Por PAUL
L. MAIER
"Não,
ele não existiu!" alguns céticos afirmam, pensando que esta é uma ferramenta
rápida e poderosa para tirar as pessoas da "fábula do Cristianismo".
Mas a ferramenta desmorona logo no primeiro uso. Na verdade, há mais evidências
de que Jesus de Nazaré certamente existiu do que para a maioria das figuras
famosas do passado antigo. Essa evidência é de dois tipos: interna e externa.
Em ambos os casos, a evidência total é tão avassaladora, tão absoluta, que
apenas o mais superficial dos intelectos ousaria negar a existência histórica de
Jesus. E, no entanto, essa negação patética ainda é papagueada pelo “ateu de
aldeia”, blogueiros na internet ou organizações como a Freedom from Religion
Foundation.
A Evidência Interna
Além
das muitas previsões messiânicas proféticas do Antigo Testamento, nenhum dos
quatro Evangelhos ou os vinte e três outros documentos do Novo Testamento
fariam sentido se Jesus nunca tivesse vivido. Toda a gama de personalidades
históricas bem conhecidas no primeiro século d.C., que interagiram com Jesus trataram
com um vácuo? Herodes, o Grande, tentou exterminar um fantasma infantil? Os
sumos sacerdotes Judeus Anás e Caifás entrevistaram um espírito? O governador Romano
Pôncio Pilatos julgou um fantasma na Sexta-feira Santa, ou Paulo e tantos
apóstolos deram suas vidas por um mito?
Ninguém
duvida que os nomes acima são bem conhecidos de fontes sagradas e seculares,
bem como de evidências arqueológicas, e são, portanto, históricos. O mesmo é
claramente verdadeiro em relação a Jesus de Nazaré. Mas por que, então, a Jesus
não é permitido o luxo de realmente ter vivido como o resto destes? Por que o
duplo padrão aqui?
A
partir apenas da evidência bíblica interna, portanto, a existência de Jesus é
simplesmente categórica. E ainda há uma abundância
de informações extra-bíblicas adicionais sobre esta questão.
Evidência Externa: Cristã
Outro
longo parágrafo poderia ser dedicado aos escritos dos pais da igreja primitiva,
alguns dos quais tiveram contato próximo com personalidades do Novo Testamento.
O discípulo de Jesus, João, por exemplo, mais tarde se tornou bispo da igreja
em Éfeso. Um de seus alunos foi Policarpo, bispo de Esmirna, e um aluno de
Policarpo, por sua vez, foi Irineu de Lyon. A peça central em todos os seus
escritos foi Jesus o Cristo (“Messias”).
Além
de tais vínculos pessoais vivos com Jesus, as tangências geográficas e temporais
aparecem em Justino Martyr. Nascido de pais pagãos por volta de 100 d.C., em
Nablus (entre a Judéia e a Galiléia), Justino tentou e abandonou várias escolas
filosóficas até encontrar no Cristianismo o único ensinamento verdadeiro.
Natural da Terra Santa, Justino menciona locais associados a Jesus, como a
gruta de Belém em que Jesus nasceu, e até detalhes de Jesus trabalhando como
aprendiz de carpinteiro na oficina de seu pai adotivo, José, onde se
especializaram na produção de implementos agrícolas como juntas para bois e
arados.
Evidência Externa: Judaica
As
tradições rabínicas Judaicas não apenas mencionam Jesus, mas também são as
únicas fontes que soletram seu nome com precisão em Aramaico, sua língua
nativa: Yeshua Hannotzri - Josué (Jesus) de Nazaré. Algumas das referências a
Jesus no Talmude são distorcidas -
provavelmente devido aos caprichos da tradição oral - mas uma é especialmente
precisa, uma vez que parece baseada em fontes escritas e vem da Mishná - a mais antiga coleção de
escritos do Talmude. Este é nada
menos do que o aviso de prisão de Jesus, que ocorre da seguinte forma:
Ele
será apedrejado porque praticou feitiçaria e atraiu Israel à apostasia. Quem
puder dizer algo a seu favor, que venha e implore em seu nome. Alguém que saiba
onde ele está, que declare ao Grande Sinédrio em Jerusalém.[1]
Quatro
itens nesta declaração apoiam fortemente sua autenticidade como um aviso elaborado
antes da prisão de Jesus: (1) o tempo futuro é usado, (2) apedrejamento era a
punição regular por blasfêmia entre os Judeus sempre que o governo Romano não
estava envolvido, (3) não há qualquer referência à crucificação, e (4) que
Jesus estava realizando “feitiçaria” - o extraordinário ou milagroso com uma
interpretação negativa - é bastante notável. Isso não apenas invoca o que os
historiadores chamam de "critério de constrangimento", que prova o
que é reconhecido, mas também está perfeitamente de acordo com a forma como os
oponentes de Jesus explicaram suas curas milagrosas: pois afirmaram que Jesus realizava
milagres com a ajuda de Belzebu (Lucas 11:18).
