Por
Walson Sales
Sempre advirto meus leitores, amigos ou alunos a ficarem
atentos as afirmações vazias que os ateus fazem com frequência. Aqui está uma
delas. Além de distorcer o conceito de fé, saem aos gritos atacando o conceito
distorcido. Isso é conhecido como a tática do espantalho, ou seja, a atitude de
descaracterizar determinada palavra ou conceito e depois atacar essa definição
distorcida e imprecisa. Richard Dawkins afirma em seu livro Deus, um Delírio, na página 64 e 394 sobre fé: “confiança cega, na ausência de evidências,
ou mesmo diante delas…um mal exatamente porque não existe justificação e não
tolera nenhuma argumentação”. A tática é a desinformação. Os Novos Ateus são
acostumados a fazer afirmações desse tipo: “a ciência é baseada em evidências e
a religião é, por definição, uma questão de fé”, ou “religião diz respeito a
transformar uma fé não testada em uma confiança inabalável”, ou ainda, “a fé
religiosa desencoraja o pensamento independente” e pasmem, tipo “o processo do
não pensar chamado fé”. Todas estas expressões e correlatas são encontradas nos
escritos dos Novos Ateus. Eles nos acusam ainda de sofrer doutrinação infantil
ou lavagem cerebral. Todas são acusações vazias. O problema é: isso faz
sentido? Até que ponto eles têm razão? Perceba que o que eles estão afirmando é
que defendemos uma fé sem evidência. Michael
Poole trás ao assunto o ponto de que já temos uma palavra que significa fé sem evidência, que é a credulidade (2009, p. 18). Agora, pense
comigo, quem dentre os Cristãos se colocaria nessa definição de fé evocada
pelos ateus? Contudo, o grande problema é que muitos Cristãos definem a fé como
um salto no escuro, como algo sem nenhuma conexão com a razão, ou
entendem que a fé e a razão são
princípios opostos entre si, adicionando ao fato de que os ateus pensam que
essa é a definição real de fé.
Em seus dias Thomás de Aquino enfrentou
sua versão do argumento de que a razão e a fé são opostos. Alguns dos oponentes
de Tomás de Aquino pareciam ter uma visão de duas verdades, acreditando na
verdade alcançada pelo raciocínio filosófico (no nosso contexto de hoje a
“verdade” científica) e na verdade religiosa alcançada apenas pela fé. Para
eles, essas verdades eram independentes e poderiam ser incompatíveis entre si.
Tomás de Aquino se opôs apaixonadamente a essa divisão entre fé e razão como
sendo incoerente, destrutiva e anti-bíblica. Visto que Deus é o Criador de tudo
o que existe separado de Si mesmo, no entanto toda a verdade – qualquer que
seja e onde quer que seja descoberta - é de Deus. A verdade é unificada e
consistente e, finalmente, aponta para o próprio Deus. Tomás de Aquino estava
pronto para aceitar verdades genuínas descobertas por pensadores não-Cristãos
(Judeus, Muçulmanos, Gregos pagãos), e ele procurou mostrar que essas
descobertas estavam finalmente enraizadas e eram melhor explicadas em uma
cosmovisão Cristã. De acordo com Tomás de Aquino, algumas verdades sobre Deus
(por exemplo, que Deus existe) podem ser conhecidas por qualquer pessoa que
reflita cuidadosamente sobre a ordem natural, enquanto outras verdades sobre
Deus (por exemplo, que Ele é Trino) são conhecidas apenas porque Deus as
revelou a humanidade por revelação especial. Mas todas essas são verdades -
elas correspondem à realidade (quem Deus realmente é e como Ele realmente é).
Embora as últimas verdades não possam ser filosoficamente demonstradas a partir
da natureza, para Tomás de Aquino elas podem e devem ser racionalmente
defendidas contra objeções à sua verdade. A verdade é unificada, conhecível e
defensável, o que torna a apologética possível e crucial (HORNER, 2007).
Mas esse é o cavalo de batalha utilizado
pelos ateus para ridicularizar os Cristãos e alguns se dobram a esses
espantalhos sem ao menos tentar entender o próprio conceito de fé. Então é
imperioso definir fé antes de prosseguirmos.
