POR LEONARDO MELO.
INTRODUÇÃO.
Há alguns séculos atrás na história da humanidade e principalmente na era medieval a Igreja exercia um papel preponderante na vida social. Havia um certo temor e respeito sobre tudo o que se relacionava com Deus. Muitas decisões de reis e imperadores eram deliberadas e tomadas após consulta prévia aos líderes religiosos das Igrejas e isto perdurou por muitos anos. Essa verdade foi experimentada pela Europa, ela vivenciou e viveu tal influência. Porém, com o desenvolvimento da ciência e todos os desdobramentos advindo dela, a religião a crença e fé em Deus começaram a serem questionadas. A revolução industrial que iniciou-se na Inglaterra e depois se expandiu; o surgimento dos enciclopedistas e iluministas, assim como o racionalismo de Imannuel Kant, a Revolução Francesa, dentre outros movimentos político, sociológicos e filosóficos, impactaram de forma profunda e definitiva a sociedade e a modificou para sempre. Eventos relacionados á natureza e atribuídos ao poder de Deus começam agora a serem questionados. Com o avanço no campo científico, os cientistas começaram a entender que os fenômenos naturais não tinham qualquer ligação ou origem em Deus, mas em fenômenos científicos, naturais, como os físicos, químicos e físico-químicos, nada relacionado a Deus, portanto, Deus não mais merece o respeito e temor que lhe era devotado antes.
Desde então, o universo, as galáxias, e fenômenos como trovão, raios, tempestades, terremotos, secas, chuvas excessivas dentre outros; movimento cíclico do mar não proviam de um Deus, nem de nenhuma outra cognominada divindade, contudo, eram eventos que ocorriam em decorrências de forças naturais que atuavam uníssonas e provocavam tais fenômenos. Além do que, surge a figura do naturalista Charles Darwin, com sua Origem das Espécies e seu Evolucionismo. É neste contexto que tem como pano de fundo o desenvolvimento exponencial das ciências em todos os campos, e de certa forma como corolário dessas transformações, a religião irá experimentar uma rejeição e antagonismo profundo e questionamentos quanto a veracidade da Bíblia e a existência do próprio Deus. É nesse cenário que tudo relacionado á Deus e sua Palavra passará a ser questionado. É nesse mosaico filosófico, político e religioso que a Igreja tem que sobreviver. Apresentar provas, argumentos teóricos não vão bastar para frear a descrença na Igreja e seus valores absolutos. É nesse pano de fundo confuso e caótico mundial que Deus irá levantar também homens cheios do Espírito Santo, versados nas ciências, na filosofia, na Teologia, verdadeiros apologistas afim de se contrapor a essa maré de ceticismo e incredulidade que se abateu sobre o mundo.
ATEÍSMO, COMUNISMO E A FÉ CRISTÃ.
Partindo-se da premissa que o homem é um ser espiritual e que ele ocupa um lugar de destaque na obra da criação; e que no seu cerne e âmago, tem a inclinação natural para adorar a divindade que o criou. Porém, por causa do pecado original, conforme Agostinho o define, o homem agora tem a tendência também a inclinar-se para o mal. O homem póS- pecado torna-se orgulhoso, rebelde e desejoso de ser autônomo, livre de uma suposta amarra colocada por um suposto Deus. Essa visão vai se ampliando a medida que os séculos vão passando. O homem passa a questionar tudo, inclusive a existência de Deus. Declaram-no sua morte, e se perguntam: pra que Deus?
A ojeriza a respeito de Deus e tudo que se relaciona com ELE vai tomando proporções alarmantes. Nos dias atuais é crescente o número de pessoas que se tornam ateias. E de forma incomensurável percebemos avançar de maneira intolerante o ódio para com Deus e sua Igreja. Com o advento do comunismo no mundo através da propagação das ideias de Karl Max, o mundo começa a mudar de forma substancial. Como corolário, o ateísmo passa a ganhar força e atrai continuamente mais adeptos. Desde então se prega viver um mundo sem Deus e sem religião. Situação extremamente impossível para o homem. até porque nos tempos finais, apocalípticos os homens irão adorar a Besta e seu culto vai ser conduzido pelo falso profeta. É uma situação que não tem como ninguém escapar. Porém, enquanto essa realidade não chega, os homens tentam de todas as formas excluir Deus da sociedade. Veja uma das posições de Karl Max sobre a religião: “Para Marx, a religião é uma consciência errônea do mundo. Enquanto protesto contra as situações humanas é protesto ineficiente porque desvia a atenção deste mundo e de sua transformação para outro, para o além. Desta maneira a Religião age como calmante: ’É O ÓPIO DO POVO’. A Religião hipnotiza os homens com falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta. Atua como força conservadora no campo social e econômico. Na alienação religiosa, o homem projeta, segundo, Marx, para fora de sí, de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um mundo transcendente”, (ZILLES. 2010. Pg. 127). Ainda, segundo Karl Marx “A Religião é o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo sem coração, o espírito de situações em que o espírito estar ausente”, (REALE & ANTISERI. 2007. pg 192). é como o ópio! É neste contexto da negação da religião e da fé daqueles que creem em Deus que a Igreja tem sobrevivido. Entretanto, com todo esse antagonismo, combate e rejeição a Igreja permaneceu firme na sua jornada aqui na terra, É como bem retratou Tertuliano(150-220 d.C,) a despeito das perseguições e mortes experimentados por aqueles que rejeitam a religião e Deus: “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”.
