Por
Walson Sales
Outras
formas de identificar os diferentes tipos de ateísmo[1] é seguir a fórmula
apresentada pelo Dr. A. A. Hodge, pois conhecer as diferentes formas
deapresentação e aplicação de determinados pensamentos facilita a identificação
e o combate. O Dr. Hodge classifica assim os diferentes tipos:
O Ateísmo existe nas seguintes formas: 1. Prático; 2.
Especulativo. O Ateísmo especulativo pode ser (1) dogmático, como quando a
conclusão é alcançada seja (a) na ideia de que Deus não existe, ou (b) na ideia
de que as faculdades humanas são positivamente incapazes de assegurar ou de
verificar a sua existência; (2) cético, como quando se duvida simplesmente da
existência, e a conclusão da evidência em que se confia é negada; (3) virtual,
como quando (a) os princípios são mantidos como essencialmente inconsistentes
com a existência de Deus, ou com a possibilidade do nosso conhecimento dele:
e.g., pelos materialistas, positivistas e idealistas absolutos; (b) quando
alguns dos atributos essenciais da natureza divina são negados, como acontece
com os panteístas, e por J.S. Mill em seus “Essays
on Religion”; (c) quando as explicações do universo são dadas e excluem a
agência de um Criador e Governador inteligente, o governo moral de Deus, e a
liberdade moral do homem... (A. A. HODGE apud
CHAFER, 2003, Vol. 1 e 2, p. 192).
Reafirmo o que venho denunciando neste texto, ou seja, a
característica religiosa e dogmática do Ateísmo. Não podemos ignorar o caráter
intrínseco de negação nesta linha de pensamento, diante das evidências
apresentadas e implicações mais lógicas e racionais a serem adotadas. O Próprio
Dr. A. A. Hodge traça uma crítica mortal à inclinação natural à negação
constante no Ateísmo e as possíveis razões ocultas que justificam, de forma
psicológica, o estilo de vida ateu. Ele afirma que o Ateísmo necessariamente
significa a negação da existência de um Criador pessoal e de um Governador
Moral. Não obstante a crença em um Deus pessoal ser o resultado de um
reconhecimento espontâneo de Deus, como aquele que se manifesta na consciência
e nas obras da natureza, o Ateísmo é ainda possível como um estado anormal
de consciência induzida pela especulação sofista ou pela indulgência de paixões
pecaminosas (A. A. HODGE apud CHAFER,
2003, Vol. 1 e 2, p. 192).
Algumas implicações adicionais podem ser apresentadas
dentro da visão de mundo ateísta. Negar a existência de Deus implica negar o
sobrenatural (porimplicação, os milagres); negar a criação do universo, da
vida, dos seres humanos, dos animais; implica negar a alma, o espírito, os
anjos, demônios, o Diabo, o pecado, a condenação, a salvação, e,em muitos
casos, o livre-arbítrio. Implica ainda afirmar que o mundo é estritamente
material (ver Materialismo), estritamente natural (ver Naturalismo),
completamente aleatório (sem planejamento ou design) e queestá completamente à
deriva (sem sustentação de nenhum ser Todo-Poderoso, apenas pelas leis da
natureza, que, por acaso, também não têm um legislador). Essa negação da
existência de Deus implica dizer que todas as coisas passaram a existir
aleatoriamente (uma vertente diz que a partir do nada, por nada e para nada, e
outra vertente defende que o universo não teve um começo, mas é eterno – um fato
bruto - o que é impossível – ver Evolucionismo).[2]Todas essas implicações
negam a existência da mente humana e afirmam que ela é apenas o subproduto de
um processo evolutivo constante nas interações químicas dentro do “nosso”
cérebro, cujas interações não passam de um processo material que nos dão a
ilusão do “nosso” pensamento racional (apesar de os ateus se considerarem mais
inteligentes do que os religiosos, o que não faz nenhum sentido, se eles
estiverem certos).
As ramificações dessas implicações são mortais para a
racionalidade humana, para o valor da vida humana (a qual, segundo o Ateísmo,
não difere em nada da vida dos animais), para a moralidade (a moralidade não é
objetiva no Ateísmo, mas relativa, apesar de a maioria dos ateus serem realistas
morais).Acreditar no Ateísmo não é fácil, pois é necessário um malabarismo
cerebral incrível. Mas quem disse que a vida é fácil?[3]
Fica
claro que existe um panteão de escolas de pensamento antiteístas. Contudo, a
fórmula é simples: todas as escolas defendem pontos em comum, econhecer esses
pontos e respondê-los é melhor do que tentar conhecer a fundo todas as linhas
de pensamento. Por isso iremos abordar, a partir de agora, o que se denomina de
Novo Ateísmo, um do tipo militante, agressivo, desrespeitoso e desagregador. O
que temos ao nosso favor diante desse tipo de Ateísmo? Tudo! Principalmente
pelo fato de esses “cavalheiros” saírem de suas áreas de atuação, notadamente a
ciência[4] e a psicologia, e se aventurarem nos campos desconhecidos para eles:
a Teologia e a Filosofia.