O Dr. Daniel N. Schowalter afirma que as
formas dos substantivos ’emuna ou dos
verbos ’mn no AT são geralmente
traduzidas como “fé” ou “ter fé/crer”. Tal fé pode ser expressada com respeito
a Deus (Jn 3: 5) ou com respeito ao ser humano (Ex 4: 1-9), ou a ambos (Ex 14:
31). Os termos também são utilizados para expressar adesão a uma ideia ou a um
conjunto de princípios (Sl 119: 66). Há contudo outras formas de expressar este
tipo de relação por ou confiança em alguém ou algo. De fato, as formas do verbo
bth são muito mais frequentes na
Bíblia Hebraica, mas são geralmente traduzidas como “confiar” ao invés de “ter
fé/crer”. A diferença pode ser explicada com base no desenvolvimento semântico
e há alguns exemplos em que os significados são muito próximos (2 Rs 18:5). Na
tradução da Bíblia Hebraica para o Grego, a Septuaginta, geralmente traduz a
família de palavras ’nm com uma forma
da palavra Grega pisteuein, “confiar”
ou “crer/ter fé”. Esta mesma família de palavras é usada com frequência no NT
(1993, p. 222). Já dá para perceber que “ter fé” não significa uma crença cega
ou etérea, mas confiar, que exige uma ação volitiva do intelecto e não uma
“crença sem evidência”, como afirmam os ateus.
Tremper Longman III também faz as mesmas
alusões feitas acima sobre fé. Ele afirma que,
O espectro do significado de
"fé" e "fidelidade" pode ser aplicado tanto para Deus como
para os seres humanos. Cognatos de "fé" são usados interpessoalmente
nos relacionamentos humanos, mas são usados na Bíblia especificamente para
denotar a interação entre Deus e a humanidade e a resposta humana a Deus. Uma
questão de pertinência teológica é o grau em que se deve distinguir entre fé
como agente de crença pessoal e fé como objeto de crença pessoal, pertencente
ao relacionamento entre Deus e o ser humano. Em hebraico, as palavras mais
frequentemente traduzidas como "fé" ou "fidelidade" são 'emunah e 'emet. Em grego, a palavra traduzida com mais freqüência por
"fé" ou "fidelidade" é pistis.
Em termos de seus domínios semânticos, 'emunah
e 'emet conotam um senso objetivo de
confiabilidade (de pessoas) e estabilidade (de objetos inanimados); pistis transmite mais um senso subjetivo
de confiar em uma pessoa, confiança em uma pessoa ou acreditar em uma pessoa ou
em um conjunto de proposições. Esse senso subjetivo de pistis está correlacionado a considerar a pessoa ou objeto de
confiança, crença ou convicção como confiável - "fiel". Pistis também é usado para comunicar a
qualidade dessa pessoa ou crença como "comprometida" e
"confiável" (2013, p. 563 – grifo meu).
Perceba que no grifo dado por mim, o
autor destaca o caráter racional da crença e a conotação clara entre fé e
razão. Uma pessoa crédula (aquela que acredita de forma cega – como os ateus
nos imputam) não considera o conteúdo
ou a pessoa que acredita e não examina se essa tal crença é confiável ou não. Os professores J. D.
Douglas e Merrill C. Tenney fazem uma relação da ocorrência da palavra fé no NT
com a pregação, que incluia a atitude racional de verificar se Jesus era o
Messias anunciado no AT:
Em contraste com a relativa infreqüência
dos termos relevantes no AT, a palavra grega para "fé" (pistis G4411) e "acreditar" (pisteuō G4409) ocorre no NT quase 500
vezes. Uma das principais razões para isso é que o Novo Testamento afirma
que o prometido MESSIAS finalmente havia chegado e, para espanto de
muitos, a forma do cumprimento obviamente não correspondia à promessa
messiânica. Foi necessário um verdadeiro ato de fé para acreditar que o Jesus
humilde e crucificado de Nazaré era o Messias prometido. Não demorou muito para
o termo "crer" significar tornar-se Cristão. No NT, a fé torna-se,
portanto, o ato e a experiência humanas supremas (DOUGLAS & TENNEY, 2011,
p. 462, 463).
Apesar da citação acima dar a entender
que “crer” que esse Jesus Nazareno “humilde” era o Messias configurava um
“verdadeiro ato de fé”, o autor não quer se referir a essa “fé cega” que os
ateus nos acusam de ter. Na Bíblia, principalmente no livro de Atos, há uma
série de versículos que mostram que a mensagem do evangelho pregada por Paulo
nas Sinagogas se configuravam em verdadeiras disputas racionais e de
convencimento sobre a identidade do Messias. Paulo pregava utilizando as
profecias do AT que se cumpriram em Cristo e apresentava os fatos históricos
recentes que credenciavam essa mensagem. Seguem alguns destes textos para
esclarecimento:
E eles, saindo de
Perge, chegaram a Antioquia, da Pisídia, e, entrando na sinagoga, num dia de
sábado, assentaram-se; (Atos
13:14) [este relato do capítulo 13 é bem explicativo e vale a
pena ser lido por completo].
E aconteceu que em
Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus
mas de gregos. (Atos 14:1)
De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e
religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam. (Atos
17:17)
E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos. (Atos
18:4)
E chegou a Éfeso, e
deixou-os ali; mas ele, entrando na sinagoga, disputava com os judeus. (Atos
18:19)
E, entrando na
sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. (Atos
19:8)
E logo os irmãos
enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga
dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica,
porque de bom grado receberam a palavra, examinando
cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. (Atos 17:10,11)
Além disso o próprio Professor J. D.
