domingo, 18 de outubro de 2020

Seicho-No-Iê


HISTÓRIA 


O começo

 

Fundada em Io de março de 1930 por Masaharu Taniguchi, no Japão, tendo como livro principal Semei no Jisso ("Verdade da Vida"), com mais de quarenta volumes. Revistas (no Brasil): Fonte de Luz, antigo Acendedor (tiragem mensal: 500 mil exemplares) e Pomba Branca -para mulheres (tiragem mensal: 120 mil unidades). Seguidores: aproximadamente dois milhões de membros e simpatizantes só no Brasil. Atração principal: curas milagrosas. 


Acendedor


"Ao alcance da mão, discretamente num canto do táxi, o motorista Alvair Marasse, 49 anos, descendente de italianos carrega sempre a revistinha Acendedor, da Igreja Seicho-No-Iê do Brasil. Ele se diz católico, vai à missa, e insiste em afirmar que é sua mulher quem gosta mais dessa seita. 

Não freqüenta a igreja japonesa, nem fica pregando sua fé, mas admite que a revistinha 'dá otimismo, tem muita coisa boa, desperta o poder da mente'. Resume: 'Vou fazer e faço'. Com a naturalidade de quem acredita que a superstição é um consenso nacional, Alvair revela o fundamento mais forte da sua crença: 'Desde que botei o Acendedor dentro do carro não acontece nada ruim'" (O Estado de São Paulo, 6 de novembro de 1983, p. 18).  


O fundador, Masaharu Taniguchi

 

A história da religião Seicho-No-Iê, ou "Lar do Progredir Infinito", é a história do seu fundador, Masaharu Taniguchi, que nasceu no dia 22 de novembro de 1893 no município de Kobe. Devido à extrema pobreza da família foi adotado por um tio; este era um pequeno e abastado industrial que o educou severamente. Masaharu, de índole tranqüila e muito afetuoso, achou severa a atmosfera da nova família, e teve de reprimir sua afetividade. 

Gostava de ler. Devorou o mundo da literatura e os livros naturalistas, e começou a pensar que "a vida humana é um problema sem solução". Depois de acabar a escola secundária, apesar da oposição de seus pais adotivos, inscreveu-se na faculdade de literatura da Universidade Waseda, em Tóquio, com o sonho de tornar-se escritor. 

Na universidade, foi influenciado por autores famosos como Tolstói, Schopenhauer e Nietzsche. Mas sua vida continuou infeliz, defrontando-se com problemas de namoros fracassados, doenças e empregos que não deram certo. Deixou a universidade em 1914, sem se formar.


Espiritualmente, Taniguchi experimentou uma variedade de coisas, de espiritismo e parapsicologia a Omoto-Kyo e Ittoen, religiões japonesas de origem recente. Em 1923, fugiu de Tóquio após o grande terremoto de Kanto, e voltou para Kobe. Lá descobriu um livro que o influenciou muito: The Law of Mind in Action ("A Lei da Mente em Ação"), de Fenwicke Holmes, um dos escritores da seita norte-americana Religious Science ("Ciência Religiosa", algo parecido com a Ciência Cristã de Mary Baker Eddy). Nele, Taniguchi encontrou o que considerava uma combinação viável do teísmo cristão e do panteísmo budista, com provas adicionais da teoria que afirma: "Quem aprende o princípio da 'mente divina' pode controlar o mundo material". 

Chegou uma época em que Taniguchi precisava muito de um bom emprego. Então resolveu sentar e pensar -acreditar - que esse emprego o esperava. Depois de um mês com esse pensamento fixo, conseguiu uma posição como tradutor numa companhia petrolífera. Este novo emprego serviu - a ele - para confirmar sua tese. 

Talvez a experiência mais marcante na formação espiritual de Taniguchi tenha sido sua "iluminação", no dia 31 de dezembro de 1928. 

Imbuído de um novo senso de dignidade, agora que estava bem empregado, mudou-se com a família para uma casa melhor. Porém, mesmo com uma condição financeira mais folgada, a saúde de sua família decaiu. Emiko, a filha, contraiu sarampo e depois pneumonia. Sua esposa sofria de colite, e ele próprio estava tão adoentado que, quando desejou fazer seguro, foi recusado. Não atinava por que, com sua compreensão de como a mente funcionava, sua família andava tão mal de saúde. 

