quinta-feira, 15 de abril de 2021

Jesus realmente existiu?

 

Por PAUL L. MAIER

 

"Não, ele não existiu!" alguns céticos afirmam, pensando que esta é uma ferramenta rápida e poderosa para tirar as pessoas da "fábula do Cristianismo". Mas a ferramenta desmorona logo no primeiro uso. Na verdade, há mais evidências de que Jesus de Nazaré certamente existiu do que para a maioria das figuras famosas do passado antigo. Essa evidência é de dois tipos: interna e externa. Em ambos os casos, a evidência total é tão avassaladora, tão absoluta, que apenas o mais superficial dos intelectos ousaria negar a existência histórica de Jesus. E, no entanto, essa negação patética ainda é papagueada pelo “ateu de aldeia”, blogueiros na internet ou organizações como a Freedom from Religion Foundation.

 

A Evidência Interna

 

Além das muitas previsões messiânicas proféticas do Antigo Testamento, nenhum dos quatro Evangelhos ou os vinte e três outros documentos do Novo Testamento fariam sentido se Jesus nunca tivesse vivido. Toda a gama de personalidades históricas bem conhecidas no primeiro século d.C., que interagiram com Jesus trataram com um vácuo? Herodes, o Grande, tentou exterminar um fantasma infantil? Os sumos sacerdotes Judeus Anás e Caifás entrevistaram um espírito? O governador Romano Pôncio Pilatos julgou um fantasma na Sexta-feira Santa, ou Paulo e tantos apóstolos deram suas vidas por um mito?

Ninguém duvida que os nomes acima são bem conhecidos de fontes sagradas e seculares, bem como de evidências arqueológicas, e são, portanto, históricos. O mesmo é claramente verdadeiro em relação a Jesus de Nazaré. Mas por que, então, a Jesus não é permitido o luxo de realmente ter vivido como o resto destes? Por que o duplo padrão aqui?

A partir apenas da evidência bíblica interna, portanto, a existência de Jesus é simplesmente categórica. E ainda há uma abundância de informações extra-bíblicas adicionais sobre esta questão.

 

Evidência Externa: Cristã

 

Outro longo parágrafo poderia ser dedicado aos escritos dos pais da igreja primitiva, alguns dos quais tiveram contato próximo com personalidades do Novo Testamento. O discípulo de Jesus, João, por exemplo, mais tarde se tornou bispo da igreja em Éfeso. Um de seus alunos foi Policarpo, bispo de Esmirna, e um aluno de Policarpo, por sua vez, foi Irineu de Lyon. A peça central em todos os seus escritos foi Jesus o Cristo (“Messias”).

Além de tais vínculos pessoais vivos com Jesus, as tangências geográficas e temporais aparecem em Justino Martyr. Nascido de pais pagãos por volta de 100 d.C., em Nablus (entre a Judéia e a Galiléia), Justino tentou e abandonou várias escolas filosóficas até encontrar no Cristianismo o único ensinamento verdadeiro. Natural da Terra Santa, Justino menciona locais associados a Jesus, como a gruta de Belém em que Jesus nasceu, e até detalhes de Jesus trabalhando como aprendiz de carpinteiro na oficina de seu pai adotivo, José, onde se especializaram na produção de implementos agrícolas como juntas para bois e arados.

 

Evidência Externa: Judaica

 

As tradições rabínicas Judaicas não apenas mencionam Jesus, mas também são as únicas fontes que soletram seu nome com precisão em Aramaico, sua língua nativa: Yeshua Hannotzri - Josué (Jesus) de Nazaré. Algumas das referências a Jesus no Talmude são distorcidas - provavelmente devido aos caprichos da tradição oral - mas uma é especialmente precisa, uma vez que parece baseada em fontes escritas e vem da Mishná - a mais antiga coleção de escritos do Talmude. Este é nada menos do que o aviso de prisão de Jesus, que ocorre da seguinte forma:

 

Ele será apedrejado porque praticou feitiçaria e atraiu Israel à apostasia. Quem puder dizer algo a seu favor, que venha e implore em seu nome. Alguém que saiba onde ele está, que declare ao Grande Sinédrio em Jerusalém.[1]

 

Quatro itens nesta declaração apoiam fortemente sua autenticidade como um aviso elaborado antes da prisão de Jesus: (1) o tempo futuro é usado, (2) apedrejamento era a punição regular por blasfêmia entre os Judeus sempre que o governo Romano não estava envolvido, (3) não há qualquer referência à crucificação, e (4) que Jesus estava realizando “feitiçaria” - o extraordinário ou milagroso com uma interpretação negativa - é bastante notável. Isso não apenas invoca o que os historiadores chamam de "critério de constrangimento", que prova o que é reconhecido, mas também está perfeitamente de acordo com a forma como os oponentes de Jesus explicaram suas curas milagrosas: pois afirmaram que Jesus realizava milagres com a ajuda de Belzebu (Lucas 11:18).

