso"
(v. 23). Neste capítulo, Jesus fala do berço (v. 28) e também fala do
julgamento vindouro daqueles que não são muçulmanos (incrédulos; vv. 37-40).
[11] Veja Fred Hutchison, “A cure for the educational
crisis: Learn from the extraordinary education heritage of the West,” Renew
America, 1 June 2006, at www.renewamerica.us/analyses/060601hutchison.htm.
[12]
A passagem, se assumirmos que a linguagem é primária ao argumento, teria a
seguinte redação: "Se o Senhor é Deus, siga-o, mas se é o Senhor (Baal),
siga-o".
[13]
Este é, de fato, o conceito que leva o texto a concluir sobre o poder de Baal:
“Não havia nenhuma voz; ninguém respondeu; ninguém prestou atenção” (v. 29).
[14] Timothy George, “Is the God of Muhammad the
Father of Jesus,” Christianity Today, 4 February 2002, citadoem Emir and Ergun
Caner, More Than a Prophet (Grand
Rapids: Kregel, 2003), 28.
[15] AhmerMuzammil, “Answering Tough Questions and
Misconceptions about Islam,” Pak-Tribune, 20 June 2006, at
www.paktribune.com/news/index.shtml?147414. O artigo também trata de
questões difíceis, incluindo a Jihad e as mulheres.
[16] Abdullah Yusuf Ali, The Meaning of the Holy Qur'an (Brentwood, Md.: Amana, 1992), n.
569. Veja
a sura 5:48 também.
[17]
Os Cristãos devem estar intimamente familiarizados com as quatro grandes
passagens Cristológicas do Novo Testamento: João 1: 1-18, Filip 2: 5-11, Col 1:
15-23 e Heb 1: 1-8.
[18]
Ao comentar esse versículo, João Calvino elucida: “Alguns pensam que isso se
aplica simplesmente à eterna Divindade de Cristo, e a comparam com essa
passagem nos escritos de Moisés, eu sou o que sou (Êxodo iii. 14.). Eu vou mais
longe, porque o poder e a graça de Cristo, na medida em que ele é o Redentor do
mundo, eram comuns a todas as épocas. Este texto concorda, portanto, com o
ditado do apóstolo, Cristo ontem, hoje e para sempre (Hb. Xiii.8.)”
[19] Erwin W. Lutzer, Christ among Other Gods (Chicago: Moody Press, 1994), 103. Surpreendentemente,
os muçulmanos acreditam que Jesus falou do berço, defendendo a pureza de Maria.
No entanto, por que Jesus permaneceu calado quando os magos vieram adorá-Lo (Mt
2:11)?
[20]
É irônico que os muçulmanos dêem mais respeito a Jesus como um grande profeta
do que a maioria dos Cristãos liberais. Os muçulmanos acreditam que Jesus
nasceu de uma virgem; A rejeição do nascimento virginal é a pedra fundamental
das teologias modernas. Os muçulmanos acreditam que Jesus realmente viveu no
espaço e no tempo. Os Cristãos liberais proclamam que não podemos saber nada
substantivo sobre o homem chamado Jesus de Nazaré; eles zombam dos milagres e
do sobrenatural em geral. A triste verdade é que Jesus é mais estimado em
mesquitas ao redor do mundo do que nas palestras de púlpitos supostamente
Cristãos.
[21]
Para entender a perspectiva islâmica sobre Cristo, os Cristãos devem se
familiarizar especialmente com os capítulos 3–5 do Alcorão.
[22]
O Hadith também pesa sobre o caráter de Jesus. Por exemplo, para ilustrar o
nascimento puro de Jesus, afirma: “O Profeta disse: 'Quando qualquer ser humano
nasce, Satanás o toca nos dois lados do corpo com os dois dedos, exceto Jesus,
o filho de Maria, a quem Satanás tentou tocar, mas falhou, pois ele tocou a
cobertura da placenta'”(Bukhari 4.506). Para comprovar que Cristo era apenas
humano, ele reitera: “O Profeta disse: 'Se alguém testifica que ninguém tem o
direito de ser adorado, exceto apenas Allah, que não tem parceiros, e que
Muhammad é seu escravo e apóstolo, e que Jesus é O Escravo de Allah e Seu
Apóstolo e Sua Palavra que Ele concedeu a Maria e um Espírito criado por Ele, e
que o Paraíso é verdadeiro, e o Inferno é verdadeiro, Allah o admitirá no
Paraíso com as obras que ele havia feito, mesmo que essas obras fossem
poucas.'”(Junada, o sub-narrador disse:“'Ubada acrescentou: 'Essa pessoa pode
entrar no Paraíso através de qualquer um dos oito portões que goste'”[Bukhari
4.644].)