Concluiu: "Se meu mundo é um reflexo da minha mente, então devo ser a causa da má saúde de minha família". Sentia que o medo e a ansiedade deviam certamente refletir-se como doença. "Se Deus é uma entidade que permite ao homem criar na terra de acordo com sua vontade e pensamento pessoais, não se pode fiar nele, em Deus, já que o homem precisa ceder à sua vontade própria". 

Sua mente fervilhava, enquanto meditava: "Todas as coisas evoluem do nada e tomam forma, conforme os padrões do pensamento. Sofre-se porque se acredita que a matéria é real e sólida... O mundo fenomenal é meramente uma manifestação temporal de um retrato mental ilusório... O seu corpo físico também não tem existência própria!... Só há a Realidade!... A verdadeira essência da Realidade é Deus. Somente Deus existe. As coisas que são reais são apenas a Mente de Deus e as manifestações da Mente de Deus. Esta é a verdade da Realidade... renegando todas as manifestações ilusórias do plano físico, você pode conhecer Deus, real, o verdadeiro Buda. Compreenda esta verdade! A vida imortal será restaurada, aqui e agora!"

 Através dessa experiência, chegou a concluir que o Jesus físico que parecia sofrer, conforme os ensinamentos cristãos, não existira originalmente.

 Taniguchi começou a escrever a revista Seicho-No-Iê em dezembro de 1929, e em março de 1930 publicou seu primeiro número. A revista foi um enorme sucesso, e o movimento passou a crescer de forma contínua e progressiva. No mesmo ano, Taniguchi disse que foi visitado por um anjo (cuja imagem adorna a fachada da sede da seita) que lhe entregou a escritura principal da religião, a Sutra Sagrada — Chuva de Néctar da Verdade (Kanro no Hoou), que é recitada diariamente pelos adeptos, e que muitos deles usam no pescoço, miniaturizada, como proteção divina. 

Durante a Segunda Guerra Mundial, Taniguchi se identificou com a filosofia nacionalista-fascista do regime imperial, escrevendo lemas patrióticos como: "O Exército Imperial sempre vencerá e, tendo vencido, voltará vivo". Ele falou do imperador japonês como sendo "O Ser Último", "A Única Existência", "A única coisa que realmente existe, e, devidamente, o centro da nossa lealdade e devoção". 

Por ter apoiado a aventura militar japonesa com tanto fervor, foi preso pelas tropas norte-americanas e ficou detido durante algum tempo (até sua morte era muito conhecido pelo apoio às causas da extrema direita). 

Após sua reabilitação social, Taniguchi e sua filosofia religiosa cresceram em popularidade e influência, não somente no Japão, mas também em outros países. Taniguchi foi um autor prolífero. Em 1958, o número de livros escritos por ele chegou a 260 (até 1985 haviam sido editados mais de 15 milhões de volumes). Em 1963 realizou sua primeira viagem de conferências pelo mundo.

No dia 1o de agosto de 1952, autorizada pela sede Inter- nacional do Japão, foi instituída a Igreja Seicho-No-Iê no Brasil, que hoje conta com centenas de igrejas e milhares de sedes locais em todo o território nacional. Taniguchi veio visitar seus seguidores aqui várias vezes, recebendo em 1980 a comenda Ordem do Ipiranga, no grau máximo de Grã-Cruz, do governo do Estado de São Paulo (foi o primeiro cidadão japonês a receber essa condecoração). 

Taniguchi faleceu no dia 17 de junho de 1985, em Nagasaki, aos 92 anos de idade. Ele foi sucedido como "Supremo Presidente" da seita por seu genro, Seicho Taniguchi.  


Uma seita atrativa


 Embora algumas práticas, como o culto diário aos ante- passados ("que nos protegem permanentemente"), não sejam facilmente aceitas pela mente ocidental, a Seicho-No-Iê, em seu positivismo contagiante, bate uma corda de esperança em muitos corações sofridos. Através de livros e revistas, e de seus famosos calendários com frases otimistas para cada dia do mês, tornou-se extremamente popular neste país, e hoje seus membros, em grande maioria, são de descendência não-japonesa! 

