As advertências contra a
apostasia final sempre foram um problema para os calvinistas. Se é certo que os
crentes irão perseverar na fé até o fim, que utilidade, afinal de contas, têm
as advertências contra a possibilidade de não serem salvos finalmente?
PRIMEIRA RESPOSTA
Calvino lidou com elas da
seguinte maneira:
As Escrituras falam sobre
a possibilidade de um crente perder a salvação em termos hipotéticos, mas isso
é impossível de acontecer. Em outras palavras: Deus adverte os crentes contra
uma hipótese impossível, por mais estranho que isso possa parecer. Hoje em dia
é difícil encontrar um calvinista que vá em defesa de Calvino neste ponto.
SEGUNDA RESPOSTA
Como esta primeira
resposta foi abandonada, uma outra foi colocada em seu lugar. As advertências
contra a apostasia são o meio que Deus usa para fazer os crentes perseverarem.
Mas esta resposta é tão
inadequada quanto a primeira. Basta perguntarmos: Se Deus não desse tais
advertências, os crentes perseverariam mesmo assim? Se não, então a doutrina da
Perseverança dos Santos é falsa, pois as advertências teriam mais peso do que a
própria regeneração; se sim, então as advertências não têm qualquer utilidade,
pois mesmo se elas não fossem dadas, os crentes iriam perseverar de qualquer
jeito.
TERCEIRA RESPOSTA
A segunda resposta ainda é
a preferida pela imensa maioria dos calvinistas, mas alguns (raríssimos, por
sinal), vendo as incoerências das duas primeiras, formularam uma terceira
resposta. A possibilidade de apostasia é real, mas isso não irá ocorrer. Ou
seja, o crente pode perder a salvação, mas não é certo que ele irá perdê-la.
Contra esta resposta eu
não tenho nenhuma objeção, pelo menos quanto a uma inconsistência na sua
formulação. Apenas não acho que ela expressa o que diz as Escrituras. O
problema da aceitação dessa terceira resposta pelos calvinistas é que eles
teriam que reformular sua doutrina da Perseverança dos Santos para se conformar
às implicações dessa terceira resposta. Talvez isso explica porque a maioria
dos calvinistas continua insistindo na segunda resposta, mesmo ela sendo
insuficiente.
Via Walson Sales.
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