Em contrapartida, foi com essa visão distorcida e maligna da religião que o pensamento marxista avançou e tem influenciado gerações, filósofos, políticos, religiões e estudantes. Tanto o ateísmo quanto o comunismo, que hoje tem como sinônimo o socialismo, tem influenciado grandes nações europeias, e vários países do continente americano. Hoje inegavelmente as grandes universidades e Escolas públicas e privadas tem sido cada vez mais verdadeiras incubadoras de ideias anti-cristãs e anti-judaícas, a rejeição a verdadeira religião em alguns países chegam a ser um absurdo, beirando o extremo a ponto de eliminarem em diversos departamentos estatais símbolos e qualquer alusão ao Cristianismo.
“Atualmente percebemos no horizonte uma nova onda ateísta conhecida como ‘O Novo Ateísmo’, que é uma forma de ateísmo combativo que coloca a culpa dos males da humanidade sobre as pessoas que creem em Deus. Esses novos ateus incluem Victor Stenger, Michel Onfray, Christopher Hitchens, Sam Harris, Michel Shermer, Richard Dawkins, Daniel Danett”, dentre outros, conforme, (GEISLER & BROOKS. 2016. Pg. 37) Na verdade outras correntes filosóficas são influenciadas pelo pensamento ateísta, estando vinculado a ele também com seus pré-conceitos sobre Deus, negando-o; quanto a essa assertiva, observemos o ponto de vista de (GEISLER. 2017. pg. 83): “[...] é claro que nem todos que não têm fé num ser divino querem ser chamados de ateus. Alguns preferem a atribuição positivista ‘Humanista’. Outros talvez sejam mais bem descritos como ‘Materialistas’. Mas todos são não-teístas, e a maioria é antiteísta. O ateu acredita que não há Deus neste mundo nem no além. Só existe um universo ou cosmos e nada mais”. Percebemos nitidamente que a semelhança do Islamismo, os comunistas também são violentos e através da força tomam o poder. O exemplo notável é a Rússia, que progressivamente ao longo dos séculos minaram os Czares e tomaram o poder e implantaram suas ideologias Marxistas-Leninistas.
O Ateísmo e o Comunismo formam uma amálgama indissolúvel porque ambos partem da mesma premissa: a negação de Deus, da verdadeira Religião. Na visão ateísta de Richard Dawkins em seu livro “Deus um delírio”, observe a opinião dele sobre a religião: “A Religião pode colocar em risco a vida do indivíduo devoto, assim como a de outras pessoas. Milhares de pessoas já foram torturadas por sua lealdade a uma religião, perseguidas por fanáticos por causa de uma fé alternativa que em muitos casos é quase indistinguível. A religião devora recursos, ás vezes em escala maciça. Uma catedral medieval era capaz de consumir cem centúrias de homens em sua construção, e jamais foi usada como habitação, ou para qualquer propósito declaradamente útil. [...] A música Sacra e os quadros religiosos monopolizaram em grande parte o talento medieval e renascentista. Gente devota morreu por seus deuses e matou por eles; chicoteou as costas até sangrar; jurou o celibato de vida inteira ou no silêncio solitário, tudo a serviço da religião. Para que tudo isso? Qual o benefício da religião”? (DAWKINS. 2009. Pg. 217-218).