Umas das razões é sua aceitação de pessoas de outras religiões. 

Declara a seita: "Na Seicho-No-Iê não se fala mal das demais religiões, absolutamente. Todas elas são boas. A Seicho-No-Iê é também uma doutrina de integração religiosa, isto é, de união das religiões, não só das cristãs, mas de todas ao redor do mundo... A função da Seicho-No-Iê seria, então, a de eliminar as misturas e extrair apenas o 'ouro' comum a todas as outras religiões de todas as partes do mundo. Se a interpretação é correta ou errônea, basta ver o fruto". Agora, vamos examinar os ensinamentos da Seicho-No-Iê à luz da Palavra de Deus (Mt 7.15; 1 Ts 5.21).

  

DOUTRINAS DA SEICHO-NO-IÊ 


Fonte de autoridade

 

"A Seicho-No-Iê não é nenhuma seita religiosa... No sentido de dar a vida a todas as religiões, faz conferências baseadas em escrituras do Budismo, em textos da antigüidade japonesa, e, também, na Bíblia" (A Verdade da Vida, vol. I, p. 13). 

Refutação: 

Resulta a declaração acima:

 a) Que se trata de uma religião ecumênica associando xintoísmo, budismo e cristianismo. Tal mistura é condenada na Bíblia (Dt 32.16,17; 1 Rs 1 1.33; Mt 7.13,14; 1 Co 8.5,6; 10.20; Ef 4.5). Jesus condenou crenças e práticas religiosas que não estavam em harmonia com a Palavra de Deus (Mt 16.6.12; 23.5,7,27,28; Mc 7.6.9). 

b) A Bíblia adverte contra o ser desencaminhado pela tradição da religião falsa (Mt 15.3,6,9; 1 Co 4.6). Proíbe adicionar ou tirar algo da Palavra de Deus (Dt 4.2; Pv 30.5,6; Is 8.20; Ap 22.18,19).  


Deus


 "Ó Deus da Seicho-No-Iê, que vos manifestastes para indicar o Caminho do Deus-Pai, protegei-nos"(Kanro no Hoou, p. 12). 

"É o Deus do meu interior que te cura..." (Shinsokan e Outras Orações, p. 10). 

"No interior da criança aloja-se o Infinito" (Shinsokan e Outras Orações, p. 15). 

Refutação: 

Identificam Deus com a criatura. A Bíblia apresenta o conceito de um Deus pessoal que criou o Universo. Embora esteja em todas as partes, visto que é onipresente, existe à parte de suas obras. Deus é transcendente, isto é, sua existência vai além das coisas criadas. Segundo as Escrituras, a obra de sua criação (o homem, por exemplo) não constitui parte do ser divino (Gn 1.1,26,27; 2.15; SI 2.8,9; 1 Co 15.38,41). 


A existência do pecado, doença e morte


 "A doença não existe no mundo da criação de Deus" (Shinsokan e Outras Orações, p. 11). 

"Surge, agora, a Seicho-No-Iê perante a humanidade como os Sete Candeeiros, que profetiza a Luz da Verdade através destes candeeiros e aniquila os três males: "pecado", "doença" e "morte", que têm torturado a humanidade desde a sua expulsão do Paraíso do Éden, como está citado no Gênesis" (Kanro no Hoou, p. 6).

 Refutação: 

A doutrina da não-existência do pecado, de que tudo é ilusão, tranqüiliza a consciência, sem que a alma rebelde tenha de humilhar-se em arrependimento. O disfarce do ensino - sob o nome de "filosofia", de "ciência" - apregoado pelo Seicho-No- Iê, cega os membros com as muitas contradições que contém. Entretanto, o orgulho natural se compraz na superioridade intelectual da pessoa que julga poder compreender e praticar uma religião tão incompreensível para a maioria das pessoas. Muitas pessoas são enganadas pela hipocrisia do nome, crendo que uma simples religião possa solucionar o problema magno do pecado. Como o avestruz da lenda, encontraram para a cabeça um buraco na areia e crêem estar seguros. Mas vejamos o que a Bíblia tem a dizer: 