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Fonte:
SALES,
Walson. A Visão de Mundo Ateísta. 1.
Ed. Recife: FASA, 2021
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Notas:
[1] Em seu livro, o Dr. John Gray afirma
que existem sete tipos de ateísmo, que ele contabiliza como: 1. O Novo Ateísmo
(veremos no próximo ítem); 2. Humanismo Secular (Teremos um volume específico
sobre); 3. O que ele chama de “Uma fé estranha na ciência”; 4. O que ele chama
de uma mistura de “Ateísmo, Gnosticismo e Religião Política Moderna”; 5. Os
odiadores de Deus; 6. O Ateísmo sem progresso; 7. O Ateísmo do silêncio.
Entretanto, daremos uma atenção especial ao Novo Ateísmo nesta pesquisa, tendo
em vista ser a principal vedete nos círculos antiteístas de hoje e também no
campo popular. Contudo, é bom lembrar que todos os tipos de ateísmos que não
constam na relação proposta peloateu John Gray defendem ideias comuns entre si.
Conhecer esses argumentos de antemão é uma grande ajuda para não ser
surpreendido em um diálogo.
[2] Vale destacar que, se o universo não
tem um Criador, mas surgiu sozinho, do nada, por nada e para nada (iniciando o
próprio tempo, espaço, matéria e energia), por meio de um processo evolutivo
cego e aleatório. Esse processo deve ser tríplice: cósmico, biológico e
químico, e deve ter sido capaz de ter gerado toda diversidade biológica e ter
criado uma ilusão de um mundo criado no qual existem mentes e consciências
negando veementemente esse “milagre” ateu hercúleo.
[3] Não
é por acaso que o número de ateus tem permanecido praticamente o mesmo durante
63 anos nos EUA. Foi realizada uma pesquisa Gallup em 2007 que constatou ser o
número de ateus o mesmo de 1944 (4%), (COPAN, 2016, p. 14). No Brasil, eles
tiveram um “avivamento”, contudo não foram tão longe. A crença em Deus no
Brasil está mais atual do que nunca.
[4]Ser cientista não é vantagem para o Ateísmo. Não
adianta ser cientista e distorcer os dados a favor de seu
argumento ou visão de mundo. Os cientistas ateus se orgulham de que a ciência
supostamente lhes dá vantagem e desbanca a religião, o que não passa de um
mantra moderno. Os ateus usam a ciência como uma manta de inteligência, mas
negam essa postura com seus argumentos. Sempre é bom ter em mente o enredo do
livro As Roupas Novas do Imperador, de
Hans Christian Anderson. O livro conta a história de um alfaiate trapaceiro que
chega em um reino e oferece um tipo de roupas especiais que apenas pessoas de
sangue azul conseguem enxergar. O rei se interessa e o contrata para preparar a
tal roupa e testar quais entre seus nobres tinham sangue azul de fato. No dia
do rei provar as roupas, o rei veste a roupa invisível (na verdade não tinha
roupa nenhuma, era uma trapaça) e fica perplexo por não conseguir “enxergar” a
tal roupa. Então o rei pensou: “Se eu disser que não estou vendo, todos saberão
que não tenho sangue azul”. Logo, o rei começou a elogiar a roupa, os detalhes,
fazer poses diante do espelho, mas estava só de ceroulas diante dos nobres.
Estes pensaram a mesma coisa e seguiram elogiando as vestes reais, e o rei só
de ceroulas. Um dos nobres sugere que as vestes deveriam ser mostradas a todo o
reino, e o rei agendou a caravana pública. No dia do desfile, o povo (a plebe)
ansioso para usar este argumento para entrar na nobreza, começaram a gritar,
elogiando as roupas, dando a entender que conseguiam ver e, por isso, também
tinham sangue azul. Mas o rei estava de ceroulas diante de todos. De repente
surge uma criança pequena entre a multidão e grita: O REI ESTÁ NU!!! Todos caem
na risada. O rei corre envergonhado e manda prender o alfaiate trapaceiro, que
já estava longe com a fortuna. Ateus, calvinistas e outros grupos fazem a mesma
pressão: se você não consegue alcançar nossa visão de mundo, você não tem
sangue azul, não passa de um plebeu. Neste caso em particular, não é um
cientista de verdade. O problema é que, quando vemos os seus “melhores
argumentos”, percebemos que eles estão despidos de racionalidade e que a visão
de mundo vendida por eles não se encaixa no mundo real. Muitos cientistas se
“rendem” aoAteísmo para não serem excluídos do meio científico. Assista ao
documentário: Expelled [Expulsos] No
Intelligence Allowed [Nenhuma Inteligência permitida], aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ywYKBTwcHJg
Ou
assista Evolution vs God aqui: https://www.youtube.com/watch?v=2qV76sG_i18 e
você verá o nível raso das razões do Ateísmo.
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