Douglas afirma em outra obra que o verbo Grego pisteuo é seguido com frequência pela palavra “que”, indicando que
a fé diz respeito a fatos. Em outras ocorrências a mesma palavra quando seguida
do dativo simples significa dar crédito ou aceitar como verdadeiro aquilo que
alguém afirma (Mt 21: 32) e neste exemplo o autor usa uma referência negativa
aos descrentes como em João 8: 46. Se você ler estes versos, verá que Jesus dá razões apesar da descrença dos Judeus,
pois Jesus diz que João veio no caminho da justiça e que Jesus lhes falava a
verdade. Com isso o autor afirma que há certo conteúdo intelectual na fé e que
quando essa palavra aparece seguida do termo grego epi, trás a conotação de que esta fé tem uma base firme, firmada em
fatos, como no caso da ressurreição de Jesus (DOUGLAS, 2006, p. 497).
O professor John Lennox afirma no seu
livro épico publicado no Brasil pela editora Mundo Cristão que muitos
cientistas não se sentem confortáveis com essa militância ateísta contra a fé
com esses traços repressores e totalitários. Mas são essas visões extremistas e
polêmicas que chamam a atenção do público e por isso são promovidas pela mídia,
por isso muitas pessoas são afetadas por esses mantras modernos. Esse é o
motivo pelo qual devemos responder a essas acusações, pois os ateus consideram
que toda a fé religiosa é uma fé cega, contudo o professor Lennox pergunta:
“onde estão as evidências de que a fé religiosa não se baseia em evidências?”,
e como afirmei acima, infelizmente é evidente que alguns Cristãos professam a
fé em Deus de forma obscurantista, antiintelectual e anticientífica que, por si
só, é uma atitude que desonra a Deus e não deve ser incentivada. O problema dos
ateus gritarem que a fé Cristã está separada da razão não altera o fato de que
o Cristianismo mais comum visa insistir que a fé e as evidências são
inseparáveis, pois a fé é uma resposta a evidências e não uma alegria na
ausência das evidências. O apóstolo João descreve sua experiência com o
ministério de Jesus assim “Jesus, pois,
operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão
escritos neste livro. Estes [sinais], porém, foram escritos para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome.” (João
20:30,31). O que João quer dizer por sinais deve ser considerado
como parte das provas nas quais se baseia a fé. O próprio apóstolo Paulo diz o
que muitos dos pioneiros da ciência moderna afirmavam, ou seja, que a própria
natureza faz parte das evidências da existência de Deus: “Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem,
e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
indescupáveis;” (Romanos
1:20).
(LENNOX, 2011, p. 20, 21).
O apologista Cameron J. Grysen (2017, p. 10-12) faz uma
demonstração semelhante sobre a interação fé-razão na Bíblia quando faz uma
defesa da importância da apologética na atualidade. O primeiro ponto que ele
destaca é que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança (Gn 1: 27). Se o
ateísmo for verdadeiro, a razão não seria possível e não faria sentido, pois a
razão não pode proceder do irracional. Outro fato importante que o autor não
destaca, mas faço questão de elencar é que quando Deus criou o homem à sua
imagem e semelhança, Ele transferiu os atributos comunicáveis dEle a nós, que é
de fato, o que nos torna seres humanos pessoais ou pessoas, que são intelecto,
emoção, vontade, consciência, razão e liberdade.
Em Judas 10 vemos que é exatamente a razão que nos
diferencia dos animais. Deus nos criou com a habilidade de raciocinar e nos
convida a usar a razão. Veja por exemplo o que diz o texto de Isaías 1: 18: “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os
vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;
ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” (Isaías
1:18).
A tradução em português não apresenta de fato o que está no texto original
apresentado no grifo, mas veja a versão em inglês do mesmo texto: “Come now,and let us reason
together,
says LORD, though your sins be as scarlet, they shall be as white as snow. Though they be
red like crimson, they shall be as wool.” (Isaías 1:18). O texto diz: VENHA AGORA
E VAMOS RACIOCINAR JUNTOS! O apóstolo Paulo também usou o raciocínio em Atos
17: 2, 3: “E Paulo, como
tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre
as Escrituras, Expondo e demonstrando que convinha que o
Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos
anuncio, dizia ele, é o Cristo.” (Atos
17:2,3). Paulo sabia que as verdades da Bíblia eram racionais e
logicamente defensáveis, pois se baseavam em fatos recentes e públicos. Pedro
nos insta a sempre estarmos preparados para dar uma resposta racional e gentil
(I Pedro 3:15). A palavra grega para resposta é apologia, um termo legal que significa “fazer uma defesa organizada
ou uma resposta racional diante de uma acusação em um tribunal”. Perceba que
Pedro diz para “estar sempre preparado”, a linguagem é contínua. Essa tarefa
contínua pressupõe que o apologista Cristão defenda as verdades da fé Cristã
reveladas na Bíblia usando evidências, fatos e raciocínio lógico para
desmascarar as inconsistências e argumentos irracionais dos opositores,
exatamente como essas afirmações de que a fé se opõe a razão.