A Bíblia declara que Satanás, o "deus deste século", foi uma vez um poderoso ser angélico. E o que está escrito em Isaías 14.12-14 e Ezequiel 28.14-16. As Escrituras declaram também que esse anjo desejou usurpar o trono de Deus (Is 14.13,14), arregimentando após si a terça parte dos anjos, em total rebelião. Orquestrou um ataque frontal à soberania divina, sendo em consequência expulso do céu (Gn 3.6, 19; Rm 3.23; 5.12; 6.23). 

João, o evangelista, lembra que o pecado, longe de ilusão, é para quem o pratica um inimigo muito real e pernicioso. "Pecado é iniqüidade" (1 Jo 3.4); "Toda iniqüidade é pecado" (1 Jo 5.17); "Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso e a sua Palavra não está em nós" (1 Jo 1.10). 

Jesus nunca curou alguém mediante a negação da enfer- midade. Se a doença era algo ilusório, então a cura não tinha sentido. Mas Ele deixava claro não só que existiam doenças, como que havia nEle poder para curá-las, sendo Deus glorificado. Antes de atender o convite para visitar seu amigo Lázaro, que estava à morte, ele não teve pressa. Esperou que o moribundo morresse fisicamente e que a morte fosse comprovada, aguardando quatro dias até ressuscitá-lo. E importante ter em mente que Jesus não negou a realidade da enfermidade, como fazem os adeptos da Sèicho-No-Iê. Ele nunca considerou a doença como uma ilusão. Ao contrário, foi bem enfático e objetivo quando reconheceu: ―Lázaro está mor- to‖ (Jo 11.14).

 Afirmamos, portanto, que os milagres de Jesus foram reais, fisicamente tangíveis, o resultado incontestável, visível e comprovável da intervenção sobrenatural de Deus sobre suas criaturas: 

a) Jesus cura a sogra de Pedro (Mt 8.14,15);

 b) faz cessar a tempestade (Mt 8.26,27); 

c) cura um paralítico (Mt 9.2,6,7); 

d) restaura a visão de dois cegos (Mt 9.27,30); 

e) cura a muitos e expulsa muitos demônios (Mc 1.32,34);

 f) transforma água em vinho (Lc 2.1,11); 

 g) multiplica os pães (Jo 6.10,14).  


O homem — sua natureza espiritual e material


 "Deus, ao criar todas as coisas, não usa barro, não usa madeira, não usa martelo, não usa pincel, não usa ferramenta nem matéria-prima de espécie alguma, cria unicamente com o 'Espírito'" (Kanro no Hoou, p. 11).

 "Realidade é ilusão. Cuidai para que não vos apegueis à ilusão... tudo que podeis perceber através dos sentidos são projeções da mente, e não a Realidade Prima" (Kanro no Hoou, pp. 13,14). 

Refutação:

 Sem nenhum temor de contradição, todo ser racional admitirá a realidade da existência corporal do homem: 

a) O homem é capaz de perceber sua forma corpórea.

 b) O homem necessita satisfazer às necessidades corporais (alimento, vestuário etc), o que prova ter ele uma existência corporal.

c) O homem é capaz de perceber as diferenças entre idéias abstratas e concretas, sendo o corpo discernido facilmente como uma proposição concreta.  

6. A suposta ineficácia da morte de Jesus "Se o pecado existisse realmente, nem os Budas todos do universo conseguiriam extingui-lo, nem mesmo a cruz de Jesus Cristo"(Kanro no Hoou, p. 37). Refutação: Como pode uma religião chamar-se também "cristianismo" e negar todas as bases e pressupostos do cristianismo? (Is 53.5, Rm 3.23-26; 1 Co 15.3; Ef 1.7; Gl 1.13; 4.8; Hb 9.22,26; 10.19; 12.14; 1 Pe 1.18,20; 1 Jo 1.7). 


Extraído da obra: Desmascarando as seitas (Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro), pp.316-325.


Por 

Edson Moraes

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