sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Trecho do livro "Um Ateu Garante: Deus Existe". De Antony Flew (um dia ateus mais influentes do século 20). p. 108

Aberto à onipotência

A ciência, como ciência, não pode fornecer um argumento a favor da existência de Deus. Mas as três peças de evidência que analisamos neste livro — as leis da natureza, a vida com sua organização teleológica e a existência do universo — só podem ser explicadas à luz de uma Inteligência que explica tanto sua própria existência, como a existência do mundo. A descoberta do Divino não vem através de experimentos e equações, mas por uma compreensão das estruturas que eles revelam e mapeiam.

Agora, tudo isso pode parecer abstrato e impessoal. Alguém pode perguntar como eu, como pessoa, reajo a essa descoberta de uma suprema Realidade que é um Espírito onipresente e onisciente. Volto a dizer que minha jornada para a descoberta do Divino tem sido, até aqui, uma peregrinação da razão. Segui o argumento até onde ele me levou, e ele me levou a aceitar a existência de um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipotente e onisciente.

E óbvio que a existência do mal e do sofrimento precisa ser considerada. Contudo, filosoficamente falando, esse é um assunto separado da questão da existência de Deus. A partir da existência da natureza, chegamos aos fundamentos de sua existência. A natureza pode ter suas imperfeições, mas isso não nos diz se ela teve uma Fonte fundamental. Assim, a existência de Deus não depende da existência do mal, justificado ou injustificado.

Com respeito à presença do mal, há duas explicações para aqueles que aceitam a existência do Divino. A primeira é aquela do Deus de Aristóteles, que não interfere no funcionamento do mundo. A segunda é a defesa do livre-arbítrio, a idéia de que o mal é sempre uma possibilidade se os seres humanos são realmente livres. No sistema de Aristóteles, assim que completou o trabalho de criação, Deus deixou o universo sujeito às leis da natureza, embora, talvez, às vezes provendo um distante endosso dos fundamentais princípios de justiça. A defesa do livre-arbítrio depende da prévia aceitação de uma revelação divina, a idéia de que Deus tem se revelado.


Enviado por Sandro Nascimento. 

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