Em Filipenses, Paulo descreve sua missão como uma defesa
[apologia] e confirmação do evangelho (Fp 1: 7b). Em 2 Coríntios 10: 5 Paulo
afirma, “Destruindo os
conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando
cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” (2
Coríntios 10:5). E em Judas 3 temos a ordem tácita de
batalhar pela fé e essa batalha é racional: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência
acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a
batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.” (Judas
1:3).
Perceba com bastante atenção a definição de fé no texto clássico de Hebreus: “Ora, a fé é o firme fundamento das
coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.” (Hebreus
11:1).
Firme fundamento do que já foi anunciado e, baseado nisso, uma prova do que
esperamos. Veja a versão em
inglês: “Now faith is the foundation
of hoping, the evidence of events not being seen.” (Hebreus
11:1).
A fé olha para as evidências disponíveis na revelação e fora dela e alcança a
conclusão mais racional baseada na evidência. A Bíblia diz que Deus deixou
evidências de sua existência nos céus, algo que não podem ser vistos pelos
olhos humanos “Os céus
declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia
faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite.” (Salmos
19:1,2). Jó descreve a evidência deixada por Deus no mundo criado
“Mas, pergunta agora às
alimárias, e cada uma delas te ensinará; e às aves dos céus, e elas te farão
saber; Ou fala com a terra, e ela te ensinará; até os peixes do mar te
contarão. Quem não entende, por todas estas coisas, que a mão do Senhor fez
isto?” (Jó 12:7-9), bem como Romanos 1:20
como já demonstrado acima. Deus deixou suas impressões digitais na criação e
cabe a nós utilizar esse conhecimento disponível nessa revelação geral por meio
da razão que Deus nos dotou em favor da revelação especial.
O professor John Lennox denuncia exatamente que não faz
parte da visão bíblica exigir que se acredite em coisas sem que haja nenhuma
evidência. Exatamente como ocorre na ciência, fé, razão e provas caminham
juntas. Portanto, a definição de fé apresentada pelos ateus como uma fé cega
acaba sendo, portanto, o exato oposto da fé definida na Bíblia (LENNOX, 2011,
p. 21). Grysen faz uma citação do famoso apologista Cristão Craig Hazen e
explica muito bem este ponto:
Temos que começar a falar de maneira diferente sobre
'fé'. Infelizmente, deixamos que o mundo secular e antagonistas como Bill Maher
definam o termo para nós. O que eles querem dizer com 'fé' é um salto cego. É
isso que eles acham que nosso compromisso com Cristo e com a visão Cristã do
mundo, eles pensam que simplesmente desengatamos nossas mentes e pulamos cegamente
no abismo religioso.A visão bíblica de salvação na fé Cristã nunca teve nada a
ver com saltos cegos. O próprio Jesus estava fixo na ideia de que podemos
conhecer a verdade - e não apenas de alguma maneira espiritual ou mística. Em
vez disso, ele ensinou que podemos conhecer a verdade sobre Deus, os seres
humanos e a salvação de forma objetiva. Ou seja, as melhores formas de
investigação, evidência e raciocínio cuidadoso inevitavelmente apontarão para
Deus e Seus grandes planos para nós. (GRYSEN, 2017, p. 13, 14).
Craig Hazen demonstrou como peça secundária que nós, os
Cristãos, somos os principais responsáveis por esta invasão dos Novos Ateus nos
nossos arraiais com definições absurdas e distorcidas dos nossos próprios
princípios mais caros como a fé. São três as vertentes prejudiciais que reinam
e imperam em nosso meio evangélico, o antiintelectualismo, daí se segue o
preconceito ao preparo no estudo da teologia (falo do curso de teologia mesmo,
pois o antiintelectualismo luta contra qualquer tipo de preparo intelectual) e
por fim o antagonismo crescente contra a apologética, tanto na aplicação quanto
na propagação entre os membros. Entre estes está uma prática quase que
generalizada enraizada entre nós: a letargia, que é uma espécie de estado de profunda
e prolongada inconsciência, um sono profundo, mesmo que seja despertada, essa
pessoa volta a dormir. Uma incapacidade de reagir, de expressar emoções, uma
apatia, inércia e desinteresse. Mesmo sabendo que os jovens estão sendo
atacados nas universidades contra a fé, nada é feito. Mesmo sabendo que adeptos
radicais da teologia reformada estão atacando nossos jovens indefesos, nada é
feito e grandes danos espirituais são registrados.[1] Nossa fé não é
antiintelectual e não está dissociada da razão.
Fica aqui inevitável não reproduzir um trecho do livro A Existência de Deus e os Ateus. A
racionalidade não anula a fé, apenas a complementa. Soares[2] afirma que a fé
Cristã é racional e pode ser explicada de forma metódica e sistemática (2008,
p. 08). O que se apresenta, na verdade, é o perigo de se abraçar os extremos,
isto é, “só fé” (Fideísmo – o conceito de que a fé é um salto no escuro ou que
a fé é contrária a razão) ou “só o pensamento racional” (o Racionalismo). Um
equilíbrio deve ser incentivado. Por exemplo: os hindus aceitam a Mahabarata[3]
pela fé; os mulçumanos aceitam o Alcorão pela fé; os espíritas aceitam os
escritos de Allan Kardec[4] pela fé. Será que os Cristãos aceitam a Bíblia
apenas por fé? Claro que não, por ser uma fé apresentada na história como algo
factual. Se os Cristãos aceitam a Bíblia apenas por fé, nenhuma outra fé ou
religião poderia ser questionada, apenas aceita, e esse posicionamento descamba
no pluralismo religioso. O Cristianismo é diferente e exclusivo. Por exemplo: a
Bíblia afirma que Jesus morreu e ressuscitou dos mortos, e o Alcorão afirma que
Jesus não morreu. As duas afirmações não podem estar certas e não é a fé que
vai resolver essa questão (me refiro aqui a fé como sentimento ou
assentimento). A alegação de que religião é apenas fé é um mito moderno. Embora religião requeira fé, religião não é
apenas fé. Todas as religiões, inclusive adeptos do ateísmo, fazem
afirmações verdadeiras que podem ser avaliadas por meio da investigação
científica e histórica. Craig (2004, p. 30) dá-nos uma brilhante abordagem
sobre “Fé e Razão – como sei que o cristianismo é verdadeiro?” e faz uma
crucial observação:
‘como saber que o cristianismo é verdadeiro?’
Provavelmente todo cristão já se fez essa pergunta. ‘Creio que Deus existe, creio
que Jesus ressuscitou, experimentei seu poder transformador em minha vida, mas
como saber que isso é realmente verdadeiro?’ O problema se torna
particularmente agudo quando somos confrontados com alguém que não crê em Deus
ou Jesus, ou é seguidor de outra religião. Ele pode nos perguntar como sabemos
que o cristianismo é verdadeiro e nos pedir que apresentemos provas. O que
devemos dizer? Como eu sei que o cristianismo é verdadeiro? Ao responder a essa
pergunta, acho que temos de distinguir
entre saber que o cristianismo é verdadeiro e demonstrar que o cristianismo é verdadeiro (grifo meu).
A demonstração das verdades Cristãs é que serão
comparadas com as afirmações antagônicas e medidas com os dados históricos e
doutrinários para que o resultado seja mensurado, como no exemplo acima em que
o Cristianismo e o Islã fazem afirmações contraditórias sobre Jesus. Bem como a
diferença entre saber que o Cristianismo é verdadeiro e poder demonstrar que o
Cristianismo é verdadeiro. Você não poderá apenas dizer que o Cristianismo é
verdadeiro porque você crê que o Cristianismo é verdadeiro para demonstrar sua
veracidade. Qualquer adepto de qualquer outra religião poderá fazer o mesmo e
todos não chegarão a lugar algum. Leite Filho (1988, p. 77, 78) corrobora esse
pensamento de uma forma muito contundente:
Podemos compreender assim que a fé não perde a
racionalidade, não é irracional; antes conduz a razão para além de si mesma, a
fim de que a própria fé possa compreender o que não discernia antes. Podemos ir
mais longe: a fé autêntica é aquela que se utiliza da racionalidade para se
aprofundar mais e mais. Uma fé isolada da razão é mais perniciosa do que o
próprio ateísmo. A fé e a razão devem entrelaçar-se, andar juntas, par a par,
pois o conhecimento de Deus, não sendo possível exclusivamente pela razão,
depende também da fé, da entrega do homem ao metafísico, ao incompreensível, ao
sobrenatural. Por outro lado como explica Daniélou, ‘nada é mais perigoso do
que uma religião que pretende privar-se da razão. Ela chega ao fanatismo, ao
iluminismo, ao obscurantismo’(grifo meu).
Não negamos que existe, de fato, uma diferença do que é
objetivo e subjetivo na religião. Entretanto, não descartamos a necessidade de
conhecer o contexto em que a Bíblia foi escrita e a mente das pessoas que
viveram naquela época. Mas o principal problema é que existe objetividade e
subjetividade nas afirmações religiosas e científicas. Se você fala “Jesus vive
em meu coração”, isso é de caráter subjetivo, interno, privado e pessoal.