Além disso, o historiador Judeu do primeiro século FlávioJosefo menciona duas vezes “Jesus, que é chamado de Cristo”, em suas Antiguidades Judaicas. Na segunda citação, ele fala sobre a morte do meio-irmão de Jesus, Tiago, o Justo, de Jerusalém.[2] E dois livros antes, na mais longa referência não-bíblica a Cristo no primeiro século, ele fala de Jesus, no meio de sua discussão dos eventos na Administração de Pôncio Pilatos:

 

Nessa época, havia um homem sábio chamado Jesus e sua conduta era boa, e ele era conhecido por ser virtuoso. Muitas pessoas entre os Judeus e outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou à crucificação e à morte. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado. Eles relataram que Jesus havia aparecido para eles três dias após sua crucificação e que estava vivo. Conseqüentemente, ele talvez fosse o Messias, a respeito de quem os profetas relataram maravilhas. E a tribo dos cristãos, assim batizada em sua homenagem, não desapareceu até hoje.[3]

 

Este é o texto recente, não interpolado, que substitui a versão tradicional, que, infelizmente, havia sofrido interpolação antiga.

 

Evidência Externa: Secular

 

Cornelius Tacitus, um dos historiadores que é uma das fontes mais confiáveis da Roma do primeiro século, escreveu em seus Anais um relato ano a ano dos eventos no Império Romano sob os primeiros Césares. Entre os destaques que ele relata sobre o ano 64 d.C., estava o grande incêndio de Roma. As pessoas culparam o imperador Nero por esta conflagração, uma vez que aconteceu “sob sua supervisão”, mas para se salvar, Nero culpou “os cristãos”, que é a primeira vez que eles aparecem na história secular. Um historiador cuidadoso que era, Tácito então explica quem eram "os cristãos":“Christus, o fundador do nome, havia sofrido pena de morte no reinado de Tibério, por sentença do procurador Pôncio Pilato.”[4] Ele então passa a relatar os horrores que foram infligidos aos cristãos no que se tornou a primeira perseguição Romana.

Tácito, deve-se enfatizar, não era algum historiador cristão que estava tentando provar que Jesus Cristo realmente existiu, mas um pagão que desprezava os cristãos como uma “doença”, um termo que ele usa mais tarde na passagem. Se Jesus nunca tivesse existido, ele teria sido o primeiro a expor aquele fantasma patético em quem esses adeptos dessa seita confiavam. Se nenhuma outra referência a Jesus estivesse disponível, esta passagem por si só teria sido suficiente para estabelecer sua historicidade. Os céticos percebem isso e, portanto, tentaram todos os meios imagináveis para desacreditar essa passagem - mas sem sucesso. A análise do manuscrito e os estudos de computador nunca encontraram nenhuma razão para questionar esta frase, nem seu contexto.

Gaius Suetonius Tranquillus também registrou eventos do primeiro século em sua famosa obraA Vidas dos Doze Césares. Ele também considerava os Cristãos como uma seita que “professava uma nova e perniciosa crença religiosa”[6]O fato de que as vogais e e i eram freqüentemente intercambiáveis é demonstrado pelo termo francês para “Cristão” até hoje: chretien.

Plínio, o Jovem, era o governador Romano da Bitínia - hoje, o canto noroeste da Turquia - e por volta do ano 110 ele escreveu ao imperador Trajano (98-117 d.C), perguntando o que fazer com os cristãos, um "culto miserável" que ele menciona oito vezes em sua carta. O próprio Cristo é citado três vezes, o exemplo mais famosoem que ele se refere aos cristãos é “que se reuniam em um dia fixo para entoar versos alternadamente entre si em honra de Cristo, como se fosse a um deus”.[8] Mas, novamente, se Cristo fosse apenas um personagem mítico , essas fontes hostis teriam sido as primeiras a ostentar esse fato com escárnio.

Outras fontes seculares antigas, como Theudas e Mara bar Serapion, também testemunham a historicidade de Jesus. Mas qualquer outra evidência claramente se enquadra na categoria “bater em cavalo morto”, no que se refere ao objetivodeste artigo. Nada mais é necessário em vista da evidência contundente de que Jesus de Nazaré não era um mito, mas uma figura totalmente histórica que realmente viveu entre os homens e existiu. Os céticos deveriam focar no detalhe de se Jesus era ou não mais do que um mero homem. Isso, pelo menos, poderia evocar um debate razoável entre investigadores razoáveis, em vez de uma discussão sem sentido com sensacionalistas que lutam para rejeitar o óbvio.

 

_________________________

Fonte:

 

MAYER, Paul L.Did Jesus Really Exist?Em DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History, Philosophy and Science. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010.

 

Tradução Walson Sales

 

“Traduzindo trechos de livros que considero importantes, para despertar o interesse das editoras brasileiras” Examinai Tudo. Retende o Bem.

_________________________

Notas:

[1] b. Sanh. 43a.

[2] Josephus Jewish Antiquities 20.200.

[3]. Josephus Jewish Antiquities 18.63.

[4]. Tacitus Annals 15.44.

[5]. Suetonius Nero 16.

[6]. Suetonius Claudius 25.

[7]. Pliny the Younger Letter 96.

[8]. Pliny the Younger Letter 97.

_________________________

Explore os sites:

https://www.bomdiacomteologia.com/

http://www.cacp.org.br/

https://deusamouomundo.com/

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário