"E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas" (Lc 1.19). O anjo Gabriel vem citado nas seguintes passagens das Escrituras (Dn 8.16 e ss; 9.21 e ss; Lc 1.19,26), mas como sendo "um anjo do Senhor" ele está em foco, provavelmente, nestas passagens, NT: Mateus 1.20,24; 2.13,19; Lucas 1.11,19,26; Atos 8.26; 12.7,11; 27.23 etc. Seu nome em hebraico é "Gabhri'êm", e significa "o herói de Deus", ou, segundo outros, "varão de Deus". Segundo a tradição judaica, Gabriel era o guardião do tesouro sagrado. Miguel era'o destruidor do mal, agente de Deus contra qualquer força contrária à vontade divina. Gabriel é também o mensageiro da paz e da restauração. No livro de Tobias (livro apócrifo), Gabriel é pintado como um dos sete arcanjos que estão na presença de Deus. Nessa qualidade, segundo o conceito judaico, as suas palavras merecem aceitação sem reservas.
Gabriel é primordialmente o mensageiro da misericórdia e da promessa divina. Ele aparece quatro vezes na Bíblia. Nas Escrituras encontramos nosso primeiro toque sobre Gabriel (Dn 8.15,16). Ali ele anuncia a visão de Deus para o "fim dos tempos". Ali fala-se também que ele foi despertado por uma poderosa voz que "gritou". Essa voz, sem dúvida, é a voz de Deus, o Pai. O Deus Eterno está em foco! Jamais um anjo comum falaria ou se dirigiria a tão elevado poder dessa forma. Nas quatro vezes que ele aparece nas Escrituras, à semelhança de Miguel, é sempre visto em missões específicas.
Os judeus em sua concepção angélica dão os nomes de quatro anjos que supostamente rodeiam o trono de Deus e que são dotados de posição e poderes especiais: Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael. "Miguel", segundo eles, põe a sua mão à direita de Deus, e Uriel a sua mão esquerda; Gabriel está em sua presença (conforme ele mesmo diz sobre si mesmo).
Nas quatro ocasiões em que este anjo aparece nas Escrituras, é sempre trazendo boas-novas. Alguns têm pensado que ele seja também um arcanjo, mas as Escrituras não nos revelam isto. A concepção de que Gabriel é "um dos sete arcanjos" prende-se aos livros não-canônicos do pós-exílio; mas escrituristicamente falando, isso não é provável.
Observemos suas aparições e cada uma delas, com sentido especial.
Em Daniel 8.16, ele aparece a Daniel fazendo a interpretação da visão do "bode peludo" que, na sua interpretação representava o império greco-macedônico.
Em Daniel 9.21, há uma nova aparição de Gabriel, para esclarecer a Daniel o segredo das "setenta semanas" escatológicas, nas quais, Jerusalém seria reedificada; o Messias haveria de vir; a cidade depois de sua reedificação e vinda do Messias seria destruída e o santuário profanado (Dn 9.24-27).
Em Lucas 1.11 e seguintes, ele aparece a Zacarias, e pormenorizadamente anuncia o nascimento de João Batista. Ali, então, dada a incredulidade do sacerdote na sua palavra, ele se identifica dizendo: "...Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te estas alegres novas" (Lc 1.19b); e, depois acrescenta: "E eis que ficarás mudo, e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam..." (Lc 1.20a). Em cumprimento à sua expressa ordem, Zacarias ficou mudo e surdo ao mesmo tempo (cf. Lc 1.22,62).
Em Lucas 1.26 e seguintes, Gabriel é novamente enviado por Deus à Virgem Maria para predizer o nascimento de Jesus Cristo. Seu primeiro contato com ela foi "...Salve, agraciada; o Senhor é contigo: bendita és tu entre as mulheres" (Lc 1.28b). Seu nome, Gabriel, é visto também como o Embaixador de Deus, em razão das suas aparições na Terra terem o caráter especial de um embaixador. Observe, pois:
Primeiro, trouxe a Daniel uma embaixada divina sobre o futuro de Israel por duas vezes (Dn 8.8,16 e ss; 9.21 e ss).
Segundo, avisou a Zacarias o nascimento de João Batista e também deu instrução para serem seguidas por sua esposa Isabel (Lc 1.11 e ss).
Terceiro, trouxe ao mundo (através de Maria) a notícia alvissareira do nascimento de Jesus Cristo (Lc 1.26 e ss).
Josefo nos informa que o povo judeu estava bem familiarizado com este anjo. "Gabriel era o nome do príncipe angélico enviado do Céu, a fim de fazer os preparativos para a chegada do Filho de Deus (Lc 1.19,26). Diz o historiador Lucas que foi ele o anjo que, com a milícia celestial, apareceu aos pastores (Lc 2.9,13). E também o que fora enviado a José (Mt 1.24), e dirigiu a fuga para o Egito (Mt 2.13,19). Dera a Daniel a profecia das setenta semanas (Dn 9.24-27). Como esteve ele interessado na redenção humana! E como apreciaremos conhecê-lo, quando chegarmos no céu!" Seja como for, Gabriel é um elevado poder angelical, da mais alta confiança da corte celestial: Ele assiste diante de Deus.
"Trecho do livro: Os Anjos - Sua natureza e ofício" (Severino Pedro da Silva)
Por
Edson Moraes
Nenhum comentário:
Postar um comentário