quinta-feira, 8 de abril de 2021

A VISÃO ARMINIANA CLÁSSICA DA PREDESTINAÇÃO

 A visão arminiana clássica da Predestinação

 

 

Jack Cottrell 

 

Arminianismo, em seu sentido mais amplo, é simplesmente não-Agostinianismo ou não-Calvinismo. Ele tem muitas variações, “desde as visões evangélicas do próprio Armínio à ala esquerda do liberalismo.”[3] O que as mantêm unidas é a rejeição do conceito Agostiniano da verdadeira depravação total* (escravidão da vontade) e uma crença na forma significativa de livre-arbítrio, pelo menos em relação à capacidade de aceitar ou rejeitar a oferta do evangelho da salvação.

É, realmente, uma impropriedade chamar este ponto de vista de “Arminianismo,” uma vez que ele existia, muito antes de Tiago Armínio (AD 1560-1609). Foi a crença de consenso na Cristandade antes de Agostinho (354-430) [4] e foi afirmado pelo mesmo Agostinho, sobretudo, mas não exclusivamente, em seus anos anteriores. [5] Por exemplo, Agostinho declarou, em 412 d.C., que o Criador deu aos seres humanos o livre-arbítrio como “um poder intermédio, que é capaz de inclinar-se tanto para a fé quanto a se voltar para a descrença… Deus, sem dúvida, deseja que todos os homens sejam salvos, mas não de modo a tirar-lhes a sua liberdade de vontade.” [6] O pensamento católico, na Idade Média, era misto, mas a partir do momento da Reforma, [7] a doutrina Católica Romana oficial esteve em consonância com o Arminianismo. [8] No século XVI, os anabatistas e a maioria da Reforma Radical ensinaram uma doutrina (restaurada) do livre-arbítrio, ao contrário dos principais reformadores. [9]

Quando o próprio Armínio fez a transição do catolicismo ao protestantismo, ele foi confrontado com as visões estritamente calvinistas, especialmente, aquelas de Beza em Genebra, mas ele, pessoalmente, rejeitou tanto a forma supralapsariana quanto a sublapsariana do Calvinismo. [10] Embora tenha reconhecido a herança Adâmica da depravação total e afirmado a necessidade da graça para capacitar à fé, [11] ele negou o significado prático da depravação**, declarando que tal capacidade da graça é universal e resistível. [12] Assim, quanto ao saber se os pecadores têm a capacidade de aceitar ou rejeitar o evangelho, Armínio, certamente, foi um Arminiano. Alguns, tais como Gordon C. Olson, Robert Picirilli e Stephen Ashby, referem-se à visão global de Armínio e àquela de seus primeiros seguidores Remonstrantes como “Arminianismo Reformado.” [13] Picirilli e Ashby abraçam e ampliam essa visão. Leroy Forlines chama a visão de Armínio de “Arminianismo Clássico” e identifica sua própria visão com ela. [14]

Muitos dos que continuam na tradição geral do livre-arbítrio e que são, dessa forma, Arminianos, neste sentido amplo, estão fora do âmbito da ortodoxia, do cristianismo conservador. Isso inclui grupos como Socinianos[15] e Unitários, [16] [17] Quakers, [18] [19] alguns cultos, como as Testemunhas de Jeová,[20]e que Erickson, geralmente, chama de “ala esquerda do liberalismo.” [21]

A forma mais comum de Arminianismo, pós-Armínio, é aquela formulada por John Wesley e abraçada por seus seguidores no Metodismo,[22] holiness[23] e denominações pentecostais. É semelhante à própria visão de Armínio, mas inclui uma visão mais completa e consistente da graça preveniente de Deus, que restaura à raça Adâmica, o livre-arbítrio e a capacidade de aceitar ou rejeitar o evangelho. Esta visão é, geralmente, chamada de “Arminianismo Wesleyano” ou “Arminianismo evangélico.” [24]

Outros grupos modernos na tradição geral do Livre-arbítrio incluem alguns batistas (por exemplo, a Igreja Batista do Livre-Arbítrio, representada por Forlines e Picirilli) e as associações do Movimento de Restauração (Stone-Campbell) – (igrejas cristãs, igrejas de Cristo), das quais eu faço parte. [25]

Com a exceção dos católicos e grupos não-ortodoxos, como os citados acima, a visão defendida pela maioria dos mencionados, neste breve levantamento histórico, pode ser definida como “Arminianismo clássico” no sentido mais amplo. Eu sei que Forlines usa esse título (com um “C” maiúsculo) em um sentido mais específico, que inclui as doutrinas da graça preveniente e expiação substitutiva. [26]Todavia, eu vou aplicar esse título (com um “c” minúsculo) a todos aqueles que acreditam na forma significativa de livre-arbítrio humano, para aceitar ou rejeitar o evangelho, no entanto, a presença desta habilidade é esclarecida.

Como, então, a doutrina Arminiana clássica da predestinação se encaixa nesse quadro? Como estou usando o termo, é a opinião de que antes que o mundo existisse, Deus, condicionalmente, predestinou alguns indivíduos específicos, para a vida eterna e o restante para a condenação eterna, baseado em seu pré-conhecimento de suas respostas originadas do livre-arbítrio, à sua lei e à sua graça. Para a maioria das pessoas aqui descritas como Arminianos clássicos, a ideia principal é que Deus predestina de acordo com o pré-conhecimento (presciência), das futuras decisões oriundas do livre-arbítrio humano. Jewett chama essa de “a mais antiga visão da predestinação,” remontando aos antigos Pais Gregos e “a visão mais amplamente aceita” hoje “entre os estudantes leigos da Escritura.” [27] [28]

Alguns podem se surpreender ao saber que Arminianos crêem na predestinação como tal. Isso ocorre porque muitos associam a palavra com o Calvinismo e presumem que somente os Calvinistas aceitam tal doutrina. Este não é o caso, no entanto. Como Forlines diz, [29] a doutrina da predestinação é tão essencial para Arminianos como é para os Calvinistas e nós, na categoria anterior, precisamos retomar a palavra, bem como o conceito, juntamente com todas as bênçãos dela resultantes.

Vou agora apresentar quatro coisas: (1) uma explicação mais completa da visão arminiana de predestinação; (2) um breve histórico da visão arminiana; (3) uma declaração sobre os pressupostos gerais deste ponto de vista teológico, e (4) uma breve exposição de Romanos 9 como um texto fundamental sobre este assunto.

I. A VISÃO ARMINIANA DA PREDESTINAÇÃO

Tal como foi definida, a predestinação é a opinião de que antes que o mundo existisse Deus, condicionalmente, predestinou alguns indivíduos específicos, para a vida eterna e o restante para a condenação eterna, baseado em seu conhecimento prévio das respostas oriundas do livre-arbítrio à sua lei e à sua graça. No desempacotamento desta definição vamos explorar o significado, os objetos, o fim, e a forma de predestinação.

A. O Significado da Predestinação.

O termo “predestinação” se refere à decisão de Deus para realizar um determinado ato futuro, realizar um determinado objetivo ou a sua determinação prévia para fazer com que algo aconteça. A atividade predeterminadora de Deus não se limita às suas decisões sobre o destino final dos indivíduos, mas também inclui outros aspectos de seus propósitos eternos. Por exemplo, quando aplicado a pessoas, Deus não somente predestinou alguns para a salvação, mas tem também predestinado alguns para papéis de serviço, em que ele os usa como instrumentos para realizar os seus propósitos em relação com a salvação. Discernir a diferença entre os dois é fundamental para um correto entendimento do que significa dizer que Deus predestinou alguns para a salvação.

1. Terminologia

O verbo grego traduzido como “predestinar” é proorizo, que combina orizo, “limitar, fixar, apontar, determinar”, e pro, “antes, prévio.” Proorizo assim, significa, literalmente, “determinar de antemão, predeterminar, preordenar”. A predestinação é, portanto, a predeterminação de Deus ou a decisão de fazer algo, causar algo, trazer a existência um determinado evento ou estado de coisas em um momento futuro. A palavra ocorre seis vezes no Novo Testamento (At 4:28, Rm 8:29, 30; 1 Coríntios 2:7; Ef 1:5, 11); os quatro usos em Romanos e Efésios, referem-se, especificamente, às pessoas. A palavra inglesa “predestinar” sugere a nuance “predeterminar o destino final de”, porém, uma referência ao destino final, não é inerente ao termo grego. [30] É uma palavra apropriada, no entanto, desde que, o uso em Romanos e Efésios, parece se referir à pré-determinação de destinos pessoais. Nestes casos, o prefixopro – (“pré-“), indica que a deliberação teve lugar, antes que o mundo fosse criado (cf. Ef 1:4; Ap 17:8).

Em referência ao destino eterno, a predestinação inclui tanto a eleição quanto a reprovação. [31] Quanto à eleição para salvação é a escolha de Deus de certos indivíduos para a finalidade específica de dar-lhes a vida eterna, enquanto que, a reprovação é uma decisão de Deus para designar os não-eleitos, à condenação eterna. Nosso foco principal aqui é sobre o primeiro – eleição para salvação.

A eleição divina, em geral, é a determinação de Deus em escolher ou selecionar uma pessoa ou grupo, dentre outros, para um papel específico ou propósito em seu plano. Os termos no Novo Testamento para isso, são o verbo eklegomai, ”escolher, selecionar, eleger”; o substantivo ekloge, “escolha, eleição” e o adjetivo eklektos, “escolhidos, eleitos”. Estes termos aparecem muito mais, frequentemente, do queproorizo e têm um leque mais amplo de aplicações. Em 1ª Tm 5:21 Paulo refere-se aos anjos eleitos ou escolhidos; em todos os outros casos, a eleição divina refere-se aos seres humanos.

Considerando a última acepção – seres humanos -, é de suma importância notar que muitas das passagens sobre a eleição não tem nada a ver com a predestinação para a salvação, mas se refere, na verdade, à escolha Divina de certos indivíduos ou grupos para serviço, ou seja, para cumprir certo papel na realização histórica da salvação. Ser escolhido para serviço é uma questão totalmente diferente de ser escolhido para a salvação.

2. Escolhidos para Serviço

Dentre aqueles que são predestinados para papéis específicos na realização da redenção, inclui-se o próprio Redentor, Jesus de Nazaré. A eleição de Jesus é o ato central e primário da predestinação. Em Isaías 42:1, o Senhor fala de Jesus como o eleito: “Eis o meu servo a quem sustenho, o meu eleito, em quem minha alma se deleita.” [32] Mateus 12:18 cita essa passagem e a aplica a Jesus. Na transfiguração Deus anunciou a eleição de Jesus com estas palavras: “Este é meu Filho, meu Escolhido; ouçam-no!” (Lucas 9:35). Veja Lucas 23:35; 1 Pe 2:4, 6.

A eleição de Jesus fazia parte do plano divino, mesmo antes que os mundos foram criados. Pré-conhecendo, tanto a obediência do Redentor, quanto a desobediência de seus inimigos, Deus pré-determinou a realização da redenção, através de Jesus de Nazaré (Atos 2:23; 1 Pe 1:20). Jesus foi preordenado para morrer pelos pecados do mundo (Atos 4:28).

Às vezes, outros indivíduos foram escolhidos para papéis especiais, a fim de facilitar os propósitos de Deus. Para criar a nação de Israel, Deus escolheu Abraão, Isaac e Jacó (Neemias 9:7; Atos 13:17, Rm 9:7-13). [33] Ele escolheu Moisés (Sl 106:23) e David (Sl 78:70, 139:16), dentre outros. Ele mesmo escolheu certos governantes gentios para ajudar a realizar o seu propósito para Israel, por exemplo, o Faraó (Rm 9:17) [34] e Ciro (Isaías 45:1).

Como instrumentos para o estabelecimento da igreja outro grupo de indivíduos foi escolhido, ou seja, os apóstolos. Dentre os seus discípulos Jesus “escolheu doze deles, a quem também chamou de apóstolos” (Lucas 6:13). Mais tarde, ele lhes perguntou: “Eu mesmo não escolhi vocês, os doze?” (João 6:70). Cristo diz aos apóstolos: “Vocês não me escolheram a mim, mas eu vos escolhi a vós e vos designei para que vades e dêem fruto” (João 15:16, veja 13:18, 15:19, Atos 1:2). Da mesma forma, escolhidos para serviço como apóstolos, foram Matias (Atos 1:24) e Paulo (Atos 9:15, Gálatas 1:15-16).

Que tal eleição foi para serviço e não a salvação é visto a partir do fato de que até mesmo Judas está entre os doze escolhidos (Lucas 6:13, João 6:70), embora seu papel predeterminado fosse aquele do traidor de Jesus (João 6:71). Deus não levou Judas a cumprir esse papel, mas ao invés disso, pré-conheceu que ele o faria, como um apóstolo (Atos 2:23). Em outras palavras, Judas não traiu Jesus, porque ele foi escolhido para fazer isso; ele foi escolhido porque Deus previu que ele iria trair Jesus.

Um dos mais importantes atos de predestinação Divina para serviço não se aplica a um indivíduo, mas a um grupo, ou seja, a nação de Israel: “Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus, o Senhor teu Deus te escolheu para ser um povo para Sua própria possessão dentre todos os povos que há sobre a face da terra” (Dt 7:6; ver Dt 14:2; 1ª Cr 16:13, Atos 13:17). Esta eleição de Israel foi a eleição da nação em geral, não a eleição de indivíduos específicos. O país foi escolhido, especificamente, para preparar o caminho para a vinda do Messias. Este propósito foi notificado através das relações de Deus com a nação como um todo, não, necessariamente, através de cada membro individual da nação. Além disso, esta eleição corporativa para serviço, não tinha qualquer ligação necessária, com a salvação de qualquer israelita em particular. A nação serviria ao seu propósito de preparação para o Messias, mesmo que a maioria dos judeus individuais fosse perdida. [35]

Desde que Israel foi escolhido, especificamente, para preparar o caminho para o aparecimento do Messias, seu objetivo foi realizado e o seu destino cumprido na encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo (Atos 13:32-33, Rm 9:3-5). Assim, a nação de Israel não é mais o povo eleito de Deus. Na era da Nova Aliança, Deus tem um novo corpo eleito, um novo Israel, a igreja. Embora não seja estritamente paralelo ao Israel do Velho Testamento, nesta época a igreja como um corpo é agora o povo escolhido de Deus (1 Pe 2:9) e esta eleição é em parte uma eleição para serviço. Quando Pedro descreve a Igreja como uma “raça eleita”, ele acrescenta este propósito para a escolha: “para proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1ª Pe 2:9). Assim, em termos de serviço, enquanto Israel foi eleito para a preparação, a igreja é eleita para a proclamação.

3. Escolhidos para salvação

A linguagem da eleição faz às vezes referência à predestinação para a salvação. O verbo é usado para esta finalidade muito raramente (por exemplo, Efésios 1:4); o adjetivo eklektos na maioria das vezes é usado para descrever aqueles a quem Deus salva, quer individualmente (Rm 16:13) ou coletivamente. No sentido coletivo, às vezes ele se refere aos “eleitos” como a sociedade em geral dos salvos (Lucas 18:7, Rm 8:33; Ap 17:14), como a igreja em geral (2ª Tm 2:10; Titus 1:1; 1ª Pe 1:1, 2:9), ou como igrejas específicas (2ª João 1, 13). Em 1ª Tessalonicenses 1:4 , o substantivo ekloge é usado neste último sentido. Em Romanos 11:5,7 é utilizado para o salvo (o “remanescente”) dentro da nação de Israel.

Embora os termos “predestinação” e “eleição” nem sempre são usadas intercambiavelmente nas Escrituras, [36] eles, certamente, estão muito próximos em relação ao significado. Sem dúvida aqueles que vão estar no céu, com Deus, por toda a eternidade são tanto eleitos quanto predestinados para isso. A única sombra de diferença entre os dois conceitos parece ser este: que a eleição é ato de Deus de escolher ou selecionar determinados indivíduos em detrimento de outros, a partir de um grupo maior, ao passo que, a predestinação é um ato de Deus, em pré-apontar ou pré-indicar, aqueles já escolhidos, para seu destino final. Os dois andam de mãos dadas e uma referência a um, implica uma referência ao outro.

B. Os Objetos da Predestinação

A próxima questão são os objetos da predestinação. De acordo com os Arminianos, no que diz respeito às questões de destino eterno, especificamente quem são os objetos da atividade predestinadora de Deus? Duas questões surgem aqui. Primeira, a predestinação é aplicada aos perdidos, bem como aos salvos? Segundo, a predestinação é aplicada principalmente aos indivíduos ou aos grupos?

1. Os Perdidos Também são Predestinados.

Arminianos concordam que alguns são predestinados para a salvação eterna; os eleitos são escolhidos para a vida eterna. Tal como acontece com o calvinismo, no entanto, não há nenhum consenso universal sobre a forma como se aplica a predestinação para o perdido. Definindo-a apenas no sentido calvinista, John Miley absolutamente rejeita o conceito de reprovação. [37] Outros, entretanto, entendem que a reprovação de acordo com a presciência funciona exatamente da mesma forma como a eleição de acordo com a presciência, e, portanto, não têm dificuldade em aceitá-la como um paralelo para a doutrina da eleição. Salientando que Armínio aceitou ambas, Picirilli afirma que a “reprovação é corolário da eleição” e que elas são “essencialmente paralelas (embora como opostos).” [38]

Eu aceito o último ponto de vista, embora seja, sobretudo, uma inferência, daquilo que sabemos da relação entre presciência e eleição. Há poucas referências bíblicas específicas para essa doutrina. Exegese cuidadosa de Romanos 9:22 mostra que os judeus incrédulos se prepararam (voz média) para a destruição através de sua própria incredulidade; [39] assim, este texto não é relevante aqui. Dois textos que podem ser relevantes, entretanto, são 1ª Pedro 2:8 e Judas 4.

Judas 4 fala de certas pessoas que há muito tempo foram assinaladas ou marcadas para condenação, mas é a sua condenação, que é pré-registrada, [40] não a sua incredulidade prevista. Pedro (1ª Pe 2:6-8) refere-se àqueles que por incredulidade e desobediência tropeçaram sobre a “pedra de tropeço e rocha de ofensa.” Em seguida, ele acrescenta, “para o que na verdade foram inscritos”. Se assumirmos que os inscritos são os incrédulos, não está claro para o que foram inscritos. Uma explicação razoável é que eles foram inscritos (“destinados”, NIV) a tropeçar sobre a rocha, ou seja, ser reduzido à eterna ruína e morte pela verdadeira Pedra rejeitada, ou seja, Jesus. Eles não foram inscritos ou destinados à descrença e à rejeição de Jesus, mas para o “tropeço ou escândalo” como a conseqüência natural e merecida de sua incredulidade e rejeição. [41]

Outra possibilidade em 1ª Pe. 2:8 é que aqueles “inscritos” não são os incrédulos, mas as próprias “pedra angular preciosa” do v. 6 e a “pedra de tropeço e rocha de ofensa”. O verbo para “inscrito” no versículo 8 é tithemi, que no v. 6 é usado para “colocar” a pedra. Ou seja, este é um dos muitos propósitos para os quais as pedras foram colocadas ou designadas: ser a fonte de julgamento e queda para os incrédulos. O verbo no v. 8 (etethesan) está no plural porque se refere tanto à “pedra angular preciosa” no v. 6 quanto à “pedra de tropeço” no v. 8 (ambas se referem, naturalmente, a Jesus). Se esta é a interpretação correta, então 1ª Pe 2:8 não iria se referir a qualquer tipo de reprovação.

2. A Predestinação se Refere, principalmente, a Indivíduos.

A próxima questão a respeito dos objetos da predestinação – se ela se aplica principalmente a indivíduos ou grupos – não é discutido entre os Calvinistas, que entendem que ela se refere a indivíduos. Porém, até mesmo arminianos têm algum desacordo sobre esta questão. Alguns enfatizam grupo ou eleição corporativa, enquanto outros a vêem como essencialmente individual.

Aqueles que tomam a primeira opinião – grupo ou eleição corporativa – afirmam que Deus em seu conselho antes da criação, pré-determinou que todos que finalmente caíssem em uma determinada categoria de pessoas seriam escolhidos para a salvação eterna. Isto é, Deus determinou que ele daria a salvação a qualquer um que cumprisse determinadas condições; “todos os que reunirem as condições especificadas” são, portanto, predestinados a estar no céu. O ato de predestinação se aplica não somente aos indivíduos concretos que finalmente se tornariam uma parte deste grupo, como se aplicaria com o grupo abstrato ou a própria categoria. “Deus predestina o plano, e não o homem” é um argumento comum.

Orton Wiley é um exemplo. Ele declarou, “eu afirmo, é claro para a classe predestinada”. Ele considera ofensivo dizer “que Deus determinou de antemão se alguém deve ser salvo ou não, aplicado aos indivíduos.” [42] Outro exemplo é Robert Shank, que explica a eleição como “principalmente corporativa e apenas secundariamente particular ou individual”. Ele diz: “A eleição para a salvação é corporativa e compreende os homens individuais apenas na identificação e associação com o corpo eleito.” [43] Isso se aplica até mesmo aos trechos que ligam a predestinação com pré-conhecimento; “se Deus ativamente pré-conheceu cada indivíduo – tanto os eleitos quanto os réprobos – continua a ser uma questão discutível.” [44]

Gordon Olson concorda, declarando que a carta aos Efésios “milita para a eleição corporativa e não individual.” [45] Ele diz que 1ª Pe 2:9 indica “que a eleição da Igreja, como Israel, foi corporativa.” [46]Depois de apresentar vários argumentos para a eleição corporativa, ele diz: “Podemos ver como Paulo poderia estar se referindo à igreja corporativa, como aquela que Deus escolheu, na eternidade passada, para se tornar Seu povo escolhido.” Assim, “a natureza corporativa da eleição é tão clara, em contextos suficientes, que levam à probabilidade de que, tudo deve ser tomado coletivamente.” [47] Olson admite a eleição individual, mas diz que “tudo que se pode falar sobre ela,” é “de forma secundária e auxiliar”.[48]

Em sua Teologia Cristã, Alister McGrath deixa a impressão de que, todos os arminianos, entendem a predestinação corporativamente, [49] mas isso, simplesmente, não é verdade. Na verdade, os defensores Arminianos da eleição individual são abundantes, iniciando nos tempos modernos, com o próprio Armínio, que declara que o seu próprio sentimento sobre predestinação inclui o “decreto, pelo qual Deus decretou salvar e condenar pessoas em particular. Este decreto tem o seu fundamento na presciência de Deus”, pelo que desde toda a eternidade, ele sabia quais as pessoas que crêem e perseveram e aquelas que não. [50] No início do século XIX, Richard Watson, admitindo a eleição de pessoas para serviço e das nações e grupos para privilégios especiais, afirma que “um TERCEIRO tipo de eleição é a eleição pessoal; ou a eleição de indivíduos para serem filhos de Deus.”[51] Forlines fortemente afirma que os eleitos “foram escolhidos individualmente. Acho que Paulo deixa muito claro que a eleição é individual.” [52] Na minha opinião isto está correto e eu concordo com Picirilli que “a doutrina arminiana da eleição” é “pessoal e individual.” [53] Esta visão é mais coerente, com a teologia geral do Arminianismo clássico e com o próprio ensino bíblico.

Sem dúvida, quando a Bíblia fala de predestinação para salvação, refere-se às pessoas e não a um plano impessoal (por exemplo, Romanos 8:29-30; 1ª Pe 1:1-2). Em 2ª Tessalonicenses 2:13, Paulo diz que “Deus escolheu vocês”, os cristãos de Tessalônica, “para a salvação.” Em Romanos 16:13 Rufus é chamado de uma pessoa eleita. Apocalipse 17:8 implica que nomes específicos foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo. O que pode ser isso, a não ser predestinação individual? Como veremos a seguir, uma característica distintiva da visão Arminiana da predestinação é que ela é baseada no divino pré-conhecimento literal (Rm 8:29; 1ª Pe 1:1-2). Verdadeiro pré-conhecimento é pré-conhecimento deindivíduos. Não se pode acreditar na predestinação segundo o pré-conhecimento e ao mesmo tempo, negar a predestinação individual. Assim, uma teologia consistente Arminiana afirma a predestinação dos indivíduos.

Algumas referências bíblicas a eleição podem realmente ser a uma eleição corporativa. Este é especialmente o caso quando o grupo coletivo de vivos, salvo os indivíduos são chamados de “o eleito” (por exemplo, Col 3:12, 2ª Tm 2:10; Tito 1:1). A igreja do Novo Testamento como um grupo é a raça “escolhida” de Deus (1ª Pe 2:9), e quando alguém é adicionado à igreja que ele se torna um dos “eleitos”. Mas isso não significa que a predestinação para a salvação de forma alguma se aplica a indivíduos. Na verdade, a existência de um grupo eleito pressupõe eleição individual. Isto é, contrariamente a Shank e Olson, eleição individual ou pessoal é primária e eleição corporativa é secundária.

C. A Finalidade da Predestinação

A próxima questão diz respeito ao objetivo ou finalidade da predestinação: para que fim específicoindivíduos estão predestinados? Como responder a esta questão constitui uma diferença fundamental entre Calvinistas e Arminianos. Para os Calvinistas, tudo sobre uma salvação individual é determinado por Deus: não apenas o dom final da vida eterna, mas também os meios necessários, através dos quais, o dom é recebido. Deus escolhe, de dentre a massa dos incrédulos os que ele quer salvar, então ele predestina os escolhidos a se tornarem crentes e, assim, a receberem a salvação eterna. Os que ele não escolhe estão predestinados a permanecer em sua incredulidade e assim, a estarem eternamente perdidos.

Os Arminianos insistem, porém, que Deus predestina apenas os fins e não os meios. Ou seja, ele predetermina dar a salvação a todos os crentes, mas ele não predestina certos incrédulos a se tornarem crentes e os demais a permanecerem em sua incredulidade. Aqueles que aceitam a Cristo através da fé o fazem de sua livre escolha. Sua escolha de Jesus Cristo não é predestinada. Essa escolha, porém, é conhecida de antemão e como resultado, os que escolhem a Cristo, tornam-se os escolhidos, os quais são então, predestinados a receber as bênçãos da salvação.

A própria Escritura não diz nada sobre indivíduos sendo predestinados a crer. Como Watson diz: “Nós não temos tal doutrina na Escritura semelhante à eleição de indivíduos para a fé.” Ele acrescenta: “Esta predestinação, então, não é de pessoas ‘PARA a fé e obediência’, mas de pessoas crentes e obedientes PARA a glória eterna.” [54] Como Forster e Marston observam, a predestinação “não diz respeito a quem deve, ou não, tornar-se cristão, mas sim ao seu destino como cristão.” [55] Eles ressaltam que Efésios 1:4 diz que Deus nos escolheu em Cristo, não para ser colocado em Cristo. [56]

O mesmo é visto em 2ª Tessalonicenses 2:13, onde Paulo diz que “Deus vos escolheu -crentes tessalonicenses- desde o início para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.” O fim da eleição é a própria salvação, os meios pelos quais a salvação se realiza – santificação e fé – em si não são predestinados. Em 1ª Pe 1:1-2 esta salvação realizada é vista incluindo a cura dupla da graça: uma vida de boas obras e justificação pelo sangue de Jesus (“escolhidos… para obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”). Baugh tenta igualar essa obediência a Cristo com a própria fé, o que implicaria que Pedro está dizendo que somos de fato escolhidos “para a fé” ou escolhidos para nos tornarmos crentes.[57] Entretanto, não há nenhuma boa razão para pensar que esta obediência é outra coisa senão a santificação dirigida pelo Espírito de 2ª Tessalonicenses 2:13 ou as “boas obras” de Efésios 2:10.

Romanos 8:29 afirma claramente que aqueles a quem Ele conheceu foram “predestinados para serem conformes à imagem de Seu Filho, para que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. Alguns erroneamente tomam isto como uma referência à recriação espiritual dos pecadores na imagem moral de Jesus, ou talvez a “maioridade” quando a uma criança é dado o status de filiação completa (como em Gal 4:1-7). [58] Mas o contexto de Romanos 8 mostra que esta predestinação conforme a imagem de Cristo é uma referência à nossa herança final, o corpo glorificado e redimido que receberemos na ressurreição final (Rm 8:11, 23). “A imagem de Seu Filho” refere-se ao fato de que os corpos da nossa ressurreição serão como o de Cristo (Fp 3:21, 1ª Coríntios 15:29, 2ª Coríntios 3:18). Assim, nós como crentes somos escolhidos para nos tornarmos filhos glorificados de Deus (Rm 8:30), com Cristo sendo o “primogênito entre muitos irmãos” porque ele foi “o primogênito dentre os mortos” (Col 1:18; Ap 1:5), isto é, o primeiro a ressuscitar em um corpo glorificado (Atos 13:34, 26:13, Rm 6, 9, 1ª Coríntios 15:20).[59]

Predestinação para a glória é da mesma forma o ponto de Efésios 1:5, que diz que Deus “nos predestinou para a adoção de filhos”, bem como o ponto de Efésios 1:4, que diz: “Ele nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele”. Tanto a “adoção de filhos” quanto “santos e irrepreensíveis” referem-se ao nosso estado de glória futura (cf. Col 1:22).

Este, então, é o fim ou objetivo da predestinação: “nossa adoção de filhos; a redenção do nosso corpo” (Rm 8:23). “Esta é a ÚNICA PREDESTINAÇÃO ensinada nestas passagens”, diz Kirk; e tentar fazê-las ensinar “a predestinação de alguns para serem convertidos, é, de fato, o mais desesperador.” Em vez disso, encontramos nelas que o crente “está predestinado a ficar no corpo glorificado da ressurreição, e para partilhar a glória do seu abençoado Senhor. Essa é a doutrina da predestinação como ensinada na Bíblia.” [60] Isto é, Deus predestina os fiéis a ir para o céu, assim como ele predestina incrédulos para o inferno. Mas ele não predestina ninguém para se tornar e permanecer um crente, ou para se tornar e permanecer um incrédulo. Esta escolha é feita por cada pessoa, e quando pré-conhecida por Deus é o fator que condiciona a predestinação do destino eterno de um indivíduo.

D. O Modo da Predestinação

Voltamo-nos agora para o modo, pelo qual, Deus predestina os eleitos à salvação. Como isso acontece? Por que certas pessoas são predestinadas ao céu e as outras ao inferno? Aqui reside uma das diferenças mais acentuadas entre os Calvinistas e os pontos de vista Arminianos. Os conceitos-chave são de que, a predestinação é condicional e que ela é baseada no Pré-conhecimento de Deus.

1. A Predestinação é Condicional

A visão calvinista está resumida na frase “eleição incondicional”. Isto significa que a escolha de Deus de certas pessoas para a salvação é puramente uma questão de sua soberania e incondicional boa vontade; não há absolutamente nada nos escolhidos, que influencia a Deus a escolhê-los em detrimento de outros. A visão clássica Arminiana diz o contrário, afirmando que a eleição é condicional, porque se baseia no Pré-conhecimento de Deus daqueles que livremente reunirão as condições designadas por Deus para receber salvação. Hunt diz que a eleição incondicional é o “coração do calvinismo”, e Picirilli declara que a visão da eleição condicional “é o principal ponto de partida Arminiano à parte do Calvinismo.” [61] Esses julgamentos podem ser um pouco extremos, mas eles realmente refletem a seriedade da escolha entre a eleição incondicional e condicional.

O conceito de condicionalidade aplica-se tanto a eleição quanto à predestinação, e nesta discussão ambos estão incluídos, mesmo que às vezes apenas uma seja especificamente mencionada. Existe na verdade, uma diferença técnica entre eles. Ou seja, na eleição de Deus escolhe alguns indivíduos específicos em detrimento de outros para a salvação; aqueles assim escolhidos são então predestinadospara receber as bênçãos da salvação. Ambos, no entanto, são atos de Deus, e ambos são condicionais uma vez que apenas aqueles que preenchem as condições anunciadas serão escolhidos e predestinados. Eles são o resultado da presciência, desde que, por natureza, Deus conhece de antemão antes do evento da Criação quem vai e quem não vai reunir as condições.

Para os Calvinistas a predestinação (como todo ato de Deus) não é e não pode ser condicionada a nada na criatura / pecador. Para os Arminianos, no entanto, o ato da predestinação de Deus está condicionado às escolhas originadas do livre-arbítrio realizadas pelas criaturas / pecadores, em resposta à lei de Deus e a graça de Deus. Ou seja, é condicionado às decisões humanas: em primeiro lugar, à decisão de pecar contra a lei de Deus, e em seguida à decisão de aceitar ou rejeitar a oferta de salvação de Deus. Aqueles que tomam as decisões corretas são escolhidos por Deus para serem parte de sua família e são predestinados para a vida eterna, aqueles que tomam as decisões erradas, são rejeitados por Deus e são predestinados à condenação eterna.

A razão por que a predestinação é condicional é porque a própria salvação é condicional. [62] Aqueles que aceitam a realidade de significativo livre-arbítrio não têm nenhuma dificuldade em aceitar tal condicionalidade, na verdade, é inconsistente para qualquer Arminiano falar de “graça incondicional” ou “salvação incondicional”. A Graça salvadora de Deus é condicional. Ele tem, livre e incondicionalmente, a disponibilizado através de Jesus Cristo, mas ele a dá apenas àqueles que cumprem determinadas condições graciosas especificadas soberanamente. Da mesma forma, se Deus predestina ou não um indivíduo em particular para o céu, está condicionado ao seu conhecimento de que a pessoa vai reunir estas condições. A eleição é, dessa forma, condicional. [63]

2. A Predestinação é o Resultado do Pré-conhecimento.

O segundo elemento-chave no conceito Arminiano do modo da predestinação é o papel do conhecimento prévio. Deus predestina e elege como o resultado de seu Pré-conhecimento antes da criação das futuras escolhas originadas do livre-arbítrio de todos os seres humanos. [64] É claro que a salvação poderia ser totalmente condicional a parte da presciência e predestinação. Antes da criação, Deus poderia ter especificado certas condições de se receber a salvação, planejando salvar qualquer um que finalmente reuniria essas condições (como na visão predestinação corporativa). Ele, então, poderia apenas esperar para ver quais decisões seriam feitas e, em seguida, selado o destino eterno de cada pessoa com um decreto post facto. Então, depois de todo o curso da história ser executado, a lista final dos salvos e dos perdidos poderia ser emitida.

Mas esta não é a forma como isso aconteceu. Na verdade (figuradamente falando) a lista inteira dos salvos e dos perdidos já está emitida, e tem sido desde antes da fundação do mundo. Com efeito, dado que o ensino bíblico a respeito de como o conhecimento de Deus transcende o fluxo do tempo, não poderia ter sido de outra maneira. Presciência é um resultado necessário da natureza infinita de Deus. Antes que ele criou este mundo sabia – pré-conhecia – todas as decisões humanas, incluindo aquelas relacionadas com a salvação de cada indivíduo. Como resultado deste conhecimento, “desde toda a eternidade”, Ele predestinou alguns para o céu e os demais para o inferno.

Erickson, com razão, observa que “o papel do conhecimento prévio na eleição de pessoas para a salvação” é um conceito básico do Arminianismo. [65] É o coração da visão clássica Arminiana de predestinação. O próprio Armínio declarou que o decreto de Deus para salvar e condenar certas pessoas “tem seu fundamento no pré-conhecimento de Deus, pelo qual ele sabia desde toda a eternidade”, que iria crer e perseverar, e que não iria. [66] Como afirma Dave Hunt, Deus “dá o pré-conhecimento como a razão para a predestinação. A Eleição/Predestinação são sempre explicadas na Bíblia como resultantes do pré-conhecimento de Deus”.[67]

Esta visão correta da predestinação com base na presciência é diretamente afirmada em dois textos do Novo Testamento. Romanos 8:29 diz: “Pois aqueles a quem Ele de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho.” Em sua primeira epístola Pedro escreve para aqueles “que são escolhidos segundo a presciência de Deus Pai” (1ª Pe 1:1-2). Estes versos dizem apenas que Deus pré-conheceu determinadas pessoas, eles não dizem especificamente o que ele conheceu sobre eles. Mas tendo em vista o ensino da Bíblia sobre a natureza condicional da salvação, como tal, os Arminianos razoavelmente inferem que o que Deus pré-conhece é a nossa decisão de reunir essas condições, especialmente a condição de fé. [68] Como diz Godet de Rm 8:29, “Com respeito a que é que Deus, assim, os conheceu?… Existe, porém, uma resposta: Pré-conheceu como certo o cumprimento da condição da salvação, a saber, ; assim: Pré-conhecidos como Seus pela fé.”[69] Forlines concorda: “Baseado em sua presciência Ele sabe quem vai crer em Cristo e os escolheu em Cristo (Ef 1:4).”[70] A referência à chamada e justificação em Rm 8:30 pode implicar que a fé é o objeto do pré-conhecimento sobre o qual se baseia a predestinação. No Novo Testamento, tanto a chamada quanto a justificação estão ligadas à decisão de crer: o chamado de Deus deve ser respondido pela fé, e justificação é dada somente à fé. Assim, a decisão de crer pode estar implicitamente incluída aqui como objeto do pré-conhecimento, pelo qual Deus nos predestina para a glória.

Um objeto, muitas vezes, negligenciado da presciência divina, possivelmente, intencionado por Rm 8:29 e sugerido, pela própria Rm 8:28, a saber, é o amor de Deus.[71] Não podemos ignorar a ligação entre estes dois versos, como se o verso 29 existisse fora de qualquer contexto. O versículo 29 começa (depois da conjunção) com o pronome relativo “quem” (ou “aqueles”). O antecedente deste pronome está no verso 28, ou seja, “aqueles que amam a Deus”. Deus pré-conheceu àqueles que o amam, ou seja, Ele pré-conheceu que, em algum momento de suas vidas, eles viriam a amá-lo e continuariam a amá-lo, até o fim. Veja o paralelo em 1ª Coríntios 8:3, “Mas se alguém ama a Deus, esse é conhecido por Ele.” [72] Essa é, exatamente, a mesma idéia de Rm 8:29, o primeiro verso referindo-se ao conhecimento e este último, ao pré-conhecimento.

Devemos também observar que Rm 8:29 começa com a conjunção causal hoti, “pois, por que”. Isso, provavelmente, combina com “sabemos” no verso 28. Assim, o pensamento é muito simples: Nós sabemos que Deus opera todas as coisas para o bem daqueles que o amam e são chamados para a sua família eterna segundo o seu propósito. Como sabemos isso? Porque, tendo pré-conhecido desde a eternidade que eles o amariam, ele já os predestinou a este estado de glória eterna! Assim, podemos ter certeza de que os julgamentos temporários desta vida, não são capazes de anular o que o Próprio Deus, Todo-Poderoso, já predestinou que irá ocorrer! Ao contrário, Ele os usa de forma a nos preparar para desfrutar a eternidade ainda mais.

É claro que Calvinistas rejeitam essa conexão simples entre pré-conhecimento e predestinação. A razão, dizem, é o significado da palavra “pré-conhece” (proginosko). Desde que ginosko significa “conhecer”, e “pró” significa ”antes”, parece óbvio que proginosko significa “conhecer de antemão”, no sentido de consciência cognitiva prévia. Deus certamente tem tal precognição. Por causa da sua relação singular com o tempo, seu conhecimento não se limita ao agora, ele conhece o passado e o futuro, assim como ele conhece o presente. [73] O verbo “pré-conhece” é usado em Romanos 8:29 e em quatro outros lugares do Novo Testamento: Atos 26:5, Rm 11:2; 1 Pe 1:20; 2 Pedro 3:17. (O substantivo é utilizado duas vezes: Atos 2:23; 1 Pe 1:2.) Todos concordam que em Atos 26:5 e 2 Pedro 3:17, onde ele se refere a pré-conhecimento humano, tem este significado simples de precognição ou presciência.

Mas os calvinistas afirmam que nos textos onde Deus é o sujeito, tanto o verbo quanto o substantivo têm conotações que são, completamente, diferentes de presciência. A nuance básica, dizem eles, é essa de amor e carinho: “a quem ele pré-amou.” [74] Como explica Murray, uma vez que a própria palavra “conhecer”, por vezes, é “praticamente sinônimo de ‘amor’, como definido acima, conhecer com interesse peculiar, prazer, afeto e ação”, pré-conhecimento em Rom 8:29 (e em 1ª Pe1:1-2) deve significar “a quem Ele conheceu desde a eternidade com distinção de afeto e prazer”, ou “a quem Ele pré-amou.”[75]

Outra conotação calvinista incluída em proginosko no contexto da predestinação é a idéia de selecionar ou escolher, ou seja, é equiparado a própria eleição. Como mencionado acima, Murray a chama “afeição distintiva” de Deus. A palavra grega, diz ele, “não é a previsão de diferença, mas o conhecimento que faz existir a diferença… Ele é um amor distintivamente soberano”. [76]

A palavra chave aqui é “distinguir”. Para os Calvinistas o pré-conhecimento de Deus é o ato pelo qual ele (incondicionalmente) faz distinções entre as pessoas, escolhendo alguns da massa da humanidade futura para serem os únicos beneficiários da Sua graça salvadora. Ou seja, pré-conhecimento é o mesmo que eleição. Como Moo resume tudo: “A diferença entre ‘conhecer ou amar de antemão’ e ‘escolher de antemão’ praticamente deixa de existir.” [77] Para Rm 8:29 um léxico grego define proginosko como “escolher de antemão.” [78] Erickson concorda que “pré-conhecimento como usado em Romanos 8:29 traz consigo a idéia de disposição favorável ou seleção, bem como conhecimento prévio.” [79] Ele tem “a conotação de eleição graciosa”, diz F. F. Bruce. [80] Ela pode significar “Ele escolheu”, diz Baugh,[81] ou “a quem ele escolheu de antemão”, diz Jewett.[82]

Como muitos calvinistas o vê, então, em última análise, o pré-conhecimento de Deus é realmente equivalente à própria predestinação. Como Jewett diz, “Nós somos eleitos de acordo com o pré-conhecimento (pré-ordenação) de Deus Pai.” [83] Baugh aprova traduzir proginosko (proegno) como “Ele predestinou”. [84]

Que evidência os Calvinistas dão para essa definição peculiar de pré-conhecimento? Eles referem-se, principalmente, a um pequeno grupo de usos bíblicos dos verbos para “conhecer”, nos quais, eles tentam encontrar as conotações de “escolher” e/ou “amor”. No velho Testamento, estes incluem os lugares onde “conhecer” é um eufemismo para relações sexuais, além de alguns outros usos de yada(“conhecer” em Hebraico), geralmente Gen 18:19, Ex 2:25, Jer 1:5, Os 13 : 5; e Amós 3:2. Também são citados os textos do Novo Testamento: Mt 7:23, João 10:14, 1 Coríntios 8:3; 13:12, Gal 4:9 e 2 Tm 2:19. Desde que “conhecer” em todas estas passagens, supostamente, significa muito mais do que simples cognição, eles concluem que “pré-conhecer” em Romanos 8:29 e em outros lugares também significa muito mais, isto é, “amor distintivo, outorgado de antemão.” Assim, “a quem Ele escolheu de antemão, Ele também predestinou.”

Como podemos responder a isso? Primeiramente, por uma análise profunda de como a Bíblia usa as palavras para “conhecer” e “pré-conhecer”. Tal análise pode ser resumida da seguinte forma. Primeiro, conotações não-cognitivas para ginosko são, praticamente, inexistentes no grego secular. Moo admite que a definição calvinista de pré-conhecimento soa “um pouco estranha diante do contexto de uso amplo no grego.” [85]

Em segundo lugar, o uso de “conhecer” como um eufemismo para relações sexuais em nada contribui para esta visão Calvinista, pois se refere especificamente ao ato sexual e não a um amor que pode ser associado a ele. Além disso, o ato de “conhecer”, sexualmente, de nenhuma maneira inclui a conotação de escolher, mas pressupõe que a escolha distintiva já foi feita (através do casamento). Finalmente, o uso de “conhecer” para este ato – sexual – está muito mais próximo de cognição do que amar ou escolher, que conota conhecimento cognitivo no nível mais íntimo.

Terceiro, os textos bíblicos em que “conhecer” e “pré-conhecer” parecem ter uma conotação de amor ou afeto (por exemplo, Ex 2:25; Os 13:5) nada provam, porque eles normalmente não especificam a razãopara o amor-conhecimento de Deus, e eles certamente não sugerem que foi incondicional. Na verdade, 1 Coríntios 8:3 parece dizer que é condicional: “O homem que ama a Deus é conhecido por Deus”.

Em quarto lugar, uma análise dos textos do Novo Testamento onde as palavras para “conhecer” têm pessoas como seus objetos, ou seja, onde a ação de conhecer é especificamente dirigida às pessoas e não fatos como tais, mostram que, nesses casos, essas palavras nunca têm a conotação de “escolha” ou “imposição de uma distinção”. Isso se aplica a ginosko (usado cerca de 52 vezes, deste modo), epiginosko(cerca de 15 vezes), e oida (cerca de 43 vezes).

Essa análise nos dá informações muito úteis sobre o significado do pré-conhecimento de Deus. A fim de aumentar a especificidade, as três conotações básicas de “conhecer uma pessoa” são as seguintes:

(1) Identificação. Neste caso, “conhecer” significa identificar alguém, para saber quem ele é, saber a sua identidade ou sua verdadeira identidade, ser capaz de identificá-lo pelo que ele é, ser íntimo com ele, se familiarizar com ele, compreendê-lo, saber sua verdadeira natureza. Esta é de longe a conotação mais comum. [86] É um ato puramente cognitivo. Não impõe uma identidade a alguém, mas percebe essa identidade. Isso inclui a idéia de identificar alguém como pertencente a um grupo específico, diferente daqueles que não pertencem. Este é o sentido em que Jesus “conhece” Suas ovelhas (João 10:14, 27), da mesma forma quando Suas ovelhas o conhecem (João 10:14; ver 2 Tm 2:19). Esta é a conotação de “conhecer” que se aplica a “pré-conheceu” em Rm 8:29 e 1 Pe 1:1-2.

2) Reconhecimento. Aqui “conhecer” não significa apenas ter um conhecimento cognitivo da identidade de alguém, mas também reconhecer essa identidade. Como tal, é um ato de vontade, embora ele pressuponha um ato de cognição. O aspecto mais importante é que este reconhecimento não impõe uma identidade particular a ninguém, mas simplesmente a confessa. Ver Marcos 1:24, 34, Atos 19:15, 1 Coríntios 1:21, 16:12, 1 Tessalonicenses 5:12.

3) Experiência. A terceira e mais intensa conotação de “conhecer” quando uma pessoa ou pessoas são o seu objeto é conhecer experimentalmente, experimentar um relacionamento com alguém. Mais uma vez ela pressupõe cognição, mas vai além dela. Mais significativamente, tal conhecimento não é um ato que inicia um relacionamento, mas simplesmente o experimenta. Essa conotação é encontrada principalmente em 1 João. [87] Mateus 7:23; 1 Coríntios 8:3; e Hebreus 8:11 poderia ser tanto (1) quanto (3).

Em cada caso, o ato de conhecer não cria identidade pessoal ou a sua distinção de outra pessoa. Pelo contrário, pressupõe uma identidade ou distinção já existente, o ato de conhecer percebe e em alguns casos, reconhece essa identidade ou distinção. Estas conotações para conhecer encaixam muito bem o termo “pré-conhecimento” como é usado em Rm 8:29 e outros lugares. Aqueles a quem Deus desde o princípio identificou e reconheceu como seus, os predestinou para serem membros de Sua família glorificada no céu. (A conotação de experimentar um relacionamento não transmite bem o conceito depré-conhecimento, desde que pré-conhecimento, como tal, precede a existência do seu objeto, impedindo um relacionamento experimentado)

Em qualquer caso, uma análise de todos os usos de “conhecer” com pessoas como o objeto enfraquece a noção de que ele significa “predestinar” ou “escolher”, e, portanto, não apóiam a idéia calvinista de que o pré-conhecimento é o mesmo que eleição ou escolher antemão. Olson é inflexível sobre isso: “É a minha tese de que um estudo lexical dos usos de yadaginoskein e proginoskein não revela o menor vestígio de prova irrefutável de que há tal conotação seletiva.” [88] Forster e Marston concordam, declarando que eles não encontraram nenhum texto Bíblico em que “o sentido pretendido pelo autor não seria radicalmente alterado, colocando “escolhidos” no lugar de yada ou ginosko.” [89] Olson observa com razão que se pré-conhecimento é basicamente o mesmo que predestinação, então o uso de Paulo de ambos os termos (pré-conhecimento e predestinação) em Romanos 8:29 não faz sentido: “Assim, qualquer definição de proginoskein que o torne de algum modo sinônimo de proorizein seria absolutamente destruir a lógica da seqüência de Paulo (e do Espírito Santo). Isto seria reduzi-la a uma mera redundância e desfazer totalmente a simetria do desenvolvimento. Acredito que esta é a refutação final de qualquer conotação pré-concebida para proginoskein.” [90]

A quinta conclusão a partir de nossa análise é que os vários usos no Novo testamento de “pré-conhecer” e os dois usos de “pré-conhecimento” não sustentam confortavelmente as conotações de “pré-amar” e “escolher de antemão.” Atos 26:5 e 2 Pe 3:17 não se referem ao pré-conhecimento de Deus, mas eles claramente se referem à precognição. Romanos 11:2 refere-se ao pré-conhecimento de Deus de Israel como uma nação e não a quaisquer indivíduos dentro dela, e nem mesmo para o remanescente salvo dentro da nação étnica como um todo. O contexto sugere que a precognição Divina de Israel incluiu um pré-conhecimento de sua persistente rebelião e idolatria, assim como um pré-conhecimento de que um remanescente permanecerá fiel. Porque ele pré-conheceu que sempre haveria um remanescente obediente identificado como o verdadeiro Israel espiritual (Rm 9:6), ele não abandonou seu povo étnico, embora ele tenha pré-conhecido que a maioria deles nunca responderia à sua oferta de graça (Rm 10: 21).

A conotação cognitiva de proginosko é encontrada também em outros textos do Novo Testamento que usam o termo. Em 1 Pe 1:20 Cristo é o único pré-conhecido desde a fundação do mundo; e no contexto precognitivo, não escolhido, é o sentido preferido. O contraste é entre o oculto e o revelado. Mesmo o Pai sabendo desde a fundação do mundo que Cristo, o Filho seria o nosso Redentor, ele não o revelou até os últimos dias.

O uso do substantivo “pré-conhecimento” em 1 Pe 1:1-2 é coerente com o entendimento não-calvinista de “pré-conhecer”. Este texto fala daqueles que são escolhidos de acordo com o pré-conhecimento. Assim, uma clara distinção é feita entre pré-conhecimento e escolha, e não há nenhuma razão para ver no pré-conhecimento outra coisa senão o seu significado básico de precognição. Assim, o relacionamento entre pré-conhecimento e eleição aqui é exatamente o mesmo quanto aquele entre pré-conhecimento e predestinação em Romanos 8:29.

Atos 2:23 também se refere ao pré-conhecimento de Deus, o Pai, o seu objeto é Jesus Cristo e as circunstâncias de sua morte. Jesus foi entregue “pelo plano predeterminado e pré-conhecimento de Deus”. “Plano predeterminado” é equivalente à predestinação. Isto é, Deus já tinha determinado desde a eternidade que Cristo morreria pelos nossos pecados. Que ele foi entregue “pelo pré-conhecimento” significa que Deus previu todos os atos humanos de participação na traição e morte de Cristo, como as de Judas e Herodes. Deus não predeterminou estes atos, mas os conheceu previamente e, portanto, poderia trabalhar o seu plano juntamente com eles e através deles.

Às vezes, os exegetas calvinistas tentam igualar o pré-conhecimento e plano pré-determinado em Atos 2:23, invocando uma regra da gramática grega. Veja como MacArthur[91] argumenta: “De acordo com o que os estudiosos gregos se referem como regra de Granville Sharp, se dois substantivos do mesmo caso (neste exemplo,” plano “e” pré-conhecimento”) são conectadas por kai (“e”) e têm o artigo definido (o) antes do primeiro substantivo, mas não antes do segundo, esses substantivos se referem à mesma coisa… Em outras palavras, Pedro iguala plano predeterminado de Deus ou preordenação ao Seu pré-conhecimento. ”
Wuest[92] coloca quase exatamente da mesma maneira, que, em tal caso, o segundo substantivo “refere-se à mesma coisa” que o primeiro, portanto, Atos 2:23 mostra que a predestinação e pré-conhecimento “referem-se à mesma coisa.”

Este argumento, no entanto, é seriamente defeituoso. Ambos MacArthur e Wuest citam erroneamente a regra de Sharp. A regra não diz que os dois substantivos na construção acima descrita “referem-se à mesma coisa.” Diz apenas que, nesse caso, o segundo substantivo “relaciona-se sempre a mesma pessoa que é expressa ou descrita no primeiro substantivo.” Há uma diferença enorme entre relativos à mesma pessoa (ou coisa), e referindo-se à mesma pessoa (ou coisa). Carson diz que é uma falácia exegética supor que a última ou estrita forma da regra da Sharp tem validade universal. Ele diz: “Se um artigo regula dois substantivos unidos por Kai, não implica necessariamente que os dois substantivos referem-se à mesma coisa, mas apenas que os dois substantivos são agrupados em função de alguns aspectos, como uma única construção.” [93] Além disso, Sharp afirma que sua regra se aplica apenas a pessoas, não para as coisas. Como diz um erudito grego, “Substantivos impessoais desqualificam a construção”, ele cita Atos 2:23 como um exemplo concreto disso. [94]

A preponderância da evidência, portanto, mostra que “pré-conhecimento” não é equivalente a eleição ou escolha, e que em Rm 8:29 e 1 Pe 1:1-2 ele refere-se a nada mais do que o ato cognitivo pelo qual Deus conheceu ou identificou os membros da sua família (como distinto de todos os outros) antes mesmo da fundação do mundo. Ele os identificou pelo fato de que eles foram (serão) os únicos que reuniram (reunirão) as condições necessárias para a salvação. Conhecendo através de sua divina onisciência o que estes indivíduos seriam, nesse momento os predestinou para serem parte da sua família celeste glorificada pela ressurreição dos mortos após o padrão estabelecido pelo irmão primogênito, Jesus Cristo.

Embora desprovido de base bíblica, anexar um elemento afetivo ao conceito de pré-conhecimento[95]não é destrutivo para o ponto de vista Arminiano, contanto que esses cuidados sejam observados: (1) o elemento de afeto nunca deve ser igualado com escolher ou preordenar[96] e (2) o significado primário de proginosko deve sempre ser entendido como conhecimento cognitivo ou presciência. Hunt provavelmente está certo: “Pré-conhecer é simplesmente saber com antecedência e não pode ser legitimamente transformada em outra coisa.” [97] Mas se alguém quiser pensar como Picirilli faz, que na Bíblia pré-conhecimento “é, pelo menos em algum momento, algo mais do que mera presciência” – tal como “amado previamente e carinhosamente considerado como Sua propriedade” [98] – ele deve lembrar-se de que tal “pré-amor” é secundário e realmente o resultado do pré-conhecimento como presciência, que é o primário e único solidamente-fundamentado significado da palavra. O arremate encontra-se nesta declaração: “A predestinação para a vida eterna está, claramente, condicionada ao pré-conhecimento de Deus… O que quer que ‘pré-conhecer’ possa significar, ela significa pré-conhecer.”[99]

Em resumo, a Bíblia ensina que Deus predestina ou escolhe pelo nome determinados indivíduos para a salvação eterna, mas ele faz isso apenas com base no seu pré-conhecimento ou precognição/presciência de que estes indivíduos reunirão as condições para a salvação, tal como enunciado em sua Palavra. [100]

II. A HISTÓRIA DA VISÃO ARMINIANA

A visão Arminiana Clássica da predestinação, em essência, diz que o Deus onisciente pré-conheceu todos aqueles que confiariam em sua graça salvadora de sua própria livre escolha; e com base nesse pré-conhecimento ele os predestinou para a vida eterna. Da mesma forma Ele pré-conheceu todos aqueles que não confiariam nele para a salvação, e justamente os predestinou para a condenação eterna. Embora esta seja chamada de “a visão arminiana”, ela tem estado realmente presente no pensamento Cristão, quase desde o início.

Philip Schaff observa que até Agostinho, todos os Pais Gregos “só tinham ensinado uma predestinação condicional, e que a faziam dependente do pré-conhecimento dos atos livres dos homens.” [101] Alguns pais do século reconheceram o pré-conhecimento de Deus[102], com “O Pastor de Hermas”, relacionando-o com a predestinação de uma forma geral. Ao explicar por que todos não se arrependem, ele diz que, para aqueles cujos corações Deus “viu que estavam prestes a tornarem-se puros, e que estavam prestes a servi-lo com todo seu coração, ele deu o arrependimento; mas para aqueles cuja falsidade e maldade previu, e que estavam prestes a se arrependerem, hipocritamente, não deu arrependimento.” [103] Na mesma época Justino, o Mártir fala do fim dos tempos como o momento em que “o número daqueles que são pré-conhecidos por Ele como bons e virtuosos está completo.” [104]Igualando as Escrituras com a mente de Deus, Justino diz, “Mas se a palavra de Deus diz que alguns anjos e homens serão certamente punidos, ela diz isso, porque Ele pré-conheceu que seriam imutáveis – perversos -, porém, não porque Deus os tivesse criado assim.“[105]

No século III d.C., Orígenes defende fortemente a presciência de Deus, em referência à profecia preditiva, dizendo que ela não afeta o livre-arbítrio, uma vez que não é causal e implica apenas a futuridade simples de um evento, não a sua necessidade. [106] Ele diz que Romanos 8:29 mostra que “aqueles que Deus pré-conheceu se tornariam o tipo a conformarem-se a Cristo, por seus sofrimentos, ele até os predestinou para serem conformes e semelhantes à sua imagem e glória. Portanto, precede um pré-conhecimento deles, através do qual é conhecido o esforço e virtude que eles possuem em si mesmos e, portanto,  segue a predestinação, embora o pré-conhecimento não deve ser considerado a causa da predestinação.”[107]

Escritores do quarto século afirmando esta visão incluem Ambrosiaster, que diz: “Aqueles que são chamados segundo a promessa são aqueles a quem Deus sabia que iriam crer no futuro.” [108] [109] No que diz respeito a Esaú e Jacó, em Romanos 9:11, Ambrosiaster diz: “Portanto, conhecendo o que cada um deles viria a ser, Deus disse: “O mais moço será digno e o mais velho indigno. No seu pré-conhecimento ele escolheu um e rejeitou o outro. “[110] Além disso, “Aqueles a quem Deus pré-conheceu que iriam crer nele, ele os escolheu para receber as promessas.”[111] Outro escritor do século IV, Diodoro de Tarso, diz que Deus não mostra misericórdia para um e endurece o outro “por acidente, pois era de acordo com o poder de seu pré-conhecimento que ele deu a cada um o que era devido.”[112]

Como observa Harry Buis, [113] até Agostinho, em seus escritos antigos compartilha desse pensamento antes dele chegar ao que viria a ser conhecido como o ponto de vista Calvinista. Pelágio e seus discípulos continuaram a enfatizar a visão da predestinação – pelo – pré-conhecimento. Pelágio diz, “Aqueles a quem Deus conheceu de antemão que creriam, ele chamou.” [114] Ele diz que Romanos 9:15 significa: “Terei misericórdia daquele de quem eu tenho pré-conhecido que será capaz de merecer a compaixão.”[115] Nos anos seguintes ao abismo entre Agostinho e Pelágio, os semi-Pelagianos rejeitaram a nova visão determinista de Agostinho da predestinação e continuaram a enfatizar “uma predestinação para a salvação condicionada ao pré-conhecimento da fé.” [116] Por exemplo, João Cassiano ensinou que “a predestinação de Deus deve ser em função daquilo que Ele prevê que será a qualidade de nosso comportamento”, como Kelly resume. [117] Comentando Romanos 8:29-30 Teodoreto de Ciro († 466) diz, “Deus não apenas predestina; Ele predestinou aqueles que ele pré-conheceu.” Ou seja, “aqueles cuja intenção Deus pré-conheceu Ele predestinou desde o início.”[118]

Durante a Idade Média esta visão foi sustentada ao lado da visão Agostiniana; ela “reaparece novamente e de novo”, como observa Buis, por exemplo, em Duns Scotus, em William de Ockham e os Occamists.[119] Embora os principais reformadores tenham se apoiado em Agostinho, a maioria deles identificados com a “reforma radical”, ou abandonaram ou revisaram essa visão e ensinaram a restauração do livre-arbítrio através da graça preveniente universal.[120]

Embora a visão Arminiana clássica da predestinação, obviamente, não tenha começado com Armínio, é claro que ele sustentou esta visão. Ele resume sua doutrina da predestinação assim: que desde a eternidade “Deus decretou salvar e condenar certas pessoas em particular. Este decreto tem o seu fundamento no pré-conhecimento de Deus, pelo qual ele conheceu desde toda a eternidade aqueles indivíduos que, através de sua graça preventiva, creriam, e através de sua graça subseqüenteperseverariam[121] de acordo com a antes descrita administração desses meios, os quais são adequados e apropriados para conversão e fé, e pelo mesmo pré-conhecimento, ele da mesma forma conheceu aqueles que não iriam crer e perseverar.” “Esta doutrina da Predestinação“, diz ele, “sempre foi aprovada pela grande maioria dos cristãos professos, e até agora ela goza o mesmo patrocínio extensivo.” [122]

No que diz respeito ao pré-conhecimento de Deus, Armínio é rápido para admitir que ele não “compreende o modo pelo qual Ele conhece as contingências futuras, e especialmente aqueles que pertencem ao livre-arbítrio das criaturas.” [123] Mas Deus tem tal previsão, no seu verdadeiro sentido de presciência. Alguns de seus decretos são ocasionados “pela previsão dos atos livres das criaturas racionais”, por exemplo, o decreto de enviar Cristo ao mundo “depende da previsão de queda.” [124] Da mesma forma: “Deus pela Sua própria presciência, conhece quem, pela sua graça, vai crer, e quem, por sua própria falta, permanecerá na incredulidade.” [125] Assim como Deus predetermina punir alguns por causa “da previsão do pecado futuro,” [126] do mesmo modo Ele predestina para a salvação aqueles que são previstos a crer, de acordo com estas três afirmações: “(1.) ‘A fé não é um efeito da eleição. ‘ (2.) ‘A fé é uma requisito necessário naqueles que são eleitos ou salvos. ’ (3.) ‘Este requisito é previsto por Deus nas pessoas eleitas. ’” [127]

O ponto principal, como Bangs diz, [128] é que “Armínio inverteu a relação entre o pré-conhecimento e a predestinação “que era característica da visão Agostiniana a qual ele aprendeu com os principais reformadores protestantes, e retornou à visão dos antigos Pais da Igreja”“.