Além
disso, o historiador Judeu do primeiro século FlávioJosefo menciona duas vezes
“Jesus, que é chamado de Cristo”, em suas Antiguidades
Judaicas. Na segunda citação, ele fala sobre a morte do meio-irmão de
Jesus, Tiago, o Justo, de Jerusalém.[2] E dois livros antes, na mais longa
referência não-bíblica a Cristo no primeiro século, ele fala de Jesus, no meio
de sua discussão dos eventos na Administração de Pôncio Pilatos:
Nessa
época, havia um homem sábio chamado Jesus e sua conduta era boa, e ele era
conhecido por ser virtuoso. Muitas pessoas entre os Judeus e outras nações
tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou à crucificação e à morte. Mas
aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado. Eles
relataram que Jesus havia aparecido para eles três dias após sua crucificação e
que estava vivo. Conseqüentemente, ele talvez fosse o Messias, a respeito de
quem os profetas relataram maravilhas. E a tribo dos cristãos, assim batizada
em sua homenagem, não desapareceu até hoje.[3]
Este
é o texto recente, não interpolado, que substitui a versão tradicional, que,
infelizmente, havia sofrido interpolação antiga.
Evidência Externa: Secular
Cornelius
Tacitus, um dos historiadores que é uma das fontes mais confiáveis da Roma do
primeiro século, escreveu em seus Anais
um relato ano a ano dos eventos no Império Romano sob os primeiros Césares.
Entre os destaques que ele relata sobre o ano 64 d.C., estava o grande incêndio
de Roma. As pessoas culparam o imperador Nero por esta conflagração, uma vez
que aconteceu “sob sua supervisão”, mas para se salvar, Nero culpou “os
cristãos”, que é a primeira vez que eles aparecem na história secular. Um
historiador cuidadoso que era, Tácito então explica quem eram "os
cristãos":“Christus, o fundador do nome, havia sofrido pena de morte no
reinado de Tibério, por sentença do procurador Pôncio Pilato.”[4] Ele então
passa a relatar os horrores que foram infligidos aos cristãos no que se tornou a
primeira perseguição Romana.
Tácito,
deve-se enfatizar, não era algum historiador cristão que estava tentando provar
que Jesus Cristo realmente existiu, mas um pagão que desprezava os cristãos
como uma “doença”, um termo que ele usa mais tarde na passagem. Se Jesus nunca
tivesse existido, ele teria sido o primeiro a expor aquele fantasma patético em
quem esses adeptos dessa seita confiavam. Se nenhuma outra referência a Jesus
estivesse disponível, esta passagem por si só teria sido suficiente para
estabelecer sua historicidade. Os céticos percebem isso e, portanto, tentaram
todos os meios imagináveis para desacreditar essa passagem - mas sem sucesso. A
análise do manuscrito e os estudos de computador nunca encontraram nenhuma
razão para questionar esta frase, nem seu contexto.
Gaius
Suetonius Tranquillus também registrou eventos do primeiro século em sua famosa
obraA Vidas dos Doze Césares. Ele
também considerava os Cristãos como uma seita que “professava uma nova e
perniciosa crença religiosa”[6]O fato de que as vogais e
e i
eram freqüentemente intercambiáveis é demonstrado pelo termo francês para
“Cristão” até hoje: chretien.
Plínio,
o Jovem, era o governador Romano da Bitínia - hoje, o canto noroeste da Turquia
- e por volta do ano 110 ele escreveu ao imperador Trajano (98-117 d.C),
perguntando o que fazer com os cristãos, um "culto miserável" que ele
menciona oito vezes em sua carta. O próprio Cristo é citado três vezes, o
exemplo mais famosoem que ele se refere aos cristãos é “que se reuniam em um
dia fixo para entoar versos alternadamente entre si em honra de Cristo, como se
fosse a um deus”.[8] Mas, novamente, se Cristo fosse apenas um personagem
mítico , essas fontes hostis teriam sido as primeiras a ostentar esse fato com
escárnio.
Outras
fontes seculares antigas, como Theudas e Mara bar Serapion, também testemunham
a historicidade de Jesus. Mas qualquer outra evidência claramente se enquadra
na categoria “bater em cavalo morto”, no que se refere ao objetivodeste artigo.
Nada mais é necessário em vista da evidência contundente de que Jesus de Nazaré
não era um mito, mas uma figura totalmente histórica que realmente viveu entre
os homens e existiu. Os céticos deveriam focar no detalhe de se Jesus era ou
não mais do que um mero homem. Isso,
pelo menos, poderia evocar um debate razoável entre investigadores razoáveis,
em vez de uma discussão sem sentido com sensacionalistas que lutam para
rejeitar o óbvio.
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Fonte:
MAYER, Paul L.Did
Jesus Really Exist?Em DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History,
Philosophy and Science. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010.
Tradução
Walson Sales
“Traduzindo trechos de livros que considero importantes,
para despertar o interesse das editoras brasileiras” Examinai Tudo. Retende o
Bem.
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Notas:
[1] b. Sanh. 43a.
[2] Josephus Jewish
Antiquities 20.200.
[3].
Josephus Jewish Antiquities 18.63.
[4].
Tacitus Annals 15.44.
[5].
Suetonius Nero 16.
[6].
Suetonius Claudius 25.
[7].
Pliny the Younger Letter 96.
[8].
Pliny the Younger Letter 97.
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