R. Dawkins com suas idéias preconcebidas sobre religião e Deus, nunca percebeu que a verdadeira religião centrada na Palavra de Deus não é violenta. Porém, a fim de legitimar seu discurso, ele leva em consideração alguns eventos que ocorreram no âmbito do Cristianismo e que ocorrem na religião islâmica. É preciso de maneira honesta entender porque alguns conflitos religiosos se sucederam no meio cristão. É preciso entender a motivação de cada um deles e quais eram os objetivos daqueles que capitanearam essas guerras. Será que o conflito na Irlanda do Norte entre cristãos e católicos tem(tiveram) a autorização de Deus? Deus mandou eles entrarem em guerra por causa de suas visões antagônicas do Cristianismo? As cruzadas, elas foram legitimadas por Deus? Deus ordenou a alguém para iniciar essa guerra religiosa por território, pelas almas e pela hegemonia política? Os radicais islâmicos matam em nome de Allá? Será que Allá é o verdadeiro Deus? Quais os objetivos dessas guerras religiosas que são desencadeadas no mundo? São determinadas por Deus? Ou homens inescrupulosos guerreiam com outros objetivos e propósitos?
É preciso ser honesto na hora de taxar que a religião é má em sua essência. Que é o ópio do povo como afirmou Karl Marx. O grande tema envolvendo a verdadeira religião é que ela defende a comunhão genuína entre as pessoas, o amor altruísta, a verdade, uma vida de justiça, sem tantas desigualdades sociais. Em uma sociedade extremamente corrupta e decaída moralmente, soa como uma buzina estridente quando se fala sobre” verdade, amor e honestidade”. Esses são temas sensíveis, relevantes que nem os políticos, nem os líderes religiosos das falsas religiões querem tratar. Porque simplesmente eles não querem renunciar a mentira, o engano, o comportamento lascívio, a desonestidade. Uma religião que não cobra uma conduta moral compatível com Palavra de Deus é tudo que eles almejam. Por isso tantas correntes religiosas falsas atreladas ao Cristianismo, porque é mais fácil vender o nome de Jesus do que o de Allá (onde seus seguidores são extremamente violentos e tem o costume de decapitar aqueles que são infiéis)
Os camaradas do comunismo não suportam estarem debaixo de uma autoridade espiritual. O deus deles é o Estado. Tudo gira em torno do Estado, de maneira que este se torna onipresente e aqueles que não obedecerem estarão sujeitos a pesadas penas e até a morte. Como exemplo contemporâneo temos A China Comunista e o Vietnã do Norte. Ninguém percebe que nestas duas nações você não tem liberdade para fazer o que quer, claro, ainda que dentro de uma legalidade. Não pode optar em servir e crer em um Deus. O Estado e os líderes é que devem ser ovacionados e reverenciados, os valores estatais e dos seus líderes é que devem ser honrados e idolatrados. Não há espaço para Deus. É notório que tanto ateus quanto comunistas querem e desejam o fim da verdadeira religião que é o Cristianismo, oferecem quando muito uma religião estatal, institucionalizada, porém sem Cristo, como é o caso da religião na Federação Russa, antiga União Soviética, onde a população tem a sua fé no Cristianismo anunciada pela Igreja cristã ortodoxa, mas também admitem como religião o Judaísmo, o Islamismo, o Budismo, todas supervisionadas pelo Estado. Porém, é a Igreja estatal cristã Ortodoxa que se destaca com 75% dos russos declarando serem cristãos ortodoxos, mas a vida social no país não reflete essa maioria expressiva de cristãos fazendo a diferença.
CONCLUSÃO.
Tanto comunistas quanto Ateístas teologicamente concordam em um ponto: Deus não existe. Essa visão de cunho maligno e secularista ganhou força a partir do século XV. O mundo começa a experimentar mudanças significativas que irão marcar definitivamente a humanidade. A influência teológica exercida pela Igreja nos diferentes Estados europeus começou a perder força. Com o advento filosófico do Iluminismo e através de seus precursores, tais como: Voltaire, Rousseau, Lessing e Kant, além do filósofo Descartes, além disto a Revolução Francesa atuou como marco influenciador do pensamento religioso na sociedade europeia, assim como o surgimento da Teologia Liberal e do Marxismo, estes foram fatores preponderantes para o surgimento do antropocentrismo, o culto ao homem e a rejeição da religião e seu Deus. O Racionalismo Kantiano ganha força e passa a influenciar decisivamente a sociedade da época. Como desdobramento dessa influência nefasta o ateísmo e a ideologia comunista vão se enraizando na sociedade europeia e passam a influenciar várias nações. A Religião foi um dos alvos destes céticos, pois as influências proporcionadas pelos ateus e comunistas sobre a religião foram devastadoras.
Enquanto ateus e comunistas negam a existência de Deus, vai surgindo no horizonte religioso a Teologia Liberal, que deixam a religião mais humanizada e a despe de seu conteúdo sobrenatural, já influenciada pelas novas filosofias surgidas na Europa. Na realidade é essa proposta, a práxis comunista-ateísta de conduzir o homem a um estado de alienação e autonomia diante do seu Criador e negar veementemente sua existência e a religião que será o pilar da luta para implantação dessa nova cosmovisão. Um sistema político-religioso[comunismo-ateísmo] que negam a existência de Deus e tudo relacionado a Ele não pode ser um modelo ideal para influenciar as nações e dirigir o mundo. Um sistema onde você não tem liberdade para ser você mesmo é ilusório e utópico. As propostas comunistas como modelo de governo são inatingíveis por que são centradas no homem, são antropomórficas. Os grandes impérios que existiram ao longo da existência humana, todos de uma forma ou de outra cometeram injustiças, massacrou e matou aqueles que se opuseram a eles. A história universal comprova essas assertivas. Basta olhar para a vida dos cidadãos de países como, China Comunista, Cuba, Venezuela(Estado Socialista), Bolívia, Vietnã do Norte, dentre outros. Já a Comunidade Europeia na zona do euro, cada momento passado, a sociedade vai desenvolvendo um sentimento de antagonismo quanto a Deus e a religião. Basta citar que a Constituição da Comunidade Europeia não traz nenhuma alusão ou citação á Deus em seu cerne. É verdadeiramente um Estado Laico.
Ademais, vivemos atualmente em um período de transição, de turbulência na política mundial, vivemos entre a volta de Jesus e a implantação do reino do Anti-Cristo; Entre a luta para se instalar a religião oficial do reino de Satanás e a transição para saber qual o sistema religioso que será adotado; entre as principais religiões do mundo: Cristianismo, islamismo, Budismo e Judaísmo e uma convergência que satisfaçam os anseios do governante mundial[anticristo]; entre o modelo geopolítico que será adotado e reconhecido pela ONU e aquele que será implantado e alainhado com Satanás através da Besta. Vivemos dias trabalhosos. A grande questão religiosa atual é: como se dará a amálgama religiosa? Todavia, de uma coisa temos certeza: terá a influência do Judaísmo e haverá um falso deus que será adorado, cf. Apocalipse 13.4 e 8: “E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela”? “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.
É nessa perspectiva religiosa-política de dominação mundial pelo AntiCristo que o mundo estar sendo conduzido, cumprindo assim os desígnios de Deus. Todavia, mesmo em meio a todas essas incertezas político-religiosa características do tempo do fim, confiamos na Palavra de Deus que o Evangelho triunfará, que Jesus Cristo será exaltado sobre todas as nações e reinos e os governará! No fim nem o Comunismo nem o Ateísmo sobreviverão. Assim como os grandes reinos da história tiveram seus períodos de dominação e passaram, também o reino anticristão influenciados por um governo tirânico terá o seu fim, por que assim está determinado e escrito: “Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com eqüidade, e governarás as nações sobre a terra. (Selá.)”, Salmos 67.4; “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre”, cf. Dn. 2.44. “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos, Apocalipse 20.4. Maranata.
FONTE.
1. Bíblia Sagrada. Trad. ARC – Com referências e algumas variantes. R. de Janeiro. 1962. Imprensa Bíblica Brasileira. 1188 pg.
2. ZILLES, Urbano. Filosofia da Religião. S. Paulo. 2010. Paulus. 195 pg.
3. REALE, Giovanni & ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Do Romantismo até nossos dias. S. Paulo. 2207. 8ª edição. Volume III. 1140 pg.
4. NOVAES, Marcel. Do Czarismo ao Comunismo – As Revoluções russas do início do século XX. S. Paulo. 2017. Editora Três Estrelas. 279 pg.
5. GEISLER, Norman L & BROOKS, Ronald M.. Respostas aos Céticos - Saiba como responder questionamentos sobre a fé cristã. R. de Janeiro. 2016. CPAD. 379 pg.
6. DAWKINS, Richard. Deus um delírio. Trad. Fernanda Ravagnani. 2007. Cia das Letras. 520 pg.
7. GEISLER, Norman L. Enciclopédia Apologética – Respostas aos críticos da Fé Cristã. Trad. Lailah de Noronha. S. Paulo. 2017. Editora Vida. 932 pg.
8. VICENTINO, Claúdio. História Geral. S. Paulo. 2002. Editora Scipione. 519 pg.
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