Armínio e seus seguidores tinham uma considerável influência. Este foi especialmente o caso na Inglaterra, onde a doutrina Arminiana afetou as crenças e os ensinamentos de John Wesley. [129] Em um sermão sobre a predestinação com base em Romanos 8:29-30, Wesley afirma que “Deus pré-conheceuaqueles em cada nação, que creriam, desde o início do mundo até a consumação de todas as coisas.” Para Deus não é um pré-conhecimento literal, já que todas as coisas estão presentes diante Dele em um eterno agora, mas na nossa perspectiva, é um verdadeiro pré-conhecimento. “Em uma palavra, Deus, olhando para todas as épocas, desde a criação até a consumação, como um momento, e vendo de uma só vez o que está no coração de todos os filhos dos homens, conhece cada um que irá crer ou não, em cada época ou nação. Entretanto, o que ele sabe, se a fé ou incredulidade, não é de forma sábia causada por seu conhecimento. Os homens são tão livres para crer ou não crer, como se Ele não conhecesse o todo.” [130] O próximo passo, após o pré-conhecimento é a predestinação. “Em outras palavras, Deus decreta, de eternidade a eternidade, que todo aquele que crê no Filho do seu amor, será conformado à sua imagem.” [131] Wesley diz: “Como todos os que são chamados foram predestinados, assim também, todos a quem Deus predestinou, ele pré-conheceu. Ele conheceu, Ele os viu como crentes, e como tal os predestinou para a salvação, segundo o seu decreto eterno, ‘Aquele que crê será salvo.”… Quem são predestinados? Ninguém, a não ser aqueles a quem Deus pré-conheceu como crentes. “[132]

Wesley especificamente explica Romanos 8:29 assim: “Pois a quem Ele pré-conheceu, “como crentes“, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho. “[133] Isso sintetiza bem a visão da maioria dos Arminianos hoje, seja eles Wesleyanos ou não em sua teologia geral.
Assim, é evidente que a visão da predestinação hoje conhecida como Arminianismo clássico tem uma história longa e consistente.

III. PRESSUPOSTOS TEOLÓGICOS DA VISÃO ARMINIANA CLÁSSICA DA PREDESTINAÇÃO

A visão Arminiana clássica da predestinação não existe num vácuo, é um elemento de um consistente sistema doutrinário. O objetivo desta seção é resumir os pressupostos teológicos que constituem o quadro geral para ela. Ou seja, a visão Arminiana clássica da predestinação pressupõe certa interpretação dos conceitos a seguir.

A. A Vontade de Deus ou Propósito

A visão Calvinista da vontade de Deus ou o propósito é enunciado em sua doutrina do decreto eterno, eficaz, abrangente e incondicional. Arminianos acreditam que Deus também tem um decreto eterno, mas eles geralmente falam dele como seu propósito eterno. Mais importante, os arminianos não acreditam que este propósito eterno é abrangentemente eficaz e incondicional.

A Escritura certamente ensina que Deus tem uma vontade intencional pela qual Ele decreta que certas coisas absolutamente acontecerão. Este propósito eficaz é representado pelos termos Gregos boule(Atos 2:23, 4:28, 13:36, Ef 1:11, 6:17), boulomai (1 Coríntios 12:11; Tg 1:18), Thelema ( Mat 26:42, João 6:40, Efésios 1:5, 9, 11; Ap 4:11), thelo (Rm 9:18), protesis (Rm 8:28, 9:11, Ef 1:11; 3 : 11), e protithemi (Ef 1:9).

Ao contrário do calvinismo, no entanto, a própria Bíblia mostra claramente que o propósito de Deus (eficaz) não inclui todas as coisas. Ele não é todo-abrangente; ele não inclui “tudo que acontece.” Isto é visto no fato de que, por vezes, as palavras acima, que falam do propósito determinativo de Deus são usadas para representar o desejo de Deus para que certas coisas aconteçam, as quais na verdade não acontecem. Jesus queria (thelo) que os habitantes de Jerusalém viessem até Ele, mas eles se recusaram (Mt 23:37). Deus deseja (thelo) que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade (1 Tm 2:4), mas isso não acontece. As mesmas palavras, por vezes, referem-se às contingências que ocorrem contrariamente ao desejo e vontade do próprio Deus. Algumas poucas crianças se perderão, muito embora não seja a vontade do Pai (thelema, Mateus 18:14). Embora seja contrário ao propósito de Deus (boulomai), alguns nunca vão se arrepender e, portanto, perecerão (2 Pe 3:9).

O aspecto mais fundamental da vontade proposital de Deus é que ele tem determinados propósitosgerais que ele vai infalivelmente realizar através de seu poder soberano. Por exemplo, é o eterno propósito de Deus glorificar a si mesmo, compartilhar sua bondade com os outros seres pessoais e proporcionar salvação aos pecadores. Então, a fim de realizar estes propósitos gerais, Deus também determinou causar quaisquer meios específicos necessários para realizá-las. A fim de manifestar a sua glória, Deus determinou criar todas as coisas (Ap 4:11); a fim de partilhar a sua bondade, ele criou pessoalmente, seres com o livre-arbítrio que são capazes de honrá-lo e dar-lhe graças (Rm 1:21).

Tendo pré-conhecido a entrada do pecado em sua criação, a fim de proporcionar a salvação aos pecadores, Deus determinou se encarnar como Jesus de Nazaré e morrer pelos pecados da humanidade (Atos 2:23, 4:27-28, Ef 1:4 -10; 1 Pe 1:20, Ap 13:8). A fim de cumprir o seu propósito através de Jesus de Nazaré, Deus determinou usar uma determinada nação (Israel) para preparar o caminho para sua vinda. Grande parte do ensino bíblico sobre a vontade intencional de Deus se refere à sua criação e utilização de Israel como nação (Dt 7:6-8), o uso de outras nações relacionadas com Israel (Isaías 14:24-27; 37:26; 46 :9-11), e sua eleição e uso de indivíduos dentro e relacionados com Israel (por exemplo, Abraão, David, Ciro, Faraó; cf. Rm 9:7-18). Uma vez que o seu propósito para Israel e o seu propósito inicial redentor por Jesus tivesse sido atingido; foi o plano eterno de Deus, através do trabalho de preparação dos apóstolos escolhidos (João 15:16; Gl 1:15), trazer a igreja à existência mediante a combinação de crentes judeus e gentios juntos em seu novo “povo escolhido” (Rm 11:17-24; Ef 3:1-11). Foi então o seu plano pré-determinado usar a igreja como o local de salvação e os meios de evangelização até o fim dos tempos (Ef 1:10).

Em referência ao seu desejo de salvar os indivíduos dos seus pecados (1 Timóteo 2:4; 2 Pe 3:9), Deus pré-determinou, não só o fornecimento de salvação através da obra de Cristo, mas também os termos segundo os quais Ele realmente outorgaria esta salvação sobre certos pecadores (Rm 8:28; 11:5; 2 Tm 1:9).

Em todas essas questões a vontade ou propósito de Deus é eficaz, causal ou determinativo. Uma vez que a determinação divina para trazê-los à existência ocorreu antes da criação, a vontade intencional de Deus é essencialmente equivalente à predestinação. A principal diferença entre a vontade intencional Arminiana e decreto eterno Calvinista é que o último é todo-abrangente, enquanto o primeiro não é.

B. A Natureza da Realidade Criada

A principal razão por que os arminianos não vêem a vontade intencional de Deus como todo-abrangente, é porque eles têm uma certa visão da natureza da realidade criada. Por decisão soberana do próprio Deus, o tipo de mundo que ele escolheu criar é capaz de operar e de progresso, de tal forma que Deus não precisa ser a causa direta de todas as coisas. Na verdade, a maioria das coisas específicas que acontecem no mundo não são causadas por Deus.

Deus certamente poderia criar muitos tipos diferentes de realidade, mas no nosso caso, Ele, na verdade, optou por criar um mundo dotado de relativa independência[134] Nosso mundo inclui duas grandes forças com o seu próprio poder relativamente independente aos eventos iniciais, ou seja, duas forçascausais além do próprio Deus: a lei natural e livre-arbítrio. A existência dessas forças causais é uma parte do decreto intencional do próprio Deus.

Especialmente importante é a existência de seres que possuem uma forma significativa de livre-arbítrio. Este tipo de livre-arbítrio (o qual é o único tipo que é genuinamente livre) é chamado às vezes: o poder da escolha contrária. Como Geisler diz: “No mínimo, liberdade significa o poder de escolha contrária, isto é, um agente é livre somente se ele poderia ter feito de outra forma.” [135] Além disso, uma vontade é livre de forma significativa se as escolhas que ela faz não são causadas ou determinadas, quer direta ou indiretamente, por uma força externa. Assim, podemos dizer que o verdadeiro livre-arbítrio é a capacidade de escolher entre opostos, sem que a própria escolha seja fixa ou determinada por algum poder fora da vontade da própria pessoa. Isso se aplica especialmente a capacidade do pecador, ou de crer ou de rejeitar o evangelho. Como Forlines diz: “No Arminianismo existe um acordo de que os seres humanos têm liberdade de escolha. Isto inclui a liberdade de colocar sua fé em Cristo, após ouvir o evangelho, ou, inversamente, eles podem recusar-se a colocar a sua fé em Cristo”. [136]

Calvinistas e outros deterministas geralmente são relutantes em abandonar o conceito de livre-arbítrio, mas caso eles o conservem geralmente eles o redefinem para que ele seja compatível com o decreto todo-abrangente e eficaz. De acordo com o compatibilismo, a vontade é considerada livre porque suas decisões são diretamente determinadas por suas próprias motivações e desejos internos da própria pessoa. Ou seja, é uma escolha consciente de fazer o que ele quer fazer. A razão pela qual isto não é verdadeiramente livre-arbítrio, porém, é que (de acordo com o compatibilismo) Deus implanta dentro de nós as motivações e os desejos específicos que, inevitavelmente, nos levará a fazer apenas as escolhas que Deus determinou que nós fizéssemos. No entanto, nessa visão, a vontade é ainda chamada “livre” desde que ela não é consciente de ser causada ou compelida a fazer essas escolhas. A pessoa está apenas fazendo o que ele quer fazer, diz Feinberg, mesmo que ela “não pudesse ter feito de outra forma, dadas às influências causais predominantes.” Portanto, este é “um sentido genuíno da ação humana livre, mesmo que tal ação seja causalmente determinada.” [137]

Arminianos corretamente rejeitam este conceito como um falso ou espúrio conceito do livre arbítrio. O sentimento psicológico de liberdade não pode substituir a verdadeira capacidade interior de fazer uma escolha genuína entre opostos.

Ao mesmo tempo arminianos corretamente rejeitam todas as caricaturas calvinistas do verdadeiro livre-arbítrio, como a chamada “liberdade de indiferença”, segundo a qual, todas as escolhas são vistas como arbitrária, imprevisíveis, caprichosas, e aleatórias. [138] Um exemplo é a descrição de Erickson do livre-arbítrio Arminiano como “totalmente espontâneo; escolha aleatória.”[139] Esta não é propriamente uma caracterização responsável. A capacidade da vontade para escolher entre opostos não requer influência igual para ambos os lados, às vezes, a vontade opta por uma certa escolha em oposição às influências esmagadoras no sentido contrário (ver Amós 4:6-11; Ag 1:1-11).

A realidade da vontade verdadeiramente livre é um ingrediente-chave no sistema Arminiano e um pressuposto necessário da visão arminiana da predestinação. Tal livre-arbítrio é incompatível com o conceito de um decreto eficaz e todo-abrangente ou o propósito todo-inclusivo de Deus. De fato, um mundo que contém forças com a capacidade imbutida de iniciar de forma independente (“criar”) eventos torna necessário falar “da vontade de Deus” em dois outros sentidos, além de sua vontade intencional.[140] Uma delas é a vontade permissiva de Deus, segundo a qual Deus simplesmente permite que aconteça a maioria dos eventos físicos produzidos pela lei natural e a maioria das decisões produzidas pelos seres de vontade livre. Ele pode, é claro, decidir evitar que aconteça qualquer evento planejado ou projetado (Tg 4:15), o que seria um exemplo de sua vontade intencional. As vontades intencional e permissiva de Deus são todo-abrangentes (embora só a primeira seja eficaz), englobando “tudo que acontece.” Não devemos permitir que esses dois tipos de vontade divina, se sobreponham, no entanto – é um erro Calvinista que resulta na perda de genuína permissão. [141]

O terceiro sentido em que podemos falar “da vontade de Deus” não tem a ver com acontecimentos reais, mas com eventos potenciais. Estas são as escolhas e ações que Deus quer ou deseja que sejam feitas através do livre-arbítrio das suas criaturas, mas que podem ser rejeitadas ou deixadas sem fazer por parte delas. Esta é às vezes chamada de vontade preceptiva ou preceitual de Deus, porque ela inclui os preceitos e mandamentos de Deus que nós iremos obedecer ou desobedecer (por exemplo, Mateus 7:21, 12:50, Rm 2:18; 1ª João 2:17). Este aspecto da vontade de Deus também inclui os desejos de Deus para nós, especialmente o seu desejo de que ninguém se perca, mas que todos sejam salvos (por exemplo, Mateus 18:14; 1ª Tm 2:4; 2 Pe 3:9). A vontade de Deus, nesse sentido, nem sempre é realizada (Mateus 23:37 e Lucas 7:30). Assim, este aspecto da vontade de Deus não é eficaz, nossa conformidade com ela, é escolha da nossa vontade livre. Esta é simplesmente a natureza da realidade que o próprio Deus livremente escolheu fazer.

C. A Soberania de Deus ao Lidar com a Criação

Como se compreende a soberania de Deus diretamente relaciona à sua visão de predestinação. Se alguém começa com um conceito de soberania que exige que Deus seja a causa final de todas as coisas e não permite que qualquer coisa a respeito de Deus seja condicionada por qualquer coisa fora de Dele, ele não pode evitar o conceito calvinista da predestinação incondicional. O Arminianismo, no entanto, rejeita tal conceito de soberania como arbitrária e sem base bíblica. Para os Arminianos as palavras-chaves para a soberania divina são controle, não causalidade; e condicionalidade, não incondicionalidade.

Deus poderia ter criado um universo em que ele seria a única causa de todos os eventos, mas Ele preferiu criar seres com livre-arbítrio que eles próprios tivessem o poder de escolher e dar início a eventos. Como resultado Deus não é a única causa de tudo que acontece neste universo. Como observa Picirilli, “O homem é, portanto, um ator no universo.” [142] Isto em nada contradiz a soberania de Deus, porque ele livre e soberanamente escolheu fazer esse tipo de mundo. Isto não é uma limitação imposta de fora Dele sobre Ele, é uma Auto-limitação livremente escolhida, uma expressão de Sua soberania.[143]

Mas como Deus pode manter a sua soberania em tal universo, se ele próprio não é causa a tudo? A resposta está na palavra controle: através de seu poder infinito e conhecimento, Deus mantém o controle completo sobre tudo o que acontece. A palavra “controle” não deve ser equiparada aqui com causalidade, como se Deus estivesse operando um painel de controle universal que manipula e micro-gerencia cada evento. Pelo contrário, Deus controla todas as coisas no sentido de que ele está “no total controle de” todas as situações: ele controla, fiscaliza, planeja, autoriza, intervém, e evita como lhe apraz com seu infinito conhecimento e poder.

Deus exerce seu controle soberano especialmente através de sua vontade permissiva, o que pressupõe o pré-conhecimento divino das futuras escolhas pelo livre arbítrio. Tal pré-conhecimento dá a Deus a verdadeira opção de permitir ou impedir escolhas planejadas dos homens, e o impedimento é o controle final. Tiago 4:13-15 castiga o homem que alegremente diz: “Hoje ou amanhã iremos a tal e tal cidade, e passaremos um ano lá e nos envolveremos nos negócios e teremos lucro.” Mas espere um minuto, diz Tiago. Você não está levando em conta a soberania de Deus. “Em vez disso, você deveria dizer: ‘Se o Senhor quiser, viveremos e também faremos isto ou aquilo’.” Em outras palavras, não é errado fazer planos, mas sempre devemos reconhecer o poder de Deus para impedi-los (como em Lucas 12:19-20). Este é o significado de Pv 19:21: “Muitos planos estão no coração do homem, mas o conselho do SENHOR permanecerá” (veja Pv 16:9).

Isso ressalta o fato de que ter o livre arbítrio dá aos seres humanos apenas uma independência relativa, uma vez que o Deus soberano mantém o direito e o poder de intervir em situações do mundo da maneira que ele escolhe. Através de sua providência especial, ele pode intervir e influenciar as leis da natureza sem realmente violá-las, e assim utilizar os eventos naturais para influenciar as decisões humanas. [144] A realidade do livre-arbítrio significa que tal influência pode ser resistida (Amós 4:6-11; Ag 1:1-11); assim, às vezes Deus exerce o seu direito de intervir nos acontecimentos naturais e humanos de forma direta. Isto significa que, por vezes, suspende a lei natural e faz milagres; [145] mas também significa que ele é capaz de suspender o próprio livre-arbítrio, se seus propósitos assim exigirem (como aconteceu com Balaão Nm 23-24). [146]

Que Deus tem tal controle soberano significa que, embora a criação tenha sido dotada de autonomia, essa independência é apenas relativa. Controle verdadeiro não exige causalidade, predeterminação, ou pré-ordenação de todas as coisas, mas ele implica intervenção causal, quando necessário. Criaturas livres são normalmente autorizadas a seguir seu próprio caminho, mas Deus pode e deve intervir quando os seus propósitos o exigirem.

A outra palavra-chave para o conceito Arminiano de soberania é condicionalidade. Tal concepção é contrária à doutrina calvinista de um decreto incondicional, que diz que em nada Deus pode ser condicionado pela criatura. Deus não pode reagir ou responder a qualquer coisa fora de si e ser soberano, ao mesmo tempo. A. A. Hodge diz claramente: “Um decreto condicional seria subverter a soberania de Deus”. [147]

A idéia de que a soberania exige incondicionalidade, porém, é um pressuposto injustificado, uma vez que necessita da redefinição compatibilista inaceitável de “livre arbítrio”. Este pressuposto está em contradição direta com a escolha soberana de Deus de criar seres com um genuíno livre-arbítrio. Se nós somos verdadeiramente livres, então as decisões e ações do próprio Deus são, às vezes, reações, ou seja, estão condicionadas pelas circunstâncias iniciadas pelas criaturas.

Na verdade, a maioria das obras de Deus neste mundo, é a sua reação ou resposta ao pré-conhecimento dos atos humanos. Esta é a maneira que a Bíblia o retrata. Praticamente todas as grandes ações de Deus registradas na Bíblia depois de Gênesis 3:1 é uma resposta ao pecado humano. A aliança com Abraão, a criação de Israel, a encarnação de Jesus, sua morte e ressurreição, o estabelecimento da igreja, a própria Bíblia – todas fazem parte da reação divina ao pecado do homem. Da mesma forma o ato de Deus de outorgar a salvação aos indivíduos, e o ato de predestinar que isso aconteça, é a resposta ou reação de Deus às decisões de fé do homem. Da mesma maneira, o ato de Deus de condenar alguns ao inferno, está condicionado ao seu pecado e à sua recusa em se arrepender.

Alguns dos conceitos mais importantes para o controle soberano de Deus sobre sua criação são na verdade de natureza reativa. Isto é verdadeiro da permissão genuína em eventos específicos, bem como qualquer intervenção divina preventiva para impedir tais acontecimentos. Tais decisões permissivas e preventivas são condicionadas pelas intenções das criaturas quando pré-conhecidas por Deus. Os Calvinistas na tentativa de absolver Deus da responsabilidade pelo pecado, declaram que o seu eterno decreto sobre o pecado é permissivo e não eficaz. Mas isto contradiz o conceito calvinista da soberania, a essência do qual é a incondicionalidade (“Deus age sempre, nunca reage”). Como Erickson descreve, o Calvinismo declara que a natureza do decreto soberano de Deus significa que “os seres humanos não tiveram qualquer participação no que Deus planejou”; Deus não é dependente daquilo que os homens decidem. [148] Ou seja, o trato de Deus com o homem, é incondicional. Permissão real, no entanto, é simplesmente incompatível com tal incondicionalidade; e os Calvinistas que entendem isso, são obrigados a falar de um oxímoro: “permissão eficaz”.[149]

Outro conceito fundamental que é condicional pela sua própria natureza, é o próprio pré-conhecimento. O conteúdo da mente de Deus, que é chamado de “pré-conhecimento” é condicionado pelos eventos que acontecem no mundo, quando previstos por Deus antes mesmo de existirem. Os Calvinistas rejeitam tal noção de conhecimento passivo, declarando que ele é indigno para Deus e contrário à sua soberania. Conhecimento condicionado, Chafer diz: “coloca Deus na posição indigna de ser dependente das Suas criaturas.” [150] Se o pré-conhecimento de Deus não é, portanto, dependente de suas criaturas, o que ele faz? “Seu conhecimento das coisas futuras… Descansa em seu decreto”, diz Berkhof. [151] Um problema com essa idéia, é claro, é que tal conhecimento incondicional não é verdadeiro conhecimento do que as criaturas vão fazer; ele é, na verdade, o simples conhecimento de Deus do que Ele pretende fazer.

Todos esses conceitos antinaturais e forçados dentro do calvinismo (compatibilismo, “livre” – arbítrio, permissão eficaz, pré-conhecimento não-dependente) podem ser evitados simplesmente rejeitando a noção arbitrária de que a soberania divina exige incondicionalidade, como faz o Arminianismo. Os Arminianos livremente afirmam que muito do conhecimento de Deus e muitas das ações de Deus são condicionadas por suas criaturas, mas eles insistem que isto em nada afeta a sua soberania desde que este é o tipo de universo que ele escolheu soberanamente criar. Um arranjo onde Deus reage às escolhas do homem seria uma violação da soberania só se Deus fosse forçado a isso, só se fosse uma necessidade externa imposta a Deus. Mas este não é o caso. Foi a escolha soberana de Deus criar um universo habitado por seres com livre-arbítrio, cujas decisões determinariam, em grande medida, o curso de suas próprias ações. É arbitrário e falso dizer que essa situação nega a soberania divina, quando a própria situação é o resultado de sua soberania.

O ponto é que um Deus realmente soberano não necessita causar ou predeterminar todas as coisas de forma a manter o controle completo sobre sua criação; sua soberania é maior do que isso! Nem um universo livremente escolhido por Deus no qual Suas ações são, às vezes, condicionados por suas criaturas diminuem sua soberania; isso, na verdade, a engrandece e magnifica! O que está em jogo aqui não é apenas a liberdade do homem, mas a liberdade de Deus também. Um Deus soberano é um Deus que é livre para se Auto-limitar no que diz respeito às suas obras; um Deus que é livre para decidir nãodeterminar se ele assim o desejar; um Deus que é livre para conceder o dom da relativa independência às suas criaturas, sem perder o controle sobre eles. Esta é a verdadeira soberania.

D. O Pré-conhecimento de Deus

O quarto pressuposto da visão Arminiana de predestinação é um conceito particular do pré-conhecimento de Deus.  Afirma-se que Deus teve um completo pré-conhecimento de toda a história do universo criado, antes do ato da própria criação. Alguns falam de tal pré-conhecimento como eterno: Deus, “previu o futuro desde toda a eternidade”, diz Forlines. [152] “Desde a eternidade passada Deus conheceu tudo o que iria acontecer no universo e nas mentes e nos assuntos dos homens”, diz Hunt.[153] Se este pré-conhecimento tem estado presente na mente de Deus, literalmente, pela eternidade não é o ponto crucial, o que importa é que ele estava lá antes de qualquer parte deste universo vir à existência.

As afirmações bíblicas do pré-conhecimento divino são abundantes e inatacáveis. Deus nos diz que a marca segura da divindade é a possibilidade de declarar o que vai acontecer; anunciar o que está por vir (Isaías 41:21-23). Isto foi exatamente o que Deus fez: “Eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus, e não há ninguém como eu, que declara o fim desde o princípio, e desde os tempos antigos as coisas que não foram feitas” (Isa 46:9-10; ver Isa 42:8-9, 44:7-8, 45:20-21, 48:3-7). Em todos estes textos Deus afirma sua posse exclusiva do conhecimento do futuro

A possibilidade de toda a profecia preditiva depende largamente do genuíno pré-conhecimento de Deus. A marca de um verdadeiro profeta, diz o Senhor, é se a coisa que ele prediz vão se cumprir (Dt 18:20-22). Depois que Daniel interpretou o sonho de Nabucodonosor sobre a estátua, ele disse: “O grande Deus fez saber ao rei o que acontecerá no futuro” (Dan 2:45). Pouco antes da morte de Moisés, Deus lhe falou sobre a futura apostasia dos israelitas (Dt 31:16-21). Nesses e em outros casos, Deus não está apenas declarando aquilo que ele próprio pretende fazer no futuro, mas também está predizendo o que os seres humanos estarão fazendo pelo seu próprio livre-arbítrio.

Outras referências específicas ao pré-conhecimento inclui Rm 11:2, a qual diz que Deus pré-conheceu seu povo Israel. Além disso, ele pré-conheceu a justificação dos gentios (Gálatas 3:8). No Salmo 139:4 Davi menciona como Deus sabe as suas palavras antes mesmo que ele (David) as pronunciasse; no v. 16 diz que Deus conhecia todos os dias da sua vida (de David), antes mesmo de terem começado. Deus conheceu Jeremias antes de ele ser formado no ventre materno (Jr 1:5). Ele sabia que Ciro, rei da Pérsia, libertaria Israel do cativeiro Babilônico e os ajudaria a reconstruir Jerusalém (Isaías 44:28-45:13). O fato de que nomes foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro desde a fundação do mundo é uma clara indicação do pré-conhecimento de Deus (Ap 13:8; 17:8).

De grande importância é o fato de que o Novo Testamento especificamente relaciona Pré-conhecimento à predestinação de indivíduos para a salvação (Rm 8:29; 1ª Pe 1:1-2). A morte de Jesus envolvia igualmente uma combinação de pré-conhecimento e predestinação (Atos 2:23; 1ª Pedro 1:18-20).