Portanto, existem dois tipos de conhecimento: o que é de alcance público e o
que é pessoal. Algumas coisas são de conhecimento público, como a distância
entre a terra e o sol, ou quem é o atual presidente do Brasil. Outras coisas
são do conhecimento privado, como dor de cabeça ou se estou me sentindo bem. A
noção popular (destrutiva) é que a ciência lida com o que é objetivo, público,
externo e plausível, enquanto a religião lida com o que é subjetivo, privado,
interno e pessoal. Não negamos que certos aspectos da religião sejam pessoais,
internos e particulares, porém defendemos que importantes aspectos do
Cristianismo são objetivos, públicos, externos e plausíveis. O Cristianismo é
uma cosmovisão que faz afirmações sobre a realidade. Tais afirmações são
verdadeiras ou falsas. Se forem verdadeiras, há evidências que podem
sustentá-las, portanto, conhecer que o Cristianismo é verdadeiro deve
significar mais do que conhecimento subjetivo, privado, interior, pessoal. Isso
significa que nós podemos saber que ele é verdadeiro de uma forma objetiva,
pública, externa e plausível (HOWE & HOWE, 2006, p. 29).
Para encerrar e completar esse tópico,
vamos analisar mais a fundo o relacionamento entre conhecimento, razão e fé.
Como já demonstrei acima, fé não é apenas um sentimento cego ou uma “torcida”
ou “pensamento positivo”. A fé Cristã tem um conteúdo, informação que interage
com a razão e com o conhecimento.
O filósofo David K. Clark mostra as
nuances dos diversos contextos em que a fé é empregada e sua relação com a
evidência. Ele afirma que os naturalistas geralmente argumentam que os crentes
não podem conhecer uma doutrina religiosa, a menos que possam dar evidências
para apoiá-la. Qualquer afirmação doutrinária ou crença religiosa - digamos,
"Deus existe" ou "Deus me perdoou" - precisa de evidências
para apoiá-la. Essa é a exigência dos ateus que ignoram os aspectos objetivos e
subjetivos de uma crença, algo que é comum a todas as pessoas, como já
demonstrado acima. Alguns epistemólogos não religiosos promovem um princípio que
exige que as pessoas religiosas produzam razões objetivamente testáveis,
empíricas ou evidenciais para apoiar o que acreditam. Este requisito é o
coração do evidencialismo e por consequência do ateísmo. Por não perceberem,
alguns Cristãos se dobram ao perceber que não podem dar esse tipo de evidência
e ninguém poderia. De uma posição evidencialista, segue - ou parece - que nunca
é virtualmente correto sustentar doutrinas religiosas ou fundamentar crenças
teológicas pela fé. Muitos tipos de crenças contam como "aceitar pela
fé". O que estes têm em comum é a falta
de uma base evidencial. As razões positivas para sustentar crenças que carecem
de evidências podem variar consideravelmente. As pessoas religiosas fundamentam
crenças que não são baseadas em evidências de maneiras diferentes. Portanto, o
conjunto de todos os casos de "aceitar pela fé" tem diversos membros.
Um tipo de "aceitar pela fé" é
defender algo verdadeiro porque vem de uma fonte religiosa autoritativa. Isso
envolve aceitar a palavra de outra pessoa. Ao confiar em especialistas, o
conhecedor aceita o testemunho. Qualquer um que aceite os especialistas, usará
seu marco epistêmico. Todas as pessoas aprendem muito do que sabem de outras
pessoas, inclusive os evidencialistas.
Outro tipo de "aceitar pela
fé", ou crer sem evidência, é sustentar uma crença religiosa como
"adequadamente básica". Uma crença básica se forma em uma pessoa quando ela a conhece diretamente, sem
inferir ou deduzir de outras crenças. Se uma crença básica se forma
corretamente - se nada no processo de formação de crenças der errado - então
ela é propriamente básica. Enquanto
converso com alguém, em minha mente surge a crença de que essa pessoa é uma
pessoa real, uma mente, e não apenas um corpo robótico que eu detecto com meus
cinco sentidos. Não deduzo minha
crença de nada. Não construo um argumento usando premissas enraizadas na minha
observação dos movimentos de seu corpo para concluir que o meu interlocutor é
uma pessoa real. Apenas sei que essa pessoa é mais que um corpo. A crença é
básica. Da mesma maneira direta, posso conhecer a existência de Deus - afirmam
alguns epistemólogos religiosos. (Posso ainda conhecer outras coisas sem
precisar de evidências empíricas, por exemplo: como saber que existem outras
mentes além da minha? Como saber que o passado não tem apenas cinco minutos
aparentando ser mais velho? Como saber se minha realidade não é uma ilusão do
tipo que meu cérebro poderia estar em um tubo de ensaio em um super laboratório
e me dando impulsos elétricos para me dar esse sentido de realidade que sinto?
