Não deve ser confundido com o agnosticismo. O agnosticismo afirma que não podemos conhecer a Deus; o acognosticismo afirma que não podemos falar significativamente (cognitivamente) sobre Deus. Este conceito também é chamado “não-cognoscivismo” ou “ateísmo sem ântico”. O acognosticismo de A .J. Ayer. Seguindo a distinção feita por Hume entre afirmações definidoras e empíricas, A. J. Ayer ofereceu o princípio da verificabilidade empírica. Esse princípio considerava que, para as afirmações serem significantes, devem ser analíticas, a “relação de idéias” (David H um e) ou sintéticas (o que Hume chamou “questões de fato”), isto é, definidoras ou empíricas. Afirmações definidoras não têm conteúdo e nada dizem sobre o mundo; afirmações empíricas têm conteúdo, mas não dizem nada sobre qualquer suposta realidade além do mundo empírico. São apenas prováveis quanto à sua natureza e nunca filosoficam ente seguras.
As afirmações definidoras são úteis em assuntos empíricos e práticos, mas nada podem informar sobre a realidade em qualquer sentido metafísico. A ausência de sentido na discussão sobre Deus. O resultado do positivismo lógico de Ayer é tão devastador para o teísmo quanto o agnosticismo tradicional. Não é possível conhecer a Deus, nem expressá-lo. Na verdade, o termo Deus não tem significado. Portanto, até o agnosticismo tradicional é insustentável, já que o agnóstico presume ser importante perguntar se Deus existe. Mas, para Ayer, a palavra Deus, ou qualquer equivalente transcendente, não tem significado. Assim, é impossível ser agnóstico. O termo Deus não é nem analítico nem sintético. Não é oferecido pelos teístas com o uma definição vazia e sem conteúdo, que a nada corresponde na realidade, nem é um termo cheio de conteúdo empírico, já que “Deus” é supostam ente um ser supra-empírico. Portanto, é literariam ente sem sentido falar sobre Deus. Ayer acabou por revisar seu princípio de verificabilidade. Essa nova forma admitiu a possibilidade de algumas experiências empíricas serem seguras, tais com o as produzidas por uma única experiência sensorial, e que haja um terceiro tipo de afirmação com algum a verificabilidade analítica ou definidora. Ele não chegou a admitir que a discussão sobre Deus fosse significativa. As experiências verificáveis não seriam verdadeiras, falsas, nem reais, mas apenas significativam ente definidoras. Ayer reconheceu que a eliminação eficiente da metafísica deve ser apoiada pela análise detalhada dos argumentos metafísicos.Mesmo um princípio revisado de verificabilidade empírica tornaria impossível fazer afirmações significativam ente verdadeiras sobre a realidade transempírica com o Deus. Não há conhecimento cognitivo de Deus; devem os permanecer “acognósticos”. Inexpressável ou místico. Seguindo a linha proposta por Ludwig Wittgenstein (1889 -1951) na obra Tractatus logico-philosophícus, Ayer afirmava que, embora Deus possa ser experimentado, tal experiência não pode ser expressa em termos de significado. Wittgenstein acreditava que “a maneira em que as coisas são no mundo é uma questão absolutamente irrelevante para o que é superior. Deus não se revela no mundo ”. Pois “realmente existem coisas que não podem ser explicadas com palavras [...] Elas compreendem o que é místico”, e “o que não podem os expressar com palavras devemos consignar ao silêncio”.
Se Deus pudesse expressar-se por meio de nossas palavras, seria “um livro que explodiria todos os livros”, mas isso é impossível. Portanto, além de não existir nenhum a revelação proposicional, também não existe nenhum ser cogniscivelmente transcendental. Portanto, quer se considere o princípio da verificabilidade do positivismo lógico mais rígido, quer as limitações lingüísticas mais amplas de Wittgenstein, a discussão sobre Deus é metafisicamente desprovida de sentido. Wittgenstein acreditava que os jogos de linguagem são possíveis, até mesmo jogos de linguagem religiosa.
