quarta-feira, 7 de abril de 2021

Os Calvinistas e as Advertências contra a Apostasia Final

 

 

por Paulo Cesar

 

As advertências contra a apostasia final sempre foram um problema para os calvinistas. Se é certo que os crentes irão perseverar na fé até o fim, que utilidade, afinal de contas, têm as advertências contra a possibilidade de não serem salvos finalmente?

 

PRIMEIRA RESPOSTA

 

Calvino lidou com elas da seguinte maneira:

 

As Escrituras falam sobre a possibilidade de um crente perder a salvação em termos hipotéticos, mas isso é impossível de acontecer. Em outras palavras: Deus adverte os crentes contra uma hipótese impossível, por mais estranho que isso possa parecer. Hoje em dia é difícil encontrar um calvinista que vá em defesa de Calvino neste ponto.

 

SEGUNDA RESPOSTA

 

Como esta primeira resposta foi abandonada, uma outra foi colocada em seu lugar. As advertências contra a apostasia são o meio que Deus usa para fazer os crentes perseverarem.

Mas esta resposta é tão inadequada quanto a primeira. Basta perguntarmos: Se Deus não desse tais advertências, os crentes perseverariam mesmo assim? Se não, então a doutrina da Perseverança dos Santos é falsa, pois as advertências teriam mais peso do que a própria regeneração; se sim, então as advertências não têm qualquer utilidade, pois mesmo se elas não fossem dadas, os crentes iriam perseverar de qualquer jeito.

 

TERCEIRA RESPOSTA

 

A segunda resposta ainda é a preferida pela imensa maioria dos calvinistas, mas alguns (raríssimos, por sinal), vendo as incoerências das duas primeiras, formularam uma terceira resposta. A possibilidade de apostasia é real, mas isso não irá ocorrer. Ou seja, o crente pode perder a salvação, mas não é certo que ele irá perdê-la.

Contra esta resposta eu não tenho nenhuma objeção, pelo menos quanto a uma inconsistência na sua formulação. Apenas não acho que ela expressa o que diz as Escrituras. O problema da aceitação dessa terceira resposta pelos calvinistas é que eles teriam que reformular sua doutrina da Perseverança dos Santos para se conformar às implicações dessa terceira resposta. Talvez isso explica porque a maioria dos calvinistas continua insistindo na segunda resposta, mesmo ela sendo insuficiente.

 

Via Walson Sales.

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