Nós não devemos nos surpreender por que a Bíblia de modo livre e abundantemente afirma o pré-conhecimento divino; este é simplesmente um aspecto da onisciência de Deus, que “conhece todas as coisas” (1ª João 3:20). “Ele sabe o que vai acontecer, porque Ele é onisciente e, portanto, o futuro está tão claro para ele quanto o passado.” [154]

A aceitação deste testemunho bíblico do pré-conhecimento de Deus é uma das coisas principais que distinguem o Arminianismo clássico da teologia da abertura. A rejeição do pré-conhecimento pelo último, não é novo nas fileiras Arminianas. Em 1890, o Arminiano D. Fisk Harris, em sua polêmica obra contra o Calvinismo, chamou a atenção para um número de companheiros Arminianos que “negam esse pré-conhecimento divino sobre o fundamento de que sua aceitação implica a negação da liberdade e responsabilidade humanas.” [155] Mas o próprio Harris, como contemporâneo dos Arminianos clássicos, encontrou o testemunho conclusivo da Bíblia. Ele afirmou, com razão, “É esta firme adesão à Bíblia, que tem me obrigado a discordar de forma tão enfática daquela classe de pensadores Arminianos que negam o pré-conhecimento divino.” [156]

Quanto ao pré-conhecimento, os Arminianos clássicos também diferem do Calvinismo de duas maneiras distintas. Primeiro, os Arminianos acreditam que muito do que Deus predestina está em um sentido real baseado em seu pré-conhecimento de certas coisas. Isto é especialmente verdade de sua predestinação de alguns indivíduos para o céu e outros para o inferno. Porque ele pré-conheceu que alguns livremente aceitariam a oferta livre da graça e reuniu as condições para recebê-la, Deus os predestinou para a vida eterna (Rm 8:29). Em contraste com isso, o Calvinismo consistentemente diz que o pré-conhecimento de Deus de todas as coisas é baseado em sua predestinação ou predeterminação de todas as coisas através de seu decreto, eficaz e incondicional. De fato, de acordo com essa visão, a única maneira em que Deus é capaz de conhecer o futuro é porque ele o predestinou – uma limitação sobre a onisciência de Deus sobre o qual os calvinistas e os teólogos da abertura estranhamente concordam.

Calvinistas claramente afirmam esta alegada dependência do pré-conhecimento em relação à predestinação. Shedd diz, “o decreto Divino é a condição necessária do pré-conhecimento Divino. Se Deus não decide o que primeiro deve acontecer, ele não pode saber o que vai acontecer.” [157] Strong, concorda: “Nenhum evento não-decretado pode ser previsto.” Assim, “Deus não pode pré-conhecer realidades a menos que Ele tenha por seu decreto as tornado em certezas do futuro… Ele pré-conhece o futuro o qual ele decretou, e ele o pré-conhece porque Ele o decretou.” [158] Pink diz enfaticamente: “Não está claro que Deus pré-conhece o que será porque Ele decretou o que será?… O pré-conhecimento de eventos futuros, então, está fundamentado sobre os decretos de Deus, portanto, se Deus pré-conhece tudo o que será, é porque Ele Próprio determinou, desde toda a eternidade, tudo o que será.” [159] Comentando sobre Atos 2:23, Baugh diz “que Deus tinha clara presciência de tudo o que cercava a morte de Cristo… Porque Ele tinha determinado realizar.” Além disso, “era certo e pré-conhecido, porque Deus tinha determinado realizá-lo.” [160]

Dificilmente poderia haver um contraste maior entre Calvinismo e Arminianismo do que este. Para o primeiro, a predestinação sempre precede o pré-conhecimento; para último, pelo menos quanto ao destino e aos feitos humanos, o pré-conhecimento precede a predestinação.

A segunda maneira na qual as visões Calvinista e Arminiana do pré-conhecimento diferem é na sua própria definição. Para os Arminianos pré-conhecimento é quase sempre entendido em um sentido cognitivo, ou seja, é principalmente presciência, um conhecimento prévio real ou a consciência mental de eventos futuros. Os Calvinistas, entretanto, geralmente insistem em que “pré-conhecimento” é algo além do que conhecimento como tal. Em sentido geral, “pré-conhecimento” é predestinação. “’O pré-conhecimento de Deus’ é de uma natureza tal que o seu objeto é pré-conhecido, com absoluta certeza, e então ele é idêntico à predestinação.” [161] Como Harris com perspicácia observa: “A doutrina calvinista do pré-conhecimento de Deus não é pré-conhecimento. É simplesmente pré-ordenação”. [162]

Além disso, em um sentido mais específico, quando o pré-conhecimento dos seres humanos é citado na Escritura como base para a sua predestinação para a salvação (Rm 8:29; 1ª Pe 1:1-2), o Calvinista quase sempre o redefine como pré-amar ou pré-escolher (como vimos acima). Esta reinterpretação forçada do pré-conhecimento é necessária a fim de reconciliá-la com o decreto incondicional e eficaz do Calvinismo.

Uma das objeções mais comum para o entendimento Arminiano do pré-conhecimento de Deus como um pré-conhecimento real e simples das futuras escolhas oriundas do livre-arbítrio humano é que tal noção é realmente incompatível com o livre-arbítrio. A alegação é que, se Deus pré-conheceu, desde a época antes da criação, cada escolha que cada um fará, então todas as escolhas humanas são fixas ou determinadas e, portanto, não podem ser livre. Pré-conhecimento, portanto, exclui o livre arbítrio.

Esta é uma crítica Calvinista comum. Baugh lhe chama “um calcanhar de Aquiles para o Arminianismo. Se Deus infalivelmente conhece as escolhas livres dos humanos, então, essas escolhas devem ser certas de uma maneira que exclui a concepção (libertariana) [163] Arminiana do livre-arbítrio.” [164] Como Westblade coloca, “pré-conhecimento infalível de um evento pressupõe a necessidade daquele evento e, portanto, exclui a sua liberdade real”. [165] Teólogos da Abertura costumam construir o mesmo ponto. Richard Rice declara: “Apesar das afirmações de que o pré-conhecimento absoluto não elimina a liberdade, a intuição nos diz o contrário. Se o pré-conhecimento de Deus é infalível, então o que ele vê não pode deixar de acontecer… E se o futuro é inevitável, então a aparente experiência de livre escolha é uma ilusão.” [166] Como Hunt resume o problema: “Se Deus sabe o que cada pessoa vai pensar ou fazer, e se nada pode impedir o que Deus pré-conhece de acontecer, então como pode o homem ser um agente moral livre?” [167]

Arminianismo clássico sempre negou a validade desta crítica, e sempre tomou muito cuidado para mostrar que o pré-conhecimento, de modo algum nega a gratuidade ou contingência das escolhas oriundas do livre-arbítrio. Este ponto de vista, “afirma que o futuro é perfeitamente pré-conhecido por Deus e ainda é, em princípio e prática, “aberto” e “indeterminado.” [168] O pré-conhecimento não causa ou determina qualquer dos eventos assim pré-conhecidos, não mais que um testemunho de eventos presentes por um observador, que estão se revelando diante dele teria qualquer influência causal sobre esses eventos. Pelo contrário, são os eventos que causam o conhecimento, seja ele o conhecimento presente ou pré-conhecimento.

Além disso, uma vez que um evento ocorreu, ele torna-se um acontecimento passado e, portanto, torna-se “fixo” ou “certo” no sentido de que não pode ser mudado. Mas isso não significa que todas as escolhas originadas do livre-arbítrio, envolvidas neste caso, são de alguma forma, roubadas de sua liberdade, só porque o evento assumiu a característica de certeza. Conforme Harris (citando Moisés Stuart) corretamente pergunta: “‘Será que o conhecimento certo que temos agora de um evento passado, destrói a livre agência daqueles que estavam preocupados em realizar esse evento? Será que algum conhecimento prévio do mesmo, necessariamente interfere com a sua livre agência?” [169] A resposta é, obviamente, não. Portanto, como R. A. Torrey conclui, “pré-conhecimento não mais determina as ações de um homem do que o pós-conhecimento. O conhecimento é determinado pelo fato; não o fato pelo conhecimento.” [170]

É verdade, então, que todos os eventos futuros, incluindo as escolhas originadas do livre-arbítrio, são certos de acontecer quando pré-conhecidos; mas o pré-conhecimento não é o que os tornam certos. Raymond diz: “Tudo o que o pré-conhecimento faz é provar a certeza dos eventos futuros e que devem ser admitidos sem prova; todas as coisas serão conforme elas serão, se conhecidas ou não, se decretadas ou não; a história futura do universo será em um único caminho e não dois.” [171] Mas se isso for verdade, então como é que o pré-conhecimento é diferente da predestinação? Difere em relação àquilo que torna certo, os futuros atos do homem. O que os torna certo? O próprio pré-conhecimento? Não, isso não os torna certo; isso somente significa que eles são certos. Então, o que os torna certo? Os próprios atos, tal como vistos por Deus, a partir da sua perspectiva da eternidade. Todos concordam que os acontecimentos passados são certos. O que os faz assim? O simples fato de que eles já aconteceram da maneira como aconteceram. Os próprios atos os têm feito assim – certos. Este mesmo princípio estabelece a certeza dos eventos futuros pré-conhecidos.

Mas ainda assim o crítico pergunta, se as futuras escolhas são certas, como elas podem ser livres? A origem da confusão parece ser que tanto o Calvinismo quanto a Teologia da Abertura estão lendo demais no conceito de certeza; erroneamente o igualando à necessidade. Westblade e outros estão errados em pensar que “o pré-conhecimento infalível de um evento, pressupõe a necessidade daquele evento.” [172] Há muito tempo, Agostinho argumentou que o pré-conhecimento não nega o livre-arbítrio, chamando tal idéia uma “estranha loucura!” Que o pré-conhecimento torna nossas escolhasnecessárias, disse ele, é uma “afirmação monstruosa.” [173] Armínio também faz uma distinção entre a certeza e a necessidade: “A certeza diz respeito ao pré-conhecimento de Deus; a necessidade de um evento, à vontade e ao decreto de Deus.” [174] Novamente ele diz: “pois a palavra ‘certeza‘ é usada em relação à presciência divina, mas “necessariamente “em relação ao decreto de Deus.” [175] Harris diz: “Com a grande massa de Arminianos eu prontamente admito que as ações previstas dos agentes livres são absolutamente certas, no sentido de que elas vão ocorrer como Deus as previu, mas isto não prova que elas devem ocorrer assim – foram decretas.” [176]

A distinção apropriada é entre “certamente ocorrerá” e “deve ocorrer”. Como Forlines, corretamente, observa, [177] Robert Picirilli “tem um excelente tratamento sobre este assunto”, quando ele explica as relações entre certeza, contingência e necessidade. Picirilli mostra que um evento contingente pode ser certo, sem ser necessário: “’Será’ (certeza) não é o mesmo que ‘deve ser’ (necessidade)”. “A certeza não é necessidade”, é “simplesmente futuridade – presciência do futuro” [178]

Em conclusão, de acordo com os Arminianos, antes mesmo da criação Deus tinha verdadeiro pré-conhecimento (conhecimento prévio, presciência) de todos os eventos futuros, incluindo todas as escolhas originadas do livre arbítrio. Este pré-conhecimento não foi determinado pela, nem equivalente à predestinação, mas, pelo contrário, em muitos casos, foi a base desta (como em Rm 8:29). Não obstante, este pré-conhecimento signifique que cada acontecimento futuro era, na verdade, evento certo de acontecer quando pré-conhecido, em si mesmo, o pré-conhecimento não torna qualquer acontecimento futuro necessário e, portanto, não nega o livre-arbítrio.

E. Deus e o tempo

O próximo pressuposto teológico da visão Arminiana da predestinação, é uma certa visão de como Deus está relacionado como o tempo. Os Arminianos acreditam que a predestinação baseia-se no verdadeiro pré-conhecimento. Mas isto levanta a questão: como é possível o pré-conhecimento? Como é possível para Deus, em sua existência anterior à criação, pré-conhecer um futuro que nem mesmo ainda aconteceu? A resposta: é possível porque ele é infinito ou ilimitado em relação ao tempo, ele é o “Deus eterno” (Rm 16:26), o Rei eterno e imortal (1ª Tm 1:17). Como Deus eterno, Ele transcende as limitações de tempo em dois sentidos: quantitativo e qualitativo.

Embora alguns neguem, os dados bíblicos apóiam o conceito de eternidade de Deus no sentido de duração quantitativa sem princípio e sem fim: ele sempre existiu no passado eterno e sempre existirá no futuro eterno. Ele existiu, “desde a eternidade” (Sl 93:2), e ele “vive para sempre” (Is 57:15; ver Ap 4:9-10; 10:6; 15:7). Ele é “de eternidade a eternidade” (Sl 41:13). “Antes que os montes nascessem ou Tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90:2; ver Salmo 102:25-27). Deus é o “que é, que era e que há de vir” (Ap 1:4, 8; 4:8). Ele é o primeiro e o último, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Is 44:6, Ap 1:8, 21:6). É por isso que “para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2ª Pe 3:8; ver Salmo 90:4). Isso não significa que todos os instantes de tempo são os mesmos ou simultâneos para Deus. Significa apenas que, para Aquele que é eterno, um período finito de tempo não é mais significativo do que qualquer outro período finito.

Nessa linha, no entanto, o sentido quantitativo da eternidade de Deus não é o ponto crucial para o pré-conhecimento. O que torna possível o pré-conhecimento é que Deus também é eterno em um sentido qualitativo. Ou seja, de uma forma significativa, ele está fora do fluxo do tempo e não está vinculado às suas limitações. Isso não significa que Deus está fora do fluxo do tempo em todos os sentidos. Como indicado acima, Deus existe em uma duração eterna de momentos sucessivos, o que significa que, em certo sentido, a passagem do tempo é parte na e da própria natureza Divina, totalmente à parte de criação. Isto é, com efeito, a negação do conceito Teísta clássico da atemporalidade de Deus, ou a simultaneidade eterna da natureza divina. Esta última é a idéia de que com Deus não há sucessão de momentos ou até mesmo uma consciência da sucessão de momentos. O Ser de Deus, todos os seus atos, e todo o seu conhecimento co-existem como um eterno AGORA, em um simples e simultâneo presente. Não há passado nem futuro, nem antes ou depois, com Deus. Não obstante, seus atos apareçam em um contínuo histórico, a partir da nossa perspectiva, para o próprio Deus, todos os seus atos, bem como o conteúdo de sua consciência, estão congelados em uma única, invariável e eterna simultaneidade.

Em minha opinião, esta idéia de eternidade de Deus é uma visão extrema, baseado em uma filosofia não-bíblica, contrária ao ensino bíblico. Toda a Escritura nos fala de Deus, como indicando que Ele experimenta a passagem do tempo em uma eterna sucessão de momentos. Ele existe e age no momento presente. Da perspectiva do próprio Deus alguns de seus atos (como a criação) estão no passado inalterável, embora alguns (como o julgamento final) ainda estão por vir e até mesmo Deus deve aguardar o seu momento chegar.

O que significa, então, dizer que Deus é eterno em um sentido qualitativo? Em que sentido ele está fora do fluxo do tempo e, portanto, não vinculado às suas limitações? O ensino bíblico mostra que isso é verdade, no sentido de que a sua consciência (seu conhecimento) não está limitada pelo tempo. Embora Ele exista e aja no presente em curso (não em um único e eterno presente), e embora Esteja consciente de existir e de agir no presente em curso, em sua consciência, ele está acima do fluxo do tempo e  o passado e o futuro das suas criaturas de forma tão clara e certa, que é como se eles fossem presentes. Isto é como seu pré-conhecimento é possível.

É importante ver que a realidade do pré-conhecimento não exige a visão teísta clássica da atemporalidade ou simultaneidade divina. Isto é contrário aos teólogos tais como Geisler, cuja completa teologia é baseada no teísmo clássico e que defende o pré-conhecimento sobre as bases da atemporalidade divina: “nada é o futuro a Deus.” [179] Geisler diz que esta “visão clássica de Deus” tem sido sustentada por todos os “Arminianos tradicionais,” [180] mas isso é questionável. Alguns Arminianos clássicos contemporâneos aceitam tal visão. Hunt, por exemplo, diz que Deus está “pela própria definição, fora do tempo e, portanto, o tempo não está relacionado a ele”, “Deus, sendo eterno, vive em um eterno agora”; “para Deus não há tempo”, tudo é “um eterno presente” para ele. [181] Por outro lado, nem todos os Arminianos clássicos contemporâneos aceitam este ponto de vista de Deus. Forlines, por exemplo, diz que a consistente “visão do eterno agora… não pode permanecer”, é “sem mérito.” [182] Concordo com Forlines.

O Arminianismo clássico diz que a predestinação de Deus de indivíduos para a salvação é baseada em seu pré-conhecimento (presciência) das suas futuras escolhas originadas pelo livre-arbítrio, ele diz que esse pré-conhecimento é possível porque o eterno conhecimento ou consciência de Deus não é limitado pelo tempo, ele vê o futuro como se ele fosse presente. Mas como é possível para Deus para ver o futuro, se ele não tem uma realidade objetiva? Talvez nunca cheguemos a conhecer a resposta a essa pergunta, simplesmente, por causa da diferença qualitativa entre a natureza do transcendente e infinito Criador e nós criaturas finitas. A verdadeira piedade há muito tempo, afirmou que “o finito não pode conter o infinito”; mentes finitas não podem apreender todas as implicações da existência ilimitada de Deus. [183]

Dessa forma, Forlines está correto ao deixar o “como” do pré-conhecimento no reino do imperscrutável mistério. [184] Não podemos negar o pré-conhecimento de Deus, simplesmente porque não o entendemos. Há muito tempo atrás, John Kirk nos advertiu para não tentar reduzir o conhecimento de Deus ao nosso nível humano. Ele declara que “não tivesse o homem presumido limitar ou podar o poder do conhecimento de Jeová ao nível do padrão do nosso próprio conhecimento, ele jamais teria afirmado que Deus não poderia pré-conhecer um evento que está na sua natureza perfeitamente contingente.[185] Devemos simplesmente aceitar o que Kirk chama de “a glória divina do pré-conhecimento,” [186]sem declarar que ele deve ser explicado ou negado. Nós devemos aceitá-lo como verdadeiro, simplesmente, porque a Bíblia o afirma. Como diz Harris, a Bíblia “ensina claramente que Deus conhece as futuras ações livres dos homens, sem explicar o modus operandi“. A incapacidade de compreender o “como”, não nos dá o direito de “inventar uma teoria que está, inequivocamente, em conflito com os ensinamentos simples da Palavra”; nem queremos ter um Deus que pode ser plenamente compreendido. [187]

Na análise final, Harris tem razão: “dizer que ele não pode ser verdadeiro, porque não podemos ver como Deus pode, assim, pré-conhecer, é substituir a ignorância pela argumentação.” [188]

F. O Plano de Deus para a Salvação

A visão Arminiana de predestinação pressupõe também certa visão da natureza da salvação. Isso é verdade porque todos os elementos do plano de salvação de Deus tinham de estar no lugar a partir do momento em que Ele determinou criar este mundo de seres com livre-arbítrio e, conseqüentemente, pré-conheceu que todos iriam cair no pecado e necessitariam de redenção. Assim, mesmo antes da criação de Deus já havia determinado como Ele infalivelmente elaboraria seu plano de salvação no contexto do nosso universo com livre-arbítrio. Este plano de redenção é o coração do “eterno propósito” ou vontade intencional de Deus; tudo associado a ele foi desde o início predestinado a ocorrer. Exatamente o que Deus predeterminou fazer?

1. Como a Salvação Seria Realizada?

A primeira coisa que Deus predestinou em relação à salvação foi a maneira ou método pelo qual ela seria realizada e disponibilizada aos pecadores. Aqui está um elemento incondicional da predestinação: Deus propôs realizar a salvação através da encarnação da segunda pessoa da Trindade, como Jesus de Nazaré, e através da morte expiatória e ressurreição do próprio Unigênito Encarnado. Ele propôs isto, em consonância com o seu pré-conhecimento das ações dos participantes humanos no drama, contudo, os eventos estavam certos de acontecer de acordo com o “plano predeterminado” de Deus (Atos 2:23); aqueles que crucificaram a Jesus, estavam apenas fazendo o que a mão e propósito de Deus tinha “predestinado a ocorrer” (Atos 4:28). Nesse sentido, Cristo, como nosso sacrifício redentor, “foi pré-conhecido antes da fundação do mundo” (1ª Pe 1:20), com um pré-conhecimento que estava, na verdade, baseado na predestinação.

Ao predeterminar como a salvação seria realizada, o objeto principal da predestinação foi o próprio Jesus Cristo. Mas, a fim de realizar sua obra de salvação, era necessário para Deus, secundariamente, preordenar todos os meios essenciais de conseguir isso. Isto se refere principalmente à escolha (eleição) de certas nações e indivíduos, para serem usados como instrumentos para levar Cristo ao mundo e, em seguida, iniciar o processo de aplicação dos resultados salvíficos da sua obra de redenção ao mundo. Esta é a predestinação para serviço, não para a salvação.

O exemplo mais evidente desta predestinação para o serviço é a escolha incondicional de Deus da nação de Israel para ser o contexto e para trazer o Salvador ao mundo. Para este propósito, Deus escolheu os judeus “para ser um povo para Sua própria possessão dentre todos os povos que há sobre a face da terra” (Dt 7:7). Para este fim, ele lhes disse: “Tu és meu servo, eu te escolhi e não te rejeitei” (Isaías 41:9). Como resultado, a nação de Israel foi abençoada em abundância, com a distribuição de privilégios especiais (Rm 3:2; 9:4-5). Tal predestinação para serviço não inclui, porém, uma eleição semelhante para salvação. (Veja a próxima seção principal).

De maneira semelhante, Deus na pessoa de Jesus Cristo escolheu certos indivíduos para serem apóstolos que o ajudaria a estabelecer as bases para a igreja – também um papel de serviço, que não garantia a salvação (Lucas 6:13, João 6:70, 13: 18; 15:16, 19). Como diz Olson, nenhum desses textos, “diz alguma coisa sobre a doutrina da eleição para a salvação,” [189] e o fato de que Judas estava entre os escolhidos, mostra que o objetivo para esta escolha não foi para a salvação (João 6:70).

Grande parte dos dados bíblicos sobre predestinação e eleição (por exemplo, Romanos 9) se referem a essa predestinação utilitarista, que faz parte do propósito eterno de Deus a respeito de como a salvação seria realizada, não como seria aplicada aos indivíduos. A principal fonte do erro Calvinista sobre este assunto é sua incapacidade de distinguir corretamente entre a predestinação utilitária e a redentora. Veja, por exemplo, a má aplicação de Romanos 9 e João 15:16 por Erickson. Surpreendentemente, ele aplica o último texto à iniciativa de Jesus “na seleção de seus discípulos para a vida eterna.” [190]

2. Como a Salvação será Aplicada

O plano redentor predeterminado por Deus incluía não só a sua predestinação da maneira pela qual a salvação seria realizada, mas também a sua predestinação quanto à forma pela qual ela seria aplicada. Do início ao fim o meio de salvação é decidido e especificado unicamente por Deus. Isso preserva a soberania de Deus, na questão da salvação, sem que Ele tenha que escolher, incondicionalmente, quais indivíduos irão, realmente, recebê-la.

Primeiro de tudo, em seu eterno propósito, Deus pré-determinou aplicar a salvação condicionalmente.[191] Como Miley explica, “A verdadeira salvação da alma não é um benefício imediato da expiação, nem através de uma operação irresistível da graça divina, mas é atingível somente em um acordo com seus termos adequados”. Ou seja, “a nossa salvação real” é “um benefício condicional da expiação.” [192] A essência de tal condicionalidade, é claramente vista no lamento de Deus sobre Israel, em Isaías 65: “Eu Me permiti ser procurado por aqueles que não perguntavam por mim; eu Me permiti ser encontrado por aqueles que não me procuravam. Eu disse: ‘Aqui estou eu, aqui estou eu’, para uma nação que não pronunciava o Meu nome. Estendi as minhas mãos, todos os dias, a um povo rebelde” (vv. 1-2). Deus está tão ansioso para receber de volta os pecadores que ele, com efeito, pula em seus caminhos, abre seus braços, e grita: “Aqui estou!” Mas o povo o ignorou, assim Ele declara: “Vou destinar-lhe à espada e todos vocês se curvarão para o abate. Porque Eu chamei, mas vocês não responderam; Eu falei, mas vocês não ouviram” (verso 12, grifo nosso).

Essa maneira da salvação de Deus ser condicional é consistente com nossa natureza como seres com livre-arbítrio. O livre-arbítrio humano e a condicionalidade da salvação caminham juntos. Miley justamente salienta que muitos textos Novo Testamento oferecem a salvação aos pecadores na base de que certas condições devam ser reunidas e, por outro lado, excluem da salvação aqueles que se recusam a cumprir as condições. Ele cita Marcos 1:15; 16:15-16, João 3:16, 18, 36, e Atos 2:38. [193] O próprio fato de que a salvação é oferecida condicionalmente presume que os indivíduos, mesmo em seu estado pecaminoso, têm a capacidade, pelo livre-arbítrio, de atender a essas condições. “Se nenhuma ação livre e pessoal de nós próprios tem qualquer relação condicional para nossa salvação, porque deve tal ação ser imperiosamente necessária, como se tivesse a relação?” pergunta Miley. [194] O lamento de Jesus sobre Jerusalém revela que os seus habitantes estavam perdidos por causa de um ato de seu próprio livre-arbítrio, não por causa da vontade seletiva de Deus: Jesus queria (thelo) recebê-los, mas eles não estavam dispostos ou querendo (ou thelo).

Essa maneira da salvação de Deus ser condicional também é consistente com a soberania de Deus, desde que o próprio Deus é o único que determinou que devesse ser assim e desde que o próprio Deus é o único que determinou, quais são as condições. Ninguém impôs este plano sobre Deus, foi sua própria escolha soberana e incondicional. Como Picirilli diz: “Se o Deus soberano, incondicionalmente, estabeleceu a fé como condição para a salvação (e, portanto, para a eleição), então sua soberania não é violada quando Ele exige a condição.” [195]

Como isso se relaciona à predestinação? O ponto principal é que, se a própria salvação é condicional, então predestinação e a eleição para a salvação, também deve ser condicional. A salvação condicional seria completamente incompatível com a eleição incondicional. Os Arminianos vêem condicionalidade em ambos os níveis: a predestinação de Deus uns para a vida eterna está condicionada ao seu pré-conhecimento que eles irão reunir as condições específicas para receber a salvação.

Em segundo lugar, o plano predeterminado de Deus para a aplicação da salvação incluía a sua decisão de outorgá-la aos indivíduos apenas com base na graça. Ou seja, o seu eterno propósito é que o evento de receber a salvação será tanto condicional quanto gracioso. Alguns pensam que estas duas características são incompatíveis, eles supõem que a graça, pela sua própria natureza deve ser incondicional. John Murray diz: “Se a graça é, de algum modo, condicionada pelo desempenho humano ou pela vontade do homem que o impulsiona a agir, então, a graça deixa de ser graça.” [196] Este é um erro grave, por vezes com base em uma equação falsa de incondicionalidade e imerecimento. Entretanto, nem todas as condições são meritórias. Às vezes o erro de ver, condições e graça, como incompatíveis, está baseado em uma confusão, entre a realização da salvação e a sua aplicação. A realização da salvação por Deus, através de Jesus Cristo, é realmente incondicional, como são o amor e a graça que O motivaram a fazer essa provisão em primeiro plano, mas a graciosa aplicação ou outorga dessa salvação aos indivíduos é condicional. Às vezes, o erro é, simplesmente, o produto da visão de soberania do Calvinismo como tal, a qual não permite que Deus faça qualquer coisa, condicionalmente. Ou seja, se o decreto eterno é necessariamente todo-abrangente e incondicional, então não há nenhuma maneira, pela qual, a salvação pode ser considerada como condicional. [197] Mas, como nós vimos, esta é uma falsa visão de soberania.

Em última análise, não há razão para pensar que a salvação graciosa não pode ser uma salvação condicional. O próprio fato de que a Bíblia a apresenta como tanto condicional quanto graciosa, mostra que essas características são compatíveis.

Que esse plano de Deus para a aplicação da salvação é tanto condicional e gracioso, significa que as condições particulares que Ele especificou para receber a salvação são consistentes com a graça. Isso é verdadeiro, é claro, da condição principal, ou seja, a fé. O próprio Paulo afirma especificamente a complementaridade da graça e da fé em Romanos 4:16 e Efésios 2:8. [198] Como condição para a salvação, nada poderia ser mais natural do que a fé e mais compatível com a natureza da graça como um dom. Desde que a nossa salvação é realizada pelo trabalho de outra pessoa (Jesus), e uma vez que nos é oferecida como um dom gratuito, a única coisa que podemos fazer é aceitar (crer) a palavra de Deus que assim define, e estender a mão vazia para receber o dom. A fé é freqüentemente identificada com esta mão vazia. É exatamente o oposto do mérito. [199]

Dizer que a fé é a condição essencial para a salvação, não significa dizer que ela é a única condição, ao contrário da crença de muitos. [200] A maioria dos Arminianos não teria nenhum problema em adicionar o arrependimento como uma condição; e uma compreensão correta de Romanos 10:9-10 sugere que a confissão de fé em Jesus Cristo é também uma condição, uma vez que no texto a confissão é paralela em todos os sentidos com a própria fé.[201] Outros vêem o batismo como uma condição para a salvação, perfeitamente consistente com a graça.[202] Para o nosso propósito presente, contudo, não é necessário para os Arminianos chegar a um acordo sobre a lista completa. Dado que a salvação é tanto condicional quanto graciosa, a única questão aqui é saber se as condições especificadas são consistentes com a graça.

Para dizer isso de outra forma, nós não podemos incluir qualquer coisa nas condições para salvação, que é uma obra no sentido Paulino da palavra (Rm 3:20, 28; 11:6; Gl 2:16, Ef 2:8-9; Tito 3:5). Uma obra no sentido de Paulo, não pode ser definida simplesmente como “algo que você faz”, já que Jesus chama a própria fé, uma obra neste sentido genérico (João 6:28-29). Pelo contrário, no sentido Paulino, uma obra não graciosa ou meritória é especificamente uma “obra da lei” (Rm 3:28), isto é, um ato de obediência a uma lei-mandamento dada por Deus, como o Criador, aos homens, como criaturas. Tais “obras da lei” meritórias não incluem as instruções graciosas do Redentor aos pecadores sobre como receber a salvação (por exemplo, Lucas 3:3, João 3:16, Atos 2:38, 16:31, Rm 10:9-10). Se um ato, como o arrependimento ou confissão, fosse uma condição meritória (uma “obra da lei”) que está em conflito com a graça, podemos supor, em primeiro lugar, que Deus, nosso Redentor, nunca o teria especificado como uma condição para a salvação. Quaisquer condições que Deus tenha soberanamente exigido são condições graciosas.

Estou enfatizando esse ponto mais contra os Calvinistas que fazem uma caricatura da visão Arminiana da eleição condicional, como uma predestinação baseada em obras previstas ou mérito previsto, como se a predestinação baseada no pré-conhecimento de quaisquer condições reunidas pelos homens, mesmo a própria fé, seria contrária à graça. Essa é a implicação dessa afirmação de Calvino: “Porém, ela é um pedaço de fútil astúcia para a prenderem ao termo pré-conhecimento, e, assim, usar isso para fixar a eterna eleição de Deus sobre o mérito dos homens, qual eleição o apóstolo em toda parte atribui ao propósito único de Deus.” [203] Berkouwer, da mesma forma, afirma que “eleição não encontra a sua base nas obras humanas e, portanto, não na sua fé prevista.” [204] Tal crítica da visão Arminiana da predestinação é manifestamente injusta e equivocada, tendo em vista o ensino bíblico sobre as condições da salvação e, portanto, da eleição.

Em conclusão, o plano predeterminado de Deus para a realização e aplicação de salvação, como descrito aqui é parte de seu eterno propósito; o propósito, segundo o qual ele predestina, chama, justifica e glorifica àqueles a quem Ele pré-conheceu que responderão ao seu apelo (Rm 8:29-30).

G. A Pecaminosidade Humana

A pressuposição teológica final para a doutrina Arminiana da predestinação é a visão da natureza do homem como um pecador. A visão Calvinista da eleição incondicional, necessariamente, decorre da doutrina da depravação total. A essência da depravação total é que a natureza espiritual do pecador é tão corrupta, que ele é totalmente incapaz de responder positivamente ao chamado geral evangelho. É por isso que Deus deve escolher quem ele vai salvar, o que Ele faz incondicionalmente, como parte de seu eterno decreto. Então, em um tempo determinado por Deus, ele seletivamente emite aos seus eleitos, uma chamada interna especial do evangelho, que eficazmente e irresistivelmente, regenera sua natureza pecaminosa e implanta dentro deles o dom da fé.

O Arminianismo clássico tem uma visão diferente da natureza do homem como um pecador. Embora existam variações na explicação do por que isto é assim, todos os Arminianos acreditam que, no momento em que ouve a chamada geral do evangelho, todo pecador tem o livre-arbítrio ou para aceitá-la ou rejeitá-la. Esta é, em essência, a negação da doutrina Calvinista da depravação total. Alguns Arminianos acreditam que nenhum pecador nunca é totalmente depravado, outros acreditam que todas as pessoas são inicialmente afetadas com a depravação total, mas que Deus por meio de uma graça universal preparatória atenua a depravação e restaura uma medida de liberdade. De qualquer forma o resultado é o mesmo: quando o momento da escolha vem, os pecadores têm uma liberdade da vontade para reunir ou não reunir as condições para a salvação. Este é um pré-requisito para o conceito Arminiano de eleição condicional.

Assim, para os Calvinistas, a presença universal da depravação total significa que única chamada do evangelho que alguém pode responder deve ser seletiva e irresistível. Para os Arminianos, a ausência da depravação total universal (seja por natureza ou por graça) significa que a única chamada do evangelho, que Deus emite, é universal e resistível. Para os Calvinistas, a depravação total determina que a decisão final, de quem é salvo e quem não é, deve ser feita por Deus. Para os Arminianos, a decisão final pertence a cada indivíduo.

No sistema Arminiano, não importa realmente se esta capacidade de livre-arbítrio para aceitar ou rejeitar o evangelho é considerada natural (como no pelagianismo), ou como restaurada para todos na concepção via graça original, [205] ou como restaurado para todos em um último momento, através da intervenção do Espírito Santo em um ato de graça preveniente. [206] O que importa é que quando a mensagem do Evangelho alcança o pecador, ele não está em um estado de total depravação irremediável e, portanto, de total incapacidade de crer em Jesus, sem um ato incondicional, seletivo e irresistível do Espírito Santo. Ao contrário, todo pecador é capaz de fazer sua própria decisão de crer ou não. Erickson tem razão, de que “um grande dogma do Arminianismo é que todas as pessoas são capazes de crer ou reunir as condições de salvação… Mas há espaço nesta teologia para o conceito de que todas as pessoas são capazes de crer? Existe, se nós modificarmos ou eliminarmos a idéia da depravação total dos pecadores.” [207]

Alguns Arminianos basicamente aceitam a visão descrita acima, mas ainda afirmam crer na depravação total. Por exemplo, Fisk diz que acredita que o homem é totalmente depravado, mas que isso não acarreta a incapacidade total. [208] Esta visão é auto-contraditória, no entanto, já que a última é a essência da primeira. Outro exemplo é Picirilli, que diz (como Calvino e Armínio) aceitar a depravação total, incluindo a incapacidade total. [209] Mas quando ele acrescenta que essa depravação total é universalmente cancelada a tal ponto que todos os que ouvem o evangelho tem a capacidade de resistir a ele; [210] ele, na verdade, nega a principal conseqüência da depravação total, ela não é mais “total”. Embora, se autodenomine, um “calvinista moderado” e afirme acreditar na depravação total, Norman Geisler, da mesma forma, despe a doutrina de sua essência (incapacidade total). [211] Abordagens como estas, creio eu, são confusas e enganosas. Reter o termo, enquanto se nega o tradicional coração da doutrina que ela representa, obscurece a distinção entre Calvinismo e Arminianismo em um ponto crucial.

IV. A PREDESTINAÇÃO EM ROMANOS 9

Esta seção apresenta uma interpretação Arminiana de Romanos 9. Esta é uma passagem fundamental para a nossa discussão, já que normalmente ela serve como um importante texto-prova para a visão Calvinista da predestinação. É o “alicerce” [212] e “eixo” [213] para o conceito da eleição incondicional dos indivíduos para a salvação. Assim, é fundamental mostrar que esta doutrina não é ensinada neste capítulo. [214]

A. O Propósito Geral de Romanos 9.

Há um considerável acordo de que a questão a ser abordada em Romanos 9 é a justiça de Deus, tal como indicado na pergunta levantada por Paulo em Romanos 9:14, “Não existe injustiça com Deus, existe?” Especificamente, Deus tem sido injusto nas suas relações com Israel? Esta questão foi suscitada, nos dias de Paulo, pela conjunção de três estados, inter-relacionados, de coisas. O primeiro é o fato, inquestionável, de que Deus havia escolhido Israel como seu povo especial, começando com Abraão e os tinha regado com incomparáveis bênçãos sobrenaturais, a partir desse momento (Rm 9:4-5). O segundo é a suposição dos próprios judeus de que, a sua relação especial com Deus, incluía uma promessa implícita de salvação para, praticamente, todo israelita, individualmente. Sua atitude parece ser: “Deus nos escolheu para ser o seu próprio povo especial, por isso ele é obrigado a nos salvar”. Como Picirilli diz: “Os judeus afirmam que Deus tinha prometido incondicionalmente salvar todo o Israel e, por conseguinte, seria injusto se Ele falhasse em cumprir essa promessa.” [215] O terceiro estado de coisas é o ensino enfático de Paulo em Romanos 1-8, de que a maioria dos judeus estava, de fato, perdida (por exemplo, Romanos 3:9). Esse fato foi a fonte de “grande tristeza e incessante dor” de Paulo (Rm 9:2), mas para os próprios judeus tal afirmação implicava que Deus estava tratando de forma injusta com eles. Se as massas de judeus estavam perdidas, seguramente as promessas de Deus para eles tinham falhado, e Ele é, portanto, injusto.

Paulo sabe que, levando em conta estes três fatos, surgirá a questão da justiça de Deus em seu tratamento dos judeus. Deus é injusto quando Ele não salva automaticamente os judeus? Como pode Deus rejeitar àqueles a quem ele elegeu? Será que a perdição dos judeus significa que ele tenha quebrado o seu pacto prometido a eles? “De maneira nenhuma!” diz Paulo enfaticamente (Rm 9:14). Na verdade, “não é como se a palavra de Deus falhado” (Rm 9:6).

Embora a maioria concorde que tudo o que Paulo está fazendo em Romanos 9-11 é projetado para estabelecer este ponto, há forte discordância a respeito de COMO esses capítulos mostram que as promessas de Deus a Israel não falharam. Todos concordam que o tema da eleição divina é o ponto principal, mas a discordância é sobre a natureza desta eleição. Especificamente, Paulo está falando sobre a eleição para a salvação, ou eleição para o serviço?

A abordagem Calvinista é que em Romanos 9, Paulo está ensinando a eleição incondicional de alguns indivíduos para a salvação (e para muitos, a reprovação incondicional de todos os outros para o inferno). A questão é enquadrada assim: porque é que alguns (Judeus) são salvos e outros perdidos? A resposta é que ela é simplesmente uma questão de escolha incondicional e soberana de Deus. Um exemplo disto é John Piper, que pergunta: “Será que a eleição em Rm 9:1-23 diz respeito a nações ou a indivíduos? E será que ela diz respeito a papéis históricos ou destinos eternos?” Sua resposta: “A evidência é esmagadora em favor da opinião de que a preocupação de Paulo é com o destino eterno daqueles dentro da nação de Israel, que são salvos e daqueles que são amaldiçoados.” [216] Thomas Schreiner concorda: “Os Calvinistas geralmente apelam para Romanos 9, para apoiar a sua teologia da eleição divina. Em particular, eles afirmam que Romanos 9 ensina que Deus elege pessoas incondicionalmente para salvação.”[217]

Alguns Arminianos realmente concordam com essa visão até certo ponto. Eles, também, compreendem que Paulo está explicando por que alguns (Judeus) estão salvos e alguns estão perdidos. Ou seja, eles vêem Paulo falando de eleição para a salvação. Por exemplo, diz Picirilli de Romanos 9, “O propósito dos versos 14-24 é argumentar que o Deus soberano é aquele que determina quem será salvo… Deus ainda salva quem Ele quer e condena quem Ele quer, Judeus ou não-Judeus.” [218] Como isso é diferente da visão Calvinista? É diferente em que os Arminianos que lêem Romanos 9, em termos de eleição para a salvação, supõem e afirmam que esta eleição é condicional, ou corporativa, ou de acordo com o pré-conhecimento. Em minha opinião, embora essas qualificações sejam muito difíceis de sustentar, levando em conta o próprio ensino de Romanos 9. Mas este não é um problema, pois em última análise, não é necessário aos Arminianos tentar aplicar tais qualificações a esta eleição, desde que, ela, afinal, não é uma eleição para a salvação, mas uma eleição para serviço.

Quer seja ela apresentada pelos Calvinistas ou Arminianos, esta interpretação soteriológica da eleição em Romanos 9 é errada, porque ela realmente não aborda a questão da justiça de Deus; pelo contrário, a intensifica. Ela não aborda a questão, pois não lida com o papel de Israel étnico como um todo, o que realmente é o problema que está em foco. Na mente dos Judeus, o problema era simplesmente este: “Por que tantos judeus perdidos, quando Deus prometeu salvar a todos?”

Segundo a maioria dos Calvinistas, a resposta de Paulo a esta questão é algo assim: “É verdade que Deus fez uma aliança com Abraão e com Israel, que inclui promessas de salvação. Então, porque todos os Judeus não são salvos? Porque Deus nunca pretendeu dar esta salvação a todos os judeus, em primeiro plano. Em todo o tempo, Ele tinha planejado fazer uma divisão dentro de Israel, incondicionalmente, outorgando a salvação a alguns e incondicionalmente a retendo do restante.”

Mas como isto responde à acusação de que Deus é injusto ou desleal nas suas relações com os Judeus? Em minha opinião, isto, absolutamente, não responde à pergunta principal! Se isso é tudo o Paulo pode dizer, então Deus é revelado ainda mais perverso e injusto do que nunca.

A única abordagem de Romanos 9 que realmente resolve o problema da justiça de Deus, no que se refere ao Israel étnico, é que a eleição falada nos versículos 7-18 é a eleição para serviço. A tese de Paulo é que a palavra da promessa de Deus a Israel não falhou (Rm 9:6 a). Por que não? A resposta esta em Rom. 9:6 b, “Porque não são todos Israel os que descendem de Israel”. Aqui Paulo não está fazendo a distinção entre dois grupos dentro de Israel, os salvos e os perdidos, com o debate que se seguiu focando em como Deus incondicionalmente fez a distinção. Em vez disso, o contraste é de um tipo completamente diferente.  dois grupos, mas eles não são completamente distinto um do outro. Um deles está realmente dentro do outro, como um pequeno corpo dentro de um corpo maior. Ambos os grupos são chamados de Israel, mas eles são diferentes tipos de Israel. O grupo maior é o Israel étnico, a nação física como um todo; o grupo menor pertence a este grupo, mas também é distinguido como uma entidade separada, ou seja, como o verdadeiro Israel espiritual, o remanescente dos verdadeiros crentes que apreciam as bênçãos da eterna salvação.

Mas o contraste entre esses dois Israéis não é que um está salvo enquanto o outro está perdido. Isso não pode ser, uma vez que o grupo menor (salvo) é também uma parte do corpo maior. Qual é a diferença entre estes dois povos de Israel, e porque é que até Paulo a destaca aqui? A diferença fundamental é que as promessas da aliança de Deus a estes dois grupos não são as mesmas. As promessas de Deus feitas ao Israel étnico são diferentes das promessas que ele fez ao Israel espiritual. Paulo está dizendo, com efeito, “Vocês pensam que Deus foi desleal para com o Israel étnico, só por que todos os judeus não são salvos? Vocês não sabem que existem DOIS Israéis, cada um com um conjunto diferente de promessas? Vocês realmente estão confundindo esses dois Israel. Vocês estão tomando as promessas de salvação que se aplicam apenas ao grupo menor e estão tentando erroneamente aplicá-las a Israel como um todo.”

Aqui está o ponto: há dois “povos escolhidos”, dois Israel, mas somente o Israel remanescente foi escolhido para a salvação. Contrariamente ao que os judeus comumente pensavam, o Israel étnico como um todo não foi escolhido para salvação, mas para serviço. As promessas da aliança de Deus ao Israel físico, como tal, tinham a ver apenas com o papel do país no plano de redenção histórico de Deus. Sua eleição foi utilitarista, não redentora. Deus os escolheu para servir a um propósito. Os próprios Judeus pensavam que esta eleição envolveu a promessa de salvação para os indivíduos, mas eles estavam simplesmente enganados. Este mesmo erro permanece na raiz da visão Calvinista de que a eleição em Romanos 9 é a eleição para a salvação. Este é o erro exegético de Piper, quando ele poderosamente força para ler um conteúdo de salvação nas bênçãos descritas em Romanos 9:4-5. [219] Ele conclui que “cada um dos benefícios enumerados em Romanos 9:4-5 tem implicações escatológicas e salvíficas para Israel,” [220] e então começa a tentar explicar por que esses benefícios não foram desfrutados por todos os judeus. Sua resposta é que Deus faz uma distinção dentro de Israel, incondicionalmente, a escolha de aplicar estes benefícios salvíficos apenas para salvar alguns judeus. Schreiner tem uma abordagem semelhante, dizendo que a tese de Paulo em Romanos 9-11, como declarou em Romanos 9:6 – que “a palavra de Deus não falhou” – refere-se às promessas de Deus para salvar seu povo de Israel. [221]

Até Forlines, um Arminiano, interpreta as promessas da aliança de Deus a Abraão e à sua descendência (como em Gn 13:14-15; 17:8) como incluindo “a promessa de vida eterna.” [222] Mas isso simplesmente não é verdade. Os termos da aliança que Deus fez com Abraão e mais tarde com Israel como um todo não incluem uma promessa de salvar ninguém, simplesmente porque ele ou ela era um membro do povo da aliança. A promessa chave que Deus fez a Abraão e sua descendência foi esta: “Em ti todas as famílias da terra serão abençoadas” (Gn 12:3), uma promessa que foi cumprida quando o “Cristo segundo a carne” finalmente veio a Israel (Rm 9:5). Todas as outras promessas e bênçãos eram subordinadas a esta e foram concebidas para ajudar na sua realização. Nenhuma envolveu uma promessa de salvação eterna para os membros individuais do povo da aliança. As bênçãos enumeradas por Paulo em Romanos 9:4-5 não incluem conteúdo de salvação. [223]

principal ponto de discussão de Paulo em Romanos 9 é que Deus tem o direito soberano de fazer essa distinção entre a eleição para serviço e eleição para a salvação, e para escolher os indivíduos ou nações para preencher determinadas funções no seu plano, sem também salvá-los. Isto é exatamente o que Deus fez com o Israel étnico. Esta nação foi escolhida para serviço de forma incondicional, mas esta eleição não outorgaria incondicionalmente, e ao mesmo tempo, a salvação a todos os eleitos. A Escolha dos doze apóstolos por Jesus (João 15:16) é quase um paralelo exato, como é a escolha do Faraó (Rm 9:17-18). O fato de que Deus usou Faraó para seus propósitos redentores não exige que este seja salvo, e o mesmo é verdade para Israel. Se Deus quer usar os judeus em seu serviço, e ainda negar-lhes a salvação por causa da sua incredulidade, isso é perfeitamente consistente com sua natureza justa e suas promessas decorrentes da aliança.

Onde é que a salvação entra em cena? A salvação é outorgada unicamente ao Israel espiritual – os “vasos de misericórdia” (Rm 9:23) ou o remanescente (Rm 9:27-29;11:5), aqueles Judeus que encontraram a fé graciosa – condição para recebê-la como descrita em Romanos de 1-8 e 9:30-10:21. Schreiner está seriamente errado quando ele afirma que a visão eleição-para-serviço de Romanos 9, não aborda a questão da salvação de Israel. [224] A questão com a qual Paulo está tratando é a questão do porquêtodos os Israelitas não são salvos. Sua resposta não tem nada a ver com uma suposta eleição incondicional para a salvação, mas com o fato de que a promessa de salvação nunca foi feita para anação em primeiro plano. O ponto inteiro de Romanos 9 é que não se deve equiparar a eleição para serviço com a eleição para a salvação.

B. A Estrutura de Romanos 9 e 10

A interpretação acima de Romanos 9 é claramente corroborada pela estrutura geral de Romanos 9 e 10. Após o levantamento do problema e sua resposta básica para ele (9:1-6), Paulo discute primeiro a eleição incondicional para serviço (9:7-18), depois da eleição condicional para a salvação (9:19-10:21).

1. Romanos 9:7-18

Nesta primeira seção, Paulo afirma o direito soberano de Deus para escolher e usar (por serviço) qualquer um que lhe apraz em seus próprios termos. Ele é livre para eleger os indivíduos ou grupos para servir a seus propósitos sem salvá-los. O ponto que Paulo estabelece nestes versos se aplica ao Israel étnico, não ao Israel espiritual.

a) Versos 7-13

A compreensão comum desses versos é que eles mostram como Deus escolheu incondicionalmente para salvar alguns israelitas em detrimento de outros. Por exemplo, Baugh diz que estes versos revelam que “a graça salvadora depende de predestinação.” [225] Como Forlines vê, assim como Deus estabeleceu uma distinção entre Isaque e Ismael, e entre Esaú e Jacó, assim “não há razão para crer que todos do Pacto da Semente de Abraão (aqueles que descendem de Abraão através de Jacó) estão salvos.”[226] Tal explicação pressupõe que estes versos são acerca da forma como Deus escolhe o remanescente de Israel para a salvação e rejeita o restante para a condenação, ou seja, sobre como o grupo menor em Rm 9:6b está separado do grupo maior. Meu entendimento, entretanto, é que os versículos 7-13 estão falando sobre o próprio grupo maior, ou seja, Israel étnico como um todo, e como ele surgiu em primeiro plano.

A progressão do pensamento é assim: Nem todos os membros do Israel físico também são membros do Israel espiritual (9:6 b), nem são chamados filhos de Abraão, apenas porque eles são fisicamente descendentes de Abraão (9:7 a). Assim, o verso 7 começa um pensamento distinto. O parágrafo através do verso 13 se concentra sobre a origem e o papel do Israel étnico como tal, explicando a maneira pela qual Deus os chamou para o seu serviço. O ponto principal é que isto é diferente da forma como ele chama os indivíduos à salvação. Somente quando os dois são confundidos se questiona sobre a fidelidade de Deus a Israel.

Os Calvinistas estão certos de que a eleição descrita em 9:7-13 é incondicional; eles estão errados em supor que ela é uma eleição para a salvação, ao invés de eleição para serviço. A principal razão por que Paulo cita a “distinção Divina” entre Isaque e Ismael, e entre Esaú e Jacó, é para salientar a forma unilateral e soberana pela qual Deus estabeleceu a nação de Israel e a alistou para o seu serviço. Isaac e Jacó, assim, representam o Israel étnico como um todo, e não os eleitos dentro da nação. O Israel étnico existiu apenas pela escolha e promessa graciosa de Deus. Deus sozinho controla o processo e os termos da seleção. Os não escolhidos (Ismael e Esaú) não são, assim, condenados ao inferno, são, simplesmente, excluídos de ter um papel na elaboração do plano redentor de Deus.

Tudo isso foi feito para que “o propósito de Deus na eleição” (Rm 9:11, Nova Versão Internacional) não falhasse, ou seja, o seu propósito de trazer “o Cristo segundo a carne” (Rm 9:5) ao mundo. Deus deixou claro desde o início que ele realizaria este propósito através desta família em particular, independentemente das suas decisões individuais e direcionamento da sua piedade pessoal. Ele mostrou isso, da mesma forma, quando escolheu Isaac a Ismael e Jacó a Esaú; e este é o propósito, segundo o qual ele escolheu e lida com a nação Israelita como um todo. Assim, como “o propósito de Deus na eleição” não depende do status espiritual do irmão gêmeo que Ele escolheu desde o ventre de Rebeca; do mesmo modo, não depende do status de salvação dos Judeus nos dias de Paulo.

O ponto principal e global desta seção é a liberdade soberana de Deus para definir o seu plano de redenção como ele escolhe. Ele pode escolher quem ele quiser, sejam indivíduos ou nações, para realizar seus propósitos redentores, independentemente das suas próprias escolhas ou cooperação, se necessário. Seus servos escolhidos não precisam fazer parte do Israel espiritual para servi-lo, e Ele não está obrigado a recompensá-los com a vida eterna, só porque eles desempenharam o seu papel no drama messiânico. Não há conexão inerente entre serviço e salvação.

b) Versos 14-16

Em seguida, Paulo explicitamente levanta a questão da justiça ou fidelidade de Deus e, implicitamente, refere-se ao Seu tratamento de Israel étnico como um todo: “Que diremos, então? Não há nenhuma injustiça com Deus, existe? De modo nenhum!” (v. 14). Deus tem o direito soberano de escolher para serviço sem o acompanhamento de uma promessa de salvação. Mas alguém poderia perguntar: como é que sabemos que Deus tem esse direito? Aqui está o ponto da citação de Paulo da declaração de Deus a Moisés: “Eu serei gracioso para quem hei de ser gracioso, e mostrarei compaixão a quem eu mostrar compaixão” (Êxodo 33:19; cf. Rm 9:15). Ou seja, Paulo não fornece qualquer defesa lógica ou racional do direito de Deus para escolher para serviço que lhe apraz, pelo contrário, ele estabelece esse direito pela simples citação das palavras autorizativas de Deus como registradas nas Escrituras inspiradas.

A compreensão comum desses dois versículos (Ex 33:19 e Rm 9:15) é que eles devem se referir à salvação por causa dos termos usados: graça, misericórdia, compaixão. Este não é o caso, no entanto. Os termos usados nestes versos não significam inerentemente graça salvadora e misericórdia, no sentido de salvação eterna; na verdade, eles são muitas vezes utilizados para graça ou favor não-soteriológicos, e compaixão e misericórdia temporal. O primeiro verbo utilizado em Êxodo 33:19 é Chanan, que muitas vezes se refere às bênçãos materiais de Deus. Basicamente, isso significa “fazer um favor a alguém, mostrar favor, ser misericordioso e bondoso, conceder uma bênção”. Por exemplo, em Gn 33:11 Jacó disse a Esaú: “Deus tem sido bondoso comigo”, isto é, dando-lhe a riqueza material. Além disso, em 2ª Sm 12:22 Davi diz: “O SENHOR seja gracioso comigo e que a criança possa viver”. Isto é, Deus pode conceder o meu pedido para poupar a vida do filho de Bate-Seba. Nos Salmos de David, muitas vezes orou a Deus para ser “gracioso” para ele, dando-lhe a força para superar seus inimigos físicos (por exemplo, Salmo 31:9; 41:10; 56:1).

O segundo verbo usado em Êxodo. 33:19 é racham, que juntamente com seus cognatos, muitas vezes refere-se à atitude de compaixão, misericórdia, ou piedade sobre alguém em qualquer tipo de necessidade. Quando usado como a compaixão de Deus, estas palavras geralmente se referem às suas bênçãos temporais sobre a nação de Israel. Por exemplo, porque Deus é misericordioso, ele não vai destruir o seu povo (Dt 13:17; Ps. 78:38). Uma idéia comum é que por causa de sua compaixão, Deus restaura o seu povo do cativeiro. Ex.: “Portanto, assim diz o SENHOR DEUS, ‘Agora eu restaurarei a sorte de Jacó, e terei misericórdia de toda a casa de Israel” (Ez 39:25). “Eu terei… compaixão dos seus locais de habitação” (Jr 30:18). Ver também Dt 30:3; Isa. 14:1; 49:10, 13; 54:7-8, 10; Jer 31:20, 33:26, Zc 10:6.

Como em Êxodo 33:19, estas duas palavras (chanan e racham) e seus cognatos são muitas vezes combinados no Antigo Testamento para descrever a natureza do trato de Deus com seu povo como nação. Eles são a base para a decisão de Deus para abençoar o seu povo, para poupá-los, para livrá-los, mantê-los intactos como o povo, através do qual, Ele iria trabalhar o seu plano de redenção. Por exemplo, “o SENHOR foi bondoso com eles e teve compaixão deles” e não permitiu à Síria destruí-los (2 Reis 13:23). Ver também 2 Crônicas 30:9, Isaías 30:18, Salmo 102:13.

A citação de Paulo em Êxodo 33:19 em Romanos 9:15 é tomada diretamente da Septuaginta, que usa as palavras Gregas eleeo e oiktiro, que são muito próximas em significado. O verbo eleeo (“ter misericórdia, ser misericordioso”, confira o substantivo eleos, “misericórdia”) é usado em Romanos 9:15, bem como em 9:16 e 9:18. Às vezes ele se refere à misericórdia salvadora de Deus (por exemplo, Rm 9:23; 1ª Tm 1:13, 16; 1 Pe 2:10), porém mais freqüentemente é usado no sentido temporal de mostrar compaixão para com os pobres, doentes, ou necessitados (Rm 12:8; Filemom 2:27). Assim, ele é usado como um prelúdio para um pedido de misericórdia, como: “Tem piedade de mim, e socorre-me” (por exemplo, Mateus 9:27, 15:22, 17:15, 20:30-31, Lucas 16:24 ). Mais significativamente, às vezes é usado para se referir à escolha ou chamada de Deus de alguém para serviço, especificamente, a chamada de Paulo para ser apóstolo: 1 Coríntios 7:25, 2 Coríntios 4:1.

Em vista da ampla gama de significados para todas as palavras aqui envolvidas, incluindo muitas que não estão relacionados à salvação, é presunçoso afirmar que Paulo está usando-as em Romanos 9:15 para se referir à eleição para a salvação. Diante dos muitos usos dos termos hebraicos para se referir à preservação de Israel por Deus como nação, e uso de eleeo por Paulo para se referir ao seu chamado para ser apóstolo, é razoável interpretar os termos aqui em Rom 9:15 como se referindo a escolha da nação de Israel por Deus para desempenhar um papel crucial em seus propósitos e aliança. As palavras implicam que, quando Deus escolhe alguém para serviço, tal como Israel, Ele está concedendo grande favor a essa pessoa ou nação, seja essa pessoa ou nação, salva ou não.

Até agora nós mostramos que as palavras “misericórdia” e “compaixão”, em Êxodo 33:19 e Rm 9:15 não se refere necessariamente à misericórdia salvadora, desde que elas têm outros usos legítimos compatíveis com a eleição para serviço. Mas como sabemos que a última é conotação intencionada aqui? A única maneira de decidir isso é analisá-las em referência a seus contextos, especialmente o contexto de Êxodo 33:19 (conforme a narrativa de 32:9 a 34:10). Tal análise mostra que, quando Deus diz no texto que ele será gracioso e mostrará compaixão sobre quem ele escolhe, sua afirmação não tem nada a ver com a escolha de alguém para a salvação, temporal ou eterna. Ao contrário, ele está declarando o seu direito de fazer o que ele decide com a nação de Israel. Nesse caso, ele está exercendo o seu direito de escolher soberanamente poupá-los como uma nação e continuar a usá-los em seu plano redentor. [227]

Paulo está aplicando essa declaração de maneira semelhante em Romanos 9:15. Ou seja, é uma questão de misericórdia soberana de Deus, que Ele escolheu esta nação para seus propósitos, em primeiro lugar e, certamente, ainda mais que ele os tem poupado e os conservado até este tempo, permitindo-lhes finalmente ser a fonte física da presença no mundo do Salvador (Rm 9:5).

Romanos 9:16, penso eu, expressa o conceito de eleição incondicional; mas Paulo o está aplicando apenas a eleição para serviço e não a eleição para a salvação.

c) Versos 17-18

Como o exemplo de Faraó se encaixa na progressão do argumento de Paulo? O apóstolo demonstrou que o tratamento dos Judeus por Deus não é injusto, porque ele tem soberania completa na maneira como ele escolhe aqueles que irão servir a seus propósitos. Por exemplo, a maneira como ele escolheu Isaque e Jacó demonstra isso e é confirmada pela citação do princípio geral de Êxodo 33:19. Tudo isto mostra que Deus é livre para escolher quem quer que lhe apraz para papéis de serviço.

Mas isso em si não resolve completamente a questão dos Judeus. Especificamente a questão é se Deus é injusto, porque ele chamou a nação de Israel para o seu serviço e, ao mesmo tempo, condena a muitos, se não a maioria dos judeus individuais para o inferno. Se Deus vai usá-los, não é ele, assim, obrigado a salvá-los? Este é o ponto abordado nos versículos 17-18. Aqui Paulo mostra a partir do Velho Testamento que a soberania de Deus na eleição para serviço inclui a prerrogativa de escolher e usar alguns sem salvá-los. Seu exemplo inicia com Faraó. Não somente foi ele escolhido através da soberana misericórdia de Deus, como também foi endurecido ou confirmado na sua incredulidade.

É comum tomar o verso 18 como se referindo a eleição para a salvação e rejeição para o inferno, com a primeira se aplicando a Moisés e a última se aplicando a Faraó. Nada poderia estar mais longe da verdade. Em primeiro lugar, não existe nada neste verso sobre destinos eternos, ou céu ou inferno. “Misericórdia”, aqui, significa o mesmo que a misericórdia e a compaixão do verso 15, isto é, o favor que Deus mostra quando ele concede a alguém o privilégio de desempenhar um papel no drama da redenção. Em segundo lugar, não há nenhuma referência a Moisés neste versículo, absolutamente. Paulo nada disse especificamente sobre Moisés, nesta passagem, exceto que Deus lhe revelou o grande princípio em Rm 9:15. No máximo, esse princípio aplicado a ele no contexto, tem o sentido de que Deus escolheu responder a sua oração. Porém, ele (Moisés) não é declarado aqui como contrapartida de Faraó, como o objeto da misericórdia de Deus em contraste com o Faraó, como o objeto endurecimento da parte de Deus.

Em vez disso, o todo do versículo 18 refere-se ao Faraó. Neste contexto, Paulo deliberadamente escolheu apresentá-lo como um exemplo, porque ele (Faraó) é um paradigma perfeito para o tratamento de Israel por Deus como alguém escolhido para significativo serviço no plano redentor de Deus. Neste sentido Deus “teve misericórdia” sobre Faraó, assim como teve misericórdia de Israel escolhendo Abraão, Isaac, Jacó e toda a nação para cumprir os propósitos de sua aliança. Mas Deus não somente exerceu o seu direito soberano de levantar Faraó para um propósito específico (verso 17); ele também optou por usá-lo para este propósito, sem salvá-lo. Neste sentido, o Faraó é um paralelo exato com Israel no que diz respeito ao ponto-chave de todo este capítulo: o direito de Deus de escolher para serviço (“ter misericórdia”), sem também escolher para a salvação.

É importante notar que o verso 18b (“endurece a quem ele quer”) não significa que Deus endureceu o coração de Faraó de tal forma que ele estava, assim, destinado a ser um incrédulo. Os relatos dos acontecimentos, no Velho Testamento, que precederam o êxodo do Egito, deixam claro que o Faraó já tinha endurecido o seu próprio coração contra Deus. Os sentidos principais nos quais Deus endureceu o coração do Faraó foram em estender ou prolongar o auto-endurecimento do próprio Faraó e em focá-lo sobre uma situação particular. Ao fazer isso, Deus levou Faraó a prolongar a sua última e inevitável decisão de deixar o povo ir, até que todas as pragas pudessem ser infligidas (cf. Ex 4:21, 7:3, Rm 9:17). Desta forma, Deus usou Faraó tanto a despeito de seu estado perdido quanto por causa de seu estado de perdição, mas sem, de forma alguma, provocar o seu estado perdido.

Esse é o exato padrão das relações de Deus com Israel étnico como um todo. Em sua misericórdia, ele os escolheu para serviço, e Ele os usou para seu propósito, tanto apesar do fato de que muitos (a maioria) deles estavam perdidos, quanto até mesmo porque eles estavam perdidos. Como no caso do Faraó, os Judeus que tinham endurecido seus corações a Deus, por sua vez foram endurecidos por Deus no início da era do Novo Pacto, de tal maneira, que Deus realizou um propósito específico através desse auto-endurecimento (Rm 11:7-11 , 25).

O fundamental é que o tratamento de Israel por Deus é perfeitamente justo e equitativo. Ele os escolheu incondicionalmente e os usou para seus propósitos, mas isso não significa, entretanto, que eles tinham qualquer direito sobre a graça salvadora de Deus. Eles foram tanto escolhidos quanto endurecidos ao mesmo tempo. Assim, não existe nenhuma conexão inerente entre serviço e a salvação, como mostra o exemplo de Faraó.

2. Romanos 9:19 – 10:21

Em Romanos 9:19 -10:21 Paulo volta-se para o assunto da salvação, quando ele discute o que distingue o remanescente salvo dentro de Israel dos judeus não salvos. Aqui fica claro que a escolha de Deus do remanescente é condicional, em conformidade com o princípio já estabelecido da justificação pela fé. Deus separa o Israel espiritual da massa não-salva de Judeus (9:19-29), porém o agente de separação é a fé, e não a eleição (9:30-10:21). Na última seção não há nenhum indício da eleição incondicional para a salvação ou condenação; pelo contrário, está claro que a separação entre os Israelitas salvos e os Israelitas perdidos é resultado das suas próprias escolhas, quais sejam crer ou não crer. Os judeus que estavam perdidos não tinham a ninguém para culpar, senão a si mesmos e à sua própria teimosia. O próprio Deus é retratado, não como soberanamente decidindo em sua própria vontade secreta, quem será salvo e quem se perderá, mas como um Deus amoroso, que convida a todos a serem salvos: “Mas, quanto a Israel Ele diz: ’TODOS OS DIAS, EU ESTENDI AS MINHAS MÃOS A UM POVO REBELDE E OBSTINADO ‘“ (10:21).

Esta é a forma como esta seção principal termina. O estado perdido de Israel é uma reflexão sobre o caráter de Deus, a prova de sua infidelidade, uma indicação de que Ele não cumpriu sua palavra (9:6)? Não, Deus tem mantido a sua palavra a Israel em todos os sentidos. Ele manteve todas as promessas que Ele fez à nação, com relação aos propósitos e privilégios do seu pacto (9:1-29). Ele enviou o Messias e deu-lhes todas as oportunidades para confiar Nele para a salvação pessoal (9:30 – 10:21). Sua recusa em aceitá-lo é sua própria culpa.

CONCLUSÃO

Em conclusão, podemos notar duas maneiras em que uma compreensão adequada da predestinação condicional Arminiana deve nos afetar. Primeiro, ela deve nos dar um senso de responsabilidade pessoal. Ela diz respeito ao nosso livre-arbítrio dado por Deus e à nossa capacidade de chegar a nossa própria decisão a respeito da fé em Cristo. Ele faz a culpa repousar somente sobre nós, se não reunir-mos as condições graciosas para a eleição à glória. Ela alivia a Deus do estigma aparentemente terrível de algum Ser arbitrário e injusto, o qual escolhe alguns e rejeita outros. Ela obriga o incrédulo a enfrentar o problema do seu próprio destino, diretamente e sem desculpa. Ele, o incrédulo, não pode dizer, “qual é a sua utilidade? Meu destino está selado de qualquer maneira.” A eleição condicional também adverte o crente, de que ele deve “procurar fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição” (2ª Pedro 1:10, corrigida, fiel ao texto original).

Em segundo lugar, a doutrina da predestinação condicional deve nos dar uma sensação de paz pessoal. Geralmente são os Calvinistas que fazem tal afirmação. Saber, dizem eles, que a nossa salvação em nada depende do nosso próprio eu, pecaminoso e inconstante, mas depende inteiramente da soberana graça de Deus, daria ao crente uma grande paz de espírito. Mas, na realidade, a idéia da eleição incondicional tem sido fonte de grande angústia para muitos. “Desde que eu nada posso fazer, senão esperar”, dizem eles, “Como posso saber se Deus me escolheu?” Se a razão para a escolha de uma pessoa e não de outra, jaz totalmente dentro do conselho secreto de Deus, uma pessoa pode sempre estar insegura quanto ao seu status. Mesmo se ela conhece a si mesmo como um crente, ela pode sempre perguntar se a sua fé é um genuíno dom de Deus ou uma imitação temporária e ineficaz confirmada por sua própria vontade enganosa (ver Mateus 13:5-7, 20-22).

A visão Arminiana clássica da eleição condicional, no entanto, é uma fonte de grande conforto. Como alguém pode estar certo de que ele está entre os eleitos de Deus? Deus revelou as condições que nós devemos reunir para receber esse status, e cada um pode saber se ele ou ela reuniu as condições ou não. Não há mistério. Se uma pessoa não reuniu as condições, então ele deve ser advertido de que a doutrina da predestinação não se destina a ser um conforto para os incrédulos. Se ele ou ela as reuniu e continua a reuni-las, então ele pode cantar com confiança, “Bendita Segurança, Jesus é meu; Oh que antegozo da glória divina!”

Tradução: Cloves Rocha dos Santos
Fonte: Perspectives on election: five views, pp. 70-134

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Notas do editor do site

* Com a afirmação de que todas as variações de arminianismo rejeitam o conceito da “verdadeira depravação total”, Cottrell infelizmente cai no erro da generalização e despreza justamente a teologia que ele pretende apresentar no texto. O arminianismo clássico assina em baixo as mais fortes declarações agostinianas/calvinistas sobre a depravação total. Não há nenhuma diferença teológica entre calvinistas e arminianos clássicos nesse ponto. A diferença está no entendimento de como Deus lida com essa depravação. Para maiores detalhes, ver os seguintes artigos: LINK_1LINK_2 e LINK_3.

** Mais uma vez Cottrell despreza as convicções da teologia arminiana clássica. Afirmar a graça universal e resistível não implica em negar o significado prático da depravação. Em primeiro lugar, não está claro como a extensão da graça pode afetar o significado prático de depravação. Se Deus resolver lidar com a depravação de metade da humanidade, ou com a de toda humanidade, que diferença prática isso faria com respeito à depravação? Em segundo lugar, a resistibilidade da graça não tem nada a ver com a depravação total em si, mas com a medida de graça que Deus derrama sobre cada um. O fato dela ser resistível demonstra que Deus não quis coagir, mas não diz nada sobre a gravidade prática da depravação.

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[1] Nota do tradutor: Este artigo é uma exposição de Jack Cottrell sobre a Eleição, intitulado: THE CLASSICAL ARMINIAN VIEW OF ELECTION – A VISÃO ARMINIANA CLÁSSICA DA ELEIÇÃO, que se encontra no capítulo 3 (páginas 70-134) do livro: PERSPECTIVES ON ELECTION: FIVE VIEWS – PERSPECTIVAS SOBRE A ELEIÇÃO: CINCO PONTOS DE VISTA, B&H PUBLISHING GROUP, editado por CHAD OWEN BRAND, para o qual o autor foi colaborador. Este capítulo foi originalmente escrito – e submetido à editora – sob um título ligeiramente diferente: THE CLASSICAL ARMINIAN VIEW OF PREDESTINATION – A VISÃO ARMINIANA CLÁSSICA DA PREDESTINAÇÃO, que no momento da publicação e de acordo com o tema do livro, foi alterado e adaptado para o título constante do livro. Se o leitor observar, este ensaio, ora traduzido, também difere um pouco do apresentado no livro, pois ele é completo, conforme foi entregue pelo autor, à editora para publicação e que, por motivo espaço, não o publicou na íntegra.

[2] Nota do tradutor: Dr. Jack Warren Cottrell é um Kentuckyano de nascimento e de coração. Ele cresceu na Igreja Cristã de Minorsville, perto de Stamping Ground, Kentucky. Seus primeiros anos de envolvimento na igreja, duas semanas de reuniões de avivamento e a Assembléia Cristã do Norte o colocaram em contato com pregadores fiéis como R.J. Kidwell, Wayne Smith, Bob Shannon e E. Ray (Cotton) Jones. Após autorização para o serviço vocacional cristão, Dr. Cottrell recebeu os títulos de Bacharel em Artes (BA) e de Bacharel em Teologia (ThB) da Faculdade Bíblica de Cincinnati, seguido pelo título de Bacharel em Artes (BA) em Filosofia da Universidade de Cincinnati. Após ser recrutado para o cargo de professor de teologia na escola de pós-graduação no Seminário Bíblico de Cincinatti (SBC), ele recebeu do Seminário Teológico de Westminster o título de Mestre em Divindade (Mdiv). Isso lhe deu um importante contato de primeira-mão com a estrita Teologia Calvinista. Ele completou sua educação formal quando recebeu o título de Doutor em Filosofia (PhD) em história de doutrina do Seminário Teológico de Princeton em 1971; prega quase todos os domingos, ao longo da carreira. Ele ensina teologia na escola de pós-graduação do Seminário Bíblico de Cincinnati (SBC) desde 1967. Durante este tempo ele também escreveu 18 livros, o último sendo Headship, Submission, and the Bible –Liderança, Submissão e a Bíblia (lançado no início de 2008). Este livro sucede seu importante estudo sobre o Espírito Santo, entitulado: Power from on High – What the Bible Say About Holy Spirit –Poder do Alto – O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo; e a sua Teologia Sistemática de 608 páginas, entitulada: The Faith Once for All: Bible Doctrine for Today – A Fé de uma Vez por Todas: Doutrina Bíblica para Hoje.  Seus trabalhos anteriores incluem um grande comentário de dois volumes sobreRomans – Romanos, e sua trilogia: What the Bible Say About God The Creator – O que a Bíblia diz sobre Deus, o Criador; What the Bible Say About God The Redeemer –  O que a Bíblia diz sobre Deus, o Redentor What the Bible Say About God The Ruler – O que a Bíblia diz sobre Deus, o Soberano. Dr. Cottrell mora na cidade de Lawrenceburg, no estado de Indiana e é um membro ativo da Igreja Cristã da cidade de Bright, no estado de Indiana, onde ele atua como um “ministro de ensino” de tempo parcial; ensina regularmente aos domingos e quartas-feiras e prega ocasionalmente. Seu tema favorito, seja escrevendo para publicação, seja ensinando na igreja local ou ensinando em sala de aula no Seminário, é a Graça de Deus. Ele é casado com sua adorável esposa, Barbara Gordin, desde 1958 e tem três filhos e quatro netos. (fontes:http://mcconvention.org/2007/Jack.html; http://copanews.org/index.php?option=com_content&task=view&id=45http://www.facebook. com/pages/Jack-Cottrell/48880983223#/pages/Jack-Cottrell/48880983223?v=info, acesso em 21/01/2010)

[3] Millard J. Erickson, Christian Theology, second edition  –  Teologia Cristã , segunda edição (Grand Rapids:  Baker, 1998), 931.

[4] Veja Roger T. Forster e V. Paul Marston, God’s Strategy in Human History – A Estratégia Divina na História Humana (Wheaton: Tyndale House, 1974), 243-257.

[5] Veja Eugene Portalie, A Guide to the Thought of Saint Augustine, tradução  Ralph J. Bastian  – Um Guia para o Pensamento de Santo Agostinho (Chicago:  Henry Regnery Co., 1960), 196-198; Norman Geisler,Chosen But Free – Eleitos, Mas Livres (Minneapolis:  Bethany House, 150-151.

[6] Aurélio Agostinho, “On the Spirit and the Letter – Sobre o Espírito e a Letra,” 58, em The Works of Aurelius Augustine – As Obras de Aurélio Agostinho, edição Marcus Dods, volume IV, Anti-Pelagian Works – Obras Anti-Pelagianas, volume I, tradução Peter Holmes, (Edinburgh: T. & T. Clark, 1872), 219-220.

[7] Por exemplo. Desiderius Erasmus, Discourse on Free Will – Discurso sobre o Livre-arbítrio (New York:  Ungar, 1961).

[8] “Arminianismo também inclui o Catolicismo Romano convencional” (Erickson, 932).  Veja  “The Canons and Dogmatic Decrees of the Council of Trent,” – “Os Canons e os Decretos Dogmáticos do Concílio de Trento” –   em Philip Schaff, The Creeds of Christendom – Os Credos da Cristandade, volume II (New York:  Harper and Brothers, 1919), 92, 111.

[9] George H. Williams, The Radical Reformation – A Reforma Radical (Philadelphia: Westminster, 1962), 839; Carl Bangs, Arminius: A Study in the Dutch Reformation – Arminio: Um Estudo na Reforma Holandesa (Nashville:  Abingdon, 1971), 169-170.

[10] Bangs, 138, 141.

[11] James Arminius, “Public Disputations,” – “Debates Públicos” XI:7, em The Writings of James Arminius, 3 volumes  – Os Escritos de Tiago Armínio (Grand Rapids: Baker, 1956), I:526.

[12] Armínio, “A Declaration of the Sentiments of Arminius, on Predestination,” – “ Uma Declaração dos Sentimentos de Armínio sobre a Predestinação” , IV, em Writings, – Escritos, I:253-254.  Veja Bangs, 343.

[13] G. Gordon Olson, Beyond Calvinism and Arminianism: An Inductive, Mediate Theology of Salvation – Além do Calvinismo e Armianismo: Uma Teologia da Salvação Mediata e Indutiva (Cedar Knolls, NJ:  Global Gospel Publishers, 2002), 30; Robert E. Picirilli, Grace, Faith, Free Will, Contrasting Views of Salvation: Calvinism and Arminianism – Graça, Fé e Livre-Arbítrio, Contrastando Visões da Salvação: Calvinismo e Arminianismo (Nashville: Randall House, 2002), i, ii; Stephen M. Ashby, “A Reformed Arminian View,” – “ Uma Visão Arminiana Reformada”  em Four Views on Eternal Security – Quatro Visões sobre a Segurança Eterna, edição J. Matthew Pinson (Grand Rapids:  Zondervan, 2002), 137-143.

[14] F. Leroy Forlines, The Quest for Truth: Answering Life’s Inescapable Questions – Em Busca da Verdade – Respondendo às Questões Inevitáveis da Vida. (Nashville: Randall House, 2001), xvii.

[15] Nota do tradutor: O socianismo ou socinianismo, precursor do moderno Unitarianismo, foi um grupo radical da reforma. Suas ideias se desenvolvem na Itália. Ao iniciar-se a Reforma Protestante noséculo XVI, numerosos intelectuais começaram a publicar seus próprios pontos de vista acerca da doutrina cristã, sem esperar o beneplácito de Roma, dentro do espírito protestante de livre exame daBíblia. Um destes foi Miguel Serveto, médico e teólogo espanhol. Em seus livros De Trinitatis Erroribus(1531), Dialogorum de Trinitate (1532) e Christianismi Restitutio’ (1553), questionou a base bíblica e racional da doutrina trinitária. Suas opiniões heterodoxas e sua liberdade de espírito, fizeram-no ser perseguido como herege pela Inquisição. Em Genebra foi preso pelos seguidores de Calvino e condenado a morrer na fogueira por negar a Trindade e condenar o batismo infantil (em 27 de outubrode 1553). Lelio Sozzini (Socinus) de Siena (1525-1562) foi atraído ao anti-trinitarianismo através da morte de Miguel Servetus (morto na fogueira por ordem de Calvino em Genebra), ao afirmar que não encontrara a palavra Trindade nas Sagradas Escrituras. Fausto Sozzini (1539-1604), seu sobrinho, mudou-se para a Polônia em 1579 e permaneceu lá até a sua morte. Sozzini encontrou refúgio na Polônia, onde foi recebido pelos Irmãos Poloneses, onde nunca chegou a ser membro oficial do grupo, por negar-se a ser batizado de novo. Na cidade de Rakow, próximo à Cracóvia, os Irmãos Poloneses desenvolveram um grande centro de estudos que atraiu numerosos eruditos e intelectuais de diferentes países. O Socinianismo desenvolveu-se rapidamente na Polônia, e Fausto deu o catecismo Racoviano, que foi publicado em 1605, ao movimento. A doutrina sociniana é antitrinitária e considera que em Deus há uma única pessoa e que Jesus de Nazaré é um homem. Os socinianos se estabeleceram principalmente na Transilvânia, Polônia e Países Baixos. Suas crenças, resumida no Catecismo Racoviano, são: A Bíblia era a única autoridade, mas tem que ser interpretada pela razão;  Rejeição de mistérios; Unidade, eternidade, onipotência, justiça e sabedoria de Deus;  A razão é capaz de compreender Deus para a salvação humana, mas sua imensidão, onipresença e ser infinito são além da compreensão humana, portanto desnecessárias à salvação.  Rejeição da doutrina do pecado original; Celebração do batismo e da santa ceia como símbolos memorativos, sem serem eficazes meios de graça. De acordo com os socinianos, Cristo deve ser adorado como homem que obteve a divindade por sua vida superior. Sua morte teria sido simplesmente um exemplo de obediência que Deus deseja de seus seguidores. O pecado original, a deidade de Cristo, a Trindade, a predestinação, foram negados. Os Jesuítas foram capazes de suprimir esse movimento na Polônia, mas as ideias Socinianas expandiram-se para a Holanda e Inglaterra e finalmente para a América. A moderna Igreja Unitariana é descendente dos socinianos da Polônia, que foram chamados unitarianos pela primeira vez na Transilvânia em 1600, aproximadamente. (Fontes; http://www.artigonal.com/religiao-artigos/desconhecimento-e-discriminacao-1697043.html; http://pt.wikipedia.org/wiki/Unitarismo, acesso em 21/01/2010)

[16] Geoffrey F. Nuttall, “The Influence of Arminianism in England,” em Man’s Faith and Freedom: The Theological Influence of Jacobus Arminius, – “A Influência do Arminianismo na Inglaterra”  em A Fé Humana e a Liberdade: A Influência Teológica de Tiago Armínio – edição Gerald O. McCulloh (Nashville: Abingdon, 1962), 50.

[17] Nota do Tradutor: Nas idéias e postulados o Unitarismo ou Unitarianismo é o moderno sucessor do Socinianismo. O Unitarismo (ou Unitarianismo) é uma corrente de pensamento teológico que afirma a unidade absoluta de Deus. Há dois ramos principais do unitarismo, os Unitários Bíblicos que consideram a Bíblia como única regra de fé e prática, assemelhando as demais religiões cristãs evangélicas, exceto, claro, pela concepção unitária de Deus, e os Unitários Universalistas, surgido recentemente nos Estados Unidos, que pregam a liberdade de cada ser humano para buscar a sua própria Verdade e a necessidade de cada um buscar o crescimento espiritual sem a necessidade de religiões, dogmas e doutrinas. Os Unitários não devem ser confundidos com os Unicistas. Os primeiros entendem que Deus é um e único, o Pai de Jesus Cristo, I Co. 8:6, Jo. 17:3. Quanto ao Espírito Santo os unitários divergem. Alguns acreditam que ele é um Espírito criado através de Cristo, Jo. 1:3, e subordinado a este, I Co. 15:27, outros o consideram, apenas, um outro nome para designar a pessoa do Pai, Jo. 4:24, por vezes reconhecido como tal e por vezes reconhecido como o Dom de Deus, At. 2:38. Já os Unicistas entendem que o Pai, o Filho e o Espírito são apenas manifestações diferentes do mesmo Deus, I Tm. 3:16 (na versão Almeida Corrigida Fiel), At. 20:28. Apesar de sua origem em igrejas Cristãs, é geralmente identificado com as correntes de combate ao Trinitarianismo, teve diversas manifestações ao longo da História, com apoio por vezes parcial ou total com outros movimentos que compartilham seu comum desacordo com o dogma da Trindade, como o subordinacionismo, o arianismo, o serventismoou o socianinismo. Desde o século XIX, uma ala do unitarismo contemporâneo, conhecido atualmente nos Estados Unidos como unitarismo universalista, deixou de impor credos ou de fazer provas de doutrina como critério de participação, enquanto a ala mais antiga, conhecido como unitarismo bíblico ou restauracionista procura seguir os preceitos cristãos conforme ensinados na Bíblia Sagrada. (fontes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Socianismo;http://www.artigonal.com/religiao-artigos/desconhecimento-e-discriminacao-1697043.htmlhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Unitarismo, acesso em 21/01/2010)

[18] Idem, 48.

[19] Nota do tradutor: Quaker é o nome dado a um membro de um grupo religioso de tradiçãoprotestante, chamado Sociedade Religiosa dos Amigos (Religious Society of Friends). Criada em 1652, pelo sapateiro inglês George Fox, a Sociedade dos Amigos foi um grupo dessidente e que reagiu contra os abusos da Igreja Anglicana da Inglaterra, colocando-se sob a inspiração direta do Espírito Santo. Sua criação foi inspirada no texto do evangelho de João 15.24: ““Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando”. Os membros desta sociedade, ridicularizados com o nome de quakers: termo que é derivado do verbo inglês ‘to quake’ – estremecer ou tremer – em alusão ao que ocorria com os adeptos quando “tocados” pelo Espírito Santo em suas reuniões – à semelhança do que acontece hoje com os modernos pentecostais – rejeitam qualquer organização clerical, viviam em recolhimento e pregam a prática do pacifismo, da solidariedade e da filantropia. Com o objetivo de garantir sua pureza moral, também defendiam atitudes, digamos, nada moderadas: recusavam-se a pagar dízimos à igreja oficial, a prestar juramento diante dos magistrados nas cortes ou a homenagear autoridades, incluindo o rei. Negavam-se ainda a prestar o serviço militar e a tomar parte nas guerras. Devido a esse posicionamento radical, os quakers sofreram perseguições na Inglaterrapor Carlos II, e emigraram em massa para a América do Norte, principalmente aos Estados Unidos, onde, em 1681, criaram sob a égide de William Penn a colónia da Pensilvânia (hoje, estado americano). Os Quakers, apesar de rejeitarem um credo formal, crêem em: Sentir Deus – um dos pilares da fé dosquakers é a crença de que Cristo está presente sempre que os “amigos” se reúnem em silêncio – todo indivíduo é capaz de sentir Deus diretamente, sem intermediário algum. Todos têm uma Luz Interior: o Espírito Santo, que guia o indivíduo quando este se converte e aceita essa voz.; Bíblia – tradicionalmente os quakers aceitaram Cristo como a Palavra (Logos) Divina e a Bíblia seria o testemunho dessa Palavra. Alguns quakers têm-na como única influência.; Simplicidade – os quakersadoptam modos de vidas simples: sem valorizar roupas caras, distinção de classe social, títulos honoríficos ou gastos desnecessários; Igualdade – existe um forte senso de igualitarismo, evitando discriminação baseada em sexo ou raça. (Os quakers foram notáveis abolicionistas e feministas). As mulheres tiveram direitos iguais e participação dos cultos quakers desde o século XVIII; Honestidade – recusam jurar, conduzir negócios obscuros, actividades anti éticas; Ação Social – organizações como oGreenpeace e a Anistia Internacional foram fundadas pelos quakers e são influenciadas pela ideologia da Sociedade dos Amigos; Pacificismo – os quakers se recusam a usar armas e violência, mesmo em defesa alheia. Em 1947, os comités ingleses e americanos do Auxílio Quaker Internacional receberam oPrêmio Nobel da Paz.. Existem duas formas de culto nas Reuniões da Sociedade Religiosa dos Amigos: OCulto Programado, que se assemelha a qualquer outro culto protestante tradicional: conduzido por um ministro, com hinos, orações e leituras da Bíblia; A outra forma é o tradicional Culto Silencioso ou não-programado, em que os quakers se reúnem e esperam que alguém se sinta guiado pelo Espírito Santo para exortar, ler a Bíblia, dar um testemunho, orar, cantar. Às vezes um culto não-programado pode passar sem ter manifestação alguma, sendo uma hora de silêncio e meditação. Rejeitando qualquer forma exterior de religião, os quakers não praticam o Batismo com águas nem a Santa Ceia,diferentemente da maioria das denominações cristãs. Crêem que o indivíduo seja baptizado “com fogo” (pelo Espírito Santo), falando na consciência; e relembram a obra de Cristo dando graças em toda refeição. Entre as personalidades históricas ligadas ao movimento encontramos Richard Nixon (ex-presidente dos Estados Unidos) e Frederick Wislow Taylor (Engenheiro mecânico americano, Teórico e Pai da Administração Científica). (fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Quaker;http://www.comunidadeespirita.com.br/curiosidades/o%20que%20sao%20quakers.htm, acesso em 21/01/2010)

[20] Nota do Tradutor: A comunidade religiosa conhecida por Testemunhas de Jeová assume-se como uma religião cristã não-trinitária. Segundo elas, adoram exclusivamente a Jeová e são seguidores deJesus Cristo. Crêem que a religião é a restauração do verdadeiro cristianismo, mas rejeitam a classificação de serem fundamentalistas no sentido em que o termo é comumente usado.[3] Afirmam basear todas as suas práticas e doutrinas no conteúdo da Bíblia. Possuem adeptos em 236 países e territórios autónomos, ascendendo a mais de sete milhões e trezentos mil praticantes, apesar de reunirem um número muito superior de simpatizantes. Segundo o Anuário das Testemunhas de Jeová de2010 e A Sentinela publicada no site Oficial, Nos últimos dez anos, mais de 2,7 milhões de pessoas foram batizadas, uma média de cinco mil por dia. Além disso, no ano de 2009, 18.168.323 pessoas assistiram àComemoração da Morte de Cristo (Ceia do Senhor) , constituindo um número bem superior aos dos membros ativos, ou seja, cerca de outros onze milhões de simpatizantes têm assistido às suas reuniões e/ou participado de seus cursos bíblicos gratuitos semanais. As Testemunhas de Jeová são bem conhecidas pela sua regularidade e grande persistência na obra de evangelização de casa em casa e nas ruas. Possuem um dos maiores parques gráficos do mundo visando a impressão e distribuição de centenas de milhões de exemplares da Bíblia e de publicações baseadas nela. Como parte da sua adoração a Deus, assistem semanalmente a reuniões congregacionais e a grandes eventos anuais, onde o estudo da Bíblia constitui a principal temática. São ainda conhecidas por recusarem muitas das doutrinas centrais das demais religiões cristãs, pelo apego a fortes valores que afirmam ser baseados na Bíblia, nomeadamente quanto à neutralidade política, à moralidade sexual, à honestidade e à recusa em aceitar transfusões de sangue. Alguns as chamam de propagandistas cristãos, de um novo culto cristão, de uma seita cristã influenciada pelo judaísmo ou de fanáticos que rejeitam tratamento médico. Todavia, a Associação Mundial das Testemunhas de Jeová refuta tais afirmações. Segundo as Testemunhas de Jeová, não importa quanto lhes custe isso, dizem seguir à risca os preceitos bíblicos. Afirmam que não inventaram uma nova religião, mas apenas seguem o que está escrito na Bíblia, e que não importa qual seja a situação, ela contém as orientações e os conselhos para suas vidas. Afirmam que suas crenças, ensinos e atividades são baseadas nela, e por isso incentivam a sua leitura diária.[11] Para ajuda ao entendimento bíblico, suas publicações são produzidas e distribuídas em muitas campanhasmissionárias ao redor do mundo. Dentre outras, algumas crenças das Testemunhas de Jeová são: Há um único Deus, em uma pessoa, Make Sure of All Things – Certifique-se de todas as coisas, p 188; ATrindade não existe, Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 101-100; Sua igreja é auto-proclamada profeta de Deus, The Watchtower – A Sentinela, April 1, 1972, p. 197; Eles alegam ser o único caminhopara o Deus verdadeiro, The Watchtower – A Sentinela, Feb. 15, 1981, p. 19; Espírito Santo é uma força ativa impessoal de Deus, The Watchtower – A Sentinela, June 1, 1952, p. 24; Somente os membros da sua igreja serão salvos, The Watchtower – A Sentinela, Feb, 15, 1979, p. 30; A primeira criação de Jeová foi seu ‘Filho primogênito’…[ele] foi usado por Jeová na criação de todas as outras coisas, Aid to Bible Understanding – Ajuda ao entendimento da Biblia, pp. 390-39; Jesus foi um anjo que se tornou um homem, The Watchtower – A Sentinela, May 15, 1963, p. 307; Jesus foi o único homem perfeito, mas não Deus em carne, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 306; Jesusnão voltou da morte em seu corpo físico, Awake!- Despertai! July 22, 1973, p. 4; Jesus foi ressuscitado “não como criatura humana, mas um espírito.” Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 276; Jesus não morreu em uma cruz, mas em um poste, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 89-90; Jesus retornou à terra, invisivelmente, em 1914, The Truth Shall Make You Free – A Verdade vos libertará, p. 300; Espírito Santo é uma força, não viva, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 406-407; Boas obras são necessárias para a salvação, Studies in the Scriptures – Estudos nas Escrituras, Vol. 1, pp. 150, 152.; A alma cessa sua existência na morte, Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 59, 60, 67; Não existe inferno de fogo onde os ímpios serão punidos, Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 79, 80; Somente 144.000Testemunhas de Jeová irão para o céu, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 166-167, 361; Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 121; Somente 144.000 Testemunhas de Jeová nasceram de novo. Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, p. 76.; Watchtower – A Sentinela 11/15/54, p. 681; Somente 144.000 Testemunhas de Jeová podem tomar comunhão (Ceia do Senhor); Transfusão de sangue é pecado, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 72-73. A cruz é um símbolo pagão e não deve ser usada, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 90-92; O resgate sacrificial de Jesus não incluiu Adão, Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 119; A Cruz é um símbolo pagão e não deve ser usado, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 90-92; A salvação é pela fé e pelo que você fizer, Studies in the Scriptures, Vol. 1, p. 150,152; É possível perder a sua salvação, Reasoning from the Scriptures – Raciocínio à base das Escrituras, 1985, pp. 358-359; O universo tem bilhões de anos de idade, Your will Be Done on Earth – Sua Vontade se cumprirá sobre a Terra, p. 43;  Cada um dos seis dias criativos de Deus em Gênesis 1, duraram 7.000 anos. Portanto, o homem foi criado quando a terra tinha aproximadamente 42.000 anos, Let God be True – Seja Deus verdadeiro, p. 168;  Foi confiado a Satanás a obrigação e o dever de fiscalizar a criação da terra, Children – Filhos , p 55; Eles também rejeitam o voto, saudar a bandeira, cantar os hinos nacionais ou celebrar o Natal e aniversários. Também recusam-se a servir às forças armadas. (The Watchtower – A Sentinela ; Awake! – Despertai!) (fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Testemunhas_de_Jeov%C3%A1;http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?id=92; http://www.monergismo.com/textos/seitas_heresias/tj_ensinam.htm, acesso em 21/01/2010)

[21] Erickson, 931.

[22] Nota do Tradutor: O Metodismo foi um movimento de avivamento espiritual cristão ocorrido na Inglaterra do século XVIII que enfatizou a relação íntima do indivíduo com Deus, iniciando-se com uma conversão pessoal e seguindo uma vida de ética e moral cristã. O metodismo foi liderado por John Wesley, eclesiástico da Igreja Anglicana, e seu irmão Carlos Wesley, considerado um dos maiores expoentes da música sacra protestante. O metodismo teve seu início nos meados do século XVIII naInglaterra. A vida religiosa da Inglaterra, após o Edito de Tolerância de 1689, apresentou um quadro triste de estagnação e de indiferença generalizada por quase cinqüenta anos. Muitos ministros eram homens de pouco fervor, mundanos, egoístas, simples ocupantes do ofício. Os deveres episcopais eram em grande parte negligenciados. A pregação consistia em discussões teológicas, sem valor prático. Por muitos anos, igrejas não foram plantadas nem qualquer atividade missionária foi realizada. As Igrejas Livres, porém, eram mais vigorosas do que a Igreja da Inglaterra, mas, de uma forma geral, o espírito religioso inglês estava formal e frio, com formas exteriores de religiosidade acentuadas. Os vícios dominavam a alta sociedade desde a Restauração, atingindo a todas as camadas sociais. No proletariado, a embriaguez e a imoralidade tornaram-se comuns na primeira metade do Século XVIII, seguindo-se a elas a pobreza, que se espalhou ainda mais. Entre 1714 e 1750 triplicaram os impostos. Os crimes e as desordens tornaram-se comuns nas cidades, apesar da severidade das penas legais. A classe alta da sociedade se caracterizava pela ignorância e pela indiferença às classes menos favorecidas. Como fruto dessa frieza espiritual, a Igreja Presbiteriana da Inglaterra desapareceu totalmente, enquanto que as outras Igrejas Livres se apegaram a uma ortodoxia morta. Era uma época em que a sociedade inglesa passava por rápidas transformações. Milhares de pessoas saíam da zona rural, que era controlada por grandes proprietários, para procurar trabalho nas novas indústrias das cidades.  Nesse tempo o povo vivia na miséria trabalhando longas horas e só ganhando o mínimo  necessário para sua sobrevivência. As pessoas moravam em cortiços, sem as mínimas condições e não tinham acesso a médicos quando ficavam doentes. As crianças não iam à escola porque em geral trabalhavam para ajudar seus pais. Havia grande número de alcóolatras. O povo estava frustrado e desiludido. Em 1730 João e Carlos Wesley, William Morgan e Bob Kirkham começaram a reunir-se em Oxford para estudar juntos, organizando uma pequena sociedade, o chamado Clube Santo. Esforçavam-se por levar uma vida devocional disciplinada e regularmente se dedicavam a ensinar os órfãos, visitar os presos, cuidar dos pobres e idosos. Ali, foram eles, pela primeira vez, chamados “metodistas”. Esse nome foi decorrente do rigor com que desenvolviam suas práticas de vida e de cristianismo, com muita disciplina e método. Na realidade, João Wesley não se propôs a fundar uma nova Igreja ou denominação, mas grupos de renovação na Igreja da Inglaterra. As circunstâncias históricas, como a independência dos Estados Unidos, obrigou o Metodismo a constituir-se finalmente em uma denominação ou Igreja, tal fato sucedendo contra os desejos e propósitos originais do reavivalista. Wesley sempre considerou a si mesmo como um ministro da Igreja da Inglaterra (Igreja Anglicana). Não queria separar-se dela; queria, sim, reformá-la por dentro. Por isso o nome que deu aos primeiros grupos metodistas foi o desociedades. Não de Igrejas ou igrejas. Era a idéia de classes ou bands (guarda similaridade com as modernas células de hoje) que, por seu intenso fervor e sua atividade renovadora, fossem dentro do corpo da Igreja um novo e poderoso elemento de vida. O avivamento espiritual promovido por João Wesley e seus cooperadores visava a santidade de vida, a harmonização da vontade do homem com a vontade de Deus. o Metodismo herdou muito da Reforma Inglesa, Wesley baseou os 25 Artigos do Metodismo nos 39 Artigos de Religião Anglicanos. Existem diferenças doutrinárias entre o Metodismo e as doutrinas da Reforma: 1) Autoridade – Ao invés do da idéia calvinista de Sola Scriptura, o metodismo segue o princípio do Quadrilátero Wesleyano: Deve-se imaginar um quadrilátero com as Escrituras no centro, por serem as principais fontes de Revelação sobre Deus; As Escrituras devem ser interpretadas pela Fé, pela Razão, Tradição e pela Experiência pessoal com Deus; Cada um destes itens deve ser colocado em uma das extremidades do quadrilátero. As Escrituras são a suprema autoridade.  2)Arminianismo – Deus elegeu toda a humanidade para a Salvação, cabe ao indivíduo converter-se reconhecendo a Jesus como Salvador. Cristo não morreu somente para os eleitos, mas para toda a humanidade. O Homem possui Livre-Arbítrio para escolher entre o bem e o mal. O Cristão pode cair da Graça e perder a Salvação. 3) Salvação – é realizada em três passos: Graça Preveniente, Graça Justificadora, Graça Santificadora; o alvo é a plena santificação e a perfeição cristã. Ser santificado não é ser como Deus, e sim tornar-se mais humano, ou seja, obedecer ao plano original que Deus tinha para o Ser Humano. Com o passar dos anos  outros movimentos e denominações emergiram do Metodismo: AIgreja Metodista Unida dos Estados Unidos, (United Methodist Church) – segunda maior denominação protestante dos Estados Unidos, organizada pela união de vários grupos evangélicos pietistas e metodistas. A Igreja Metodista do Brasil possui comunhão com ela.; Igreja Metodista Episcopal Africana – ramo do metodisto americano voltado à comunidade negra.; Igreja Metodista Livre – ramo evangelicalista; Movimento de Santidade – (Holiness Churches), como a Igreja do NazarenoExército de Salvação – organização que enfatiza a prática as doutrinas sociais e crença da conversão pessoal do metodismo; A concepção ecumênica do metodismo levaram a várias denominações a unirem em casos como a Igreja Unida do Canadá, Igreja Valdense-Metodista na Itália, Igreja Unida da Austrália,Igreja Unida do Sul da Índia; Igreja Evangélica Metodista Portuguesa . Apesar da origem e ênfase Arminiana no Metodismo, o movimento se expandiu e até uma ala calvinista emergiu do movimento: Os Metodistas Calvinistas que são historicamente um corpo de Cristãos que formaram a Igreja Presbiteriana de Gales (também conhecida como Igreja Metodista Calvinista Galesa) e que reivindicam ser a única denominação de Ordem Presbiteriana em Gales que é puramente de origem Galesa. Como fruto do trabalho e esforços do Rev. Thomas Charles (1755–1814), em Em 1823, aConfissão Metodista Calvinista foi publicada; ela é baseada na Confissão de Fé de Westminster como Calvinisticamente construída, e contém 44 artigos. A Ação Constitucional das Conexões foi oficialmente completada em 1826.  (Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodismo;http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodismo_Calvinista, acesso em 21/01/2010)

[23] Nota do Tradutor: Holiness é o estado de ser santo, santificado, separado ou consagrado.  OMovimento Holiness – santificação ou santidade – no cristianismo ensina que a natureza carnal da humanidade pode ser purificada pela fé e pelo poder do Espírito Santo se os pecados foram perdoados através da fé em Jesus Cristo. Os benefícios professados incluem poder espiritual e uma capacidade de manter a pureza do coração (ou seja, pensamentos e motivos que são atingidos pelo pecado). A doutrina é normalmente referida nas igrejas Holiness como inteira santificação ou perfeição cristã, a qual é uma doutrina cristã que sustenta que após a conversão, mas antes da morte, uma alma cristã pode ser santificada do estado do pecado original. Perfeição pode ser também chamada de total santificação. Isso está propriamente associado com os seguidores de John Wesley, fundador do Metodismo, a compreensão de Wesley da graça santificadora. Perfeição pode ser definido também como, jornada a perfeição ou o estado de perfeição. A perfeição cristã está geralmente classificada como “caminho para a perfeição.” O movimento visa promover a santidade de um cristianismo que é pessoal, prático, de mudança de vida, e completamente reavivalístico. As crenças fundamentais do Movimento Holiness são (1) regeneração pela graça através da fé, com a certeza da salvação pelo testemunho do Espírito Santo; 2) Inteira santificação como uma segunda obra definitiva da graça, recebida pela fé, pela graça, e realizada através do batismo e do poder do Espírito Santo, através da qual o crente é habilitado a viver uma vida santa. No contexto do Movimento Holiness, a primeira obra da graça é a salvação do pecado, e sem ela, nenhuma porção de esforço humano pode alcançar a santidade. As pessoas são salvas pela graça através da fé em Jesus Cristo, que fez a expiação dos pecados da humanidade. A segunda obra da graça se refere a uma experiência pessoal subseqüente à regeneração, na qual o crente é purificado da natureza carnal, e é fortalecido pelo Espírito Santo para levar uma vida santa. A maioria Holiness ensina que é ainda possível para o santificado pecar, e obter um novo crescimento na graça depois dessa segunda experiência espiritual e que se deve lutar pela perfeição. A experiência de santificação capacita o crente a viver uma vida santa. A maioria dos Holiness interpreta isso como viver uma vida livre do pecado voluntário ou da prática do pecado. O objetivo é viver uma vida tal como Cristo viveu e ser conformado à Sua imagem e não à do mundo. Desde que a santidade é uma obra sobrenatural em um coração transformado pelo Espírito Santo, a maioria das igrejas Holiness têm o cuidado de seguir os princípios morais e que eles percebem como a convicção do Espírito Santo. A maioria dos seguidores do Movimento Holiness crê, como Cristo disse, que o amor cumpre toda a lei de Deus. Grupos Pentecostais se identificam como parte do movimento de santidade e acreditam que o poder santificador do Espírito Santo é evidenciado por sinais visíveis exteriormente, como falar em línguas. Uma posição que igrejas no movimento Holiness tradicional não aceitam. Quando o movimento pentecostal começou na Rua Azuza, a prática de falar em línguas foi fortemente rejeitada por muitas Igrejas Holiness. Alma White, o líder da Igreja Coluna de Fogo, uma denominação Holiness, escreveu um livro contra o movimento pentecostal, que foi publicado em 1936. O trabalho intitulado Demons and Tongues – Demônios e Línguas,representou a rejeição inicial do novo movimento pentecostal. White chamou os cristãos que falavam em línguas de “tralha satânica” e às práticas pentecostais de “o clímax da adoração demoníaca”. Grupos de Holiness ou Santidade tendem a se opor ao antinomianismo, que é uma estrutura teológica que afirma que a lei de Deus está abolida. Grupos de Holiness ou Santidade acreditam que os aspectos morais da lei de Deus são pertinentes para hoje, na medida em que a lei foi cumprida em Cristo. Esta posição atrai a oposição de alguns evangélicos, que afirmam que tal atitude refuta ou despreza os ensinos da Reforma (particularmente Calvinista) nos quais os crentes são justificados pela graça através da fé e não através de quaisquer esforços ou estados de espírito da sua parte, e de que os efeitos da pecado original permanecem até mesmo no mais fiel das almas. Batistas e Presbiterianos estão entre os mais fervorosos oponentes do conceito Holiness de santificação, ao mesmo tempo grupos protestantes liberais modernos (como a Igreja Metodista Unida) tendem a ignorar ou minimizar a doutrina em favor de preocupações sociais e mais recentes expressões da teologia e prática. (fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/Holiness_movement, acesso em 21/01/2010).

[24] Olson, 30; Paul K. Jewett, Election and Predestination – Eleição e Predestinação (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), 17.

[25] Nota do tradutor: O Movimento de Restauração (também conhecido como Movimento de Restauração Americano ou o Movimento Stone-Campbell) é um movimento cristão que começou na fronteira americana, durante o Segundo Grande Despertar do início do século 19 e que é caracterizado e se identifica, preservando seus quatro lemas históricos: “No essencial, unidade; Nas opiniões, liberdade; Em todas as coisas, o amor”; “Não somos os únicos cristãos, mas somos unicamente cristãos”; “Nenhum credo além de Cristo; Nenhum livro além da Bíblia”; “Onde a Bíblia fala, nós falamos; Onde a Bíblia cala, nós calamos”. O movimento pretendia restaurar a igreja e “a unificação de todos os cristãos em um único corpo modelado de acordo com a igreja do Novo Testamento.” O Movimento de Restauração foi desenvolvido a partir de vários esforços independentes para se retornar ao cristianismo apostólico, porém dois grupos, os quais desenvolveram independentemente abordagens semelhantes à fé cristã, foram particularmente importantes para o desenvolvimento do movimento. O primeiro, liderado por Barton W. Stone, começou em Cane Ridge, Kentucky e chamavam-se mutuamente e simplesmente “cristãos”. O segundo começou no oeste da Pensilvânia e Virgínia (agora Virgínia Ocidental) e foi liderado por Thomas Campbell e seu filho, Alexander Campbell, que usou o nome “Discípulos de Cristo”. Ambos os grupos tentaram restaurar toda a igreja cristã sobre o padrão estabelecido no Novo Testamento, e ambos acreditavam que os credos existentes mantinham o cristianismo dividido. Em 1832, juntaram-se em comunhão com solene um aperto de mão entre os lideres de então dos dois movimentos. Entre outras coisas, eles estavam unidos na crença de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; que os cristãos deveriam celebrar a Ceia do Senhor no primeiro dia de cada semana; e que o batismo de crentes adultos por imersão em água é uma condição necessária para a salvação. Por causa do desejo dos fundadores dos movimentos em abandonar todos os rótulos denominacionais existentes, eles usaram os nomes bíblicos para os seguidores de Jesus (como Cristãos, por exemplo). Ambos os grupos promoveram um retorno aos propósitos das igrejas do primeiro século como descrito no Novo Testamento. Um historiador do movimento (Leroy Garrett, The Stone-Campbell Movement: The Story of the American Restoration Movement – O Movimento Stone-Campbell: A história do Movimento de Restauração Americano) alegou que esse era essencialmente um movimento de unidade, com o motivo de restauração desempenhando um papel subordinado. O Movimento de Restauração, desde a sua origem e com o passar dos anos, dividiu-se em vários grupos distintos. Existem três ramos principais, nos Estados Unidos: as Igrejas de Cristo, as Igrejas Cristãs/Igrejas de Cristo Independentes e a Igreja Cristã (Discípulos de Cristo). Alguns vêem as divisões no movimento, como resultado da tensão entre os objetivos da restauração e do ecumenismo. Com as Igrejas de Cristo e as Igrejas Cristãs/Igrejas de Cristo independentes resolvendo a tensão, com ênfase na restauração; enquanto a Igreja Cristã (Discípulos de Cristo) resolvendo a tensão, enfatizando o ecumenismo.  Um certo número de grupos de fora dos Estados Unidos também têm associações históricas com este movimento, como a Igreja Cristã Evangélica do Canadá e as Igrejas de Cristo na Austrália. Somente no fim da década de 1920 houve uma primeira tentativa de iniciar igrejas Movimento Stone-Campbell no Brasil. No entanto, só a partir de 1948 com a chegada do pastor David Sanders é que o movimento conseguiu se estabelecer com êxito. Desde o princípio nos EUA, as igrejas locais são designadas como Igrejas Cristãs e Igrejas de Cristo. No Brasil foi adotado usualmente o nome “Igrejas de Cristo”. Dentre outras crenças, pode-se observar o “credo” do movimento aqui no Brasil e no Mundo, o qual ajudará a entender a natureza desse movimento: 1) Somos Uma Igreja Cristã – Nossa mensagem é que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Não exigimos nenhum outro credo além deste: “Jesus é o Senhor e Salvador”;
2) Somos Uma Igreja de Cristo – A Igreja pertence a Jesus. Não temos nenhum poder para mudar seus ensinos, reescrever regras, propor novas condições para aceitar alguém como membro ou usurpar sua autoridade; 3) Somos Uma Igreja que Busca a Unidade – Assim como Barton W. Stone, Thomas Campbell, Alexander Campbell, Walter Scott, David S. Burnet, Isaac Errett e outros pioneiros do “Movimento de Restauração” no século XIX, além de milhares de crentes por toda a história da Igreja, procuramos ser um em Cristo com todos aqueles que confessam Jesus como Senhor e Salvador; 4)Somos Uma Igreja que Busca a Restauração – Queremos imitar o máximo possível os precedentes que temos no Novo Testamento. Por isso o nosso batismo é por imersão, a Ceia do Senhor é celebrada todo domingo e até os nomes que nos identificam são uma maneira de imitar os primeiros discípulos, que foram chamados cristãos em Antioquia (At 11:26) e cujas congregações locais eram freqüentemente denominadas como as Igrejas de Cristo (Rm 16:16); 5) Somos Uma Igreja Apostólica – Tudo o que conhecemos acerca de Cristo e da Igreja temos aprendido através dos ensinos e escritos dos companheiros mais próximos de Jesus, os Apóstolos. Estudamos cuidadosamente o Novo Testamento porque ele registra seus testemunhos e queremos edificar a nossa Igreja sobre este fundamento (Ef 2:19-20); 6) Somos Uma Igreja que Pensa – A fé cristã exige o melhor das nossas mentes (Ef 1:17-18), por isso queremos conhecer o que a Bíblia ensina e como podemos aplicar inteligentemente seus ensinos ao mundo de hoje; 7) Somos Uma Igreja que Sente – Não somos uma igreja fria e intelectual. Pelo contrário, nos regozijamos no Senhor, louvamos, oramos, amamos e servimos de coração. Não nos envergonhamos do Evangelho nem de mostrar as nossas emoções ante os demais. Somos uma igreja viva e o Espírito Santo tem liberdade para mover-se entre nós, assim como nas igrejas do Novo Testamento e do “Movimento de Restauração” nas suas primeiras décadas; 8) Somos Uma Igreja que Compartilha – Devido a emoção que sentimos na presença de Deus em Cristo, compartilhamos avidamente com os outros as Boas Notícias acerca de Jesus. Desejamos ganhar para ele o maior número possível de pessoas. Assim compartilhamos a nossa fé. Também compartilhamos as nossas posses. Nosso dinheiro, propriedades e vidas pertencem ao Senhor. Queremos usar tudo que temos para ajudar a sua causa e a todos quantos temos contato; 9) Somos Uma Igreja Livre – Como as igrejas bíblicas somos independentes. Não temos papa, cardeais, arcebispos, superintendentes denominacionais ou uma sede central para determinar as políticas a seguir. Como congregação autônoma, elegemos nossos líderes e decidimos para onde irá nosso dinheiro. No entanto, não nos recusamos a cooperar com outras igrejas e nos associamos livremente com outras congregações que compartilham as nossas heranças e convicções, para vivermos a mesma fé, promovermos o reino de Deus, assumirmos o compromisso de fidelidade aos princípios do “Movimento de Restauração” e cooperarmos umas com as outras na execução dos programas missionários. Nossos Concílios e Convenções têm um caráter extremamente de comunhão e não têm nenhum poder deliberativo sobre as igrejas; 10) Somos Uma Igreja que Cresce –Queremos crescer espiritualmente porque sabemos que ainda não alcançamos tudo o que Cristo quer de nós. Acreditamos que o cristão que não está crescendo no seu relacionamento pessoal com Deus, no amor por Cristo e não está envolvido no serviço cristão perdeu o gozo da sua salvação. Queremos crescer numericamente porque estamos debaixo da comissão de Cristo para fazer discípulos em todas as nações. Não queremos perder a visão da Grande Comissão (Mt 28:18-20). Jesus prometeu aos que verdadeiramente crêem nele que poderiam pedir o que quisessem e receberiam. Queremos pedir muito e assim fazer muito e, por fim, ajudar a fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra assim como no céu (Mt 6:10). (fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Restoration_Movement;http://www.movimentoderestauracao.com/index.php?option=com_content&task=view&id=76&Itemid=65, acesso em 21/01/2010)

[26] Forlines, x, xvii, xviii.

[27] Jewett, 68-69

[28] Nas minhas seções deste livro, salvo indicação em contrário, quando eu uso a expressão “Arminiano” e “Arminianismo” elas se referem ao que estou chamando de “Arminianismo clássico”, e quando eu uso a palavra “predestinação” ela irá se referir à visão arminiana clássica, tal como definido aqui.

[29] Forlines, 394

[30] Olson (165) enfatiza isto e sugere que a palavra deva ser traduzida como “pré-apontar” e não “predestinar”.

[31] Veja Picirilli, 48. O termo nunca é realmente usado neste ultimo sentido

[32] Todas as citações da Escritura, salvo indicação em contrário, são da New American Standard Bible – Nova Bíblia Americana Padrão (1995).

[33] Veja Jack Cottrell, The College Press NIV Commentary: Romans – Romanos, 2 vols. (Joplin, MO: College Press, 1996, 1998), II:73-97.

[34] Idem, II:97-106

[35] O principal ensinamento da Bíblia sobre a eleição de Israel para serviço é Romanos 9, que será discutido em detalhes na parte IV, abaixo.

[36] Em oposição a Dave Hunt, What Love Is This? Calvinism’s Misrepresentation of God – Que Amor é Este? Uma Deturpação Calvinista de Deus (Sisters, OR: Loyal Publishing, 2002), 126.

[37] John Miley, Systematic Theology – Teologia Sistemática, volume 2 (Peabody, MA: Hendrickson, 1989 reimpressão da edição de 1893), 263-266.

[38] Picirilli, 48, 59

[39] Cottrell, Romans – Romanos, II:126

[40] A palavra é prographo,”escrito de antemão.”

[41] Veja Cottrell, Romans – Romanos, II: 150-154.

[42] H. Orton Wiley et al., “The Debate over Divine Election,” – “O Debate sobre a Eleição Divina”Christianity Today – Cristianismo Hoje (Out. 12, 1959), 4:3, 5.

[43] Robert Shank, Elect in the Son: A Study of the Doctrine of Election – Eleitos no Filho: Um Estudo da Doutrina da Eleição (Springfield, MO: Westcott, 1970), 45, 48; veja 45-55, 131.

[44] Idem, 154-155

[45] Olson, 38

[46] Idem, 182

[47] Idem, 193-195.

[48] Idem, 189.

[49] Alister E. McGrath, Christian Theology: An Introduction 2 edition – Teologia Cristã: Uma Introdução, 2a. edição (Cambridge, MA: Blackwell, 1997), 454.

[50] Tiago Armínio, “Declaration of Sentiments,” – “ Declaração de Sentimentos I.5.iv, em Writings – Escritos, I:248.

[51] Richard Watson, Theological Institutes – Institutas Teológicas (New York: J. & J. Harper, 1830), 337.

[52] Forlines, 400.

[53] Picirilli, 48, 51.

[54] Watson, 340, 344

[55] Forster e Marston, 101.

[56] Idem, 97.

[57] S. M. Baugh, “The Meaning of Foreknowledge” – “O Significado do Pré-Conhecimento”, em Still Sovereign: Contemporary Perspectives on Election, Foreknowledge, and Grace – Ainda Soberano: Perspectivas Contemporâneas sobre a Eleição, Pré-Conhecimento e Graça, edição Thomas R. Schreiner e Bruce A. Ware (Grand Rapids: Baker, 2000), 196.

[58] Por exemplo, veja Picirilli, 67; Forlines, 393-394.

[59] Veja Cottrell, Romans – Romanos, II:481, 487-488, 502-503.  Veja também Forster e Marston, 102.

[60] John Kirk, The Cloud Dispelled: or, the Doctrine of Predestination Examined – A Nuvem Dissipada: ou, a Doutrina da Predestinação Examinada (New York: N. Tibbals & Co., 1860), 253.

[61] Hunt, 190; Picirilli, 53.

[62] Veja Jack Cottrell, What the Bible Says About God the Redeemer – O Que A Bíblia Diz Sobre Deus O Redentor (Joplin, MO: College Press, 1987), 389-399.

[63] Embora a predestinação para a salvação seja sempre condicional, a predestinação para determinadas funções de serviço no plano histórico da salvação de Deus pode ser condicional ou incondicional.

[64] A semântica da relação entre presciência e predestinação não é uma questão fundamental (em oposição a Geisler, 52-53, 68). É aceitável dizer que a predestinação é o resultado de, seja contingente ou dependente, e baseia-se, ou está de acordo com o pré-conhecimento.

[65] Erickson, 933.

[66] Arminius, “Declaration of Sentiments,” – “Declaração de Sentimentos” I.5.iv, em Writings – Escritos, I:248.

[67] Hunt, 197.

[68] Podemos identificar outras condições especificadas para receber a salvação, mas esta questão não precisa ser explorada aqui. Veja Cottrell, The Faith Once For All: Bible Doctrine for Today – A Fé de Uma Vez por Todas: Doutrina da Bíblia para hoje (Joplin, MO: College Press, 2002), 346-374.

[69] F. L. Godet, Commentary on the Epistle to the Romans – Comentário sobre a Epístola aos Romanos, tradução: A. Cusin e T. W. Chambers (Grand Rapids: Zondervan, 1956 reimpressão da edição de 1883), 325.

[70] Forlines, 374.

[71] Watson (344) destaca a conexão entre esses dois versos e diz: “Aqueles ‘a quem Ele pré-conheceu’ são manifestamente os crentes de quem ele fala no discurso, e que são chamados no cap. VIII.28, ‘aqueles que amam a Deus’”.

