Roger E. Olson
Professor de Teologia
George W. Truett Theological Seminary
Baylor University
Autor dos livros:
História da Teologia Cristã e História das Controvérsias na
Teologia Cristã
Antes de tudo,
quero deixar claro que eu admiro e respeito meus amigos e colegas calvinistas.
Discordamos vigorosamente sobre alguns pontos de teologia, mas eu os tenho em
alta estima por seu compromisso com a autoridade da Palavra de Deus e seu óbvio
amor por Jesus Cristo e sua igreja assim como pelo evangelismo.
Entretanto, eu
não admiro ou respeito João Calvino. Alguns vieram me dizer que ele não deveria
ser considerado responsável pela morte do herético Servetus na fogueira porque,
apesar de tudo, ele alertou o doutor e teólogo espanhol a não vir para Genebra
e solicitou ao conselho da cidade para decapitá-lo ao invés de queimá-lo. E,
afinal, Calvino foi um filho de sua época e todo mundo estava fazendo o mesmo.
Todavia, eu ainda não consigo colocar um homem cúmplice de um assassinato em um
pedestal.
Ademais, eu
considero a doutrina de Deus de Calvino repulsiva. Ela eleva a soberania de
Deus sobre o seu amor, colocando a reputação de Deus
Para vexame de
alguns calvinistas contemporâneos, Calvino claramente ensinava que Deus
preordenou a queda e a tornou certa (Institutas
da Religião Cristã, III:XXIII.8). Ele também afirmava a dupla predestinação
(III:XXI.5) e demonstrava uma insensibilidade com os reprovados que ele admitia
que Deus compelia à obediência (desobediência) (I:XVIII.2). Calvino fazia
distinção entre dois modos da vontade de Deus – o que os calvinistas posteriores
têm chamado de vontades decretiva e preceptiva de Deus (III:XXIV.17). Deus
decreta que o pecador peque ao mesmo tempo em que ele o comanda a não pecar e o
condena por fazer o que Deus determinou que ele fizesse. Para Calvino, todas
essas coisas pertencem aos propósitos secretos de Deus os quais nós não devemos
pescrutar tão profundamente, mas isto deixa um gosto amargo na boca de qualquer
um que considera Deus como amor acima de tudo.
John Wesley
comentou sobre a afirmação dos calvinistas de que Deus ama até mesmo os
reprovados de alguma maneira. Como um calvinista contemporâneo coloca, “Deus
ama todas as pessoas de algumas maneiras mas apenas algumas pessoas de todas as
maneiras.” Wesley dizia que este é um amor de causar arrepios.
O sucessor de
Calvino em Genebra, Theodore Beza, disse uma vez que aqueles que se encontram
sofrendo nas chamas do inferno por toda a eternidade podem pelo menos se sentir
confortados com o fato de que eles estão lá para maior glória de Deus.
Parafraseando Wesley, essa é uma glória de dar calafrios. Deus preordena
algumas de suas próprias criaturas, criadas à sua própria imagem, ao inferno
eterno para sua própria glória? Calvino pode não ter colocado de forma tão
direta assim, mas muitos calvinistas colocam e é uma inferência necessária da
lógica interna do Calvinismo consistente (III.XXII.11).
Tenho sido
severamente criticado por alguns de meus amigos calvinistas por dizer que meu
maior problema com o Calvinismo (pelo qual eu quero dizer o determinismo divino
consistente) é que ele torna difícil para
mim saber a diferença entre Deus e o diabo (Eu não estou dizendo que os calvinistas adoram o diabo!).
Para mim nada sobre a cosmovisão cristã é mais importante do que
considerar Deus e o diabo como rivais absolutos neste universo e sua dramática
história. Deus é bom e deseja o bem de toda criatura. Como o Pai da Igreja
Ireneu disse, “A glória de Deus é o homem vivo.” O diabo é mau e deseja o mal
para toda criatura. Enxergar o diabo como instrumento de Deus torna toda a
narrativa bíblica uma zombaria.
Tradução: Paulo Cesar
Antunes
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