[23]
Yusuf Ali declara: “Não é proveitoso discutir as muitas dúvidas e conjecturas
entre as primeiras seitas Cristãs e entre os teólogos muçulmanos” (n. 663). Na
tentativa de legitimar o Alcorão e questionar a historicidade da crucificação,
Ali argumenta que muitas seitas Cristãs negaram a morte de Cristo (Basilidans,
Docetae e os evangelhos pseudepigrafais).
[24]
Se Jesus foi substituído após a flagelação do açoite, outros não reconheceram
que a pessoa que O substituiu estava sem as feridas? Ou Alá de alguma forma
enganou o povo colocando feridas artificiais na pessoa que substituiu de
Cristo?
[25]
De fato, se Allah retirou a Cristo antes de provar a morte, não seria melhor
que Maria tivesse conhecimento desse fato que inevitavelmente a levaria a se
alegrar com o status privilegiado de seu Filho?
[26]
Outras perguntas incluem: O que a pessoa que substituiu a Cristo fez para
merecer um final tão doloroso? Por causa de tais perguntas, muitos muçulmanos
acreditam que Judas substituiu a Cristo porque ele traiu a Cristo e, assim,
traiu a Allah.
[27]
Os dois últimos fatos são referenciados no Hadith Sahih Muslim, enquanto os
fatos anteriores são defendidos por estudiosos muçulmanos, incluindo Mufti A.
H. Elias. Veja Caner and Caner, More Than
a Prophet, 139-60.
[28] Charles Spurgeon, The Second Coming of Christ (New Kensington, Pa.: Whitaker House,
1996), 113.
[29]
O termo converter é usado livremente, já que os muçulmanos argumentam que
acreditam em "reversão" e não "conversão". A teologia
islâmica argumenta que todos nascem muçulmanos e, depois de recitar o credo, retornam
à sua fé original.
[30]
Obviamente, os muçulmanos pobres não são obrigados a cumprir essa obrigação.
Além disso, o valor fornecido varia de acordo com cálculos detalhados de
receitas, despesas e impostos.
[31]
No Hadith de Bukhari, descobrimos que até Muhammad duvidava de seu destino
final. Ele declarou: "Por Allah, embora eu seja o Apóstolo de Allah, ainda
não sei o que Allah fará comigo" (5.266).
[32]
Considere este fato: a peregrinação a Meca é exigida a todos os muçulmanos que
podem pagar (surata 3:97), mas menos de 10% de todos os muçulmanos já fizeram a
peregrinação.
[33]
Para um relato popular de um ex-muçulmano secularista, veja Ibn Warraq, Why I Am Not a Muslim (New York:
Prometheus, 1995).
[34]
Alguns muçulmanos fazem uma exceção à afirmação de que não há profecias no
Alcorão, apontando especificamente para a Surata 30: 2–4, a vitória Romana
sobre os Persas. No entanto, essa passagem não tem nada de sobrenatural e é
dificilmente uma profecia de longo prazo.Leia em Norman L. Geisler and Abdul Saleeb, The Crescent in Light of the Cross, 2nd
ed. (Grand
Rapids: Baker, 2002), 200-1. [Nota do
Tradutor: também traduzi exatamente o capítulo desse livro que trata dessa
possível profecia. Acesse: https://www.bomdiacomteologia.com/2020/03/traducao-do-capitulo-8-do-livro.html ]
[35]
Muitos estudiosos muçulmanos, ansiosos por atribuir milagres e profecias ao Alcorão,
falam de categorias como milagres numéricos. Por exemplo, alega-se que a
palavra dia é mencionada 365 vezes no Alcorão e que as palavras vida e morte
são mencionadas 145 vezes (consulte o site popular www.islamicity.com para ver
esse tipo de argumentação).
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