A discussão sobre Deus pode acontecer e acontece, mas não é metafísica; ela não diz nada sobre a existência e a natureza de Deus. É desastroso para o teísta que Deus não possa ser conhecido (com o em Immanuel Kaxt) e não possa ser objeto de expressão (como em Ayer). Tanto o agnosticismo tradicional quanto o acognosticismo contemporâneo nos deixam no mesmo dilema filosófico: não há base para afirmações verdadeiras sobre Deus. A não-falsificabilidade das crenças religiosas. 0 outro lado do princípio da verificabilidade é o da falsificabilidade. Com base na parábola do jardineiro invisível de John Wisdom, Antony Flew lançou o seguinte desafio aos crentes: “0 que precisaria ter acontecido para constituir para você uma prova contra o amor de Deus ou contra a existência de Deus?” (Flew, p. 99). A razão disso é que não se pode permitir que algo seja u m ponto a favor da fé em Deus a não ser que haja disposição de permitir que sirva com o prova contra ela. Tudo o que tem significado também é falsificável. Não há diferença entre um jardineiro invisível, indetectável, e nenhum jardineiro. Da mesma forma, um Deus que não faz diferença verificável ou falsificável não é Deus. A não ser que o crente possa mostrar com o mundo seria diferente se não houvesse Deus, as condições do mundo não podem ser usadas como evidência. Pouco importa se o teísmo se baseia numa parábola ou num mito, o crente não tem conhecimento significativo ou verificável de Deus. Isso pouco, ou nada, acrescenta ao agnosticismo tradicional de Kant. Avaliação. Com o seu primo , o agnosticismo, o acognosticismo é passível de duras críticas. Resposta ao acognosticismo de Ayer. Como já foi dito, o princípio da verificabilidade empírica demonstrado por Ayer é contraditório. Não é nem puramente definição nem estritamente fato. Então, pela própria definição, cairia na terceira categoria de afirmações desprovidas de sentido. Ayer reconheceu esse problema e lançou mão de um a terceira categoria p ara a qual não reivindicava valor de verdade.
A verificabilidade, defendia ele, é analítica e definidora, mas não arbitrária ou verdadeira. É metacognitiva, ou seja, está além da verificação de exatidão ou falsidade. É apenas útil com o guia para o significado. Essa é uma tentativa destinada ao fracasso por duas razões. Em primeiro lugar, ela não chega a eliminar a possibilidade de fazer afirmações metafísicas. Na verdade, admite que não se pode legislar significado arbitrariam ente, mas que é preciso considerar o significado das supostas afirmações metafísicas. Mas isso significa que é possível fazer afirmações significativas sobre a realidade, a negação do agnosticismo e acognosticismo completos. Em segundo lugar, restringir o que é significativo é limitar o que poderia ser verdadeiro, já que apenas o significativo pode ser verdadeiro. Então, a tentativa de limitar o significado ao descritivo ou verificável é afirmar que a verdade deve, ela mesma, estar sujeita a algum teste. Se ela não pode ser testada, então não pode ser falsificada e é, pelos próprios padrões, um a crença sem sentido. Resposta ao misticismo de Wittgenstein. Ludwig Wittgenstein promoveu o acognosticismo auto - ridicularizador. Ele tentou definir os limites da linguagem de tal forma que fosse impossível falar cognitivamente sobre Deus. Deus é literalmente inexprimível. E sobre o que não se pode falar, sequer se deveria tentar falar. Mas Wittgenstein teve tão pouco sucesso na restrição dos limites lingüísticos quanto Kant na delimitação do âmbito dos fenômenos ou da aparência. A própria tentativa de negar todas as afirmações sobre Deus constitui uma afirmação. Não se pode delimitar a linguagem e o pensamento sem transcender esses mesmos limites. É contraditório expressar o argumento de que o inexprimível não pode ser expressado. Da mesma forma, até mesmo pensar que o impensável não pode ser pensado é contraditório. A linguagem (pensamento) e a realidade não podem ser mutuamente excludentes, pois toda tentativa de separá-las completam ente implica algum a interação entre elas. Se uma escada foi usada para chegar ao alto de uma casa, não se pode negar a capacidade da escada de levar o indivíduo até lá. Resposta à não-falsificabilidade de Flew. Duas coisas devem ser ditas sobre o princípio da falsificabilidade de Flew. Em primeiro lugar, no sentido restrito da não-falsificabilidade empírica, ela é muito restritiva. Nem tudo precisa ser empiricamente falsificável. Na verdade, mesm o esse princípio não é empiricamente falsificável. Mas no sentido mais amplo do que é testável e argumentável, certamente o princípio é útil
A não ser que haja critérios para determinar verdade e falsidade, nenhuma afirmação sobre a verdade pode ser defendida. Tudo, incluindo-se posições diametralmente opostas, pode ser verdadeiro. Em segundo lugar, nem tudo o que é verificável precisa ser falsificável da mesma maneira. Com o John Hick demonstrou, há uma relação assimétrica entre verificabilidade e falsificabilidade. É possível alguém verificar a imortalidade pessoal ao observar conscientemente seu próprio funeral. Mas não é possível provar que a imortalidade pessoal seja falsa. Quem não sobrevive à morte não está lá para refutar nada. E outra pessoa não poderia refutar a imortalidade de uma terceira sem ser onisciente. Mas, se é necessário supor que exista uma mente onisciente ou um Deus onisciente, então seria eminentemente contraditório usar o argumento da falsificação para refutar a existência de Deus. Assim, podem os concluir que toda afirmação sobre a verdade deve ser testável ou argumentável, mas nem todas as afirmações sobre a verdade precisam ser falsificáveis. 0 estado de inexistência total de qualquer coisa seria impossível de falsificar, já que não haveria ninguém nem maneira de refutá-lo. Por outro lado, a existência de algo é testável por experiência ou inferência..
“Manual de Apologética – Norman Geisler – pp. 10-12”
Compilado por
Edson Moraes
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