Essas são crenças básicas que não estão ao alcance da ciência, nem do empirismo
e não somos irracionais em acreditar nelas.)
Ainda outra forma de “aceitar pela fé”,
para os Cristãos de qualquer credo, é saber diretamente por meio da confiança
no testemunho interior do Espírito Santo (sensus
divinitatis). Esse tipo de conhecimento é produzido por meio de uma
capacitação divina. Este é um caso especial de crença adequadamente básica. O
testemunho do Espírito tem um significado especial na tradição teológica
Cristã. Os crentes sabem que a Bíblia
é a Palavra de Deus - que Deus, por Sua inspiração, é um autor da Bíblia -
porque o Espírito Santo os ensina. A Bíblia diz que o Espírito testemunha aos
crentes que eles são filhos de Deus (Romanos 8:16). Agora, se isso é possível,
então talvez os crentes possam saber
certas outras coisas diretamente de Deus. De fato, não podemos negar o papel
preponderante do Espírito Santo na geração da fé salvífica, ao utilizar os
dados disponíveis, seja a mensagem do Evangelho, sejam circunstâncias da vida,
sejam as informações disponíveis na revelação geral. Todas são usadas para
conduzir o homem a Deus em seus estágios específicos.
Estes são exemplos de "aceitar pela
fé". Mas observe que, na Bíblia, "fé" não significa
"aceitar uma ideia como verdadeira sem evidência", como já
demonstrado acima. Como a Bíblia conecta ser “salvo pela fé” (ver Efésios 2:
8–9) à ideia de “conhecer pela fé”? Em inglês, "fé" funciona
gramaticalmente apenas como um substantivo. No Grego do Novo Testamento, pisteo,
"[ter] fé" ou "acreditar", é um verbo que denota confiança
pessoal, confiança fiel ou comprometimento com uma pessoa.
Os reformadores fizeram distinção com
presteza sobre notitia, assensus e fiducia. Notitia denota o
conteúdo da fé, as grandes doutrinas da Bíblia. Assensus indica o ato mental de aceitar esses ensinamentos como
verdadeiros. E a fiducia significa o
ato de toda a alma do crente de se comprometer pessoalmente, confiar e prometer
lealdade ao Ser pessoal divino descrito nessas doutrinas. As verdades da notitia denotam o Ser pessoal divino -
Deus - e o crente aceita essas verdades em assensus.
Mas a chave é a seguinte: a salvação - o relacionamento com Deus - acontece
quando o crente vai além do consentimento mental à confiança e lealdade
pessoais. Biblicamente, a fé está intrinsecamente ligada à crença nas verdades
centrais sobre Deus (algumas das quais os crentes aceitarão pela fé) (CLARK,
2003, p. 35, 36). Perceba que “ter fé” não significa excluir as faculdades
mentais ou aceitar algo sem crítica ou de forma cega (Marcos 12: 30).
O professor J. D. Thomas afirma que a fé
contém necessariamente o conhecimento. Ele defende que a fonte do conhecimento
é a fonte da fé e que a fé está baseada necessariamente no conhecimento, pois a
maioria das pessoas não creria em algo que não fizesse sentido. Fé requer um
certo grau de conhecimento ou de “fatos conhecidos” e com isso a razão tem um
papel importante, pois é a razão que sabe processar e identificar a informação.
Isso é o que difere a fé da credulidade, que é o verdadeiro conceito de fé
cega. Quando dizemos que o conhecimento é um pré-requisito, queremos dizer que
a própria natureza da fé, de qualquer fé, existe a aceitação de uma ideia ou
fato e deve haver a confirmação de um conhecimento e isto é básico e elementar
e é onde a fé começa. Por isso a fé religiosa depende da revelação avaliada
pela razão e seu fundamento histórico e possível, pois se Deus quisesse revelar
a verdade a uma pedra teria que dotá-la de uma mente capaz de raciocinar
(THOMAS, 1999, p. 319-321). Os filósofos Peter Kreeft e Ronald K. Tacelli (2008,
p. 45) afirmam que a razão está relacionada à verdade, pois é uma maneira de
conhecer a verdade, de compreendê-la, de descobri-la e de prová-la. De forma
semelhante, a fé está relacionada à verdade, pois também é uma maneira de
descobri-la. Nenhum ser humano existe sem algum tipo de fé. Todos nós
adquirimos a maior parte de nosso conhecimento através da fé, ou seja, por
cremos no que outras pessoas – pais, professores, amigos, a sociedade – nos
dizem. Sendo assim, externamente à religião e também através dela, a fé e a
razão são estradas que levam à verdade. A vida e a própria ciência não teria
sentido se os ateus evidencialistas exigissem de si mesmos os que eles exigem
de nós, os religiosos, pois muitas coisas na nossa própria realidade não
precisam de confirmações evidenciais para saber ser verdade. Veja o quadro
abaixo:
|
O que podemos
compreender |
O que podemos
descobrir |
O que podemos provar |
Somente pela razão, e não pela revelação |
Do que uma estrela é feita |
A existência de Plutão |
O Teorema de Pitágoras |
Pela razão e pela fé na revelação divina |
Por que o universo é tão ordenado |
O Jesus histórico |
A alma não morre |
Apenas pela fé na revelação divina |
O plano de Deus para nossa salvação |
O quanto Deus nos ama |
Deus é Trino |
(Figura de KREEFT e TACELLI, 2008, p.
45).
A razão anda de mãos dadas com a fé. O ateu Richard
Dawkins afirma em seu livro citando um naturalista ateu chamado Julian Baggini
onde o mesmo explica em Atheism: A very
short introduction o significado do comprometimento
[está claro que prévio] de um ateu com o naturalismo: "O que a maioria dos
ateus acredita [que o ateu crê] é
que, embora só haja um tipo de matéria no universo, e é a matéria física, dessa
matéria nascem a mente, a beleza, as emoções, os valores morais — em suma, a
gama completa de fenômenos que enriquecem a vida humana" (2007, p. 28 –
grifo e acréscimo meus). E na página 63 do mesmo livro ele afirma “Os ateus não
têm fé”. Contudo, é inescapável um assentimento ou comprometimento de crença
prévio com o naturalismo para defender o ateísmo.
Se Richard Dawkins torna pública a admissão de um viés, o
darwinista ateu Richard Lewontin, da Universidade de Harvard, derrama uma
confissão completa por escrito. Veja de que maneira Lewontin reconhece que os
darwinistas aceitam histórias absurdas do tipo "é porque é", que são
contra o bom senso, em função de seu compromisso prévio com o materialismo (os
grifos são meus):
Nossa disposição de aceitar afirmações científicas que
são contra o bom senso são a chave para uma compreensão da verdadeira luta
entre a ciência e o sobrenatural. Assumimos o lado da ciência, a
despeito do patente absurdo de alguns de seus constructos, a despeito
de sua falha em cumprir muitas de suas promessas extravagantes de saúde
e vida, a despeito da tolerância da comunidade científica pelas histórias do
tipo "é porque é", porque nos comprometemos previamente com o
materialismo.Não é que os métodos e as instituições científicas de alguma
maneira tenham nos compelido a aceitar uma explicação materialista de um mundo
fenomenal, mas, pelo contrário, nós é que somos forçados, por nossa própria
aderência a priori às causas materiais, a criar um aparato de investigação e um
conjunto de conceitos que produzam as explicações materialistas,
independentemente de quão contra-intuitivas e mistificadoras possam ser para o
não iniciado. Além do mais, esse materialismo é absoluto, pois não
podemos permitir a entrada de nada que seja divino (GEISLER e
TUREK, 2006, p. 91, 92).
A negação do sobrenatural e da própria existência de Deus
pelos ateus não é um fato estabelecido da ciência que eles tanto defendem, mas
uma atitude intencional e deliberada de negação pura e simples. O professor
Michael Poole afirma que na primeira de suas palestras de Natal, Richard
Dawkins disse que “não havia nada errado em ter fé, em colocar sua fé no método
científico e em ter fé em predição científica apropriada”. Goste disso ou não,
a palavra fé é usada tanto por religiosos quanto por não religiosos (2009, p.
21). Vamos seguir para o próximo tópico que também promete.
____________________
Notas:
[1]
Veja o nível do nosso comprometimento que deveríamos ter nesse campo: "Ser ignorante e inocente nestes dias -
tornando-se incapaz de confrontar os inimigos em seu próprio território - seria
como lançar ao chão nossas armas e trair nossos irmãos de pouca formação, que
não possuem, abaixo de Deus, nenhuma defesa, exceto nós, contra os ataques intelectuais
dos descrentes [e sectários, muçulmanos etc]. A boa filosofia tem de existir,
se não houvesse outra razão, porque a má filosofia precisa ser contestada"
(C. S. Lewis). O acréscimo é meu.
[2]
Pr. Ezequias Soares em palestra ministrada nas festividades dos 90 anos da
Assembléia de Deus em Pernambuco, com o tema: O QUE É APOLOGÉTICA?”, no dia
20/10/2008.
[3]
Livro sagrado do hinduísmo, cujo 13º livro é a Baghavah Gita; Ver capítulo
sobre o Hinduísmo.
[4]
Hippolyte Léon Denizard Rivail(1804-1869) foi um pedagogo e escritor francês.
Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador do
Espiritismo, também denominada de Doutrina Espírita.
____________________
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A paz do Senhor a todos!
ResponderExcluirArtigo excelente. Muito consistente as argumentações!
O que esperar de Dawkins, se nem filósofo o cidadão é?