[72] Compare João 14:21, “Aquele que Me ama será amado por Meu Pai e eu o amarei.”

[73] Veja Cottrell, What the Bible Says About God the Creator – O Que a Biblia Diz Sobre Deus o Criador(Joplin, MO: College Press, 1983), 255-259, 279-289.

[74] Veja Baugh , “The Meaning of Foreknowledge,” – “O Significado do Pré-conhecimento”, 191-195. Ele sugere que proginosko em Rm 8:29 pode ser traduzido: “Aqueles a quem ele amou previamente” (194).

[75] John Murray, The Epistle to the Romans – A Epístola aos Romanos, vol. II (Grand Rapids: Eerdmans, 1965), 317.

[76] Idem, 318.

[77] Douglas J. Moo, The Epistle to the Romans – A Epístola aos Romanos  (Grand Rapids: Eerdmans, 1996), 533.

[78] William F. Arndt and F. Wilbur Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature – Um Léxico Grego-Inglês do Novo Testamento e Outras Literaturas Cristãs Antigas , 3a. edição, revisada e editada por Frederick William Danker (Chicago:  University of Chicago Press, 2000), 866.

[79] Erickson, 383.

[80] F. F. Bruce, The Epistle of Paul to the Romans – A Epístola de Paulo aos Romanos (Grand Rapids: Eerdmans, 1963), 177.

[81] Baugh, “The Meaning of Foreknowledge” – “O Significado do Pré-conhecimento”, 191.

[82] Jewett, 38, 70.

[83] Ibid., 109.

[84] Baugh, “The Meaning of Foreknowledge” – “O Significado do Pré-conhecimento”, 191.

[85] Moo, 532.

[86] “Conhecer” envolvendo uma ou mais pessoas como seu objeto ocorre neste sentido, pelo menos 80 vezes. Alguns exemplos são Mat 11:27, 14:30, 17:12, 26:72, 74, Lucas 7:39, 10:22, 13:25, 27; 24:16, 31, João 1:10, 26 , 31, 33, 48; 7:27-28; 14:7, 9, 17, Atos 7:18, Rm 1:21; 1 Coríntios 13:12, Hebreus 10:30, 1 João 4:2, 6.

[87] Os exemplos são João 17:3 e Filipenses 3:10, 2 Tm 1:12, Tito 1:16; 1 João 2:3, 4, 13, 14.

[88] Olson, 464 (veja 464-470).

[89] Forster e Marston, 190.

[90] Olson, 170.  Veja argumentos similares em Miley, II:261; e Hunt, 226.

[91] John MacArthur, Romans – Romanos, volume 1 (Chicago: Moody, 1991), 496.

[92] Kenneth S. Wuest, Romans in the Greek New Testament for the English Reader – Romanos no Grego do Novo Testamento para o Leitor Inglês (Grand Rapids:  Eerdmans, 1955), 143-144.

[93] D. A. Carson, Exegetical Fallacies – Falácias Exegéticas (Grand Rapids: Baker, 1984), 84-85.

[94] Richard Young, Intermediate New Testament Greek:  A Linguistic and Exegetical Approach – O Grego Intermediário do Novo Testamento: Uma Abordagem Exegética e Linguística (Nashville:  Broadman & Holman, 1994), 62.

[95] Como no “pré-conhecimento afetivo” de Forlines (399)

[96] Em oposição ao uso intercambiável de “disposição favorável ou seleção” (383) por Erickson.

[97] Hunt, 226.

[98] Picirilli, 56, 78.

[99] E. H. Johnson e H. G. Weston, An Outline of Systematic Theology – Um Esboço de Teologia Sistemática, 2 edition – 2a. edição – (Philadelphia:  American Baptist Publication Society, 1895), 247.

[100] Como sugerido anteriormente, uma correta compreensão da relação entre pré-conhecimento e predestinação exclui completamente o conceito de eleição corporativa como a única ou até mesmo a principal forma de predestinação. O virtual desemprego por Shank do pré-conhecimento como um fator na predestinação, em seu esforço para defender a eleição corporativa, parece estar baseado em uma confusão lamentável entre eleição baseada no pré-conhecimento e eleição incondicional. Veja Shank, 153-155

[101] Philip Schaff, History of the Christian Church – História da Igreja Cristã, volume III, Nicene and Post-Nicene Christianity – Cristianismo NIceno e Pós-Niceno (Grand Rapids:  Eerdmans, 1960), 852.

[102] Veja “An Ancient Christian Sermon Commonly Known as Second Clement – Um Antigo Sermão Cristão Geralmente Conhecido como Segunda Clemente,” 9:9, in The Apostolic Fathers, 2nd edition – emOs Pais Apostólicos, 2a edição, tradução. J. B. Lightfoot e J. R. Harmer, edição e revisão Michael W. Holmes (Grand Rapids: Baker, 1989), 72: “Porque Ele é o único que sabe tudo de antemão….” A mesma línguagem é encontrada em “O Pastor de Hermas”, Mandato 4.3.4 (The Apostolic Fathers – Os Pais Apostólicos, 219).

[103] “The Shepherd of Hermas – O Pastor de Hermas,” Similitude 8.6.2 (The Apostolic Fathers – Os Pais Apostólicos, 257).

[104] Justin Martyr, “First Apology – Primeira Apologia,” 45,  em The Ante-Nicene Fathers –Os Pais Anti-Nicenos , vol. I, The Apostolic Fathers – Os Pais Apostólicos, Justin Martyr, e Irenaeus – Justino Mártir e Irineu, edição Alexander Roberts e James Donaldson (New York:  Charles Scribner’s Sons, 1913), 178.

[105] Justino Mártir, “Dialogue with Trypho – Diálogo com Trifão,” 141 (The Ante-Nicene Fathers – Os Pais Anti-Nicenos, I:270).

[106] Orígenes, “Against Celsus – Contra Celso,” II.xx, em The Ante-Nicene Fathers – Os Pais Anti-Nicenos, vol.  IV, Fathers of the Third Century – Pais do Terceiro Século, edição Alexander Roberts e James Donaldson (New York: Charles Scribner’s Sons, 1913), 440.

[107] Orígenes, Commentary on the Epistle to the Romans – Comentário sobre a Epístola aos Romanos , Books 1-5 – Livros de 1-5, tradução Thomas P. Scheck, vol. 103, The Fathers of the Church – Oa Pais da Igreja (Washington, D.C.:  Catholic University of America, 2001), 65-66.

[108] Ambrosiaster, Commentary on Paul’s Epistles – Comentário sobre as Epístolas de Paulo, citado emAncient Christian Commentary on Scripture – Comentário Cristão Antigo das Escrituras, New Testament – Novo Testamento, vol. IV, Romans – Romanos, edição Gerald Bray (Downers Grove:  InterVarsity, 1998), 233.

[109] Nota do tradutor: Ambrosiaster é o nome dado ao escritor desse comentário sobre as epístolas de São Paulo, “breve em palavras, mas profundo no assunto” e valioso para a crítica do texto latino do Novo Testamento. Este comentário foi erroneamente atribuído por um longo tempo a Santo Ambrósio. Erasmo em 1527 lançou dúvidas sobre a exatidão desta atribuição, e o autor é geralmente identificado como Ambrosiaster ou pseudo-Ambrósio. (fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Ambrosiaster, acesso em 21/01/2010).

[110] Idem, 250.

[111] Idem, 235.

[112] Diodoro, Pauline Commentary from the Greek Church – Comentário Paulino da Igreja Grega, in Bray, 261.

[113] Harry Buis, Historic Protestantism and Predestination – Protestantismo Histórico e Predestinação(Philadelphia:  Presbiyterian and Reformed, 1958), 9.

[114] Pelágio, Pelagius’s Commentary on Romans – Comentário Pelagiano sobre Romanos, em Bray, 237.

[115] Idem, 255.

[116] Schaff, History – História, III:858.

[117] J. N. D. Kelly, Early Christian Doctrines – 2nd edition – Doutrinas Cristãs Antigas, 2a. edição (New York:  Harper and Row, 1960), 371.

[118] Teodoreto de Ciro, Interpretation of the Letter to the Romans – Interpretação da Carta aos Romanos, em Bray, 236-237.

[119] Buis, 16, 21, 29.

[120] Williams, 839-840.

[121] Armínio, “Declaration of Sentiments – Declaração de Sentimentos,” I.5.iv, em Writings – Escritos, I:248.

[122] Idem, I:250.

[123] Armínio, “A Friendly Discussion Between James Arminius and Francis Junius, Concerning Predestination – Uma Discussão Amigável Entre Tiago Armínio e Francis Junius, a respeito da Predestinação,” em Writings – Escritos, III:66.

[124] Armínio, “An Examination of the Treatise of William Perkins – Um Exame do Tratado de William Perkins,” em Writings – Escritos, III:283.

[125] Idem, III:479.

[126] Armínio, “A Friendly Discussion – Uma Discursão Amigável ,” em Writings – Escritos, III:147.

[127] Armínio, “The Apology or Defence – A Apologia ou Defesa,” IV.i, em Writings – Escritos, I:285.

[128] Bangs, 352.

[129] Veja Buis, 89-98

[130] John Wesley, “Sermão LVIII, sobre a Predestinação”, em The Works of John Wesley – As Obras de John Wesley, 10 volumes. (Grand Rapids: Zondervan, nd), VI :226-227, v. VI: 230.

[131] Idem, VI:227.

[132] Idem, VI:229.

[133] John Wesley, “Predestination Calmly Considered – A Predestinação Calmamente Considerada,” 25, em Works – Obras, X:218.  Itálicos adicionados.

[134] Veja Cottrell, What the Bible Says About God the Ruler – O Que a Bíblia Diz Sobre Deus o Soberano(Joplin, MO: College Press, 1984), 105-111; 191-195; Cottrell, The Faith Once for Al –  A Fé de Uma Vez Por Todas, 115.

[135] Geisler, 44.

[136] Forlines, 322.

[137] John S. Feinberg, “Deus Decreta Todas as Coisas” em Predestinação e Livre-arbítrio, edição David Basinger e Randall Basinger (Downers Grove: InterVarsity, 1986), 21, 24.

[138] Veja Cottrell, God the Rule – Deus o Soberano, 193.

[139] Erickson, 386.

[140] Veja Cottrell, God the Ruler – Deus o Soberano, capítulo 8, “The Will of God – A Vontade de Deus,” 299-329.

[141] Veja Cottrell, “The Nature of the Divine Sovereignty – A Natureza da Soberania Divina,” em The Grace of God, the Will of Man – A Graça de Deus, A Vontade do Homem, edição Clark H. Pinnock (Grand Rapids:  Zondervan, 1989), 105-106.

[142] Picirilli, 42.

[143] Veja Cottrell, God the Ruler – Deus o Soberano, 187-190.

[144] Veja explicação de Forlines do modelo da “influência e resposta” da soberania divina, como uma alternativa para o modelo de “causa e efeito” do Calvinismo (336-338). Veja Cottrell, God the Ruler –Deus, o Soberano, 187-217.

[145] Cottrell, God the Ruler – Deus o Soberano, 244-261.

[146] A caricatura imperdoável de Baugh a respeito das minhas declarações sobre o assunto, alegando que eu faço de Deus “um tirano imprevisível”, que opera de acordo com a “excentricidade” e “capricho” (“O Significado do Pré-conhecimento”, 197), mostra que ele deve ler o meu tratamento completo do assunto em God the Ruler – Deus, o Soberano, 196-197.

[147] Archibald Alexander Hodge, Outlines of Theology – Esboços de Teologia (New York: Robert Carter, 1876), 168.  Veja Cottrell, “The Nature of the Divine Sovereignty – A Natureza da Soberania Divina,” 102-103.

[148] Erickson, 378, 381.

[149] Veja Cottrell, God the Ruler – Deus, o Soberano, 219-221; Cottrell, “The Nature of the Divine Sovereignty – A Natureza da Soberania Divina,” 105-106.

[150] Lewis S. Chafer, Systematic Theology – Teologia Sistemática, volume I (Dallas: Dallas Theological Seminary, 1947), 230.

[151] Louis Berkhof, Systematic Theology – Teologia Sistemática (London: Banner of Truth Trust, 1939), 67-68.

[152] Forlines, 335.

[153] Hunt, 229; veja 143.

[154] Idem, 144.

[155] D. Fisk Harris, Calvinism Contrary to God’s Word and Man’s Moral Nature – Calvinismo, Contrário à Palavra de Deus e à Natureza Moral do Homem (N.p.:  publicado pelo autor, 1890), 248.

[156] Idem, 291.

[157] William G. T. Shedd, Dogmatic Theology – Teologia Dogmática, volume I  (Grand Rapids:  Zondervan, 1969 reprint of 1888 edition – reimpressão da edição de 1888), 396-397.

[158] August H. Strong, Systematic Theology – Teologia Sistemática, 3 volumes em 1 (Valley Forge:  Judson, 1907), 357.

[159] A. W. Pink, The Sovereignty of God – A Soberania de Deus, edição revisada (London:  Banner of Truth Trust, 1961), 74-75.

[160] Baugh, “The Meaning of Foreknowledge – O Significado do Pré-conhecimento,” 189, 191.

[161] Herman Bavinck, The Doctrine of God – A Doutrina de Deus, edição e tradução William Hendriksen (Grand Rapids:  Eerdmans, 1951), 377.

[162] Harris, 279.

[163] Nota do tradutor: O livre arbítrio Libertário significa que nossas escolhas estão livres da determinação ou limitações da natureza humana e livre de qualquer predeterminação de Deus. All “free will theists” hold that libertarian freedom is essential for moral responsibility, for if our choice is determined or caused by anything, including our own desires, they reason, it cannot properly be called a free choice. Todos os “teístas do livre arbítrio” sustentam que a liberdade libertária é essencial para a responsabilidade moral, pois se a nossa escolha é determinada ou causada por qualquer coisa, incluindo nossos próprios desejos, eles argumentam, ela não pode ser propriamente chamada de livre escolha. Libertarian freedom is, therefore, the freedom to act contrary to one’s nature, predisposition and greatest desires. Liberdade Libertária é, portanto, a liberdade de agir contrariamente à nossa natureza, predisposição e maiores desejos. Responsibility, in this view, always means that one could have done otherwise. A responsabilidade, nessa visão, significa sempre que se poderia ter feito de maneira diferente. A visão Compatibilista – Essa visão afirma que o homem escolhe livremente o que Deus determinou que ele irá escolher. In this way, the idea that God is in charge, and the idea that man can be held responsible for his actions are compatible ideas. Desta forma, a idéia de que Deus está no comando, e a idéia de que o homem pode ser responsabilizado por seus atos são idéias compatíveis. Free will is affected by human nature and man cannot choose contrary to his nature and desires. O livre-arbítrio é afetado pela natureza humana e o homem não pode escolher de forma contrária à sua natureza e seus desejos. This view acknowledges man as a free moral agent who freely makes choices. Esta visão reconhece o homem como um agente moral livre, que faz escolhas livremente. But due to the effects of the fall, as contained in the doctrine of total depravity , man’s nature is corrupted such that he cannot choose contrary to his fallen nature — He cannot discern spiritual things or turn to God in faith apart from divine intervention. Mas, devido aos efeitos da queda, tal como consta na doutrina dadepravação total, a natureza do homem está corrompida de tal forma que ele não pode escolher de forma contrária à sua natureza caída – Ele não pode discernir as coisas espirituais ou voltar-se para Deus em fé, a não ser mediante a intervenção divina.  O ponto de vista libertário – De acordo com o Libertarianismo, a idéia de que Deus leva os homens a agir de uma determinada maneira, porém ao mesmo tempo, o homem tem o livre-arbítrio quando age dessa forma, é logicamente falsa. Free means uncaused. Livre significa não causado. Man has free will, and his decisions are influenced, but not caused. O homem tem livre arbítrio, e suas decisões são influenciadas, mas não são causadas. God limits the actions of men, but not their mind or will. Deus limita as ações dos homens, mas não a sua mente ou vontade. Man has the ability to turn to God in Christ and sincerely ask for help, selfishly perhaps, apart from specific (special) divine enablement. O homem tem a capacidade de voltar-se para Deus em Cristoe sinceramente pedir socorro. According to Arminianism, God, in his freedom, not only sets a condition on salvation and wills only to save those who would ask Him to rescue them. De acordo com o Arminianismo, Deus, na sua liberdade, não apenas estabelece uma condição de salvação como também deseja apenas salvar aqueles que Lhe respondem em fé na obra de Cristo. God, then, predestines those who He “foreknew” to salvation. Deus, então, predestina àqueles que Ele “pré-conheceu” como crentes em Cristo à salvação. Or, according to Open Theism, God is anxiously waiting to see what each person will do, for he cannot know ahead of time what the choice might be. Algumas objeções ao ponto de vista Libertário:1) Causality — If causes are understood as conditions prior to an effect that guarantee an effect, and all events have causes, then it follows that all events were preceded by conditions that guaranteed those events. 1) Causalidade – Se as causas são entendidas como condições prévias para um efeito, às quais garantem um efeito; e todos os eventos têm causas, segue-se que todos os eventos foram precedidos por condições que garantem esses eventos. But this is the same as saying all events are determined. Porém, isto é o mesmo que dizer que todos os eventos são determinados. Since the choices of humans are events, it follows that the choices of humans are determined. Uma vez que as escolhas dos seres humanos são eventos, segue-se que as escolhas dos seres humanos são determinadas. 2) Responsibility — Rather than salvage human responsibility, some maintain that libertarian freedom destroys it. 2) Responsabilidade – Ao invés de salvar a responsabilidade humana, alguns sustentam que a Liberdade Libertária a destrói. If our choices have no causes, in what sense are they our choices? Se nossas escolhas não têm causas, em que sentido são as nossas escolhas? Is it any more agreeable to reason to hold humans responsible for choices they didn’t cause than to hold them responsible for choices that were caused and thus determined? É mais agradável à razão manter os seres humanos responsáveis por escolhas que eles não causaram do que mantê-los responsáveis pelas escolhas que foram causadas e, assim, determinadas? 3) A liberdade de Deus – Alguns têm mantido a Liberdade Libertária sob o argumento de que todas as coisas feitas por necessidade não são dignas de louvor ou de culpa. But what are we to think of God’s actions? Mas o que devemos pensar das ações de Deus? We believe that God does good, and that God cannot do evil. Nós acreditamos que Deus é bom, e que Deus não pode fazer o mal. Does God’s moral inability to do evil make His good actions unpraiseworthy? Será que a incapacidade moral de Deus para fazer o mal torna as suas boas ações indignas de louvor? If God must do good, is He then unpraiseworthy? Se Deus deve necessariamente fazer o bem, é Ele, então, indigno de louvor? Some have said that God must do good because God’s nature determines His choices. Alguns têm dito que Deus tem de fazer o bem porque a natureza de Deus determina suas escolhas. God is still free, some say, because God can act in accordance with His choices, but God’s choices are determined by His nature. Deus ainda é livre, alguns dizem, porque Deus pode agir de acordo com suas escolhas; porém as escolhas de Deus são determinadas pela Sua natureza. If God’s choices are determined, and God is worthy of praise, this is a clear case, some say, of actions that are determined and thus necessary while also being morally praiseworthy. Se as escolhas de Deus são determinadas, e Deus é digno de louvor, este é um caso claro, portanto, dizem alguns, de ações que são determinadas e necessárias, enquanto ao mesmo tempo, moralmente louváveis. Alguns dizem que a extensão lógica da liberdade libertária é que o próprio Deus não é livre. But God is the freest being in the universe, and can only act in accordance with his holy nature. Mas Deus é o ser mais livre no universo, esó pode agir em conformidade com a sua natureza santa. Therefore, true freedom cannot be libertarian. Portanto, a verdadeira liberdade não pode ser libertária. Uma resposta às objeções: Essas duas objeções (Causalidade e Responsabilidade) falham em não observar que os incompatibilistas reconhecem que todo evento tem uma causa, bem como, em não considerar que a causa das escolhas do seres humanos é o próprio ser humano, ou melhor, o livre-arbítrio humano e não algo (dentro ou fora dele) ou alguém (fora dele), senão ele mesmo! O livre-arbítrio é o que se decide (a decisão de fazer ou não fazer) e não o resultado necessário de uma influência ou coerção dos desejos. É a capacidade de fazer de forma contrária ao que se confronta ou deseja. As ações humanas têm uma causa, o próprio ser humano! Ele – o ser humano – é o único responsável por suas ações! Ninguém mais. Assim continua válida a máxima: Todo evento tem uma causa! A última objeção (A liberdade de Deus) erra quando compara a liberdade humana com a Divina e quando não define corretamente os tipos de liberdade. A partir do instante que existem duas opções reais, a liberdade envolvida é libertária (Gn 13:10,11; Mt 7:1; Js 24:15; Dt 30:15;30:19), ou seja, o indivíduo tem a liberdade de escolher, sem coação. É possível classificar os vários aspectos de liberdade em dois tipos: A liberdade moral de escolher entre os opostos (o bem e o mal) e a liberdade temporal de escolher entre as infinidades de opções que somos obrigados a fazer (ir ou não ao supermercado; fazer ou não a faculdade etc.). Ambos os tipos de liberdade são reais e também libertárias. Apesar de libertárias (tanto a humana quanto a Divina) elas estão em “dimensões” diferentes. Deus não pode escolher (Ele não pode nem vê-lo) o mal por que Ele é SANTO (Jó 34:10; Hab 1:13). Ele é o Ser Santo por excelência. Ele é o padrão de santidade. Esse atributo Divino é o que nos assegura que o mal é o mal e o bem é o bem. Sem esse atributo, quem ia nos garantir que matar é pecado e ajudar o próximo é uma coisa boa? Ninguém! Mas Deus é o nosso padrão de santidade. A maioria esmagadora dos teístas cristãos creêm no Essencialismo Divino (Deus quer uma coisa por que é certa e está de acordo com a sua natureza) e não no Voluntarismo Divino (uma coisa é certa por que Deus quer que seja certa; por exemplo: a dupla predestinação). Daí a razão Dele não possuir esse tipo de liberdade libertária (moral). Porém, Ele tem o outro tipo de liberdade temporal (as infinitas escolhas – dentro do tempo – que Ele pode fazer, ao lidar com o ser humano, assim como os seres humanos também podem fazer) e essa também é libertária. As criaturas devem possuir os dois tipos de liberdade para poder lidar com o pecado. Possivelmente, esse foi o caso dos anjos e esse foi o caso do homem. Os anjos, assim como o homem, fracassaram. Os anjos que pecaram foram confirmados em sua impiedade (possuem liberdade apenas no sentido compatibilista; apenas fazem o mal e não possuem liberdadetemporal, pois estão aprisionados e em tormentos), pois as Escrituras não falam em redenção de anjos (2ª Pe 2:4) e os que permaneceram fiéis foram confirmados em sua santidade (1ª Tm 5:21) e estes, já possuem a liberdade similar à do próprio Deus (são santos e possuem liberdade libertária temporal e fazem as infinitas opções em como agradar ao Criador). Mas e quanto ao homem? A condição é similar à dos anjos. A liberdade libertária (dois tipos) é necessária nesse período de provação terreno. Os que perseverarem até o fim, serão confirmados em santidade (processo iniciado já na conversão) através do Espírito Santo e por fim na glorificação (2ª Cor 5:17; Hb 12:14; Hb 12:23; 1ª Pe 1:16); os que não se arrependerem serão confirmados na impiedade e condenados à danação eterna (Mt 25:41). Assim, no futuro, o homem glorificado terá o mesmo tipo de liberdade que Deus possui (libertária e temporal), contudo, devido à sua condição de criatura, não absoluta. Portanto, se constitui um erro grave supor que não existe verdadeira liberdade (no sentido libertário) só por que Deus é o ser mais livre do universo. Pelo contrário, a verdadeira liberdade deve ser libertária; liberdade no sentido compatibilista só na condenação! (Fontes: http://www.theopedia.com/Libertarian_free_will, acesso em 21/01/2010,http://www.facebook.com/note.php?note_id=409307895616, acesso em 26/05/2010,http://www.facebook.com/note.php?note_id=236648855616, acesso em 27/12/2009).

[164] Baugh, “The Meaning of Foreknowledge – O Significado do Pré-conhecimento,” 189, 191.

[165] Donald J. Westblade, “Divine Election in the Pauline Literature – A Eleição Divina na Literatura Paulina,” em Still Sovereign – Ainda Soberano, 71.

[166] Richard Rice, “Divine Foreknowledge and Free-Will Theism – O Pré-conhecimento Divino e o Teísmo do Livre-Arbítrio,” em The Grace of God, the Will of Man – A Graça de Deus, A Vontade do Homem, 127.

[167] Hunt, 160.

[168] Picirilli, 60.

[169] Harris, 309.

[170] R. A. Torrey, Practical and Perplexing Questions Answered – Questões Práticas e Perplexas Respondidas (New York:  Revell, 1898), 61.

[171] Miner Raymond, Systematic Theology – Teologia Sistemática, volume I (Cincinnati:  Walden and Stowe, 1877), 502.

[172] Westblade, 71.  Itálicos adicionados

[173] Aurélio Agostinho, “On Free Will – Sobre o Livre-arbítrio,” III:8, em Augustine: Earlier Writings – Agostinho: Escritos Anteriores, tradução John H. S. Burleigh (Philadelphia:  Westminster Press, 1953), 175.

[174] Tiago Armínio, “A Friendly Discussion – Uma Discussão Amigável,” em Writings – Escritos, III:231.

[175] Armínio, “An Examination of the Treatise of William Perkins – Um Exame do Tratado de William Perkins,” em Writings – Escritos, III:402.

[176] Harris, 261.

[177] Forlines, 333.

[178] Idem, 37, 39, 63.

[179] Geisler, 107; veja 50-53.

[180] Idem, 51, 54

[181] Hunt, 145, 160, 193.

[182] Forlines, 68, 330.

[183] Como Hunt diz, “Nós somos finitos e Deus é infinito e, portanto, não poderíamos possivelmente compreender como ele sabe o futuro” (145).

[184] Forlines, 332-333.

[185] Kirk, 34.

[186] Idem, 37.

[187] Harris, 277, 291.

[188] Idem, 264.

[189] Olson, 181.

[190] Erickson, 383, 929.

[191] Veja Cottrell, The Faith Once for All – A Fé de uma Vez por Todas, capítulos 19-20 (pp. 346-374.)

[192] Miley, II:249.

[193] Idem, II:250-251.

[194] Idem, II:251.

[195] Picirilli, 57.

[196] Murray, II:70.

[197] Veja Cottrell, God the Ruler – Deus O Soberano, 184-186, 226-227.

[198] Veja Shank, 125.

[199] Veja Samuel Fisk, Divine Sovereignty and Human Freedom – Soberania Divina e Liberdade Humana(Neptune, NJ: Loizeaux Brothers, 1973),  26-29.

[200] Veja Cottrell, Romans – Romanos, I:111-115, 268-271.

[201] Cottrell, The Faith Once for All – A Fé de uma Vez por Todas, 353-359; Cottrell, Romans – Romanos, II:173-182.

[202] Cottrell, The Faith Once for All – A Fé de uma Vez por Todas, 360-374.

[203] João Calvino, “A Treatise on the Eternal Predestination of God – Um Tratado sobre a Eterna Predestinação de Deus,” em Calvin’s Calvinism – O Calvinismo de Calvino, tradução Henry Cole (Grand Rapids:  Eerdmans, 1956), 48.

[204] G. C. Berkouwer, Divine Election – Eleição Divina, tradução Hugo Bekker (Grand Rapids: Eerdmans, 1960), 42.  itálicos adicionados.

[205] Veja Cottrell, Commentary on Romans – Comentário sobre Romanos, I:330-364, 468; Cottrell, The Faith Once for All – A Fé de uma Vez por Todas, 179-190, 197-200.

[206] Veja Picirilli, 153-159.

[207] Erickson, 932-933.

[208] Fisk, 30.

[209] Picirilli, i, 35-36, 41-42, 149-151.

[210] Idem, 153-158

[211] Geisler, 56-58, 116.

[212] Forlines, 345.

[213] Olson, 72.

[214] Para uma exposição detalhada de Romanos 9-11, veja Cottrell, Romans – Romanos, II:23-203.

[215] Picirilli, 72.  Veja C.E.B. Cranfield, A Critical and Exegetical Commentary on the Epistle to the Romans – Um Comentário Exegético e Crítico sobre a Epístola aos Romanos, 2 volumes, “The International Critical Commentary – O Comentário Crítico Internacional,” new series – novas séries (Edinburgh:  T. & T. Clark, 1975; correção à impressão de 1990), 1:172, nota 1.

[216] John Piper, The Justification of God:  An Exegetical and Theological Study of Romans 9:1-23 – A Justificação de Deus: Um Estudo Teológico e Exegético de Romanos 9:1-23, 2a edição (Grand Rapids:  Baker, 1993), 15, 71.

[217] Thomas R. Schreiner, “Does Romans 9 Teach Individual Election unto Salvation? – Será que Romanos 9 Ensina a Eleição Individual para Salvação?” em Still Sovereign – Ainda Soberano, 89.

[218] Picirilli, 72.

[219] Piper, 21-44.

[220] Idem, 49.

[221] Schreiner,  91.

[222] Forlines, 363.

[223] Veja Cottrell, Romans – Romanos, II:49-59.

[224] Schreiner, 90-98.

[225] Steven M. Baugh, “’God’s Purpose According to Election’: Paul’s Argument in Romans 9 – ‘O Propósito de Deus Segundo a Eleição’: O Argumento de Paulo em Romanos 9,” acessado no seguinte endereço:  alliancenet.org/pub/mr/mr98/1998.06.NovDec/mr9806.smb.romans.html, página 3.

[226] Forlines, 359.  Picirilli, da mesma forma, resume estes versos assim: Deus “nunca prometeu, incondicionalmente, salvar todos os descendentes carnais de Abraham, Isaac, ou Israel” (71).

[227] Veja Forster e Marston, 65-66.

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